E nos princípios de Novembro houve nova deslocação dos amadores do
Grupo que, acompanhados da tuna, foram a Cantanhede. Como tinhamos
noticiádo, foram no dia 31 p. passado a Cantanhede, dar ali um espectáculo com
o drama em 3 actos, Um erro judicial ou O Louco d’Aldeia, e a opereta num acto
Herança do 103, a
arrojada Secção Dramatica do Grupo Musical e Instrução Tavaredense.
Ora
nós, quando desejámos aos nossos conterrâneos que fossem recebidos em Cantanhede
duma forma condigna e hospitaleira, não nos enganámos, pois que o povo daquela
encantadora vila demonstrou mais uma vez aos tavaredenses a maneira como recebe
na sua terra visitantes amigos, como estes, e os rapazes do Grupo Musical I.
Tavaredense souberam aproveitar estes momentos para mais um triunfo a juntar
àqueles que já rodeiam o seu glorioso estandarte.
A
nossa missão não é fazer uma reportagem de tudo que diga respeito à visita a
Cantanhede, mas sim contar aos nossos estimados leitores o que foram os
momentos mais ditosos para os tavaredenses. E começamos já aqui: Ora digamos de
passagem, a tuna tambem contribuiu muito para o sucesso alcançado. Pois no fim
de percorrerem as principais ruas da vila e de atrombarem a um suculento
jantar, foram fazer uma visita ao sr. Joaquim Negrão, regente da “Filarmónica
da Pucariça”, onde lhes foi oferecido um delicioso copo d’água.
Depois
seguiram a visitar o sr. Henrique Ferreira Barreto, director do jornal Gazeta
de Cantanhede. A seguir percorreram ainda algumas ruas da vila até que se
chegou a noite para darem inicio ao espectáculo. Aqui sim! Aqui é que os
tavaredenses viram todos os seus esforços coroados de êxito. Pois ainda não
eram 9 e meia da noite, hora marcada para o inicio do espectáculo, já o teatro
se via completamente cheio, não havendo um só bilhete para vender.
E
pouco depois rompeu a orquestra com o lindo “One Step” Marialva, surpreza que
os tavaredenses quizeram apresentar ao sr. Joaquim Negrão, do qual é auctor e
coadjuvando a mesma este senhor que foi incansavel para com os tavaredenses,
dispensando-lhe todos os esforços e carinhos.
Terminado
este, subiu o pano para se começar a representação do drama Um erro judicial,
que decorreu admiravelmente, tendo o final dos actos sido aplaudidos frenéticamente.
Seguiu-se a Herança do 103, opereta num acto, que foi desempenhada pelos
distintos amadores Manuel Nogueira e Silva, Antonio Medina Junior, José
Francisco da Silva e D. Violinda Nunes Medina e Silva que andaram
admiravelmente. O final da representação desta peça tambem foi vibrantemente
aplaudida.
Do
desempenho das peças ali representadas, fala a Gazeta de Cantanhede. A seguir
deu-se inicio a um baile que esteve animadissimo e terminou à hora dos
visitantes retirarem para esta terra. Pedem-nos todos os tavaredenses que
visitaram a linda e hospitaleira vila de Cantanhede, para que, por este meio,
dirijamos àquele povo que sabe receber na sua terra quem o visita, o seu mais
eterno reconhecimento por todos os carinhos e esforços a eles dispensádos.
Especialisando neste agradecimento os srs. Joaquim Negrão, José Valente de
Matos e Camilo Ferreira da Silva, que foram duma maneira admirável para com os
nossos conterraneos. A todos, pois, a sua mais profunda e eterna
gratidão.
E
no sábado seguinte voltaram a Santo Varão. Desta vez apresentaram a opereta Herança do 103 e as comédias Pega de Toiros e Um médico mania. Foram muito bem recebidos, tiveram a casa cheia, o
espectáculo agradou e foram mais uns escudos que angariaram.
O Grupo Tavaredense, havia três ou
quatro anos, passara a comemorar o seu aniversário em Dezembro. E para festejar
os seus 15 anos de vida, apresentou uma nova opereta, em dois actos, Amores no campo, completando o programa
a comédia Os dois nénés, guitarradas
por elementos da tuna do Ginásio Figueirense, recitativos diversos e exibição
de uma classe de ginástica.
A Sociedade de Instrução havia
concluido as suas obras, fazendo a sua inauguração com o programa comemorativo
do seu 23º aniversário. A elegante sala
de teatro encheu-se a transbordar: não havia um lugar, e viam-se ainda muitas
pessoas de pé. O aspecto da sala era de belo efeito: das paredes altas pendiam
muitas colchas de damasco e espelhos artisticamente colocados, e a tôda a volta
do balcão corriam entrelaçados veludos das côres da Sociedade de Instrução.
A
récita abriu com o hino, executado pela excelente orquestra que António Simões,
distinto e consciencioso amador, dirigiu com segurança. O lever de rideau “Uma
teima” foi representado com distinção, agradando muito a sua magnífica
montagem. Seguiu-se a comédia em 2 actos “Marido de Duas Mulheres”, de difícil
representação por grupos de aldeia, e que teve uma boa interpretação por parte
dos amadores Jaime Broeiro, António Graça, Maria Teresa de Oliveira, Maria José
da Silva, Emília Monteiro, António Broeiro e Francisco Carvalho. Os dois
primeiros souberam marcar e dar o preciso relêvo às diversas situações. A
opereta “Simão, Simões & Cª.” também agradou muito, quer pela representação
que lhe deram Virginia Monteiro, Jaime Broeiro, António Santos, Francisco
Carvalho e J. Mota, quer pela esplêndida partitura, de difícil execução e de
belos efeitos orquestrais. Os aplausos em todos os finais de actos foram
calorosos e prolongados.
A
orquestra, muito bem constituida, deu grande brilho à récita, que teve um certo
cunho de distinção. A assistência ouviu com prazer e premiou com muitas palmas
a difícil e linda ouverture da ópera “Nabucodonosor”, de Verdi, que teve uma
boa execução e a canção da zarzuela “Filhos de Zebedeu”, de Chapi. António
Simões viu assim coroados de êxito os seus esforços, e por isso bem mereceu os
elogios e parabéns de que foi alvo.
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