E
no ano de 1926 foi, logo no seu dia primeiro, comemorado mais um ano do Grupo
Musical Carritense, conforme refere esta nota. Festejou galhardamente no passado dia de Ano Bom mais um aniversario da
sua fundação o simpatico Grupo Musical Carritense, do vizinho e aprazivel logar
dos Carritos.
De
manhã, a tuna da mesma sociedade fez a alvorada, subindo ao ar nesse momento,
uma salva de 21 morteiros. Ás 13 horas esteve exposta a séde, que se encontrava
profusamente ornamentada com lindas flores naturaes e artificiaes. Mais tarde a
mesma tuna foi esperar a do florescente Ateneu Alhadense, das Alhadas, que
vinha retribuir a visita que aquela colectividade lhe havia feito a quando da brilhante
comemoração do seu 1º aniversario. Depois de cumprimentar alguns directores do
Grupo, dirigiram-se para a séde desta sociedade, onde lhes foi servido um
excelente e abundante copo d’agua. Em nome da direcção, deu as boas vindas o
sr. Antonio Lopes, respondendo o ilustre presidente do Ateneu, sr. Desidério
Nossa, que agradeceu num curto mas primoroso e eloquente discurso as sinceras e
afectuosas homenagens que estavam sendo prestadas á sua associação. Retiraram
pouco depois os vizitantes, muito bem impressionados, sendo acompanhados até á
saida da povoação pela tuna do Grupo dos Carritos. Esta seguidamente andou,
como de costume, cumprimentando os seus consocios. Ás 18 horas, realisou-se a
sessão solene, á qual presidiu o sr. Antonio Lopes, representante do Grupo
Musical e d’Instrucção Tavaredense, secretariado pelos srs. Augusto de
Oliveira, delegado do União Football Club, de Buarcos e José Simões. Após a
leitura do expediente, foi colocada no estandarte do Grupo – uma bela obra do
distinto pintor figueirense, sr. Antonio Piedade – pela esposa do nosso bom
amigo, sr. Albino Jorge Carlos, uma linda fita de seda, oferecida por uma
comissão de senhoras casadas, usando então da palavra o sr. presidente para se
referir á simpatica iniciativa das oferentes, que muito as dignificava pelo
alto exemplo do amor associativo que acabavam de patentear.
Á
noite efectuou-se o baile que esteve muito concorrido.
Sinceramente felicitamos na pessoa do
inteligente e incançavel presidente da direcção, nosso querido amigo sr. Manuel
Maria Santiago, todos os associados da prestimosa colectividade pela patriotica
obra que há cinco anos veem realizando.
Por sua vez, a Sociedade de Instrução,
festejando igualmente o seu 22º aniversário, comemorou-o com atraente programa,
destacando-se, na récita de gala, a apresentação de uma nova opereta sobre os
usos e costumes da nossa terra, da mesma parceria da anterior, Gaspar de Lemos
e António Simões. Tinha, apenas, um acto e três quadros, mas mereceu o seguinte
comentário: Era esta a principal atracção
da récita. Havia um grande interêsse pela representação da Pátria Livre, e pode
dizer-se que a revista agradou plenamente. Os aplausos foram calorosos,
entusiásticos, fazendo a assistência bisar quási todos os números de música.
Houve chamadas ao autor, ao maestro e ao ensaiador. João Gaspar de Lemos Amorim
e António Simões mereceram sem favor as prolongadas salvas de palmas que se
ouviram – o primeiro, por ter escrito com alegre fantasia e uma certa
irreverência o comentário ligeiro e gracioso dalguns acontecimentos e factos
locais; e o segundo pela felicidade com que pôs e adaptou os números de música,
alguns deles lindíssimos; mas não são menos dignos de elogio o espírito e a boa
vontade com que os amadores se houveram, de modo a poderem representar a Pátria
Livre apenas com 10 dias de ensaio. Não pode exigir-se mais de amadores de
aldeia. A impressão geral da representação foi a melhor, sendo especialmente
notadas a apresentação correcta e afinação dos córos. A orquestra, constituída
por 14 figuras, magnífica.
Bem sabemos que estamos a
transcrever demais, mas o caso é que, pessoalmente, consideramos a terceira
década do século vinte, a que maior impacto teve no associativismo tavaredense.
Os grupos dramáticos, que alcançaram retumbantes êxitos, recebiam imensos
convites. A tuna, por seu lado, tinha enorme fama. E ambas as associações
tavaredenses desempenhavam os seus estatutários fins, tanto cultural como
recreativamente, da maneira mais honrosa para a terra.
Tuna do Grupo Musical e de Instrução Tavaredense
Contudo, não deve esquecer-se
que, apesar dos enormes esforços empreendidos, o Grupo Musical começava a
sentir as maiores dificuldades para cumprir com os seus compromissos
financeiros assumidos com a realização das obras, aproveitando-se da enorme
complacência do seu sócio benemérito e benfeitor, vendedor do edifício da sede,
iam protelando a amortização da compra, procurando solver primeiramente as
dívidas contraídas a outros credores. É por isso, e pelo que mais adiante
relataremos, que se dizemos que, em nossa opinião, foi uma década
verdadeiramente dourada, considerando o desenvolvimento cultural e recreativo,
também não podemos deixar de referir as muitas tristezas e desgostos que a
impossibilidade do cumprimento das responsabilidades assumidas, terão acabado
por causar nos seus mais dedicados e esforçados sócios e colaboradores.
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