Lenda de S. Martinho
Segundo reza a lenda, num dia frio e tempestuoso de outono, um soldado romano, de nome Martinho, percorria o seu caminho montado no seu cavalo, quando deparou com um mendigo cheio de fome e frio. O soldado, conhecido pela sua generosidade, tirou a sua capa e com a espada cortou-a ao meio, cobrindo o mendigo com uma das partes. Mais adiante, encontrou outro pobre homem cheio de frio e ofereceu-lhe a outra metade. Sem capa, Martinho continuou a sua viagem ao frio e ao vento quando, de repente, como por milagre, o céu se abriu, afastando a tempestade. Os raios de sol começaram a aquecer a terra e o bom tempo prolongou-se por cerca de três dias. Desde essa altura, todos os anos, por volta do dia 11 de novembro, surgem esses dias de calor, a que se passou a chamar "verão de S. Martinho".
Outras
lendas e versões
A lenda do verão de São Martinho
No alto de uma
montanha agreste, despovoada e nua, vivia um monge miseravelmente... Alimentava-se
de raizes, mortificava-se de jejuns e só de raro em raro descia às aldeias a
mendigar... Um ano, porém, o inverno veio cedo, e os primeiros dias de Novembro
foram de temporaes pegados, bramiam ventos uivando pelas penedias, rugiam
coleras de raios as tempestades, urravam medonhamente os temporaes!...
Chuvas cantarejavam ás enxurradas, e
a neve, como um lençol imenso de linho purissimo cobria tudo...
Entrou então a fome e o frio na
choupana humilde de Martinho, e o pobre monge, acoçado pela inverneira,
resignou-se a vir ao povoado pedir uma codea de pão que o alimentasse e uma
acha de lenha que o aquecesse...
E embrulhando-se n’um farrapo
esburacado, que era o seu unico manto, arrimou-se ao bordão, e pôz pés ao
caminho...
Entresilhado de frio, tiritando,
atravessava o bom do monge uma leiva em poisio, quando topou, desmaiado na
neve, um caminhante velho, rôto e descalço como ele...
Condoeu-se, e tirando das costas o
migalho de pano, todo de remendos, embrulhou n’ele o desgraçado...
Dos ceus, Deus, que tudo mira c’o
seu olhar onipotente, sorriu...: e chamando o sol que beijava a lua sob a
protéção das nuvens, mandou aproximar o Destino e escreveu no seu livro azul
com letras d’oiro: -”Que todos os anos, por estes dias, o sol aqueça os que teem
frio...”
O sol doirou a terra, nos roseiraes
abriram-se botões de rosas, cravos exangues mostraram a chaga rubra da sua côr,
trinaram rouxinoes, cantaram cotovias, assobiaram melros, voltaram
andorinhas...
... E foi assim que nasceu o verão
de S. Martinho!...
Mais uma lenda
Caminhava um dia o virtuoso santo em direcção á sua cidade de
Tours, e tinha já dado aos pobres todo o dinheiro que levava consigo. Apparece
lhe no caminho um mendigo andrajoso e faminto, supplicando uma esmola.
Martinho, que não tinha mais que
dar, rasgou a meio a capa em que se embrulhava e deu metade ao pobre.
Este, cheio de fome, entrou n’uma
locanda e pediu alguma coisa para comer, mas como não tinha com que pagar,
deixou em penhor a parte da capa que o santo lhe tinha dado, promettendo vir
resgatal-a quando pudesse.
O taberneiro atirou desdenhosamente
com ella para cima d’uma das pipas d’onde tirava vinho para os freguezes, e
passados dias notou com espanto que o vinho não diminuia no casco. Tirando a
capa de cima da vasilha, acabava logo o vinho; tornava a collocal-a, e o divino
licor jorrava logo espumante da torneira.
Eis porque os amantes do sumo da
uva, escolheram para seu patrono o santo e caridoso bispo.
No dicionário Focus,
encontra-se a seguinte alusão ao santo:
“Como o dia de Todos-os-Santos, é
também uma ocasião de magusto, e que parece relacioná-lo originariamente com o
culto dos mortos. Mas ele é hoje sobretudo a festa do vinho, a data em que
inaugura o vinho novo, se atestam as pipas, celebrada em muitas partes com
“procissões de bêbados” de licenciosidade autorizada, parodiando cortejos
religiosos, em versão bàquica, que entram nas adegas, bebem e brincam
livremente, e são a glorificação das figuras mais notadas da bebedice local,
constituidas em burlescas “irmandades”, por vezes uma de homens e outra das
mulheres; em alguns casos a celebração fracciona-se em dois dias: o de S.
Martinho para os homens, e o de Santa Bebiana para as mulheres (Beira Baixa).
As pessoas dão aos festeiros vinho e castanhas. O S. Martinho é também ocasião
de matança do porco
Viva S. Martinho...
Reine a santa frescata... e chova vinho..
Ajoelhemos, tirando a barretina
Ante o Santo que a todos nós domina.
Juremos, pondo a mão sobre o barril,
De fazer das guelas um funil
Quando o vinho corra... Viva! Viva
S. Martinho qu’os bebedores captiva!...
Viva S. Martinho...
Reine a santa frescata... e chova vinho..
Ajoelhemos, tirando a barretina
Ante o Santo que a todos nós domina.
Juremos, pondo a mão sobre o barril,
De fazer das guelas um funil
Quando o vinho corra... Viva! Viva
S. Martinho qu’os bebedores captiva!...
Consultas e
recolhas:
Wikipédia
(internet)
Tavarede – A terra
de meus avós – 1º- v.
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