Diversos
elementos da tuna do Grupo Musical resolveram formar um conjunto para tocar nos
bailes organizados pela colectividade. Fez a sua estreia em Outubro e dera-lhe
o título de Os Leões de Tavarede. A Conferência de S. Vicente de Paula de
Tavarede era quem mais utilizava as instalações do Grémio Educativo, ali
realizando diversas festas vicentinas, que, normalmente, constavam de teatro e
recitativos. E pelo Natal e fim do ano houve espectáculo. Esta nóvel colectividade local, fez subir à cena, na sua séde, nos
passados domingos 24 e 31 de Dezembro do ano findo, duas peças magnificas,
habilmente desempenhadas por elementos da sua secção dramática.
Pela primeira vez, o palco do Grémio sentiu a influência
benéfica da graça feminina, que emprestou a esta récita uma nota de
interessante originalidade, quer no desempenho, quer na arrumação da cena, que
bem demonstrava ter andado por ali dedo de mulher.
O drama em 2 actos, de um delicado e enternecedor entrecho,
revelou-nos em D.
Armandina Pinto de Oliveira, “a D. Augusta”, uma amadora
senhora do seu papel, que soube incarnar a esposa dedicada até ao sacrificio,
que põe em perigo a sua própria honra, tratando com o homem que pretende
corteja-la, a solução do marido, a contas com a justiça.
Mereceu, pois, rasgados elogios quem pisando o palco pela
primeira vez, nos apresentou um trabalho tão equilibrado.
“Gonçalo”, o marido de “D.Augusta”, foi desempenhado por
António de Oliveira Cordeiro, que andou bem como de costume, e José Maria de
Carvalho fez o banqueiro Castro Leite, patrão do Gonçalo, com a sua costumada
habilidade.
Maria Jesus de Carvalho e os restantes amadores, andaram bem
nos papeis de criada e agentes da policia.
Seguiu-se a comédia, também em 2 actos, “Almas do outro
Mundo”, verdadeira fábrica de gargalhada.
José Maria de Carvalho deu-nos um velho excentrico no
“Bento”, marido da “D.Tomásia”, desempenhado por D. Armandina, que revelou
extraordinária habilidade para este género de teatro.
Clarisse de O. Cordeiro, na “Emilia”, autentica grafonola,
que atirava as palavras ás catadupas pela boca fora, cumpriu admirávelmente o
seu dever.
Maria Jesus Carvalho, na “Julia”, estreou-se muito bem e
prometeu...
Constantino Souto, foi um “criado” cómico como sempre, e
António Cordeiro, no Fernando Galo, nada deixou a desejar.
Esta récita repéte-se no próximo sábado 6, pelas oito e meia
horas da noite, dedicada aos sócios e suas familias.
O ensaiador, sr. Raul Martins, teve uma
chamada especial, e recebeu uma calorosa e entusiástica aclamação, aliaz bem
merecida pelo explendido trabalho apresentado.
O 30º aniversário da fundação da
Sociedade de Instrução teve uma inovação naquela colectividade. O espectáculo
de gala não teve teatro mas, sim, cinema. Registamos o programa do primeiro
espectáculo cinematográfico: Convento de
Cristo, Hora suprema e Pat e Patachon professores.
Embora procurassem apresentar filmes de
interesse, o sucesso também não foi grande. Como sabemos, o ensaiador teatral
da SIT sofreu períodos de prisão por motivos políticos. Durante um desses
períodos escreveu uma nova opereta para ser representada em Tavarede e, uma vez
mais, baseada numa obra do romancista Júlio Diniz. Foi a opereta Justiça de Sua Majestade. E em Maio de
1934, o Grupo solicitou à Sociedade a cedência da sala de espectáculos para ali
promover uma matinée dramática-musical :
Para amanhã à tarde está anunciada no teatro da Sociedade de Instrução
Tavaredense uma matinée dramática-musical na qual, além do Grupo de Instrução
Tavaredense, composto de 50 figuras, pois terá a colaboração excepcional de
amigos da mesma colectividade, executando um repertório escolhido, tomará parte
um grupo de excelentes amadores da secção dramática da Sociedade de Instrução
Tavaredense, que representará a formosa e sempre aplaudida peça de Ramada Curto
– As Três Gerações.
Cena de As três gerações
O
programa musical a executar compor-se-á: na 1ª parte: Hino do Grupo, de F.
Cardoso; Ircos, marcha, de Selmi; Barcarola, de Stefano Ceretti; e Rapsódia de
Fados, de W. Pinto.
Na 2ª parte: Fado, de Rui Coelho; Czardas nº 5, de J.
Brahms; Ecos de Portugal, rapsódia, de Nunes Chamusca; De Lisboa a Macau,
marcha, de Abinabad Nunes Silva.
O Grémio comemorou o seu segundo
aniversário com uma sessão solene, à qual se seguiu a representação da opereta Rosas de Nossa Senhora, tendo descerrado
os retratos de Raul Martins e António Cordeiro, respectivamente director
teatral e director musical.
Como não dispunha de instalações
capazes, novamente o Grupo recorreu à Sociedade para ali dar mais um
espectáculo angariador de verbas para o seu cofre. Merece elogios o Grupo Musical e de Instrução Tavaredense pelo brilho
incontestável obtido pelo sarau dramático musical que levou a efeito, no
sábado, no teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense.
O teatro encheu-se, e a assistência
soube produzir em aplausos a sua satisfação.
A primeira parte foi preenchida pela
tuna do Grupo Musical, reforçada com alguns elementos amigos. Foi ouvida com
muito agrado e, números difíceis, se tivermos em conta que na sua maioria os
executantes são modestíssimos amadores da aldeia. Muito bem! José Silva, o seu
regente, a cujo porfiado esfôrço e provada competência se deve a organização do
valioso núcleo musical, que pela segunda vez se apresentou em público, tem
direito aos louvores e elogios dos tavaredenses.
José Francisco da Silva
Na segunda parte tivemos a
representação da peça em 1 acto 1.023, de Júlio Dantas, interpretada por Severo
Biscaia e Esteves Martins, na qual estes dois elementos da secção dramática do
Ginásio Figueirense se evidenciaram, mais uma vez, como distintos amadores.
Foram calorosamente aplaudidos.
Tinhamos aqui dito que o sarau fecharia
com chave de ouro. E assim foi. Os Bandolinistas David de Sousa formam um grupo
tão homogéneo, tão equilibrado e de tão firme execução, que fará brilhante
figura em qualquer parte onde se apresente, mesmo perante os amadores de música
mais exigentes. Admirável o seu concêrto de sábado no nosso teatro! Ouvimos,
deliciados, todos os números, e tivemos ensejo de apreciar a disciplina dos
vários elementos que constituem o grupo. A acção competentíssima do seu regente
triunfou em tudo, fazendo-se sentir em todos os pormenores da brilhante
execução. O sr. Abinabad Nunes da Silva tem motivos para estar contente, porque
viu e sentiu que o seu trabalho foi frutuoso. Daqui o felicitamos muito
sinceramente e aos seus cooperadores, juntando os nossos aos aplausos
calorosíssimos, entusiásticos da assistência que enchia o teatro e dispensou ao
Grupo Bandolinistas David de Sousa das mais quentes ovações que ali temos
ouvido.
Pelo S. Martinho, teve lugar mais um espectáculo
organizado pelos Vicentinos. Foi com
prazer que lá fomos assistir aos vários números da festa.
Na noite de sábado à noite cumpriu-se à
risca o programa, apesar das dificuldades que alguém pretendeu criar à
realização daquela sessão, na casa do grémio, invocando para isso, segundo nos
disseram, motivos e razões eléctricas.
Não desanimaram os rapazes que, à falta
de melhor, iluminaram o palco com um candieiro Wisar e a plateia com os
arcaicos candieiros de petróleo que numa sessão vicentina nada destoam do
conjunto. Embora o início da festa estivesse anunciado para as 9 em ponto, só
depois das 9,30 é que correu o pano, não porém, sem o protesto do cronométrico
prior, nosso amigo, e dalguns, com costela de galinácios, dentre a numerosa
assistência.
Falou em primeiro lugar o amigo
Belarmino, nosso companheiro de redacção, e presidente da Conferência que se
encarregára de dizer: “Duas palavras” e
não tendo tido oportunidade de se preparar, ali mesmo escolhêra o têma
dizendo à assistência que, se não via bem, não era por sua culpa ou dos
vicentinos mas por causa dum coiso que já todos conheciam, que se metera em
tôda aquela coisa. (Gargalhada geral).
Subiu depois à cêna o interessante
drama em 1 acto da autoria daquêle nosso amigo, intitulado “O Vicentino” e ao
qual nos referiremos mais de espaço noutro número do nosso jornal. Nêle focou o
autor, e muito bem, a missão do confrade vicentino nas suas visitas aos pobres
e miseráveis.
Todos desempenharam bem o seu papel.
Dêsde o José Maria de Carvalho, no Leonardo, Constantino da Silva, no papel de
Visconde, Aires de Carvalho, e Gustavo de Carvalho, no antipático Tomaz e
Belarmino no desempenho do Vicentino até ao João Cordeiro, filho de Leonardo
todos agradaram sobretudo porque o enrêdo traduz bem o que infelizmente
acontece em nossos dias. Um reparo apenas: é preciso dar ao desempenho do
conjunto mais naturalidade. Parabens a todos e ao amigo Belarmino pela sua
feliz inspiração.
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