Estava hoje a folhear o jornal 'O Conimbricense' do ano de 1868, quando, no dia 25 de Abril daquele ano, deparei com duas notícias que achei muito interessantes. Não dizendo respeito à nossa terra natal, são de uma terra vizinha e amiga, Alhadas.
Portanto, aqui vão os dois recortes:
Vive no lugar das Alhadas de Baixo, concelho da Figueira da Foz, uma mulher de nome Engrácia, mais conhecida por Engrácia do Roque, na avançada idade de 107 para 108 anos. Casou com José Roque, tendo então 30 anos; foi casada mais de 30 e está viúva há 40.
Nunca teve filhos, nem tomou remédio de botica. Ainda vê; está em seu perfeito juizo; anda por sua casa; e há um ano ainda ia com o seu sacho apanhar batatas.
Ela mesmo fez a sua mortalha há mais de 30 anos e a põe ao sol de tempo em tempo, para lhe evitar a traça.
Nasceu em 1761 e, portanto, a sua longa vida tem abrangido: 16 anos do reinado de D. José I; o reinado de D. Maria I; a regência e reinado de D. João VI; a regência de D. Isabel Maria; o reinado de D. Pedro IV; a regência de D. Miguel por sua sobrinha; o governo da Junta Provisória do Porto; a regência da ilha Terceira em nome da Rainha; a regência do Duque de Bragança na menoridade de sua filha; o reinado de D. Maria II; a regência de D. Fernando; o reinado de D. Pedro V; e seis anos e meio do reinado de D. Luís I.
Esta Engrácia Roque promete, com o auxílio divino, igualar a Ana Maria Oliveira, que faleceu no dia 20 de Janeiro de 1744, na Rua da Adissa, freguesia de S. Pedro de Alfama, em Lisboa, na idade de 112 anos.
A outra notícia tem o título de 'coisa notável':
No lugar das Alhadas de Cima, concelho da Figueira da Foz, vive Hermenegildo Gomes, cego de há 10 para 12 anos.
No domingo de Páscoa, tendo ido à festa da Ressurreição, ao voltar para casa, se lhe queixou a mulher de que um rapaz lhe tinha desobedecido, e que por isso o devia castigar.
O dito Hermenegildo disse à mulher que lhe desse a rapaz à mão. Ela assim fez. E quando ele lhe puxava uma orelha, escapou-lhe a mão e veio dar com ela sobre um dos seus próprios olhos. Passado algum tempo saíu à rua e com a maior admiração notou que já via pelo olho em que tinha batido. Ele que até então nada via, agora conhece já as pessoas que se lhe apresentam.
Sabemos este facto de pessoa fidedigna, que conhecia o dito Hermenegildo quando cego e agora lhe falou quando já com vista.
Nota: Limitei-me a copiar e nada mais!
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