PEDRO
LOPES DE QUADROS E SOUSA
6º. Senhor de Tavarede - Morgado
Pedro
Lopes de Quadros e Sousa nasceu em Tavarede, no ano de 1672, tendo sido
baptizado na capela do Paço, no dia 16 de Agosto daquele ano. Era conhecido
pela alcunha de ‘O Manco’, pois manquejava de ambos os pés. Casou por duas
vezes. A primeira vez, no dia 21 de Outubro de 1699, contraíu casamento com D.
Josefa Isabel Zambado de Vasconcelos, natural de Ançã, filha do Dr. Bento Dias
Zambado e de D. Ana Maria Clara de Vasconcelos. Nesse mesmo ano foi provido na
Comenda de S. Pedro das Alhadas.
Neste
casamento a noiva foi representada por seu pai, só mais tarde se juntando a seu
marido. Consta que terão tido uma relação muito pouco bem sucedida. Esta
senhora faleceu, em 17 de Fevereiro de 1703, em casa de seus pais, tendo sido
sepultada na sua terra natal. Deste casamento não houve filhos.
Em
1705, casou, pela segunda vez, com D. Madalena Maria Henriques de Meneses,
nascida na Quinta do Alvito, em Alenquer, filha de Garcia Lobo Brandão de
Almeida, familiar do Santo Ofício, senhor do Couto de Castelo Viegas e do
morgadio de Alvito, em Alenquer, e de D. Lourença Ferrão de Castelo Branco.
Deste
segundo casamento, houve a seguinte descendência:
- Fernão Gomes
de Quadros e Sousa, herdeiro do morgado;
- D. Maria Teles
de Meneses, baptizada em Tavarede no dia 9 de Outubro de 1707, que casou, em 26
de Julho de 1722, com Gaspar Malheiro Reymão Marinho, fidaldo da Casa Real,
mestre de Campo de Auxiliares de Viana, senhor da casa do Pomacharão, em Viana
do Castelo;
- D. Isabel
Inácia, também baptizada em Tavarede a 14 de Maio de 1710, que foi freira no
convento do Lorvão;
- Caetano de
Quadros, nascido em Tavarede a 23 de Agosto de 1716 que, segundo alguns
autores, terá morrido em criança. Todavia, outros levantam a hipótese de se
tratar de José Caetano de Quadros, que teria sido frade Mariano, de cuja Ordem
foi expulso, e que viveu uns anos em Roma;
- Aires de
Quadros, nascido em 21 de Setembro de 1717, que foi frade franciscano sob o
nome de Frei Aires de Santa Ana. Este frade entrará na nossa história mais à frente, pois acabou
por ter influência nos destinos da Casa de Tavarede ao ser assassinado por seu
sobrinho;
- Frei Amaro de
Santa Rita, que nasceu em Tavarede no dia 15 de Janeiro de 1720, religioso da
Ordem de S. Francisco Extra-Muros, de Coimbra;
- Álvaro Teles
de Meneses Pereira de Quadros, igualmente destinado a seguir a carreira
religiosa, mas que abandonou. Havia nascido em 25 de Novembro de 1721:
- D. Beatriz (ou
Brites) Madalena Henriques de Meneses e Quadros, que nasceu no dia 28 de Janeiro
de 1724. Foi casada com António Xavier Juzarte de Cardoso, fidalgo da Cara
Real, cavaleiro da Ordem de Cristo, que foi correio-mor de Coimbra e familiar
do Santo Ofício;
- António
Quadros e Sousa, frade no convento da Graça;
- Garcia Lobo
Brandão, que foi para a Índia, onde faleceu.
Antes
de casar, teve Pedro Lopes de Quadros e Sousa dois filhos bastardos, de
Escolástica Rodrigues, que se chamaram Luís e Catarina. Julga-se que, tendo
nascido em 1689 e 1692, respectivamente, terão falecido antes de 1720. A Escolástica era a mais bela cachopa que então havia por
estas redondezas: rendia de amores toda a rapaziada figueirense… … a galante
filha dos castelhanos, Gregório e Ana Rodrigues. Nascida nesta foz do Mondego,
em 1670, era insensível a todos estes galanteios. Quis saborear raças mais
finas. Rendeu-se; mas, ao entregar a flor dos seus dezoito anos, escolheu,
dentre os seus adoradores, aquele que a todos sobressaia pela nobreza e pela
posição social. O leitor sagaz adivinhou já que foi Pedro de Melo de Quadros,
primogénito do morgado de Tavarede, o conquistador da Escolástica Rodrigues… …A
Escolástica teve como prémio de consolação – dote para casar – a quinta das
Lamas…,
diz-nos o Dr. José Jardim no seu livro ‘As Alfândegas – fidalgas figueirenses
de outrora’. Refere mais adiante que apesar
de já durázia e do mais que sabemos, casou, em 1709, quanto tinha 39 anos, com
o sr. João Gomes Pinto, pessoa acomodatícia em questões de honra, o qual, como
é da peça, deu cabo de tudo quanto a digna esposa tinha, vendendo a quinta das
Lamas, em 1724, a Luíz de Salazar e Vasconcelos, por 192$000 reis.
Ainda
teve mais três filhos bastardos: Bento de Quadros, de Catarina de Paiva,
faleceu na Índia; e D. Helena Maria de Quadros, que viveu com sua mãe, Maria
Portulez. Professou no convento do Lorvão, tendo sido eleita abadessa por duas
vezes; e D. Antónia, filha de Páscoa Gonçalves, e que foi freira no Convento do
Varatojo, em Alenquer.
Pedro
Lopes de Quadros e Sousa, além de irmão da Misericórdia de Buarcos e cavaleiro
professo da Ordem de Cristo, foi familiar do Santo Ofício. Eis a cópia do
respectivo processo: Pedro Lopes de Quadros
e Sousa, casado com D. Madalena Maria Henriques de Menezes, comendador da Ordem
de Cristo e morador no Couto de Tavarede – 1721.
Exmo.
Sr. – Diz Pedro Lopes de Quadros e Sousa, comendador da Ordem de Cristo,
morador em Tavarede, freguesia de S. Martinho, Bispado de Coimbra, filho
legítimo de Fernão Gomes de Quadros, comendador da dita Ordem e da mesma
freguesia, e de D. Brites Maria de Albuquerque, que foi baptizada na vila de
Gouveia, do mesmo Bispado de Coimbra, neto pela parte paterna de Pedro Lopes de
Quadros, comendador da Ordem de Cristo, natural e baptizado em Tavarede, na
mesma freguesia de S. Martinho, e de D. Maria Teles de Menezes, filha de D.
Álvaro Pereira Coutinho, da cidade de Lisboa e baptizada na freguesia de Nossa
Senhora do Paraíso, e pela parte materna neto de António de Albuquerque Coelho
de Carvalho, comendador da Ordem de Cristo, natural da vila de Gouveia, e de D.
Inês Francisca, natural da cidade do Porto, que ele deseja servir ao Santo
Ofício, na qualidade de Familiar e porque nele concorrem os requisitos
necessários.
Pede
a V.Exª. que procedendo às diligências costumadas, o queira admitir na dita
ocupação de Familiar.
Declara
o suplicante ser casado com D. Madalena Maria Henriques de Menezes, filha de
Garcia Lobo Brandão, Familiar do Santo Ofício e natural da vila de Alenquer, e
de D. Lourença Maria de Castelo Branco, baptizada na igreja de S. Miguel, da
dita vila. Neta pela parte paterna de João Lobo Brandão e de D. Isabel
Henriques de Menezes, ambos da dita vila de Alenquer. Neta pela parte materna
de Marcos Ferrão, baptizado na freguesia de S. Miguel da dita vila de Alenquer,
que foi Familiar do Santo Ofício, e de D. Madalena Maria de Castelo Branco,
natural da vila de Torres Vedras.
(Despacho à margem: Os inquisidores
de Coimbra informem com seu parecer. Lisboa 1 de Novembro de 1720)
Exmo.
Sr. – Tomámos informações com os comissários Manuel de Carvalho, José de
Figueiredo Simões e com o padre António Alvarez de Faria, e com os notários
Manuel da Costa Correia e Pedro Pereira, acerca da limpeza do sangue e mais
requisitos e de Pedro Lopes de Quadros e Sousa, comendador da Ordem de Cristo,
que pretende ser Familiar do Santo Ofício, conteúdo na petição inclusa, que V.
Exª. nos manda informar e nos dizem os ditos informadores que por si, seus pais
e avós paternos e maternos, é legítimo e inteiro cristão velho e por parte de
sua mãe se acha o dito pretendente habilitado pelo Santo Ofício, por ser esta
irmã inteira do Familiar António de Albuquerque Coelho de Carvalho e filhos dos
mesmos pais, é casado com D. Madalena Maria Henriques de Menezes, filha do
Familiar Garcia Lobo Brandão e de D. Lourença Maria de Castelo Branco,
moradores na vila de Alenquer, é o dito pretendente de boa vida e costumes e
tem capacidade para o lugar que pretende, é das mais nobres e esclarecidas
famílias deste campo de Coimbra, trata-se com esplendor e luzimento, e seus
pais e avós tiveram a mesma nobreza e tratamento; o seu rendimento importará em
6 para 7 mil cruzados, pelo que nos parece que V. Exª. lhe faça a mercê que
pretende e V. Exª. mandará o que fôr servido. Coimbra, 2 de Setembro de 1720.
(despacho
à margem: os Inquisidores de Coimbra mandem fazer as diligências ao suplicante
e feitas na forma do regulamento as enviem ao Conselho. Lisboa, 6 de Setembro
de 1720)
Ilmos.
Senhores – Passando ao Couto de Tavarede, freguesia de S. Martinho, achei pela
informação que com muita individuação tomei extrajudicialmente com o padre cura
Manuel Pinto da Rocha e o padre Francisco Rodrigues Portugal, e com o padre
José Neto Coelho e Filipe Jacome, José de Almeida e Manuel Ferreira Coimbra,
todos pessoas cristãos velhos, legais, fidedignas mais antigas e noticiosas, e
naturais e moradores no dito Couto de Tavarede, que Pedro Lopes de Quadros e
Sousa, casado com D. Madalena Henriques de Menezes, comendador da Ordem de
Cristo, e natural e morador no dito lugar de Tavarede, deste Bispado de
Coimbra, e filho legítimo de Fernão Gomes de Quadros, comendador da dita Ordem,
natural do dito Couto de Tavarede, e de sua mulher, D. Brites Maria de
Albuquerque, e neto paterno de Pedro Lopes de Quadros, comendador da Ordem de
Cristo, natural do dito Couto de Tavarede e de sua mulher D. Maria Teles de
Menezes, por via do dito seu pai e avô paterno, é legítimo e inteiro cristão
velho, limpo de toda a infectanação (?), sem fama ou rumor em contrário.
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