1964.06.06 - TEATRO (O FIGUEIRENSE)
Constituiu invulgar êxito a representação, no penúltimo sábado, no teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense, da famosa peça “Romeu e Julieta” com que o grupo cénico daquela colectividade se associa às comemorações do IV centenário do mais notável poeta inglês, William Shakespeare.
Lotação esgotada. Presentes em lugares de honra distintas entidades oficiais convidadas a assistir à memorável récita.
Antes de começar o espectáculo José da Silva Ribeiro, devotado e prestigioso orientador artístico da SIT, veio ao proscénio para falar da obra monumental legada à humanidade pelo genial dramaturgo, tendo-lhe a numerosa assistência tributado quente e calorosa ovação.
O espectáculo, que era aguardado com justificada espectativa, decorreu com apreciável nível artístico, por isso que os intérpretes de “Romeu e Julieta” receberam a justa consagração do público, que fazendo funcionar o pano de boca várias vezes nos finais dos actos, lhes dispensou clamorosos aplausos.
Mestre José Ribeiro, acedendo às constantes solicitações da assistência, sentiu, nas vibrantes e entusiásticas manifestações com que foi saudado, quanto a sua extraordinária obra dentro da SIT, a bem da cultura do povo, é apreciada.
Estamos, na verdade, na opinião de distintas individualidades que assistiram à récita, perante uma notável realização cénica: cenários deslumbrantes, guarda-roupa magnificente, que apropriado jogo de luzes mais faz realçar.
O mesmo entusiasmo por parte da assistência, que enchia completamente a vasta e confortável sala de espectáculos, se verificou no domingo.Vimos ali pessoas de várias localidades do país, que não quizeram faltar à “première”.
Ainda bem que assim é, que o esforço da SIT está a ser compreendido pois que as responsabilidades financeiras assumidas pela montagem da peça, ainda ascendem a cerca de duas dezenas de milhar de escudos.
Bem hajam, portanto, todos quantos, com a sua presença, correspondem à acção da SIT, no sentido de proporcionar ao povo espectáculos de autêntica arte.
Resta-nos felicitar os componentes do grupo dramático e todos quantos contribuiram para o êxito alcançado.
1964.06.27 - ROMEU E JULIETA (O FIGUEIRENSE)
Com a representação de domingo, em matinée, de “Romeu e Julieta”, terminou a série de espectáculos com que a Sociedade de Instrução Tavaredense se associou às comemorações do IV centenário do grande dramaturgo inglês Skakespeare.
Todos os louvores são devidos à filantrópica Fundação Calouste Gulbenkian pela sua generosa iniciativa que, prestando culto à memória dum dos maiores valores espirituais da Humanidade, tem possibilitado ao público português, no vasto ciclo das comemorações, o prazer de assistir a magníficos e inolvidáveis espectáculos de arte.
Durante as sete representções na SIT da famosa peça, que foi posta em cena com uma escrupulosa montagem, cenários maravilhosos, guarda-roupa sumptuoso e apropriado jogo de luzes, não só os tavaredenses como também muitos apreciadores de bom teatro, provenientes das mais diversas localidades do país, vieram admirar e aplaudir o esplêndido conjunto, formado por mais de 40 figurantes.
Se bem que o total das receitas dos espectáculos, sendo nos informaram, esteja longe da soma das enormes despesas feitas com as exigências da montagem da peça, não podemos deixar de louvar a arrojada deliberação da SIT em tomar parte nas comemorações shakespearianas.
É que, prosseguindo no seu programa de acção, serviu o teatro em prol da cultura do povo, sem qualquer fim material, como, há 60 anos, vem fazendo.
1964.06.18 - ROMEU E JULIETA (A VOZ DA FIGUEIRA)
Embora saibamos que as nossas palavras nenhuma influência possam ter no êxito desta nova jornada artística do categorizado elenco teatral de Tavarede, que se não quis dispensar de marcar presença nas manifestações comemorativas do IV Centenário de William Shakespeare, consideramos de nosso dever deixar expressas em breves linhas – breves por crónica tirania da falta de espaço – as nossas impressões acerca da representação da famosa e popularíssima peça “Romeu e Julieta”.
Qualquer pessoa habituada a ver teatro, depressa chega à conclusão de que esta peça é de difícil e dispendiosa montagem.
Só um homem com o querer e a proficiência de José Ribeiro se arrojaria a fazê-la representar num palco da província e tirar dela o partido que ele conseguiu.
Não é porque no palco de Tavarede se não tenha movimentado número mais elevado de figuras do que aquele que “Romeu e Julieta” apresenta perante os espectadores, mas pelas dificuldades naturais da peça.
Todas essas dificuldades foram ladeadas e se “Romeu e Julieta” não fizer – porque não faz – carreira compensadora das canseiras e das despesas que a sua apresentação em cena ocasionou, isso deve-se única e exclusivamente ao violento clima passional em que decorre, clima que contende com os desejos de evasão dominantes no geral da massa frequentadora dos espectáculos teatrais. O público de hoje procura o teatro alegre, ainda que roce pela obscenidade.
A representação de “Romeu e Julieta” patenteia equilíbrio, homogeneidade. Na generalidade, é evidente. Também mostra algumas dissonâncias que nos dispensamos de concretizar. O ensaiador conhece-as, esforçou-se por extirpá-las, e ninguém mais do que ele as lamenta. Mas o nível geral é de tal ordem elevado que as deficiências se diluem sem dar muito nas vistas.
A jovem Maria Madalena Machado continua a afirmar aquelas extraordinárias qualidades de presença e sensibilidade que desde a sua auspiciosa estreia vem evidenciando.
Ela, João Medina, João Cascão, José Medina, João de Oliveira Júnior, João Pedro de Lemos, Fernando Reis, José Luís do Nascimento e Violinda Medina, nos papéis principais, imprimem carácter à representação.
Todos dão o melhor das suas possibilidades.
Por isso todos merecem louvores, que em primeiro lugar são devidos a José Ribeiro, por mais esta afirmação de garra que nos ofereceu com “Romeu e Julieta”.
1964.10.24 - TEATRO (O FIGUEIRENSE)
Como anunciámos, deslocou-se no sábado a Aveiro, onde foi dar um espectáculo em benefício da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários daquela cidade, o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense.
Foi representada “Uma noite de Teatro Português”, conjunto de obras de Gil Vicente, Almeida Garrett e Luís Francisco Rebelo.
Sem traírmos a verdade, não exageraremos em afirmar que o exemplar grupo dramático da SIT obteve, na encantadora Veneza portuguesa, êxito extraordinário, pois a numerosa assistência, que enchia a vasta sala, aplaudiu entusiástica e vibrantemente a representação, interrompemdo algumas das principais cenas, magistralmente reproduzidas pelos figurantes, principalmente a distinta amadora Violinda Medina e Silva e a jovem Maria de Lourdes Moura.
No intervalo do 2º para o 3º acto, e em cena aberta, o sr. capitão Firmino Silva, prestigioso Presidente da Direcção dos Bombeiros Voluntários, acompanhado dos 1º e 2º comandantes da briosa corporação, srs. António Cunha e Albano Pereira, e outras individualidades, proferiu um primoroso discurso de saudações, enaltecendo o mérito dos amadores tavaredenses e a sua notável obra cultural e beneficente, a que José da Silva Ribeiro respondeu com brilhante improviso, salientando a humanitária acção dos Bombeiros em prol do bem comum.
Pelo Comandante da Corporação foi então oferecido a Violinda Medina um belo ramo de cravos vermelhos, tendo sido entregue ao Presidente da Direcção da SIT uma artística jarra de faiança com significativa inscrição, executada nas importantes Fábricas Aleluia.
No final do espectáculo foi a caravana tavaredense obsequiada com um beberete, durante o qual trocaram cumprimentos o Presidente dos Bombeiros e o director do grupo cénico da SIT.
Não desejamos terminar este apontamento sem deixarmos aqui expressa a nossa gratidão aos bons amigos aveirenses, de modo particular aos srs. António Cunha e Albano Pereira, ilustres directores da Empresa do Teatro, pelas inúmeras demonstrações de simpatia e consideração com que gentilmente distinguiram os nossos conterrâneos, durante a sua estadia naquela progressiva e sedutora cidade.
Resta-nos felicitar muito sinceramente os dedicados amadores da prestimosa colectividade local pelo seu magnífico triunfo, que, elevando-a, constitue excelente motivo de propaganda da nossa querida terra.
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