No mesmo jornal e na mesma data:
“ Não tencionavamos, nem desejavamos voltar a êste assunto, mas “O Dever” veio à estacada com um acêrvo de sofismas, que podem parecer aos olhos do leitor incauto uma resposta, para chegar à conclusão ingénua e luminosa, de que nos retratámos em pontos onde ficou patente expressamente o contrário.
“ Não tencionavamos, nem desejavamos voltar a êste assunto, mas “O Dever” veio à estacada com um acêrvo de sofismas, que podem parecer aos olhos do leitor incauto uma resposta, para chegar à conclusão ingénua e luminosa, de que nos retratámos em pontos onde ficou patente expressamente o contrário.
O processo não é novo nem original. A-fim-de iludir realidades demasiadamente fortes, em atitudes de prestidigitador, o articulista recorreu a expedientes que só servem para nos revelar a sua atrapalhação. A hostilidades reduz-se a mero quixotismo: num esfôrço desesperado, pour èpartir le bourgeots foi-se ao texto do nosso artigo, truncou, mutilou, mistificou, deu-lhe tratos de polé para o obrigar a dizer o contrário do que ali se demostra duma maneira inequívoca.
Era de esperar. Dum tema falso não podem sair senão arrasoados falsos. Um exemplo:
Haviamos nós escrito, referindo-nos à representação lida e entregue ao sr. Bispo de Coimbra por dois membros da Comissão Organizadora da Casa do Povo de Tavarede:
S.Exª. Revª. concordou plenamente com os pontos de vista da Comissão, prometendo-lhes todo o seu apoio e declarando-se disposto a mandar proceder, em devido tempo, às obras necessárias, nomeando a seguir o pretendido pàroco para Tavarede.
“ O Dever” a-pesar da sua coragem não se atreveu a desmentir, mas agarrou-se a um expediente capcioso: isolou a frase prometeu-lhe todo o seu apoio e sentenciou fanfarrão: “a casa não foi prometida a ninguém, pois o sr. Bispo só prometeu o seu apoio; não se pode confundir apoio com casa”.
É singular êste nosso colega e singularíssimas as leis da sua polémica! Se usa da mesma liberdade e escrúpulos na interpretação dos textos bíblicos não tarda que tenhamos a lamentar a mais horripilante das heresias de que a história resa. É capaz de chegar à conclusão de que o Evangelho foi escrito antes de Cristo!... Com esta sencerimónia tôda é natural que lá chegue.
Continúa céptico “O Dever” - escudado não sabemos em que provas - quanto à promessa da casa do Grémio. Nem a carta do sr. Bispo, tão simples e tão clara, o convenceu. Pobres pecadores somos nós e... ficámos convencidos. Isto é, merece-nos absoluta confiança o testemunho de S. Exª. Revmª.
Talvez o documento que vamos publicar a seguir consiga o milagre da sua conversão. É o depoimento do Académico de Ciências Domingos Afonso Condado a que já nos referimos, em que êste aluno da nossa Universidade Coimbrã declara por sua honra de cidadão e católico praticante, que na audiência concedida pelo sr. Bispo aos dois membros da Comissão Organizadora da Casa do Povo foram por S. Exª. Revmª., finda a leitura da representação que lhe foi lida e entregue, tomados os seguintes compromissos:
1º- Mandar proceder às obras necessárias no edifício do Grémio de Tavarede, a-fim de ser nele instalada a séde da Casa do Povo;
2º- Cedê-lo em boas condições à Comissão Organizadora;
3º- Nomear pároco novo para Tavarede. Sôbre êste ponto disse S. Exª. Revmª. que se não tivesse, na altura própria, pároco disponível, como era natural, encarregaria da freguesia de Tavarede um dos sacerdotes em serviço no Seminário ali existente, solução que os portadores da representação aplaudiram sem reservas.
O depoimento que aí fica não se destina ao público que já está suficientemente elucidado. Publicamo-lo especialmente para “O Dever” que nestas coisas é pior que S. Tomé... Está tão céptico, tão céptico, que põe em dúvida as afirmações do seu próprio Prelado.
Isto não o impedirá certamente de continuar a afirmar com o costumado amor... à sua verdade: “Sabiamos há muito que o sr. Bispo mostrara boa vontade e tinha prometido o seu apoio e sabemos que cumpriu até onde poude, mas igualmente que não prometeu a casa”.
Seria caso então para perguntar em que consistiria o seu apoio (não lhe foi pedido outro além da cedência da casa e da nomeação de pároco novo) e até que ponto cumpriu a sua promessa. Quer-nos parecer que “O Dever” está a prestar um péssimo serviço ao seu Prelado. Se fôssemos a dar crédito às suas engenhosas explicações, tinhamos que concluir que o sr. Bispo cometera um grave deslise prometendo sem condições expressas uma coisa que não era sua e portanto não podia prometer. Esta é que é a duríssima verdade.
Tem depois uma série assombrosa de explicações sôbre as relações entre a Diocese, o Prelado e a Predial Económica, proprietária, à face da lei, da chamada Casa do Grémio. Não se canse o colega a explicar-nos o que é a Predial Económica. Sabemos muito bem o que é juridica e religiosamente aquela sociedade e até a razão da sua existência. As suas explicações só podem servir para convencer algum pobre diabo mal precavido. Se as fôssemos a aceitar chegariamos à convicção absurda de que “O Dever” sabe melhor o que é a Predial Económica do que o seu próprio Prelado.
Não gaste o seu latim, colega! Quanto mais explica... pior se coloca. Depois de negar à gente de Tavarede categoria para se corresponder com o Exmo. Prelado, afirma “O Dever” que a carta a pedir as condições em que seria vendido o edifício do Grémio, não foi recebida por S. Exª. Revmª. Vinha talvez a propósito fazer aqui duas considerações sôbre o remoque infeliz do nosso colega. Mas adeante. Não nos cabe discutir se sim ou não os queixosos (a quem foi reconhecida categoria para desempenhar os mais altos cargos na direcção dos organismos católicos de Tavarede) teem categoria para se corresponder com o sr. Bispo. Só a S. Exª. Revmª. compete decidi-lo. E está provado pelo documento que publicámos no Figueirense de 12 de Novembro que S. Exª. Revmª. respondeu à carta enviada pela mesma via e pessoa, a solicitar a realização das prometidas obras na chamada Casa do Grémio.
Se respondeu à primeira é porque aos queixosos foi reconhecida categoria e nesse caso a segunda também devia ter resposta ainda que por intermédio do seu secretário. Em que se firma “O Dever” para asseverar que S. Exª. Revmª. não recebeu esta carta? Não estaremos nós em presença duma restrição mental de que se abusa em certas esferas? Não teria o articulista pretendido dizer na sua que quem recebeu a carta foi o criado do Seminário ou o Secretário episcopal? Sendo assim... passe, embora não seja correcto nem de bom gôsto.
Nada de mistificações. Nós estamos informados de que a carta chegou ao seu destino. Foi recebida não há dúvida nenhuma. Se o articulista duvida, pergunte ao sr. Director de “O Dever”. Talvez êle saiba até porque não teve resposta. Ancioso de colher-nos em falso em qualquer coisa, “O Dever” agarra-se a um êrro dactilográfico aliás sem valor para a causa em discussão e atreve-se a afirmar, muito contente, que faltámos à verdade.
Haviamos escrito, na nossa péssima caligrafia: “Podemos asseverar que a Comissão Organizadora... quinze dias depois de fechado o negócio ainda o ignorava”. E não faltámos à verdade. Há só uma diferença, é que na passagem do manuscrito o dactilógrafo trocou o numeral onze por quinze. E assim a nossa informação está rigorosamente certa. É que só quando “O Dever” o noticiou, a 30 de Setembro, houve a certeza do disparatado negócio. Foi então que a Comissão Organizadora, composta por 15 pessoas, tomou inteiro conhecimento. Não quiz “O Dever” encerrar a sua pseudo-resposta sem brincar mais uma vez com a credulidade dos seus leitores. Diz que o falecido Padre Manuel Vicente não doou ao Seminário de Coimbra mas ao Bispo D. Manuel Luiz Coelho da Silva, de saudosa memória, a residência paroquial de Tavarede (aqui já se pode falar em propriedade dum alto dignitário?...) - a qual foi vendida (!!!) mais tarde à Predial Económica. Já sabiamos que “O Dever” tem artes para explicar o inexplicável. Em mais duma emergência o tem demonstrado.
É curioso notar que o falecido Padre Manuel Vicente, nos últimos anos da sua vida manifestou a várias pessoas das nossas relações o inabalável prepósito de doar por sua morte ao Seminário de Coimbra - ao qual devia a sua ordenação - a propriedade dos seus bens. E mais curioso ainda é que na altura em que foi vendida e Casa do Grémio um herdeiro e afilhado do Padre Manuel Vicente dirigiu-se a Coimbra para obter por compra a referida residência paroquial, e ali, a-pesar da Diocese viver em déficite e grande, foi regeitada a sua proposta com fundamento de que a residência paroquial, sendo um legado ao Seminário do falecido Padre Vicente, mal parecia que fôsse vendida!!! Não foi alegada, que nos conste., qualquer outra razão.
Como se vê permanece de pé tudo o que afirmámos. O resto nem fôgo de vistas chega a ser. É do mais pobresinho... E... sans rancune...
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