sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Teatro da S.I.T . - Notas ecRíticas - 16

1942

O SONHO DO CAVADOR

Com uma grande concorrência de espectadores realizou-se no Teatro do Casino Peninsular, na noite de sexta-feira, a anunciada récita pelos apreciados amadores de Tavarede, e com a representação da peça “O Sonho do Cavador”, original de José da Silva Ribeiro e ornada de música original e coordenada pelo “maestrino” António Simões.


O desempenho, por parte de todos os amadores, agradou ao público. A peça, que é um hino ao trabalho, está escrita por mão de mestre, e enriquecida com lindos cenários do artista Rogério Reynaud. Os coros sobressairam pelo seu volume de vozes e boa afinação. Também a orquestra estava composta de maneira a oferecer um agradável conjunto.


O “Sonho do Cavador”, com uns leves retoques que os seus autores devem ter em vista, depois desta representação, é uma peça regional digna de figurar como elemento que represente o teatro popular da nossa terra e seu concelho.


No final do espectáculo os aplausos foram calorosos, sendo chamados ao palco José Ribeiro e António Simões, que o público brindou com aplausos ainda mais calorosos. (Notícias da Figueira – 04.18)

TEATRO DE AMADORES

A Sociedade de Instrução Tavaredense, da vizinha povoação de Tavarede, acaba de ter mais um sucesso com a representação da peça “Recompensa” do brilhante escritor dr. Ramada Curto, e que foi à cena no Teatro Avenida de Coimbra.


Toda a imprensa da cidade Universitária é unânime nos elogios dirigidos aos modestos mas conscienciosos amadores ensaiados pelo distinto jornalista José da Silva Ribeiro.


No intervalo do 1º. para o 2º. acto o sr. dr. Armando de Lacerda, professor da Universidade, saudou o grupo num primoroso discurso, ao qual respondeu em agradecimento o nosso conterrâneo José Ribeiro de uma forma que lhe resultou uma prolongada ovação, continuação da que havia sido feita ao ilustre professor universitário.


A “Sociedade de Defesa e Propaganda de Coimbra” ofereceu ao grupo de Tavarede, para ser colocado na sua sede, um artístico lampeão trabalhado pelo sr. Albertino Marques, hábil artista conimbricense. (Notícias da Figueira – 06.06)

GÉNIO ALEGRE, NA FIGUEIRA

Na última sexta-feira realizou-se no elegante teatro do Casino Peninsular uma récita com a representação da encantadora peça em 3 actos – “Génio Alegre” – dos célebres comediógrafos espanhois Irmãos Quintero, e desempenhada pelo apreciadíssimo grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense, da vizinha povoação de Tavarede.


A casa encontrava-se quasi cheia e a assistência era composta na sua grande maioria por famílias banhistas, que aplaudiram com entusiasmo os amadores tavaredenses, que deram à peça um grande relevo, distinguindo-se nos seus papeis a excelente amadora D. Violinda Medina e Silva e o distinto amador Manuel Nogueira.


O conjunto é esplêndido e todos os amadores, consoante os seus papeis, concorreram para que a linda peça fosse ouvida e apreciada com toda a atenção por uma assistência estranha ao nosso meio.


O mesmo grupo de amadores de Tavarede representa amanhã no teatrinho da Associação Naval 1º. de Maio a muito aplaudida fantasia – “O Sonho do Cavador” – que é ornada de linda música e tem já um grande número de representações.


É grande o interesse por esta récita e decerto a casa de espectáculos da popular associação registará mais uma enchente. (Notícias da Figueira – 10.03)


O SONHO DO CAVADOR

No teatrinho da Sociedade de Instrução Tavaredense, realizou-se no passado sábado, mais uma representação - a 50ª. - da festejadíssima fantasia “O Sonho do Cavador”, a peça que esta época esgotou as lotações dos teatros Peninsular e da Associação Naval, da Figueira, e dos Caras Direitas, de Buarcos.


Para solenizar tal acontecimento - pois não é vulgar em teatro de amadores uma peça atingir tal número de representações, foi pela Direcção da S.I.T. e pela sua Secção Dramática prestada uma singela mas significativa e merecida homenagem, no final do 2º. acto, aos grandes amigos da colectividade, srs. José da Silva Ribeiro e António M. Oliveira Simões, respectivamente autores do poema e da partitura do “Sonho do Cavador”.


O distinto advogado, sr. dr. Lontro Mariano, focou num belo improviso a carreira gloriosa da peça, desde a sua estreia naquele mesmo palco, onde, volvidos catorze anos, se consagravam as suas bodas de ouro.


Felicitou aos autores da peça pelo êxito alcançado e evocou a saudosa memória de João Gaspar de Lemos - um dos maiores artífices daquela bela obra.


Uma prolongada ovação coroou as palavras de sua exª., a quem o sr. José Ribeiro agradeceu em nome dos autores, afirmando que “Gaspar de Lemos não estava presente em pessoa mas estava, com certeza, em espírito”.


A orquestra executa o hino da Sociedade, sobre o palco chovem perfumadas pétalas de flores e a assistência, como que electrisada com tão sublime, e inesquecível quadro, irrompe numa frenética ovação.


Toda a representação da peça decorreu com desusada animação, tendo sido dispensados fartos aplausos a todos os intérpretes.


No dia seguinte, domingo, realizou-se uma piedosa romagem ao túmulo onde repousam os restos mortais de João Gaspar de Lemos, no cemitério desta localidade.


Sobre a sua campa foram depostos inúmeros ramos de flores, singelo preito de saudade dos componentes do Grupo Cénico, por quem o extinto votava um acrisolado amor.

O Director Cénico, proferiu algumas palavras de saudade, tendo sido guardado um minuto de silêncio em memória de tão saudoso amigo.


Durante esta cerimónia não foram esquecidos os nomes de dois ilustres filhos de Tavarede - dr. José Gomes Cruz e Manuel Jorge Cruz.


Sobre as suas campas foram deixados alguns ramos de flores. (Notícias da Figueira – 10.17)


SOCIEDADE DE INSTRUÇÃO TAVAREDENSE

Conforme noticiámos na nossa última “carta”, deslocou-se no sábado passado à Pampilhosa, o apreciadíssimo grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense, afim de ali realizar dois espectáculos – no sábado, em “soirée” e no domingo, em “matinée” -, com a peça em 3 actos, “Recompensa” original do dr. Ramada Curto, a favor da beneficência daquela vila.


Por informações colhidas, soubemos que os amadores tavaredenses se portaram admiravelmente, desempenhando com impecável correcção esta tão encantadora obra do teatro português.


A assistência que encheu o teatro nos dois dias, premiou com prolongados aplaudos a brilhante actuação dos tavaredenses.


Congratulamo-nos com o facto. (Noticias da Figueira – 10.24)


O SONHO DO CAVADOR

No teatro da Associação Naval 1º. de Maio, dessa cidade, realizou-se no passado domingo, o anunciado espectáculo com a “réprise” da lindíssima fantasia “O Sonho do Cavador”, em última representação desta época.


Conforme tinhamos previsto, o teatro da popular colectividade registou mais uma grande enchente, tendo a numerosa assistência premiado com vibrantes aplausos o correcto desempenho dos amadores tavaredenses, dentre os quais, justo é destacar, a distintíssima amadora, srª. D. Violinda Medina e Silva, pela sua arte, alegria e vivacidade.


A sua descrição da “Madrugada” foi simplesmente magistral.


A festejadíssima fantasia sai assim do cartaz da presente temporada, em pleno êxito.

A récita realizada no sábado, na sede, também registou grande concorrência e animação. (Notícias da Figueira – 10.31)

A SIT, NA PAMPILHOSA

À benemérita Sociedade de Instrução Tavaredense, foi prestada uma simpática homenagem pelo povo da Pampilhosa, aquando da recente visita do grupo cénico àquela vila.


Num dos intervalos da representação da peça “Recompensa”, foi descerrada uma placa em pedra mármore com a seguinte inscrição:


“À Sociedade de Instrução Tavaredense – Homenagem do Povo da Pampilhosa – 17-10-1942”.


Usou da palavra, o mui digno professor da Pampilhosa, sr. Firmino da Costa, tendo agradecido em nome da SIT, o director do grupo cénico, sr. José da Silva Ribeiro.


É mais um padrão que ficará a perdurar, lembrando aos vindouros a acção benemerente da SIT, já tão largamente espalhada pelo nosso país. (Notícias da Figueira – 10.31)
SOCIEDADE DE INSTRUÇÃO TAVAREDENSE

Para a história:
“TEATRO – Na região existem vários grupos dramáticos cuja actuação só merece elogios. Elogios pela actuação – louvores pela persistência. Um, o de Tavarede, que já nos deliciou, teria público em Lisboa.


Porque não tentam? Sempre era uma afirmação de sensibilidade artística, que trazia vantagens”.


O que deixamos transcrito, não é da nossa “lavra”.


Ainda bem. (Notícias da Figueira – 11.07)

O GRUPO DE TAVAREDE – ANÁLISE SINCERA

Pela segunda vez assisti a uma representação do Grupo de Tavarede: “Entre Giestas”, de Carlos Selvafem, peça bem portuguesa característica.


Como equilíbrio é do melhor que conheço.


Convencionado que a amadores não se pode pedir a “presença” que se exigira a profissionais, são desculpáveis – e justificáveis – certas deficiências, cuja supressão contribuiria para valorizar, ainda mais, o simpático agrupamento.


Admirador fervoroso do trabalho, da persistência e da dedicação – é um manancial inesgotável de dedicação o “quadro” de Tavarede – citarei, ao acaso, o que se me afigura merecer acolhimento atencioso.


Não se “põem” em cena, com facilidade, dezenas de figuras. Quantas horas perdidas, paciência atormentada, sistema nervoso alterado!...


Porém, porque nem sempre há a franqueza para se apontar com lealdade – e vá, permita-se-nos… - com conhecimento de causa, alguns pormenores que contribuem para anular o brilho da representação, tem-se persistido em manter o que se deveria eliminar.


Comecemos pelo princípio.


É de louvar, e daqui aplaudimos a iniciativa, digamo-lo assim, de iniciar o espectáculo a hora prefixa, com o aviso prévio de a autoridade poder impedir o acesso de espectadores.


De acôrdo e mais aplausos, com os desejos, sinceros, de que a medida faça escola.


Mas é de admitir aquela enormidade de intervalos? A categoria do grupo carecia já de carpinteiros aperfeiçoados, embora amadores, que demonstrassem, praticamente, a maior presteza.


Por outro lado – estou a escrever de um modo geral – os intérpretes dão a nítida impressão, o que se deveria evitar, do pêso das responsabilidades que lhes assenta sôbre os ombros; “o grupo é de categoria, é imprescindível continuar prestigiante”, e febrilmente aguarda-se a “deixa” para se despachar, velozmente, o diálogo.


Engeita-se a responsabilidade para se salvar a honra, pessoal, do convento… E nasce assim o mastigar de frases, a repetição de palavras, que nunca foi de bom efeito teatral.


Falemos, agora, duas linhas, apenas, de Violinda Medina, que possui, reconheço, admirável intuição. “Sente e sofre” em canea. É admirável, por vezes, em algumas arrancadas. Já a vi “estarola” e em “mulher de sentimentos”. Vibra, chora e ri com facilidade. Um pequeno-grande senão: utiliza sempre a mesma tonalidade de voz, perdendo, assim, lindos efeitos dramáticos.


Um pequeno esfôrço, treimo, facultar-lhe-á, em pouco tempo, dispôr de excelentes recursos que permitirá afirmar-se, sem favor, que Violinda Medina é uma amadora que não haveria desdourose pisasse os melhores palcos nacionais.


Dos homens, o mastigar. Há “características” interessantes, aos quais se solicita, somente, serenidade. A tal presença de espírito… Das mulheres, há muitas que agradam.


É a minha admiração pelo simpático agrupamento que motivou estas considerações.


Não é de estranhar que se encontre espírito de dizer mal. De boas intenções está o inferno cheio…


Informaram-nos que o grupo já apresentou na mesma peça, melhor actuação. Talvez… Há horas felizes… (O Figueirense – 11/25)

A SIT EM TOMAR

O grupo cénico da SIT averbou mais um grande e indiscutível triunfo na sua recente deslocação à cidade de Tomar.


Os tomarenses foram mais uma vez de uma gentileza sem limites para com os tavaredenses, acorrendo em massa à estação do caminho de ferro e prodigalizando aos visitantes uma entusiástica recepção.


Depois da chegada formou-se um extenso cortejo até ao hotel, encorporando-se no mesmo, as colectividades locais com os seus estandartes e duas bandas de música.


Os amadores tavaredenses deram à representação das duas peças – “Envelhecer” e “Recompensa” – um desempenho magistral, arrancando à numerosa assistência, que encheu totalmente nos dois dias o teatro, frenéticas ovações.


A “Recompensa”, especialmente, talvez por se tratar de uma peça em que a sua acção decorre num meio fabril e por consequência dentro do ambiente da terra, foi por mais de uma vez interrompida na sua representação, por expontâneas e entusiásticas manifestações.


O êxito da bilheteira foi completo. Inúmeras pessoas ficaram sem bilhete, chegando-se a meter empenhos para os conseguir.


Em face de tal sucesso, foi solicitado ao director cénico a realização de um terceiro espectáculo, o que infelizmente se não poude conseguir, devido aos compromissos dos componentes do grupo.


Ao grupo foi oferecido na sede da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, depois de terminado o segundo espectáculo, um finíssimo e abundante copo-de-água, seguido de um animadíssimo baile, que terminou altas horas da madrugada.


Congratulamo-nos com mais este grande triunfo alcançado por esse punhado de rapazes e raparigas de boa-vontade, que constituem o grupo cénico da SIT – o melhor “cartaz” de propaganda desta encantadora terra do limonete.


No próximo dia 21, lá o teremos no Teatro Avenida de Coimbra, colaborando nos festejos aniversitários da benemérita colectividade coimbrã – Associação de Socorros Mútuos dos Artistas de Coimbra.


Subirá à cena, uma vez mais, a peça das multidões, - “O Sonho do Cavador”. (Notícias da Figueira – 12.12)

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