Assim que ele foi iniciado, ficámos logo com a certeza de se tratar de um agrupamento de real categoria.
E a presença desta banda, que foi fundada no ano de 1877, contanto portanto 104 anos, constituiu um acontecimento artístico que atraiu ao teatro de Tavarede, numerosa assistência.
Tendo dado inúmeros concertos em Portugal, nomeadamente na nossa terra, no Grande Casino Peninsular e em Espanha, e agora, pela segunda vez, na sede da Sociedade Teatral (perdoem-nos o baptismo...) como que um encontro emocionante, como um abraço fraternal de velhas amizades entre as duas antigas associações, conquistou o 1º. prémio no concurso das bandas musicais do concelho de Santarém, tendo sido finalista no Concurso das Bandas Portuguesas.
Trata-se de uma banda experiente, contando imensos sucessos em outros tantos concertos, que lhe concederam justificado prestígio.
A execução dos números do programa, além da linda marcha de abertura “Margens do Tejo”, de Sousa Morais; “Alto Minho”, de Miguel de Oliveira; “Campo das Flores”, de Sousa Morais; “Alma Maiato”, e, no final, o hino da Sociedade de Instrução Tavaredense, foram escrupulosamente interpretados.
Uma prova bem significativa do que dizemos, em toda a sua verdade. A Filarmónica Gualdim Pais honra a linda cidade de Tomar, onde, por motivos de deveres profissionais, vivemos durante nove anos.
Mas, voltando ao concerto, foi pena – que nos perdoe o seu insigne maestro – que dadas as possibilidades artísticas, o grande sentido musical de cada instrumentista, apesar de se tratar de simples amadores (o que lhes confere maior mérito) não tivesse presenteado o numeroso auditório com a execução de, pelo menos, uma peça de um autor célebre, cujo teor, no que respeita a dificuldades técnicas e interpretativas, pusesse à prova as tendências e as aptidões de todos os elementos, proporcionando-nos uma completa imagem do seu real valor.
A música não é algo mais ou menos limitado e sonoro. É bela, transcendente. Sublime, desde que a entendamos por música e nos seja transmitida como obra de arte e consciência.
Consideramos o maestro – sublinhe-se – como um dos bons regentes portugueses da actualidade. Para ele os nossos parabéns pela perfeição obtida nos vários naipes, responsabilidade, saber profissional, regência e eficiente uniformidade de conjunto, confirmando o prestígio de que muito justamente disfruta.
O público gostou. Compreendeu. Aplaudiu calorosamente todos os números neste excelente concerto.
(A Voz da Figueira - 29 Janeiro 1981)
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