sábado, 3 de agosto de 2013

O Associatismo na Terra do Limonete - 34

         E nos princípios de Novembro houve nova deslocação dos amadores do Grupo que, acompanhados da tuna, foram a Cantanhede. Como tinhamos noticiádo, foram no dia 31 p. passado a Cantanhede, dar ali um espectáculo com o drama em 3 actos, Um erro judicial ou O Louco d’Aldeia, e a opereta num acto Herança do 103, a arrojada Secção Dramatica do Grupo Musical e Instrução Tavaredense.
         Ora nós, quando desejámos aos nossos conterrâneos que fossem recebidos em Cantanhede duma forma condigna e hospitaleira, não nos enganámos, pois que o povo daquela encantadora vila demonstrou mais uma vez aos tavaredenses a maneira como recebe na sua terra visitantes amigos, como estes, e os rapazes do Grupo Musical I. Tavaredense souberam aproveitar estes momentos para mais um triunfo a juntar àqueles que já rodeiam o seu glorioso estandarte.
         A nossa missão não é fazer uma reportagem de tudo que diga respeito à visita a Cantanhede, mas sim contar aos nossos estimados leitores o que foram os momentos mais ditosos para os tavaredenses. E começamos já aqui: Ora digamos de passagem, a tuna tambem contribuiu muito para o sucesso alcançado. Pois no fim de percorrerem as principais ruas da vila e de atrombarem a um suculento jantar, foram fazer uma visita ao sr. Joaquim Negrão, regente da “Filarmónica da Pucariça”, onde lhes foi oferecido um delicioso copo d’água.
         Depois seguiram a visitar o sr. Henrique Ferreira Barreto, director do jornal Gazeta de Cantanhede. A seguir percorreram ainda algumas ruas da vila até que se chegou a noite para darem inicio ao espectáculo. Aqui sim! Aqui é que os tavaredenses viram todos os seus esforços coroados de êxito. Pois ainda não eram 9 e meia da noite, hora marcada para o inicio do espectáculo, já o teatro se via completamente cheio, não havendo um só bilhete para vender.
         E pouco depois rompeu a orquestra com o lindo “One Step” Marialva, surpreza que os tavaredenses quizeram apresentar ao sr. Joaquim Negrão, do qual é auctor e coadjuvando a mesma este senhor que foi incansavel para com os tavaredenses, dispensando-lhe todos os esforços e carinhos.
         Terminado este, subiu o pano para se começar a representação do drama Um erro judicial, que decorreu admiravelmente, tendo o final dos actos sido aplaudidos frenéticamente. Seguiu-se a Herança do 103, opereta num acto, que foi desempenhada pelos distintos amadores Manuel Nogueira e Silva, Antonio Medina Junior, José Francisco da Silva e D. Violinda Nunes Medina e Silva que andaram admiravelmente. O final da representação desta peça tambem foi vibrantemente aplaudida.
         Do desempenho das peças ali representadas, fala a Gazeta de Cantanhede. A seguir deu-se inicio a um baile que esteve animadissimo e terminou à hora dos visitantes retirarem para esta terra. Pedem-nos todos os tavaredenses que visitaram a linda e hospitaleira vila de Cantanhede, para que, por este meio, dirijamos àquele povo que sabe receber na sua terra quem o visita, o seu mais eterno reconhecimento por todos os carinhos e esforços a eles dispensádos. Especialisando neste agradecimento os srs. Joaquim Negrão, José Valente de Matos e Camilo Ferreira da Silva, que foram duma maneira admirável para com os nossos conterraneos.   A todos, pois, a sua mais profunda e eterna gratidão.

         E no sábado seguinte voltaram a Santo Varão. Desta vez apresentaram a opereta Herança do 103 e as comédias Pega de Toiros e Um médico mania. Foram muito bem recebidos, tiveram a casa cheia, o espectáculo agradou e foram mais uns escudos que angariaram.

         O Grupo Tavaredense, havia três ou quatro anos, passara a comemorar o seu aniversário em Dezembro. E para festejar os seus 15 anos de vida, apresentou uma nova opereta, em dois actos, Amores no campo, completando o programa a comédia Os dois nénés, guitarradas por elementos da tuna do Ginásio Figueirense, recitativos diversos e exibição de uma classe de ginástica.

         A Sociedade de Instrução havia concluido as suas obras, fazendo a sua inauguração com o programa comemorativo do seu 23º aniversário. A elegante sala de teatro encheu-se a transbordar: não havia um lugar, e viam-se ainda muitas pessoas de pé. O aspecto da sala era de belo efeito: das paredes altas pendiam muitas colchas de damasco e espelhos artisticamente colocados, e a tôda a volta do balcão corriam entrelaçados veludos das côres da Sociedade de Instrução.
         A récita abriu com o hino, executado pela excelente orquestra que António Simões, distinto e consciencioso amador, dirigiu com segurança. O lever de rideau “Uma teima” foi representado com distinção, agradando muito a sua magnífica montagem. Seguiu-se a comédia em 2 actos “Marido de Duas Mulheres”, de difícil representação por grupos de aldeia, e que teve uma boa interpretação por parte dos amadores Jaime Broeiro, António Graça, Maria Teresa de Oliveira, Maria José da Silva, Emília Monteiro, António Broeiro e Francisco Carvalho. Os dois primeiros souberam marcar e dar o preciso relêvo às diversas situações. A opereta “Simão, Simões & Cª.” também agradou muito, quer pela representação que lhe deram Virginia Monteiro, Jaime Broeiro, António Santos, Francisco Carvalho e J. Mota, quer pela esplêndida partitura, de difícil execução e de belos efeitos orquestrais. Os aplausos em todos os finais de actos foram calorosos e prolongados.
         A orquestra, muito bem constituida, deu grande brilho à récita, que teve um certo cunho de distinção. A assistência ouviu com prazer e premiou com muitas palmas a difícil e linda ouverture da ópera “Nabucodonosor”, de Verdi, que teve uma boa execução e a canção da zarzuela “Filhos de Zebedeu”, de Chapi. António Simões viu assim coroados de êxito os seus esforços, e por isso bem mereceu os elogios e parabéns de que foi alvo.


         Buarcos foi a visita seguinte do teatro do Grupo. Ali representou o drama Erro judicial e a comédia As duas gatas. E começaram a ensaiar, para apresentação pela Páscoa, a opereta Os Cirandeiros e a comédia Gato por lebre. Foi seu ensaiador António dos Santos Júnior.


Sem comentários:

Enviar um comentário