segunda-feira, 29 de abril de 2013

O Primeiro de Maio em Tavarede





(fantasia 'Ecos da Terra do Limonete')


POTE FLORIDO 
P’ra saudar Maio florido,
Tão propício aos namorados,
Vem o cortejo garrido
Com seus potes enfeitados”

E as alegres raparigas,
Contentes em seus amores,
Enchem o ar de cantigas
E do perfume das flores… 
E o pote de barro
Tremendo no ar,
Parece bailar
Alegre e bizarro,
Parece brincar
Co’a moça travessa
Que o leva à cabeça,
Feliz, a cantar… 

 “Quando Abril começa a despedir-se, as raparigas animam-se, combinam, organizam o rancho. E na véspera do dia ansiosamente esperado, pedem às vizinhas, correm aos jardins, vão ao mercado – e levam para casa arregaçadas de flores. Arranjam os trajos. Enfeitam os potes, que desaparecem sob os desenhos caprichosos das rosas e malmequeres. Mal pregam olho durante a noite.  E quando a manhã só é adivinhada pelo seu espírito em alvoroço, erguem-se, chamam-se umas às outras, reúnem-se – e as suas vozes fazem a alvorada antes que o chiar das rabecas e o tom-tom dos violões arrepie o ar nos estremeções da afinação.
         E marcham. Estrada fora, marcam em piso leve, airosas e frescas, o compasso da marcha que as suas vozes erguem no espaço, subindo alto, levada muito alto no perfume das flores, até fundir-se na atmosfera da madrugada húmida e ainda pesada dos orvalhos da noite. Sobre as cabeças inquietas levam os potes floridos.  Dentro dos peitos arquejantes uma ansiedade, uma aspiração indecisa que toma forma nas suas bocas e é Amor nos seus lábios vermelhos sem pintura...
            Naquele ano, o tempo estava chuvoso. Mas elas, queriam lá saber da chuva!... O 1º. de Maio era sempre o 1º. de Maio. No 1º. de Maio há sempre sol. Elas não acreditam na chuva. E se a chuva vier – há-de desfazer-se ao calor das suas vozes, dos seus corações ansiosos, da sua mocidade ardente. 

(Da peça 'O Sonho do passado... a Esperança do Futuro' - Efeméride '20 anos do falecimento de José da Silva Ribeiro')

sábado, 27 de abril de 2013

O Associativismo em Tavarede - 20


Pelo Natal, o Grupo Musical levou à cena Os Autos Pastoris, cuja apresentação está a causar grande entusiasmo em Tavarede. Seguiu-se, como era tradição, a representação de Os Reis Magos.






      Presépio no Grupo





Na Sociedade, e depois de uma notável actividade durante cerca de cinco anos, Vicente Ferreira deixou a direcção do teatro, em 1915, tendo sido escolhido, para o substituir neste cargo, o então jovem amador José da Silva Ribeiro. Assumiu as suas novas funções começando, de imediato, a ensaiar a opereta Entre duas Avé-Marias, que subiu à cena de Janeiro de 1916.

O Associativismo tavaredense, em Março de 1916, recebeu novo impulso. As duas colectividades, até então distantes uma da outra, fizeram as pazes e colaboraram activamente na Festa da Árvore, organizada pela professora da escola primária oficial da nossa terra. Consideramos este facto um marco na vida associativa de Tavarede e, como tal, aqui transcrevemos uma das reportagens que encontrámos sobre a referida festa. Tavarede esteve em festa no último domingo com a Festa da Arvore, que resultou ser muito concorrida por innumeras pessoas tanto dos casaes vizinhos como d’essa cidade, o que era de esperar, em vista do esmerado programma, que prometia dar uma festa excellente.
         E foi-o sem duvida, deixando boa recordação na memoria das pessoas que n’ella tomaram parte, principalmente das creancinhas.
         O programma marcava para as 14 horas o cortejo civico, em que tomariam parte os alumnos das escolas official-mixta e nocturna, e outras associações locaes com os seus estandartes, mas devido ao mau tempo, só se organisou pelas 15 horas, approximadamente, sahindo da escola official em direcção ao Largo do Paço, onde foram plantadas duas arvores. Ali, a srª. D. Maria José Paula Santos, illustre professora, recitou a poesia allusiva á Arvore, que os ouvintes no final muito applaudiram.
         Em seguida, o cortejo dirigiu-se ao Largo do Forno (em frente á escola official), onde se plantaram mais quatro arvores. Alguns musicos do Grupo Musical encorporaram-se n’elle, executando a marcha A Arvore, que as creancinhas cantaram com todo o enthusiasmo. O jantar dos alumnos das duas escolas, que estava marcado para as 16 horas, e que era servido no Grupo Musical, foi magnifico.
         A commissão encarregou-se de comprar um lanigero, que, assado e guisado com as respectivas batatas, exhalava um cheirinho, que era sem duvida de todo o ponto agradavel, estando o palco replecto de creanças, que lindamente fizeram as honras da meza. A plateia e galeria encontravam-se apinhadas de curiosos, que todos se regalavam em vêr comer. A algumas pessoas de fora, que após o jantar retiraram, e que foram muito bem impressionadas, ouvimos nós dizer que até parecia impossivel n’uma pequenina aldeia, fazer-se assim uma festa que sem duvida foi excellente.
         Às 21 horas principiou o sarau dramatico-musical no theatro da Sociedade de Instrucção Tavaredense, em que tomaram parte, alem das mesmas creanças, uma orchestra do Grupo Musical, sob a regencia do distincto professor, sr. Antonio Rodrigues Paula Santos, d’essa cidade. O programma era dividido em 3 partes, e da seguinte forma:
         1ª. parte, A Portugueza, cantada por todas as creanças. N’esta altura, o sr. dr. José Gomes Cruz, pronnunciou um breve e patriotico discurso, vivas a Portugal, á Republica, etc., que muito enthusiasmou o publico. S. exª. falou sobre aquella festa e sobre a nossa situação, sendo no final muito applaudido. Em seguida, a menina Maria Ribeiro, recitou a poesia As Arvores, discursando depois o sr. Marcial Ermitão sobre variados assumptos, principalmente da participação de Portugal na guerra. Foi por varias vezes interrompido e no final tambem foi muito ovacionado. Seguem-se a Luz do A B C, poesia, pelo menino Manuel Nogueira e Silva, Anjo da Guarda, uma canção, cantada por todas as creanças, Na Escola, poesia recitada pelo sr. Francisco Loureiro, e Os Luziadas, marcha, cantada por todas as creanças, finalisando assim a 1ª. parte.
         A 2ª. parte, abriu com o Hymno das Arvores, entoado por todas as creanças, seguindo-se a poesia Às Arvores, pelo menino Antonio da Silva Broeiro, o monologo Pois sim senhor... pela menina Eduarda F. Serra, a canção O Ninho, entoada por todas as creanças, Ao rebentar da seiva, poesia, pela menina Maria Nathalia Victorina, O Pintasilgo, canção, entoada por todas as creanças, improvisando n’esta altura o sr. José Ribeiro, um brilhante discurso, explicando aos pequenitos o que era a festa da Arvore, falando tambem da guerra, etc., sendo no final calorosamente applaudido, seguindo-se depois as poesias Ás creanças e A Escola, recitadas respectivamente pelo sr. Antonio Medina Junior e pela menina Emilia Cardosa, e a canção A Escola, entoada por todas as creanças, finalisando a segunda parte com um discurso do sr. dr. Manuel Gomes Cruz, que fez vêr ao publico varias phases da guerra, falando tambem sobre a ligação das Sociedade d’Instrucção e Grupo Musical, que durante muito tempo andaram indifferentes, e agora na séde d’aquella colectividade tinham cruzados os seus estandartes, acabando o seu discurso por dizer que estava muitissimo satisfeito, não só por isto, mas por vêr uma festa d’aquella ordem na sua terra.
         O hymno da Maria da Fonte, entoado por todas as creanças, dá começo á 3ª. parte, seguindo-se a Poesia Infantil, pela menina Emilia d’Oliveira, Engeitadinha, pela pequenina Adelaide da S. Flôr, A Madrugada, canção entoada por todas as meninas, o A B C, poesia, pelo sr. Antonio da Silva Coelho e depois Portugal, poesia, pela sua interessante filhita Izaura.
         Finalmente representou-se a comedia drama em 1 acto, As Arvores, representada pelos meninos Aurelia Cascão e seu mano João, que tambem foram muito applaudidos, pondo termo ao sarau o hymno A Sementeira. Ah! não nos esqueça dizer que antes do panno cahir, o sr. Marcial Ermitão veiu ao palco ler o seguinte telegramma de saudação ao sr. Presidente da Republica:
                            Presidente da Republica - Palacio de Belem -
                            Lisboa. - Povo de Tavarede, reunido para ce-
                            lebrar festa da Arvore, vibrando mais intenso
                            enthusiasmo patriotico, applaude Portugal na
                            guerra. A Commissão.
         N’esta altura, o enthusiasmo de todos quantos assistiam á festa redobrou de intensidade, ouvindo-se constantes acclamações a Portugal, á Republica, á Inglaterra, á França, etc., tocando a orchestra por varias vezes o hymno nacional. Na mesma orchestra tambem executado piano a distincta professora srª. D. Maria José Paula Santos, filha do sr. Antonio R. Paula Santos, que muito mais abrilhantou a Festa da Arvore de Tavarede, no dia 19 de Março do anno de 1916, dia que jámais esquecerá às pessoas de Tavarede, principalmente às creancinhas que n’ella tomaram parte.
         Pelo bom exito d’esta festa, não podemos deixar de felicitar a digna professora official d’esta localidade, srª. D. Maria José Paula Santos e seu pae, o distincto professor de musica, sr. Antonio Rodrigues Paula Santos, incançaveis de tenacidade e trabalho, envolvendo tambem nas nossas felicitações a commissão organisadora da festa, que não se poupou a esforços e sacrificios para que ella resultasse, como resultou, brilhante e inolvidavel.

         Havia dois anos que tinha eclodido a 1ª. Grande Guerra. Em 1916, o nosso País também entrou em campanha. Foram vários os amadores mobilizados e, entre eles, José Ribeiro, o ensaiador teatral da Sociedade. Foi uma ausência de cerca de três anos e disso se ressentiu a actividade do grupo cénico que, durante este período, sofreu alguma inactividade.

         Por sua vez, o Grupo Musical, graças às suas novas instalações, que lhe proporcionaram uma muito maior e diversificada actividade, continuava na sua missão. O grupo musical que, desde a sua fundação em 1911, abrilhantava as suas festas e os seus espectáculos, deu lugar a uma tuna que, como adiante veremos, alcançou extraordinário êxito. Saíu, pela primeira vez, no dia de Páscoa de 1916, para cumprimentar os seus sócios locais e indo visitar e apresentar cumprimentos à Sociedade de Instrução, à sua sede no Terreiro. Foi, em seguida, à Figueira, onde apresentou cumprimentos a diversas entidades e colectividades, e acabou por se deslocar aos Carritos, numa visita de gratidão ao seu sócio benemérito Manuel da Silva Jordão. Recorde-se que, nesta saída, apesar de desfalcada de alguns elementos, saíu constituída por 24 elementos. 

sexta-feira, 19 de abril de 2013

O Associativismo na Terra do Limonete - 19


Não vamos aqui recordar todos os espectáculos, apresentados tanto pela Sociedade como pelo Grupo. Foram muitos e variados, mas isso apenas é uma prova demonstrativa de que o Associativismo estava bem radicado na Terra do Limonete e que procuravam, com o maior entusiasmo, cumprir a missão a que se haviam proposto: a Instrução e a Educação do povo da sua terra.

Com certa curiosidade, foi numa notícia de um correspondente de um jornal figueirense, que soubemos de um caso que acabou por ter grande influência no nosso associativismo. De Buarcos – Tivemos, particularmente, conhecimento de que, ao Grupo Musical Tavaredense foi, por um dos seus consocios, offerecida uma casa para recreio dos seus associados e espectaculos publicos. Pela muita sympathia e consideração que aquelle Grupo nos merece, associamo-nos á alegria que deve ir no coração d’aquelles que o desejam vêr progredir, e fazemos sinceros votos para que em breve o possamos vêr tão engrandecido, quanto os seus fundadores o desejam.

         Instalado na sua nova sede, o Grupo Musical prestou homenagem ao seu sócio benemérito, sr. Manuel da Silva Jordão. Com a maior solemnidade, realisou-se no ultimo sabbado, como estava marcado, o primeiro espectaculo na nova séde d’aquella casa d’instrucção musical e theatral, que decorreu animadissimo.
         Pouco antes de se começar o espectaculo foi, pelo sr. dr. Manuel Gomes Cruz, proferido um discurso, que enthusiasmou o publico, e não só a este como tambem aos socios do Grupo Musical. Aquelle senhor ao dizer, entre outras coisas, que o honravam com aquelle progresso na sua terra, e não só a elle como a todos os seus conterraneos, foi, para a numerosa assistencia, que o ouvia com o maior respeito, uma alegria, e pouco depois, agradecendo em nome de todos os sócios d’aquella colectividade ao seu grande benemerito, ao seu grande protector, sr. Manuel da Silva Jordão, foi-lhe inaugurado o seu retrato, tocando a orchestra o hymno da Associação. S. Exª., ao acabar o seu discurso, foi calorosamente applaudido.
         Seguiu-se depois o espectaculo que, digamos de justiça, decorreu sempre animado, andando os amadores como deviam: No drama ha a notar, além dos outros trabalhos, o de Maria Esteves, que pela primeira vez que entrou em scena fez o que devia. O resto, tudo bem. Tomou parte n’este espectaculo o conhecido amador, sr. Alvaro Ferreira, de Coimbra, que agradou muito.
         A séde achava-se lindamente ornamentada, ostentando, entre outros retratos, o do conhecido actor Almeida Cruz, filho de Tavarede. Depois do espectaculo houve baile, durando até quasi de manhã. No outro dia, domingo, baile novamente, prolongando-se até depois da meia noite. Emfim, foi uma festa digna de registo, que honra muito a pequenina aldeia de Tavarede.
         Os nossos maiores desejos são, que em Tavarede se façam muitas acções, tão cheias de luz e progresso, como a de sabbado ultimo. Parabens aos sócios do Grupo Musical Tavaredense.

         Embora alguns amadores, quer da Sociedade quer do Grupo, já tivessem participado em diversos espectáculos na Figueira da Foz, em benefício de necessitados, a primeira saída do grupo cénico da SIT foi à sede da Filarmónica Figueirense, onde apresentou a opereta Os amores de Mariana. Deixamos, aqui, para a história, a notícia desta deslocação. Conforme noticiámos no penultimo numero do nosso jornal, teve logar no pretérito domingo, no elegante teatrinho da Figueirense, o espétáculo que foi abrilhantado pelo grupo dramatico da Sociedade d’Instrução Tavaredense, que levou à cêna a opereta Os Amores de Mariana.
         Não mentimos quando afirmámos que o publico corresponderia com a sua presença, no vasto salão da Figueirense, ao apêlo feito por esta simpatica colétividade, organisando uma récita que, como a de domingo, tarde se nos apagará da memória. E também não mentimos fazendo as mais elogiosas referências ao grupo de Tavarede, que sabe conduzir-se de forma que encanta todos que logram o prazer de o ouvir. Por tal razão os nossos cumprimentos aos briosos rapazes que tão bem aproveitam as suas horas vagas, cultivando sob a diréção d’um habil amador, como o é Vicente Ferreira, uma Arte tão querida do nosso povo: - Arte dramatica.


O grupo cénico da SIT, que representou esta peça

         Os Amores de Mariana agradam pela sua simplicidade e agitam os corações pela boa musica que tem, verdadeiros mimos da nossa fértil canção portugueza. E se nós temos vontade imensa de nos prendermos à Mariana, salta logo essa figura de Zé Piteira, bonacheirão mas amorudo, que não gosta da brincadeira e descarrega traulitada.
         É que o nosso camponez ama valentemente como uma vaca, e sendo só pão, pão, queijo, queijo, não consente – e faz muito bem – que o queijo da sua conversada se vá unir a qualquer pão da cidade, que envenena e não quer casar.
         E mesmo tem o nosso Zé Piteira carradas de razão nos seus zelos: - é que a srª. Mariana é o beijinho lá da aldeia, une-se, casa-se bem com o pitoresco daquele Minho ridente em que as flôres são belas e teem perfumes estonteantes; e por tal é triste que um jinota todo triques à beirinha venha com forçada meiguice apoderar-se da filha do Manuel d’Abalada, que de bom gosto dá tudo quanto tem e ainda mais à filha ao simplorio Zé Piteira.
         A alma é esta, e a poesia ressalta no campo a todo o passo, de maneira que desde o Barnabé Pacóvio, o brazileiro d’agua-doce, até à Morgadinha do Freixo, que já se conheceram... trez vezes, todos à uma anuem ao casamento, e o simpatico Zé lá se abicha com aquela linda Mariana, bem contra a vontade desse Ernesto, o jinota, que queria... que se acabasse esta maçadoria que fica escrita para registo da noite de domingo ultimo.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

O Associativismo na Terra do Limonete - 18


Naturalmente, o visado não podia deixar de responder. Temos procurado evitar pôr á luz do sol os animaesinhos que em pleno seculo XX – é verdade, no seculo das luzes – imitam o vestuario como os homens e que, quando nos apanham distrahidos no meio d’arena, nos levam bravamente d’encontro á trincheira... É pena ser acto deshumano, pois que, pela nossa salvação – se não tivéssemos medo de censura – lhes ferrariamos no lombo com vontade o bello aguilhão que por mais d’uma vez, os tem conduzido ao redondel, onde aprenderam a ser dignos e honestos.
         São animaesinhos, não merecem outra classificação, que ingratamente pagam com pontapés (é para não dizer coices) o único favor que lhe fizémos de perder um precioso tempo, e até a saude, domando-os para os apresentar com agrado duas vezes em publico!!
         A declaração - ignorancia - que pediram ao nosso amigo e sr. redactor da Gazeta, em nome do Grupo Musical Tavaredense, para publicar, é a prova sufficiente de tudo quanto aqui temos affirmado e que toda a gente que nos conhece poude avaliar a canalha que continúa envergonhando uma terra que tem filhos illustres e onde habitam pessoas honradas que desejam o socego e o respeito para se poder viver honestamente.
Os imbecis - tendo à frente os Medinas de Verride, nascidos e creados n’aquella terra como vagabundos - pediram a uma pessoa que devia, pela sua illustracção inhibir-se de escrever as coleras d’uma ignorancia rara, fugindo por completo ao assumpto de que se tratava, mas que nós vamos contar para quem nos lêr admirar os actos que vehementemente combatemos e que nos levou a pedir a demissão de sócio d’aquelle Grupo. Apreciem:
         Quando a Sociedade d’Instrucção Tavaredense abriu a matricula de alumnos para a escola nocturna que sustenta, foram dois rapazes, socios do Grupo Musical, matricularem-se, visto o poderem fazer gratuitamente. No dia seguinte foram, como de costume, passar algumas horas da noite no seu Grupo, quando o Antonio Medina, presidente da direcção, os chamou e lhes disse com uma auctoridade de mandão: “Quem pertencer aqui não póde ser lá de cima!”. Nós, que estavamos presentes, cumprimos o nosso dever: incitando a instruir-se quem d’isso necessite e censurando os ignorantes que não comprehendem o papel que querem desempenhar, pois deviam vêr que sós, sem consentimento d’assembleia geral, não podia expulsar associado algum. Os rapazes, um veiu anichar-se novamente no Grupo Musical e o outro seguiu o caminho da escola, porque pensou que d’esta receberia luz para o cerebro e d’aquelle colheria vicios que são prejudiciaes e vergonhosos a toda a gente.
         Bem, vendo estas coisas, frequentavamos poucas vezes o Grupo Musical, mas sempre que ali iamos admirava-se uma triste scena de taberna: o Medina chegando de casa, naturalmente de cear, pedia com um descaramento tão velhaco, para fazerem uma vaca, um vintem, outras vezes dez reis, etc., a todos os socios que ali se encontravam reunidos e mandava comprar vinho que elles bebiam e mais algumas creanças que se embriagavam de tal maneira que era necessario irem buscal-as para casa.
         Visto tal orientação, deixámos de frequentar o Grupo, mas sendo sempre sócio...
         Ha dias queixam-se-nos alguns moradores de Tavarede, porque todas as noites não os deixavam descançar alguns rapazes do Grupo Musical que faziam arruaças a certas e determinadas pessoas com as chamadas serenatas, dizendo-nos que para os outros estavamos logo promptos para os verdascar quando erravam, mas que para os nossos bons consocios havia a maior benevolencia. E nós, com bons modos para evitar que elles estendessem a perna, pedimos que tivéssem mais senso e vergonha. Mas, o que fômos dizer!... Os animaesinhos já não nos conheciam como domador. Olhavam-nos cynicamente...
         Passaram-se alguns dias, gritam-nos contra o Grupo que consentia sahir da sua séde a altas horas da noite uns malvados que arrombaram a porta da casa d’uma pobre mulhersinha, caso que mencionámos indignados na Gazeta da Figueira, pedindo ás auctoridades locaes ou administrativas sevéra lição a quem assim procede.
         Se elles já nos não olhavam com bons olhos, depois até chegaram a organisar um complot, do qual faziam parte elementos da gente do bunho, para nos darem uma tareia de esticar o pernil. Percebemos a marosca e eis nos immediatamente perante o casco do rijo craneo da alta personagem do sr. presidente da direcção do Grupo Musical, pedirmos que nos riscasse do numero dos seus socios.
         Decorridos meia duzia de dias apparecem nas paredes d’esta povoação o menú para um lauto jantar que lhes vamos offerecer pelos actos que nem, talvez, garotos o fizéssem e que promettemos, sem faltar a esta responsabilidade, de lhes encher a barriga até fartar. Ora, agora digam-nos as pessoas conscienciosas, se temos ou não razão? Se era ou não cabida a nossa declaração, publicada no dia 16 do corrente?
* * *
         Em vista das graves affirmativas que ali se fazem a nosso respeito, em vez de deixar ao arbitrio das pessoas de bem a nossa resolução em desprezar os grosseiros insultos de taes infames, vimos por este meio emprazar os animaesinhos d’aquelle Grupo a dizerem-mos:
         1º - Qual a calumnia que nós levantámos a um rapaz digno e que era a causa de nos expulsarem do Grupo?
         2º - Quaes as sociedades onde temos sido desconsiderados?
         3º - As provas em como nós frequentavamos na Figueira os sitios mais vergonhosos, praticando acções ridiculas, a ponto de usurpar ás infelizes algum dinheiro?
         4º - Qual a infamia praticada por nós no dia 10 do corrente?
         Nada mais queremos saber! O resto - prosa d’arrieiro - devolvo-lh’o escorrendo a fectida lama com que pretendiam sujar-nos... Felizmente, estamos bastante acima para que possamos livrar-nos mais uma vez d’esses machos de almocreves e sentimo-nos mais uma vez honrados pelo proceder digno da nossa familia - que os deixou entrar em sua casa, julgando-os qualquer coisa honesta - os mandou já arranjar as albardas para que no proximo dia 1 de Janeiro de 1913 irem em marcha aux flambeau... em procura de abrigo. Annibal Cruz
* * *
         P.S. - Como se annuncia para ahi á bocca cheia que, apenas se publique esta resposta, a nossa morte será fatal e, em vista de não termos meios de fortuna, appellamos para os corações generosos para nos enviarem qualquer quantia para o nosso caixão e para darmos uma pinga aos socios do Grupo Musical Tavaredense para solemnizar esse funesto dia. Desde já agradecemos, pedindo tambem ao Diabo - já se vê, porque creaturas da nossa força não podem ter lugar no Céu de Deus - que nos feche, para nunca mais de lá sahirmos as portas do Inferno, porque se nos deixam voltar a este miseravel mundo, onde ha tanta gente velhaca, teremos de usar esporas e um bom marmelleiro para passearmos na nossa terra sem receio.

         Como dissemos, a questão passou para o tribunal, tendo a acção, posta pelo Grupo, sido julgada em 1914. Infelizmente não conseguimos saber qualquer coisa sobre a sentença.

Mas a Sociedade, a quem esta questão não dizia respeito, prosseguia a sua acção teatral com a apresentação de alguns dramas e diversas comédias, que sempre agradavam e dispunham bem. Por sua vez, a escola nocturna registava sempre mais alunos a frequentarem as suas aulas.

Segundo os elementos que  conseguimos reunir, foi em Janeiro de 1913, no programa comemorativo de mais um aniversário, que começaram a ter lugar as chamadas sessões solenes que, a partir daquele ano, passaram a fazer parte regular das festividades comemorativas dos aniversários, e que atraíam a Tavarede imensas pessoas da Figueira e de outras localidades.

Às 15 horas começou a plantação de árvores no largo pertencente ao edifício, formando-se seis grupos, por tantas serem as árvores.Cada um destes grupos de rapazes encarrega-se do tratamento da planta que lhe coube em sorte e no fim do ano serão premiados os que maior zelo manifestarem no cumprimento da sua missão.
         A este acto, a que assistiu uma multidão de povo, vimos, com prazer, alguns homens, velhos, lançarem mão das pás e enxadas, ajudando afanosamente os rapazes na sua árdua tarefa. Belo exemplo!
         Às 16 horas, achando-se a sala repleta de espectadores, procedeu-se à sessão solene para a distribuição de prémios aos alunos mais aplicados e posse ao novo corpo gerente.
         Proposto pelo sócio sr. João dos Santos, para presidir à sessão, o sr. Dr. Manuel Gomes Cruz, iniciador da primeira escola nocturna em Tavarede há mais de treze anos e que posteriormente ficou a cargo da Sociedade de Instrução, foi por uma unânime salva de palmas aprovada esta proposta.
         Tomando lugar, o sr. Dr. Cruz nomeou para secretários os cidadãos João dos Santos e Manuel Jorge Cruz e, aludindo à criação da primeira escola nocturna em Tavarede, pôs em relevo os generosos serviços que a ela prestou o sr. João dos Santos. Prosseguindo no seu pequeno mas brilhante discurso, louvou as direcções que têm trabalhado pelo progresso da Sociedade de Instrução, enalteceu o valor da festa da árvore e incitou os que o escutavam a cooperarem sempre em obras de instrução, educação e civismo como aquela que ali se celebrava e que muito honrava Tavarede. Uma salva de palmas cobriu as suas últimas palavras.
         Erguendo-se para falar o sr. Dr. José Gomes Cruz, produziu-se na sala um grande silêncio. Começou por dizer que, sendo convidado para tomar parte numa festa tão simpática, na sua terra, acedeu da melhor vontade, e limitando-se apenas a dar uma lição de botânica. Não podemos, por falta de tempo e espaço, acompanhar o ilustre conferente que, durante mais de uma hora, prendeu, com bastante interesse, todo o auditório, usando de uma linguagem de fácil compreensão para todos. Concluiu por um apelo patriótico aos seus conterrâneos para que trabalhassem sempre no sentido de serem úteis a si e à Pátria. Ao terminar o conferente foi calorosamente ovacionado.
         Tomando a palavra o sr. Manuel Jorge Cruz, congratulou-se por assistir a tão simpática festa e por ter ensejo de ver que não foi inutilmente que ali, em algumas sessões idênticas, a que presidiu, aconselhou aos seus consócios a trabalhar pelo desenvolvimento daquela colectividade, que continuava a sua marcha desassombradamente, derramando a instrução nas classes pobres. Terminou incitando as crianças no estudo e mostrando-lhes as vantagens que obtinham instruindo-se, e recomendando-lhes com instância a guarda e tratamento das árvores que acabavam de plantar. Palmas da assistência.
         Fazendo de novo uso da palavra o sr. Dr. Manuel Cruz, refere-se ao carinho com que em algumas nações se tratam as árvores e elogia a dedicação de José da Silva Ribeiro pelo seu trabalho em prol da Sociedade, acabando por erguer um viva ao povo de Tavarede, que foi entusiasticamente correspondido.
         Encerrada a sessão, os alunos entoaram o hino escolar, ouvindo-se depois muitos vivas aos srs. Drs. Afonso Costa, Bernardino Machado, Manuel e José Cruz, Sociedade de Instrução, República Portuguesa, etc.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Morreu o Jorge!...

A notícia correu célere. O Jorge Monteiro faleceu há poucas horas.

Embora fosse aguardada, não deixou de chocar todos quantos com ele conviveram.
Era um dos sete filhos do casal Benjamim Monteiro de Sousa e Isabel Cordeiro. Casado com a nossa conterrânea Maria da Piedade Lontro, tiveram dois filhos, dos quais tiveram a infelicidade de perder, muito jovem, o rapaz. Ficou a Luísa. A toda a sua Família as nossas condolências.

Foi um incansável trabalhador na Sociedade de Instrução Tavaredense. Trabalhava nos bastidores, colaborando com Mestre José Ribeiro na montagem nas cenas. E, além dos cenários, era sempre o Jorge que se encarregava da montagem do antigo estrado, por cima da plateia, para a realização de festas.

Foi nosso companheiro na equipa de basquetebol da SIT. 

Mais um 'Tavaredense com história' que desaparece! Paz à sua alma e que descanse em paz.

Casamento do Jorge e da Maria

sábado, 6 de abril de 2013

O Associativismo na Terra do Limonete - 17


        Na SIT, num espectáculo realizado no dia 6 de Abril de 1912, foi representada, além de uma comédia, uma revista sobre os usos e costumes da terra. Como dissémos, a Sociedade de Instrução realizou no sábado uma récita com a revista intitulada Na Terra do Limonete e a comédia Birras do Papá. Fazer uma revista de costumes de Tavarede, terra pequena, em que escasseia o assunto e há sobretudo o receio de melindrar as personalidades atingidas, não é tarefa muito fácil. Daremos, porém, em poucas palavras, a nossa humilde opinião: - os artistas compreenderam bem os seus papeis, imprimindo-lhes muita graça e naturalidade. A revista foi admiravelmente ensaiada por Vicente Ferreira. O cenário, obra de Jean Batout produz magnífico efeito. A música, composição de Gentil Ribeiro, tem números lindíssimos e boa execução e, já que falamos em música, não esqueceremos Eugénia Tondela e António Graça, que cantaram corretamente as canções que lhe foram destinadas. Houve aplausos em barda, especialmente na parte final (apoteose), em que D. Limonete estabelece o confronto entre o convívio deletério da taberna e a paz e a fraternidade que predomina no seio da Sociedade d’Instrução. No próximo sábado repete-se a revista.

          Apesar de terem começado a surgir diversos atritos entre as duas associações, ambos os grupos dramáticos continuaram a desenvolver intensa actividade. Enquanto a Sociedade prosseguia com a apresentação do programa acima, o Grupo fez representar o drama Crime e Honra e duas comédias A mala do sr. Bexiga e O cometa e o fim do mundo.

         Uma das questiúculas referidas, foi publicitada em Junho daquele ano. Algumas pessoas que haviam subscrito para a aquisição d’um relogio para a torre, tendo conhecimento da infame cilada de que foi vitima a benemerita Sociedade d’Instrução Tavaredense, aplicando-lhe uma multa por suposta transgressão da lei do selo, ofereceram generosamente essas quantias à diréção da referida colétividade para não onerar o cofre com que esta sustenta há anos as suas aulas nóturnas para as classes trabalhadoras.
         Com a generosidade das pessoas de bem, está satisfeita a ganancia dos beleguins fiscaes, única protéção oficial que a Sociedade tem recebido para prosseguir na sua missão d’instruir os pobres.

         Um agrupamento musical, que veio a dar origem à tuna do jovem Grupo Musical, foi actuar a vários locais, obtendo bastantes elogios. E, reatando uma velha tradição, organizou uma festa para comemorar o S. João, com um arraial, no Largo do Forno, que estava lindamente ornamentado e iluminado a acetilene e à veneziana.

         Em Agosto foi comemorado o primeiro aniversário do Grupo, de que recordamos esta nota: Foi dada posse á nova Direcção, e Annibal Cruz, n’um breve discurso, apoiou a florescente collectividade local, incitando a nova Direcção a trabalhar com o mesmo afinco como o fez a transacta, para seu engrandecimento e da nossa terra. Dirige algumas palavras de felicitação ao regente do Grupo, pela maneira incansavel como tem leccionado aos seus socios a sublime arte de Mozart e entrega-lhe um objecto de prata offerecido pela sympathica sociedade, que João da Simôa agradece commovido. Levantaram-se no final enthusiasticos vivas ao Grupo Musical de Tavarede, que foram unanimemente correspondidos.
          Executa-se em seguida uma valsa e sóbe o pano para Mario José recitar a excellente poesia patriotica Vinga pae!, que foi bastante applaudida. Com graça recita depois o monologo Eu cá não me ralo... o sr. Antonio Dias Cardoso, de Quiaios, e o sr. Americo Alvitro d’Abreu, habil amador portuense, cantou a engraçada cançoneta Rebenta a bexiga, que foi bisada. Não me amava, hilariante monologo que Izidoro Ladeiro disse com agrado.
         O nosso patricio e jovem amador Antonio Medina Junior recitou tambem uma poesia dedicada ás damas de Tavarede, que a assistencia applaudiu bastante.   Fechou o sarau dramatico a comedia em um acto O cometa e o fim do mundo, desempenhada por dois socios do Grupo. Ás 24 horas e meia principia o baile que terminou ás 7 horas de domingo.
        
         Ao lermos os jornais daq       ueles tempos, fomos surpreendidos com uma declaração, inserta num jornal em Novembro, três meses depois daquela sessão, da autoria de Aníbal Cruz, correspondente local de um periódico figueirense e que fazia parte dos corpos sociais do Grupo. Annibal Cruz declara, para os devidos effeitos, que pediu a demissão de secretario d’assembleia geral, como tambem de socio, do Grupo Musical Tavaredense, que lhe acaba de pagar com coices tremendos – não é de estranhar, porque já d’isso se queixavam pessoas illustradas e estimadissimas – os favores que lhe fez e mesmo por não querer estar onde predominam absolutos e ignorantes, que combatem a instrucção e apoiam o vicio da taberna!!!


         Faz esta declaração para que não o julguem elemento da cambada que incommóda a população da sua terra.

         Foi o início de violenta polémica que envolveu a jovem associação e seus directores, a qual acabou no Tribunal Judicial da Figueira. Porque está inteiramente relacionada com a colectividade, não podemos deixar de aqui inaserir algo da mesma.          Sr. redactor da Gazeta da Figueira – O Grupo Musical Tavaredense pede-lhe a fineza de publicar no seu muito lido jornal uma declaração justa e verdadeira, e não como uma egual que sahiu no seu jornal de 16 do corrente, feita pelo sr. Annibal Cruz, que mal empregado é este nome de Cruz em tal pessoa, por pertencer a uma familia tão digna com o mesmo nome. O nome mais acertado para este cavalheiro era de vadio. É pena que a policia o não tenha apanhado na rêde e leval-o para o canil, porque estão lá outros com mais raciocinio.
         Querem os leitores saber os sacrificios que este cavalheiro tem feito pelo Grupo, de que elle diz pedira a demissão, o que mente descadaramente? A demissão que elle diz ter pedido, queriamos nós dar-lh’a, talvez accompanhada com alguns P. na primeira occasião que elle entrasse á porta d’esta associação, devido a uma calumnia que elle levantou contra um rapaz digno, e compromettendo-nos a todos. Mas o garoto parece que adivinhou o que lhe succedia. O sacrificio foi este:
         Na fundação d’este Grupo, que tem apenas 15 mezes de vida, este cavalheiro foi pessoalmente offerecer-se para socio, o que muitos recusaram, outros acceitaram, apontando-lhe o seu prestimo, que era para ponto, mas que ponto este ponto sahiu! A fazer o que tem feito n’outras sociedades que tem sido desconsiderado. A pesar de tudo foi acceite, prestando em principio o seu serviço, depreciando, tratando pessimamente mal e a ridiculo, nas suas cartas de Tavarede, certos cavalheiros que para não sujarem as mãos o desprezaram como deviam, e agora, a estes mais escandalisados, anda elle como um cão submisso, ajoelhar-se aos pés, para lhe engraixar as botas. Pois do Grupo, desde a classe trabalhadora até ao mais elevado, lhe dão o desprezo que elle merece.
         Pois como iamos dizendo, devido ao seu trabalho, o que esse cavalheiro diz lhe pagarem com coices tremendos, foi unicamente apontar dois espectaculos, e depois voltou á mesma do costume e desprezando o seu cargo a que se tinha responsabilisado, tendo nós escolhido outro para exercer o seu logar.
         Decorreu algum tempo, approximou-se o anniversario do Grupo, e este cavalheiro encarregou-se de se fazer secretario da assembleia geral, o que acceitámos a custo, julgando que elle se regenerava, mas não aconteceu isso. Desde esse dia nunca mais frequentou este Grupo, porque a sua pousada era na Figueira, nos sitios mais vergonhosos, praticando acções ridiculas, a ponto de uzurpar ás infelizes algum dinheiro. Se quizer provas dão-se-lhe.
         O pouco tempo que está em Tavarede é para calcar a pés a sua doutrina do costume contra os taberneiros, e ainda no domingo, 10, pela ultima vez, em casa d’um dos taberneiros, estando elle com o vinho, praticou uma infamia, como filho nenhum de Tavarede, infamia esta que temos pejo de publicar por ser vergonha praticar-se na nossa terra.
         E chama-nos o garoto absolutos! O contrario. O absolutismo creou-se só para este cavalheiro. Faz e diz o que quer e ninguem lhe pede contas, porque não merece importancia. Merece só, como dizemos, de todos o desprezo como se dá a um cão vadio.
         Desde já, sr. redactor, lhe agradece muito penhorado o Grupo Musical Tavaredense.