O guardião e frades do Mosteiro de Santo António da Figueira, situado junto da vila de Buarcos, fizeram petição a Vossa Majestade nesta Mesa (Mesa da Consciência e Ordens), dizendo que, desembarcando os ingleses, no mês de Maio passado, na barra da dita vila, deram com o dito Mosteiro e o roubaram e destruiram de tudo o que nele havia, sem ficar coisa alguma, quebrando todas as imagens de santos e levando os retábulos, sinos e ornamentos, com que o dito Convento ficou de todo destruído e sem coisa alguma com que se celebrasse os ofícios divinos e se remediarem as necessidades da casa, e desejando o conselho da Universidade de Coimbra fornecer o dito Mosteiro e frades dele, lho impedem os estatutos por ser sem licença de Vossa Majestade, pelo que pedem a Vossa Majestade seja servido dar licença à dita Universidade para que lhes faça esmola do que Vossa Majestade fôr servido, informaram o Reitor e deputados da dita Universidade, que no tempo em que ela acudiu em socorro da vila de Buarcos, quando os ingleses a saquearam, se viu o grande estrago que fizeram nela e juntamente no Mosteiro de Santo António das Figueira, e que logo então muitos dos estudantes que foram na jornada, lhe aplicaram de esmola o soldo que venceram os dias que lá gastaram e que contudo lhes parece que deve Vossa Majestade ser servido dar licença à Universidade, para que das rendas dela dêem aos frades do dito Mosteiro, cinquenta cruzados para ainda eles se repararem da perda que tiveram.
Parece que visto o que os suplicantes alegam e a informação que houve da Universidade, que Vossa Majestade deve haver por bem de dar licença à dita Universidade, para que das rendas dela dêem aos suplicantes os cinquenta cruzados de esmola de que em sua carta fazem menção.
Em Lisboa, 9 de Janeiro de 1603.
(cadernos do Dr. Mesquita de Figueiredo – C.11 – P. 7)
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