Também
nos merece uma referência, ainda que simples, mas estreitamente ligada ao nosso
associativismo, para dizermos que, ensaiada pela actriz Ilda Stichini e em
espectáculo em benefício à Misericórdia figueirense, foi levada à cena, no
Parque, a peça O amigo Fritz, que
teve a particularidade de ser representada, além daquela actriz, por amadores
figueirenses, entre os quais José Ribeiro, que foi o protagonista. Ainda uma
breve nota para uma nova associação desportiva, Sport Clube Tavaredense,
realizadora de algumas provas ciclistas, mas que acabou por ter curta
existência.
Aproveitando a data da comemoração do
seu 20º aniversário, o Grupo Musical inaugurou as suas novas instalações. Foram brilhantes as festas comemorativas do
20º. aniversário da fundação desta colectividade, que coincidiram com a
inauguração das suas novas instalações na casa do Paço.
Um entusiasmo grande animou todos os
números do programa, cuja execução, pode dizer-se, pôs Tavarede em festa, festa
a que jubilosamente se associou tôda a população tavaredense, com
insignificantissimas excepções.
O Grupo Musical entrou numa fase de desenvolvimento
consciente, mostrando-se agora decidido a caminhar desembaraçadamente e com
firmeza, escolhendo com decisão o caminho que quer seguir. Com um esfôrço
enorme, admirável - e quando alguém poderia supor que o Grupo ia morrer
ingloriamente e sem o confôrto dos sacramentos da Igreja - os rapazes do Grupo
Musical conseguiram já reorganizar a sua tuna, agora constituida com muitos e
valiosos elementos, e instalar-se na nova sede.
Começaram as festas comemorativas no
sábado à noite, com um baile. Uma enorme concorrência afluíu à sede do Grupo
Musical, que tinha sido engalanada e apresentava um aspecto festivo. O baile
realizou-se no salão, que se encheu de pares que dançaram animadamente até de
madrugada ao som duma excelente orquestra.
No domingo de madrugada a tuna fez a
alvorada, percorrendo as ruas da povoação, enquanto estralejavam foguetes.
Às 10 horas realizou-se o almôço de
confraternização.
A tuna saíu de novo à tarde, a
cumprimentar os corpos gerentes, e pelas 17 horas realizou-se a sessão solene.
Foi brilhante, sob todos os pontos de vista. Foram duas horas de alegria, de
comoção e entusiasmo em que vibrou a população tavaredense, que enchia o salão.
Havia também muitos convidados de fora, muitas pessoas da Figueira e
representantes das associações do concelho. Uma assistência numerosa, que as
salas não podiam comportar.
Presidiu o sr. dr. José Cruz,
secretariado pelos srs. Adalberto Simões de Carvalho, da Associação Naval e
António Cordeiro, da Sociedade de Instrução Tavaredense.
Após a leitura do numeroso expediente,
foi dada posse aos corpos gerentes, assim constituidos:
Assembleia Geral : Presidente,
José da Silva Lopes; vice-presidente, José da Silva Cordeiro; 1º. secretário,
Adriano Augusto da Silva; 2º. secretário, António Pedro de Carvalho.
Direcção: Presidente, Fernando
da Silva Ribeiro; vice-presidente, Faustino Ferreira; 1º. secretário, António
Marques Lontro; 2º. secretário, João Renato Gaspar de Lemos; tesoureiro, José
Nunes Medina. Vogais substitutos: Armando Amorim, José Maria Matias, César
Figueiredo, José Severino dos Reis e Flaviano Pinto de Sousa.
Conselho Fiscal: Efectivos:
António Ferreira Jerónimo, António Migueis Fadigas e José Maria Gomes.
Substitutos: Manuel Vigário, Manuel de Oliveira e Joaquim Severino dos Reis.
A assistência saudou-os com muitas
palmas, enquanto a tuna executava o seu hino.
Logo a seguir propôs o sr. presidente
um minuto de silêncio em homenagem à memória de José Medina, fundador do Grupo
Musical Tavaredense. Tôda a assistência, se manteve de pé, em silêncio.
E a sessão prosseguiu depois, com um
entusiasmo que era bem visivel em todos os assistentes. Não nos é possível, por
o jornal não dispôr de espaço para isso, dar um relato desenvolvido desta
imponente sessão solene, em que proferiram discursos os srs. dr. Manuel Cruz,
sargento-ajudante de artelharia Sanches, dr. Manuel Lontro Mariano, professor
Rui Martins, José Ribeiro e dr. José Cruz, que encerrou a sessão entre ovações
calorosas e repetidos vivas ao povo de Tavarede e ao Grupo Musical.
Às 21 horas e meia deu-se início ao
baile de gala, animadissimo como o da véspera. A meio do baile foram
distribuidos os prémios aos vencedores das provas ciclistas organizadas pelo
Sport Clube Tavaredense, que foram os srs. Ricardo Nunes Medina, do Grupo
Musical e de Instrução Tavaredense, 1º. prémio - taça e medalha oferecidas pelo
Sport Tavaredense e uma medalha oferecida pelo G.M.I.T., Abel Ladeiro, do União
Alhadense, 2º. premio - medalha; e João Marques Cardoso, do Sport Clube
Tavaredense, 3º. prémio - medalha. Foram saudados com muitas palmas.
E as festas comemorativas do 20º.
aniversário do Grupo Musical e de Instrução Tavaredense, terminaram de
madrugada de segunda feira, deixando a todos as mais agradaveis impressões.
E uma nova colectividade em Tavarede
foi anunciada. Já não é nossa a novidade,
bem o sabemos, que acaba de fundar-se uma nova colectividade, com o nome de
Grémio Educativo de Instrução Tavaredense. Tavarede, desta maneira, avançou
mais um pouco no progresso associativo.
Há muito que se fazia sentir a falta
duma escola nocturna, que funcionasse, regularmente, dirigida por gente
competente e de sã moral, visto o número de rapazes novos ser elevadissimo,
pois que sendo uma população pobre, na sua maioria operariado, não seria possível
a frequência a outra escola que não seja a nocturna. Precisamente por isso é
que afirmamos que a falta do Grémio Educativo e de Instrução Tavaredense, há
muito se fazia sentir.
E para complemento e prova cabal, temos
o resultado dessa mesma escola, que, com uma frequência de 60 alunos, lá vai
singrando, apta a honrar sobremaneira o nome dos seus méstres, P.e Cruz Diniz e
Belarmino Pedro, e em especial o da nova colectividade.
Para
ocasião mais oportuna guardamos as nossas impressões, visto esta já ir longa.
Não conseguimos encontrar qualquer
cópia do estandarte, que sabemos ter sido desenhado pelo pintor António da
Piedade ... aquela cruz de Cristo
sustentando um livro – símbolo da instrução – é simplesmente um modelo de arte
e bom gosto, nem do emblema do Grémio Educativo. Mas, de imediato, um outro problema surgiu. A
nova colectividade continuou com a actividade teatral, ali se mantendo alguns
amadores e o ensaiador. Enquanto alguns amadores da antiga secção dramática do
Grupo tomaram a decisão de abandonar o palco, outros resolveram ingressar no
teatro da Sociedade. Tem sido bastante
censurado o facto de vários amadores do Grupo Musical e d’Instrução
Tavaredense, se prestarem a fazer parte do Grupo Cénico da Sociedade de Cima.
É deveras lamentavel tal atitude, que
só revela o pouco amor associativo e a pouca consideração pelas lutas
antagónicas de há 19 anos! E viva a fraternidade! Pois se Zé Medina revivesse
seria o primeiro a apertar-lhe as... mãos e certamente a dizer-lhe muito
obrigado...
Tambem não foi levado, em boa conta um
celebérrimo telegrama inserto nas colunas do orgão maçónico. A ser verdade o
que me informam é caso para perguntar: O que quererá dizer aquilo? Pois que
naquelas colunas não havia guarida, para uma só linha do seu signatário, visto
que as combateu durante bastantes anos, não só neste jornal mas principalmente
da extinta Gazeta da Figueira?! E viva o liberalismo...
Iniciou-se uma polémica lamentável,
travada a propósito desta mudança. Vamos dar um pequeno exemplo, transcrevendo
um pedaço de uma carta enviada para um jornal figueirense, por um amador do
Grupo quem havia pouco tempo, se mudara para a capital. Foi, com o maior prazer, que vi assumir novamente o nome de Tavarede -
minha terra natal - nas colunas do Figueirense” - baluarte digno dêste nome, -
cujas correspondências são assinadas pelo sr. “Tóni”, para mim desconhecido, é
certo, mas o que não impede de o felicitar pelas acertadas palavras que na sua
correspondência de 23-10-931, dirigiu ao brio de certos cavalheiros que,
esquecendo-se do amôr que durante longo tempo existiu - ou parecia existir -
pelo Grupo Musical e d’Instrução Tavaredense, se deixaram agora arrastar pelo
canto da sereia que ha muito os cubiçava.
E porque não existe ainda êsse amôr e respeito
pelos princípios daquela Associação que tanto levantou o nome de Tavarede? Não
serão os mesmos homens de outrora? Decerto que são. O que talvez não existe, é
o carácter de uns e a vergonha de outros. Ou será efeito dos desejos da S.D.N.
para a realização da Paz entre os homens? Que falta de pundonor! Como todos se
devem rir na sua ausência.
Sr Tóni, não há melhor testemunha que o
jornal para tempos futuros. Por tal motivo, sou de parecer que os nomes dêsses
cavalheiros, que se diziam “Grupistas”, e que a Sociedade era uma sombra má...
e muito mais, que se lhes deparava a todo o momento, sejam publicados numa das
suas correspondências, assim que êles aderirem à Sociedade, para que os
tavaredenses que mourejam o pão nosso de cada dia, longe da sua terra, façam um
juizo dêsses “Grupistas ferrenhos”.
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