Para o espectáculo de gala, uma nova
fantasia sobre a história de Tavarede foi levada à cena, Ontem, hoje e amanhã. Com o
pé no estribo para uma curta viagem que não sei se será o prólogo de outra
maior – a maior de todas as viagens – transmito ao teclado máquina de escrever
o breve apontamento que se segue acerca do espectáculo a que há poucas horas
assisti no bem reputado teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense, com a
revista “Ontem, Hoje e Amanhã” desse excepcional homem de teatro e apóstolo da
cultura popular, que é José da Silva Ribeiro.
Dizer que nos surpreendeu a boa
confecção do espectáculo, não seria exprimir a verdade. Mas que nos surpreende
como um homem com a provecta idade de 84 anos foi capaz, não dizemos de ensaiar
mas de escrever o texto, boa parte do qual em verso – género difícil em teatro
– verso bem construído, vigoroso, com rimas naturais, sem artifício de martelo,
que nos lembram os grandes clássico das nossas letras, isso, sim, isso
surpreendeu-nos e levou-nos, no final, a exclamar: abençoados 84 anos!
Doseando a fantasia com a história de
forma a que o espectador aceite a mistura sem enfado – eis outra vitória do
autor.
A música, parte da qual transportada de
números antigos que foram êxito e consagraram compositores como António Simões
e Anselmo Cardoso – valoriza sem dúvida o espectáculo.
João Cascão Filho dá também com a sua
intervenção musical, uma nota de ternura muito grata aos que conheceram seu
saudoso pai em incontestáveis êxitos que o impuseram como amador teatral de
excepcional craveira.
Dessa fornada notável de amadores, dá
gosto ver actuar ainda José Luiz do Nascimento, Fernando Reis, João de Oliveira
Júnior e João e José Medina.
São os grandes trunfos de ontem. Os de
hoje seguem as suas pisadas. E os de amanhã não desmerecerão certamente os
créditos dos antecessores, se o espírito de José Ribeiro continuar a presidir à
caminhada teatral da SIT.
Tavarede foi sempre um alfobre de
grandes amadores teatrais!
Em Março de 1979 a Junta de Freguesia
deu conhecimento à direcção do Grupo Musical da hipótese da cedência de um
terreno, pela Câmara, para construção de uma nova sede. Em Junho, e em nova
assembleia extraordinária, o Grupo deliberou, por unanimidade, pedir uma
indemnização de trezentos mil escudos, para abandonar as instalações no Paço, E
logo foi nomeada uma comissão para as respectivas obras.
Por sua vez, a Sociedade participou nas
III Jornadas de Teatro Amador da Figueira, apresentando no Casino Peninsular a
peça O processo de Jesus. Na última sessão das III Jornadas de Teatro
Amador da Figueira da Foz, efectuada em 2 de Maio corrente, o Grupo Cénico da
Sociedade de Instrução Tavaredense apresentou a peça “O Processo de Jesus”, de
Diego Fabbri. Pensamos que é importante fazer um balanço (reflexão) desta
organização do Lions Clube da Figueira da Foz, mas agora vamos apenas falar do
espectáculo apresentado pela Sociedade Instrução Tavaredense, sob a direcção de
Mestre José Ribeiro.
“Se existe perfeição e harmonia, tanto
na peça como na sua interpretação dependeu um do outro e têm valor por si
próprios. Não pode assim existir uma reprodução fiel, objectiva, duma peça
teatral; não teria interesse, nem sequer como ideal”. Assim, assistimos a um
espectáculo bem elaborado nos seus múltiplos aspectos, ainda que se possa
afirmar que a nível do texto dramático a argumentação feita pelo Intelectual
não seja profunda, do que resulta a defesa aberta da religião.
Como resultado do perfeito conhecimento
da função do encenador e de acordo com a opção estética feita, este espectáculo
tem uma encenação correcta e equilibrada, o que não surpreende ninguém, pois o
seu responsável é um profundo conhecedor da técnica teatral.
Quanto ao trabalho dos actores é
homogéneo, havendo uma boa construção de todas as personagens. Porém, as falas
de João são excessivamente gritadas, o que denota mau controlo da voz e (ou)
nervosismo do intérprete, mas não podemos deixar de salientar as interpretações
de João de Oliveira Júnior e dessa grande senhora de teatro que é Violinda
Medina e Silva, de quem nunca esqueceremos a sua interpretação do “Pranto de
Maria Parda”, de Gil Vicente.
As III Jornadas de Teatro Amador da
Figueira da Foz terminaram, e fizeram-no da melhor maneira. Viva as IV
Jornadas, com as necessárias rectificações.
Recordamos que foi no dia 2 de Junho de
1979, num espectáculo com a peça O
processo de Jesus, na sua sede em Tavarede e cuja receita reverteu a favor
da campanha para a compra de um novo ‘pronto-socorro’, para os Bombeiros
Voluntários, que Violinda Medina e Silva pisou as tábuas do palco pela última
vez. Embora fosse tentada a uma nova representação, acabou por se sentir
incapaz e nunca mais participou no teatro.
As comemorações da Bodas de Diamante da
SIT terminaram na sessão solene do 76º aniversário. Depois de uma peça de
Shakespeare, Rosalinda, o grupo
cénico tavaredense representou Comédia da
morte e da vida. E foi com esta peça, que depois de uma ausência, o grupo voltou
ao palco tomarense. A Sociedade de
Instrução Tavaredense esteve mais uma vez em Tomar. Agora , para
dar um espectáculo a favor da sede da Gualdim Pais. Representou a peça de
Henrique Galvão, “Comédia da Morte e da Vida”. Com o brilho e o êxito a que
desde sempre nos habituou. É, na realidade, um belíssimo grupo teatral amador
que desde há longos anos vem espalhando, pelo país, cultura e benemerência.
O prestígio da Sociedade de Instrução
Tavaredense é velho nesta terra nabantina. Cinquenta anos de solidariedade, de
amizade, se cumprem este ano. Meio século em que aqui tem actuado a favor das
nossas colectividades e instituições de beneficência. E a trazer-nos excelentes
mensagens de cultura.
A Sociedade Gualdim Pais está de
parabéns. Pela sua iniciativa e por nos proporcionar a presença dum grupo
teatral que todos os tomarenses – gerações – admiram e acarinham. A quem
devemos muitos favores. E por nos ter trazido a sua “alma”: - José Ribeiro. Que
mais uma vez, em resposta às palavras de Fernando Ferreira, que saudou a
Sociedade Tavaredense, nos encantou e disse de Tomar maravilhosamente.
Uma noite bonita!
E
em Setembro de 1980, o Grupo Musical foi novamente notícia. Fundado em 1911, conheceu o Grupo Musical e
de Instrução Tavaredense momentos altos na sua actividade em prol da cultura do
povo de Tavarede. Foi notável o seu grupo cénico, que não tinha paralelo em
todo o concelho.
Com o decorrer dos anos, a actividade
do GMIT esteve mais ligado à música, mantendo a sua Tuna e ensinando aos jovens
este gosto pela arte. Aos momentos de glória, outros menos agradáveis se
seguiram. A sua sede, no velho Palácio de Tavarede, não oferecia um mínimo de
condições para a sua actividade. A situação agravou-se ainda mais, ficando
paralizada toda e qualquer actuação do GMIT.
Os seus associados nunca quiseram
aceitar a derrota, e sempre se negaram a aceitar a extinção da velha
associação. Resistiram, lutaram. Foram abnegados no seu amor à colectividade.
É agora que o Grupo Musical e de
Instrução Tavaredense vê renascer as esperanças de continuidade.
A Câmara Municipal resolveu o problema
do Paço de Tavarede, tendo o Grupo recebido uma pequena indemnização.
Igualmente a Câmara destinou um terreno na Quinta do Paço para a nova sede do
GMIT. O Grupo tinha uns magros contos de réis, mas não lhe falta determinação.
Aqui estão lançados para a frente os
dirigentes do Grupo, para construirem a sua nova sede. Precisam de ajuda, muita
ajuda, pois vontade não lhes falta.
É um imperativo de consciência, que
todos os figueirenses ajudem o Grupo a edificar a sua nova sede. O concelho da
Figueira da Foz precisa do Grupo Musical e de Instrução Tavaredense.
Ao
terminar esta breve resenha, não queremos deixar de colocar à disposição do GMIT
as colunas de “Mar Alto” para o que julguem necessário.
E recordamos também que atendendo aos serviços, dignos de
reconhecimento e apreço, a Câmara Municipal deliberou agraciar o Grupo
Musical Carritense com a Medalha de Mérito em Prata. Esta agremiação acabava de
comemorar o seu 5º aniversário. E, agora, mais uma boa informação.
Era
uma vez 16 amigos que sonharam num clube para o Saltadouro. Teve, este sonho, uma data: 11 de Março de 1979. E,
igualmente, teve um nome: Clube Desportivo e Amizade do Saltadouro. Lugar
vizinho da antiga e pequena aldeia de Tavarede, também conheceu elevado
desenvolvimento, especialmente como zona residencial. E como o nome indica, o
desporto foi a sua primeira actividade. E o convívio, que era a sua principal
iniciativa. Não tardaria a enveredar pela abertura de uma escola de música. Mas
a sua precária instalação dificultava qualquer tentativa de desenvolvimento
cultural ou recreativo. Mas o sonho continuou, pois havia necessidade de uma
sede em condições. E essa sede, tempo depois realidade, trouxe, tal como à sua
jovem congénere da Chã, o desenvolvimento associativo, nas mais variadas
vertentes. Música, teatro, folclore, dança e desporto, têm sido actividades
constantes nestas associações.
Voltamos a repetir: muito trabalho,
muita dedicação, muita vontade de vencer. E hoje, adiantamos já, o
associativismo na freguesia do limonete, tem condições para prosseguir o seu
caminho triunfante. Conseguirá? Mas... a história continua.
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