1946
TEATRO, NA FIGUEIRA
No espectáculo que se realizou na sexta feira da semana finda no Teatro do Grande Casino Peninsular o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense teve mais uma noite de triunfo com a representação da sua nova peça “Injustiça da Lei”.
TEATRO, NA FIGUEIRA
No espectáculo que se realizou na sexta feira da semana finda no Teatro do Grande Casino Peninsular o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense teve mais uma noite de triunfo com a representação da sua nova peça “Injustiça da Lei”.
“Injustiça da Lei”, original do eminente dramaturgo espanhol Liñares Rivas, é uma produção teatral emocionante, arrebatadora, elegantemente conduzida por uma magnífica técnica e formosura literária que prende a atenção do espectador.
E o grupo de Tavarede, que tem sido tanta vez aplaudido, tem nesta peça mais uma ocasião de brilhar porque o seu desempenho é muito equilibrado, muito correcto, quasi de impecável perfeição.
O público, que enchia por completo o elegante Teatro do Casino, brindou os simpáticos e beneméritos amadores de Tavarede com quentes e merecidas ovações.
O espectáculo revertia a favor dos cofres do Monte-Pio Figueirense, e foi abrilhantado pela apreciada orquestra “Ginásio Jazz”. (Notícias da Figueira – 02.16)
1947
GIL VICENTE
Eis uma notícia que vai ser agradavelmente acolhida pelos amadores de bom teatro: o grupo da Sociedade de Instrução Tavaredense vem ao Teatro do Parque-Cine na próxima sexta-feira, 10. Isto basta para assegurar uma boa enchente, porque o grupo tavaredense é sobejamente conhecido e bem apreciado nesta cidade. Mas o espectáculo de agora desperta uma especial curiosidade: pela primeira vez os amadores tavaredenses interpretam Gil Vicente.
O programa é constituído pelo auto vicentino Os Mitérios da Virgem (Auto da Mofina Mendes) e pela notável peça em 2 actos, de Liñares Rivas, Cobardias. Ambas as obras são apresentadas com a probidade de montagem que distingue os espectáculos da Sociedade de Instrução Tavaredense, com cenários do distinto artista Rogério Reynoud e do professor de cenografia do Conservatório de Lisboa, Manuel de Oliveira.
No Auto de Mofina Mendes, uma das mais belas obras de teatro histórico que nos deixou o genial fundador do teatro português e que pela primeira vez se representa na Figueira, ouviremos música da época, executada pela orquestra do distinto amador nosso patrício António Simões e acompanhada a orgão pelo menino João Monsanto: a Cantiga da Mofina é uma canção do século XV que o ilustre professor do Conservatório, Flaviano Rodrigues, harmonizou propositadamente para a Sociedade de Instrução Tavaredense, e o Canto dos Anjos aos pastores é do compositor português João de Badajoz que foi contemporâneo de Gil Vicente e é por este citado em vários passos da sua obra. Os figurinos são do distinto artista Alberto de Lacerda.
Plenamente se justifica a curiosidade com que se aguarda este espectáculo, para o que está aberta a inscrição na Tabacaria Africana. (Notícias da Figueira – 01.04)
TEATRO, NO PARQUE CINE
O grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense, que prima pela apresentação das suas organizações da difícil Arte de Representar, trouxe até nós, no passado dia 10, uma nova modalidade das suas arrojadas e interessantes iniciativas, no Teatro Parque-Cine, onde apreentou uma curiosíssima revisvência no Teatro Vicentino – “Os Mistérios da Virgem” ou “Auto da Mofina Mendes”.
Ao mais despreocupado espectador não teriam passado despercebidas algumas das inúmeras dificuldades da montagem e da representação – nos nossos dias – duma peça de teatro da era de Quinhentos, interpretando, a um tempo, o espírito da época da fundação do teatro português – com as suas figuras simbólicas, a encenação, a movimentação das personagens, e a arte de dizer. (Para confronto de processos teve a assistência, na mesmo noite, uma magnífica peça da actualidade que se seguiu ao “Auto da Mofina”: “Cobardias”, de Liñares Rivas).
É de notar como o grupo cénico da SIT enquadrou as personagens simbólicas num cenário propositadamente frio, rígido, representado como cumpria, quase sem “movimento de cena”, a constratar com as personagens do primeiro plano, que representavam para aquem da cortina: os pastores e a Mofina, aqueles interpretando o “maravilhoso”; estes a “vida terrena”.
E não faltou a pormenor da música bem escolhida, perfeitamente adequada. Uma orquestra de cordas com acompanhamentos de orgão pelo jovem João José da Costa Monsanto, sob a hábil direcção de António Simões, que expressamente compôs a música dos Anjos e o coro final, tendo também sido executada uma canção popular do Séc. XV, propositadamente harmomizada pelo professor Flaviano Rodrigues e o Canto dos Anjos aos Pastores, delicadíssima composição de João Badajoz, contemporâneo de mestre Gil.
Se é certo não ser “teatro” para representar repetidamente, valeu como demonstração das possibilidades do “Grupo” e como revivescência do Teatro Vicentino.
A completar o espectáculo o grupo apresentou primorosamente – conforme já referimos – a encantadora peça em 2 actos “Cobardias”, original espanhol de Liñares Rivas, que mereceu a honra de ser “posta” em cinema, sob o título “Um homem às direitas” e que alcançou merecido sucesso.
Também nesta peça o grupo de Tavarede conquistou e conquistará novos louros para si e para o seu elenco, no qual notámos novos e valiosos elementos. (Notícias da Figueira – 01.18)
TEATRO PARA O JARDIM ESCOLA
Realizou-se na quarte-feira o anunciado espectáculo a favor do Jardim-Escola João de Deus da Figueira, o qual teve lugar no Teatro do Casino Peninsular com a representação de um número de variedades pelas 80 crianças que frequentam aquele estabelecimento de ensino infantil e a representação da encantadora peça em 2 actos – “Cobardias” – pelo grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense.
A parte desempenhada pelas crianças – canto, coros, solos, uma história, canções de gesto e danças – foi, como tudo em que entram crianças, apraciada e aplaudida pela assistência admirada de quanto trabalho aquilo representa por parte de quem dirige e ensaia aquela irrequieta miudagem.
A parte teatral teve, como de costume, o aprumo que o grupo de Tavarede dá às peças que representa. “Cobardias” é uma simpática peça do dramaturgo espanhol Liñares Rivas. Foi a primeira vez que a vimos e gostámos do desempenho por parte de todos os amadores, salientando-se o trabalho do amador João Cascão, e revelando-se de forma notável a amadora Maria Dias, que possue os predicados essenciais para o teatro: figura elegante, dicção graciosa e gesto e jogo fisionómico bem expressivos. É um elemento que dá brilho ao já consagrado grupo de amadores de Tavarede. (Notícias da Figueira – 04.26)
NOITE DE TEATRO PORTUGUÊS
Excedeu em muito a nossa espectativa e, por certo, a de toda a assistência, a magnífica representação de três épocas definidas do nosso Teatro, que o distinto grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense nos proporcionou, na passada sexta-feira, 6 de Junho, no Parque-Cine.
Estamos habituados a que a SIT se nos apresente em rigorosa encenação e montagem de peças dramáticas de vários moldes, mas foi um espectáculo inteiramente novo aquele que o grupo agora nos ofereceu, em três aspectos completamente diferentes, quase com os mesmos intérpretes nas três peças que levou à cena – “Auto da Barca”, de Gil Vicente (Teatro Histórico); o 2º. acto de “A Morgadinha de Valflor”, de Pinheiro Chagas (Teatro Romântico) e o 3º. acto de “Entre Giestas”, de Carlos Selvagem (Teatro Realista) e nos quais se tornou para o público, mais flagrante a diferença da Arte de Representar e as possibilidades astriónicas do elenco do apreciado grupo de Tavarede, num conjunto harmónico admirável, em que cada um está no seu lugar, sem exageros por excesso ou por deficiência. Permitimo-nos, no entanto, fazer particular referência a Violinda Medina que nos deu uma Morgadinha e uma Clara inexcedíveis, soberbas na interpretação!
José Ribeiro, o director do Grupo, conversou com o público, versando da sua palestra “à laia de prólogo” de cada uma das peças que iam sendo interpretadas, a evolução do Teatro Português, pondo-o em paralelo com o Teatro estrangeiro e bordando considerações, deveras interessantes, acerca da influência da civilização e dos costumes dos Povos na Arte de Representar e na literatura teatral.
E a orquestra, sob a proficiente direcção de António Simões, deliciou-nos com boa música portuguesa dos Séculos XV e XVI, extraída do Cancioneiro de Barbiere; “Minueto”, de José Henrique dos Santos e uma inspirada composição do Director da orquestra “Sobre Canções Populares da Beira”, trechos musicais que também mereceram ao director do grupo cénico da SIT especiais referências.
Assim o entendemos e assim o entendeu o público que teve a satisfação de assistir a esta “Noite do Teatro Português” e que aplaudiu calorosamente todos os intérpretes das três peças que foram levadas à cena, naquela noite que ficou memorável! (Notícias da Figueira – 06.14)
TEATRO, EM COIMBRA
O grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense realizou um espectáculo em Coimbra em benefício do Asilo da Infância Desvalida daquela cidade, de que é presidente o grande filantropo sr. Dr. Elísio de Moura.
O espectáculo constou da representação do “Auto da Barca do Inferno”, de Gil Vicente; do 2º. acto do drama “A Morgadinha de Valflor”, de Pinheiro Chagas; e do 3º. acto da peça “Entre Giestas”, de Carlos Selvagem.
O Teatro Avenida encheu-se por completo e os amadores de Tavarede foram calorosamente aplaudidos pela plateia conimbricense que tem por eles grande admiração.
Na abertura dos actos, José Ribeiro, director do grupo, falou sobre o teatro português de três épocas diferentes e três estilos diferentes, e fê-lo com a competência que o distingue, recebendo da plateia muitas palmas, e principalmente quando se referiu à obra filantrópica do ilustre catedrático sr. Dr. Elísio de Moura.
Regosijamo-nos com mais esta jornada de Bem-Fazer dos simpáticos amadores de Tavarede. (Notícias da Figueira – 11.15)
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