Numa outra notícia, publicada em
Janeiro de 89, a nossa atenção foi despertada pelo seu título: ‘Em Tavarede
senhoras dão o exemplo’. No passado
domingo a Sociedade de Instrução Tavaredense esteve em festa, ao comemorar em Sessão Solene , os
seus brilhantes 85 anos de vida, de uma vida onde INSTRUIR e RECREAR tem sido o
objectivo prioritário.
É
de todos sabido, como o fez notar a Drª Ana Maria Caetano, presidente da
sociedade, que o TEATRO sempre foi particularmente cultivado pelas gentes de
Tavarede, ainda que ele seja uma actividade de enormes dificuldades, que
resultam não só do elevado número de pessoas que envolve, mas também de todo um
conjunto técnico de conhecimentos que urge possuir-se. E em Tavarede, diria
ainda a 1ª oradora desta sessão solene, não se brinca ao Teatro, mas faz-se
Teatro pelo Teatro, recorrendo-se às melhores obras dos melhores dramaturgos,
independentemente dos problemas daí resultantes.
Esta
Sessão Solene foi presidida pelo Dr. Abílio Bastos em representação da Câmara
Municipal. Na mês de honra tomariam ainda lugar vários convidados e amigos da
colectividade em festa.
Momento
sempre solene foi o acto de posse dos novos Corpos Sociais. Solene e pouco
usual (infelizmente), pois em Tavarede as senhoras dão exemplo, como o prova o
facto de quatro senhoras passarem a compor a nova Direcção: Presidente, Drª Ana
Maria Caetano, Vice-Presidente: Drª Ilda Manuela Simões, 1ª Secretária, D.
Otília Maria Cordeiro, 2ª Secretária, D. Maria Luísa Lontro de Sousa.
Uma
saudação muito especial para estas quatro senhoras que, numa atitude sempre de
enaltecer, se prontificaram a servir na sua Sociedade, esquecendo todos os
sacrifícios que tal decisão possa acarretar.
Nesta
sessão usaram ainda da palavra o sr. Padre António Matos Fernandes que, além
das usuais felicitações destas cerimónias, aproveitou para agradecer a
colaboração que a SIT deu à Paróquia durante o ano findo. O sr. Carlos Cardoso,
amigo da casa e representante da Sociedade Figueira-Praia teceu depois uma
curiosa, oportuna e justa crítica à representação que na véspera tivera lugar
naquele palco, demonstrando não só um apurado sentido crítico, mas igualmente
um agradável espírito de humor e bagagem “técnica-teatral”.
Também
o Director de “O Figueirense” usaria da palavra para saudar a SIT, e proferir
alguns comentários sobre a quase total ausência de jovens na sala. De referir
que esta terá sido uma das sessões solenes mais despidas de público dos últimos
tempos, problema que a nova gestão não deixará de solucionar. E bem.
O
Dr. Joaquim Barros de Sousa teceria como que o discurso oficial da sessão.
Demonstrando um profundo conhecimento sobre a SIT e sobre Mestre José da Silva
Ribeiro, o palestrante recordaria, entusiasmado, a figura desse grande Homem de
Teatro e a obra que criou em Tavarede, obra que – disse – tem raízes, pois o
Teatro não acabou em Tavarede com o seu desaparecimento.
O primeiro de Maio desse ano foi alvo
de notícia. Com ar festivo, um colorido
inigualável, a Figueira rejuvenesceu na manhã do 1º de Maio! Os sorrisos
multiplicaram-se, expontâneos, nos lábios doces das raparigas a fazer lembrar
as descrições de Maurício Pinto ou de um Raimundo Esteves.
Com
os potes à cabeça, cobertos de lindas e perfumadas flores naturais, como aliás
é seu hábito, Tavarede surgirá uma vez mais, entoando aquela bonita melodia que
a tradição soube imortalizar. “É o encanto de Tavarede”, como simplesmente nos
disse Álvaro Marques, o grande impulsionador (também o ensaiador) do Rancho 1º
de Maio do Grupo Musical e de Instrução Tavaredense.
Esta
colectividade, fundada em 1911, para além de um meritório trabalho no campo
cultural, como é o caso de uma escola de iniciação cultural, preservou e
acarinhou sempre a música, arte aliás para a qual esteve sempre vocacionada.
Em
1961 “reaparecemos em força com o Rancho do 1º de Maio e apostámos sempre na
diversidade e qualidade musicais”, afirmou-nos ainda Álvaro Marques. Este ano,
segundo apurámos, 18 pares (adultos) constituirão o Rancho 1º de Maio do GMIT,
para além obviamente de um conjunto de 15 elementos que, sob a orientação de
Vítor Murta, serão o suporte musical deste agrupamento folclórico. Agrupamento
que ainda pretende imprimir alguma veracidade aos temas que interpreta
inserindo um ou outro instrumento de cordas, caso dos violinos e violas.
“O
Figueirense” teve conhecimento ainda que os ensaios decorrem já a um ritmo
espantoso, não só com a preocupação de
burilar os últimos pormenores de trajo e marcação como também, com o entusiasmo
habitual, começarem-se por “fitar” já os locais onde proliferam as flores mais
bonitas de Tavarede.
=É o cheiro das várzeas e do limonete
que dão um “pulo” à Figueira.
Chegados a mais um aniversário da
Sociedade, uma nova reposição teve lugar. No
programa comemorativo do 86º. aniversário da Sociedade de Instrução Tavaredense
destaca-se, para o próximo sábado, 27, às 21 horas e 45 minutos, a
representação pelo grupo cénico, da comédia em 3 actos, de D. João da Câmara,
“Os Velhos”.
Em palco estarão, sob a direcção de
João de Oliveira, os seguintes amadores, já conhecidos: José Medina, João José
Silva, J. Luís do Nascimento, João Medina, João José Fadigas, Maria Conceição
Mota, Maria de Lurdes Neto, Lurdes Lontro e Ana Maria Caetano.
No dia seguinte, haverá alvorada às 8
horas; e às 17,30 horas, a sessão solene com a participação do Rotary Clube da
Figueira da Foz. Nesta cerimónia far-se-á o lançamento público de uma
publicação editada por aquele clube de serviços da nossa terra, sobre o grande
tavaredense e mestre de teatro que foi José da Silva Ribeiro. Além dos amigos
da SIT e das entidades oficiais, estará presente, como oradora da tarde, a drª.
D. Judite Pinto. E ao acto associam-se também o Coral David de Sousa e a
Filarmónica de Quiaios.
A propósito, Carlos Alberto de Oliveira
Cardoso e Hernâni da Costa Pereira, em nome da Direcção do Rotary, fizeram
questão de nos oferecer, pessoalmente, duas brochuras do volume “Em memória de
José da Silva Ribeiro” e a acompanhá-las a seguinte nota explicativa:
“Na sua casa humilde de Tavarede, aos
13 de Setembro de 1986, morria José da Silva Ribeiro. Contava 92 anos feitos e
fora lição de amor à terra natal e cidadania, de jornalismo e doação ao Teatro.
Seis meses após, a 18 de Janeiro
imediato, na sessão solene comemorativa dos 83 anos da SIT, quis o Rotary Clube
da Figueira honrar a memória desse seu sócio honorário, para o que por várias
formas participou naquele acto memorial.
Reunindo a maior parte das comunicações
então produzidas e juntando-lhes alguns outros elementos relacionados com a
referida sessão ou com a personalidade homenageada, agora acaba este Rotary
Clube de editar um volume “Em Memória de José da Silva Ribeiro”.
E é esta obra que o Clube Rotário da
Figueira pretende apresentar em Tavarede, na SIT; como forma, ainda e sempre,
de honrar a memória daquele que toda a vida deu lição de amor à terra natal e
cidadania de jornalismo e doação ao Teatro”.
E, também, aqui queremos recordar a
sessão solene desse mesmo aniversário, durante a qual o Rotary Clube da
Figueira da Foz igualmente homenageou José Ribeiro. Na tarde do passado dia 28,
a sede da Sociedade de Instrução Tavaredense registou
uma animação fora do vulgar, pela circunstância da efectivação da sessão solene
comemorativa do 86º. aniversário da prestigiosa colectividade da terra do
limonete.
Ao acto, e como estava previsto,
associou-se na sua máxima representatividade, o Rotary Clube da Figueira da
Foz, que aproveitou a oportunidade para lançar o livro “Em Memória de José da
Silva Ribeiro” (publicação esmerada graficamente que contém as comunicações da homenagem que
este clube de serviço da nossa terra prestara àquele “mestre” da arte de Talma,
no ano de 1987).
Após a execução do hino da
colectividade pela Filarmónica Quiaiense, e feitos os convites às diversas
entidades para participarem no lugar de honra do palco, usou em primeiro lugar
da palavra a presidente da Direcção, drª. Ana Maria Caetano, que deu
explicações porque não subiu à cena na noite do dia anterior a peça de teatro
“Os velhos”, cujos motivos assentaram no facto de alguns dos seus amadores
terem sido surpreendidos pelo surto da gripe, e desenvolveu matéria sobre as
linhas fundamentais da orientação da colectividade na arte de bem dizer e de
bem recriar.
O pároco da freguesia, padre António
Matos, fez alusões pertinentes à representação da peça ali levada à cena pelo
TEM (Teatro Experimental de Mortágua).
O
presidente da Junta, António Simões Baltazar, na sua simplicidade de expressão,
prometeu o melhor apoio e espírito de ajuda àquela colectividade
aniversariante, orgulho da sua terra natal.
A evocação de diversas facetas e o amor
de figuras tavaredenses à sua terra berço e à sua SIT, foi oratória muito
apreciada pelos presentes, saída da boca da drª. Maria Almira Medina, directora
do “Jornal de Sintra”, que, naturalmente, realçou o nome de seu pai, António
Medina Júnior.
Na ocasião foi anunciado que a Direcção
deliberara conceder 3 títulos de sócios honorários: a José Medina (uma
dedicação sem precedentes e amador de teatro de altos méritos); a Carlos
Alberto de Oliveira Cardoso; e ao Rotary Clube da Figueira da Foz.
A segunda parte da sessão foi ocupada
pela presença do Rotary: o presidente engº. Costa Pereira e o dr. Carlos
Estorninho (este apresentou um interessante trabalho literário, que abordou a
colaboração de José Ribeiro no semanário “A Voz da Justiça”).
Como oradora oficial a drª. Judite
Mendes Pinto Abreu, filha do saudoso rotário e figueirense de elevada cultura,
Maurício Pinto, salientou José Ribeiro como homem de teatro, como jornalista,
como pensador, como homem de família.
A sessão foi encerrada pelo presidente
da Câmara Municipal, engº. Manuel Alfredo Aguiar de Carvalho, que rendeu o seu
preito de admiração à obra da SIT na cultura popular.
O Coral David de Sousa interpretou
vários números do seu reportório, muito aplaudido pelo nível artístico
evidenciado.
Como nota final, podemos anunciar que o
livro editado pelo Rotary encontra-se à venda na sede da SIT.
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