1972.01.26 - CONTO DE INVERNO (MAR ALTO)
Integrado
no programa de aniversário, o grupo cénico da SIT acaba de dar ao público de
Tavarede mais uma peça – Conto de Inverno,
de Shakespeare – em que José Ribeiro, ainda outra vez, põe à prova as suas
invulgares qualidades de encenador e ensaiador. Desta feita tudo lhe pertence:
até a tradução da obra.
Num
palco acanhado para uma peça recheada de mutações, a sua mão mágica consegue
que os seus cordelinhos façam milagres.
Antes da representação, José
Ribeiro leu ao público o prefácio que escreveu como nota explicativa desta
curiosa obra de Shakespeare. Todas as peças de Shakespeare são difíceis; esta
também o é:
=
Mutações constantes (a pedir palco giratório);
=
Muitos personagens em cena (uma grande parte com boas rábulas);
=
Muitos estreantes (o que causa sempre dificuldades para a unidade da peça).
Magníficos
os cenários (alguns adaptados), e um extraordinário guarda-roupa de Alberto
Anahory, talvez o mais rico que ali foi apresentado até hoje.
De
belo efeito a cena final, pela grandiosidade do guarda-roupa, pela montagem e
pelo magnífico jogo de luzes.
Representação
incerta, própria de uma première.
“Conto de Inverno”, como o
título diz, é um conto. Ele merece ser visto e ouvido por todo o público, pelo
que o recomendamos aos nossos leitores.
O
público aplaudiu sem reservas. No final do espectáculo obrigou a subir o pano
várias vezes e exigiu a presença de José Ribeiro em cena.
Entre
os convidados estavam os srs. engº. José Jorge de Pinho, presidente da Câmara
da Figueira, e sua esposa; cónego Tomás Póvoas, reitor do Seminário; revdº.
José Manuel Leite e sua esposa; revdº. João Severino Neto, etc.
1972.01.27 -
“CONTO DE INVERNO”, DE SHAKESPEARE (A
VOZ DA FIGUEIRA)
Assistimos
no passado sábado à récita de aniversário da Sociedade de Instrução
Tavaredense, que sempre tem primado por apresentar bom teatro, e mais uma vez
demos por bem empregue a nossa deslocação à vizinha Tavarede.
Mestre
José Ribeiro não proferiu a habitual palestra que antecede as estreias, mas leu
o prefácio que escreveu sobre a peça “Conto de Inverno”, de William
Shakespeare, que pela primeira vez era representada em Portugal, em língua
portuguesa, já que em 1939 fora apresentada em Lisboa por um grupo de ingleses
e estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em récita
particular.
Com
“Conto de Inverno”, Skakespeare esteve presente pela terceira vez em Tavarede.
A primeira em 1964, por ocasião do seu 4º. centenário com a “mui excelente e lamentável tragédia Romeu
e Julieta”, sem dúvida a sua mais popular obra, adaptada ao teatro e ao
cinema em variadíssimas versões. Quatro anos depois o dramaturgo inglês voltou
ao palco de Tavarede com o Dente por Dente, com adaptação de Luís
Francisco Rebelo, e agora com Conto de Inverno, traduzida e adaptada por
João José, pseudónimo artístico de José Ribeiro.
“Conto
de Inverno”, uma quase tragédia em 5 actos e 10 quadros, foi representada na
corte de Jaime I, em 5 de Novembro de 1610, seis anos antes da morte do seu
autor, Alma do século, Monumento sem túmulo, Doce cisne do
Avon, como Shakespeare foi classificado por Bem Johnson.
José
Ribeiro disse que “Conto de Inverno” tinha qualidades para agradar a crianças e
a adultos, e, de facto, assim é.
Concebida
longe dos moldes de “Hamlet”, “Romeu e Julieta”, “O mercador de Veneza”, e
outras, a peça ora apresentada em Tavarede conta-nos a história do ciumento
Leontes, rei da Sicilia, que pretendeu matar o seu pretenso rival Polixenes,
rei da Boémia, mandou abandonar sua filha recém-nascida num monte deste país e
fez julgar Hermione, sua mulher, por crime de adultério, de que estava inocente
conforme depois foi confirmado pelo Oráculo de Delfos.
A
peça tem um final imprevisto e acaba bem, reconhecidos que foram os infundados
ciúmes de Leontes.
Nada
menos de 37 são as personagens que intervêm em “Conto de Inverno”, que conta
com a participação dos “veteranos” João Cascão, Violinda Medina e Silva,
Fernando Reis, João de Oliveira Junior e José Luiz do Nascimento.
Boas
presenças de José Medina, João Medina, José Santos, Manuel Cerveira, Luiz
Medina, Ana Cristina de Oliveira, Rosa Maria da Silva, etc.
A
cenografia é do prof. Manuel de Oliveira e de José Maria Marques, com um
excelente guarda-roupa de Alberto Anahory que, como sempre, primou por
apresentar luxuosas indumentárias da época.
A
encenação é do nosso já consagrado e competente José Ribeiro que, como as que
tem apresentado no palco da SIT, lhe deu todos os condimentos necessários para
fazer de “Conto de Inverno” mais um assinalado êxito para os amadores de
Tavarede.
1972.10.07 - CENTENÁRIO DA PUBLICAÇÃO DE OS LUSÍADAS (O FIGUEIRENSE)
O
IV Centenário da Publicação de “Os Lusíadas” teve, na Figueira, a mais
brilhante comemoração por parte do grupo cénico da Sociedade de Instrução
Tavaredense que, na quarta-feira, em espectáculo oferecido pela Câmara
Municipal ao público da cidade, representou no teatro do Peninsular, o “Auto de
El-Rei Seleuco” e “Camões e Os Lusíadas”. Foi uma noite de Arte e Beleza, bem
digna do nome glorioso que se quis homenagear.
Não permitem o tempo e o espaço que nos detenhamos na
apreciação do espectáculo, em que o saber de José Ribeiro e o talento dos seus
distintos amadores mais uma vez se evidenciaram.
Queremos apenas acrescentar que nessa noite, a Câmara
homenageou a Sociedade de Instrução Tavaredense, entregando à sua direcção a
Medalha de Mérito, em ouro. O público associou-se a tão justa homenagem,
sublinhando o acto com fartos aplausos. O vereador sr. dr. Carlos Albarino Maia
disse palavras a propósito e o sr. presidente da Câmara fez a entrega da
medalha.
O revdº Cónego dr. Urbano Duarte dissertou com brilho
sobre as razões daquele sarau. Prestou homenagem à Sociedade de Instrução
Tavaredense pelo seu esforço em prol do Teatro e fez rasgado elogio de José
Ribeiro e do seu trabalho, que procurou trazer a figura e a imortal obra do
grande épico ao nível do nosso povo, para este melhor o entender e admirar.
Em cena aberta, os distintos amadores receberam, no
final, as calorosas homenagens do público. José Ribeiro teve chamada especial e
trouxe consigo ao proscénio António Tomás, que com felicidade gravou as vozes
de Garrett e de “Os Lusíadas” e realizou toda a sonorização.
Enfim, uma noite de Arte e Beleza.
1972.10.11 -
CENTENÁRIO DE “OS LUSÍADAS” (MAR
ALTO)
Atingiu
raro brilhantismo o sarau que a Câmara Municipal, através do sector Cultural,
promoveu, com ingressos gratuitos, no teatro do Grande Casino Peninsular.
Representou
o grupo da Sociedade de Instrução Tavaredense, o “Auto de El-Rei Seleuco”, do
Poeta, e “Camões e Os Lusíadas”, uma evocação da autoria de José Ribeiro.
O
cónego dr. Urbano Duarte pronunciou uma oração brilhante acerca da obra e
figura de Camões, que a Figueira homenageava com a colaboração da Sociedade de
Instrução Tavaredense. Referiu o trabalho de José Ribeiro no campo da Cultura e
agora no engrandecimento do Épico.
No
final, os amadores, José Ribeiro e António Tomás, colaborador do grupo, foram
ovacionados calorosamente.
1972.10.12 -
CENTENÁRIO DE “OS LUSÍADAS” (A VOZ
DA FIGUEIRA)
Decorreu
com o nível previsto o espectáculo que o grupo cénico da Sociedade de Instrução
Tavaredense, a convite dos Serviços Culturais da Câmara Municipal, e para
comemorar o 4º. centenário da publicação de “Os Lusíadas”, levou a efeito no
Teatro do Casino Peninsular, na penúltima quarta-feira.
Antes
do início do espectáculo, com a presença da Direcção daquela colectividade, e
do seu competentíssimo director cénico, o presidente do Município Figueirense,
sr. eng. José Jorge de Pinho fez-lhe a entrega da Medalha de Mérito da Cidade,
com que, por proposta do antigo vereador da Cultura, sr. dr. Marcos Viana, fora
agraciada.
O
dr. Carlos Albarino Maia, actual vereador daquele pelouro, proferiu breves
palavras sobre o acto e sobre a pessoa encarregada de justificar as razões do
espectáculo que ia seguir-se, o sr. cónego dr. Urbano Duarte.
Este,
no uso da palavra, divagou sobre o grupo cénico da Sociedade de Instrução
Tavaredense e de Tavarede, que representaram para ele, recentemente,
maravilhosa descoberta. Terminou pela leitura dum poema de Miguel Torga, sobre
Camões.
O
espectáculo abriu com a representação do “Auto de El-Rei Seleuco”, de Camões,
em que o grupo cénico da terra do limonete brilhou, mais uma vez, a grande
altura.
Uma
nova “estrela” abre promissoras perspectivas à arte de representar – a gentil
Ana Cristina de Oliveira – numa terra de tão gloriosas tradições teatrais, como
é Tavarede.
João
Cascão, José e João Medina, José Luís do Nascimento, Fernando Reis e João de
Oliveira Junior todos já experimentados e conscienciosos amadores, deram relevo
à representação, procurando tirar partido duma peça que, escrita em verso
arcaico, poucas probabilidades tinha de assegurar o êxito perante o espectador
comum.
Com
uma sucessão de quadros de grande efeito cénico e sabor camoneano, inspirados
em Camões e “Os Lusíadas” – trabalho excelente de José Ribeiro – completou-se o
espectáculo.
Nele
fez a sua reaparição o notável amador António Jorge da Silva, no papel de Telmo
Pais, do “Frei Luís de Sousa”, em que noutros tempos tanto se destacou.
Os
restantes intervenientes deram homogéneo contributo à representação.
O
público aplaudiu demoradamente e saíu satisfeito desta condigna comemoração do
4º. centenário da publicação de “Os Lusíadas” na nossa terra.
1972.11.04 - PROFESSOR DR. HERNANI CIDADE (O FIGUEIRENSE)
Hoje à noite, o grupo de teatro
da Sociedade de Instrução Tavaredense representa, novamente, esplêndido
programa comemorativo do IV Centenário da Publicação de “Os Lusíadas”,
constituído pelo “Auto de El-Rei Seleuco”, de Luís de Camões, e pela evocação
de “Camões e Os Lusíadas”, da autoria de José da Silva Ribeiro.
A
esta representação assistirá o ilustre presidente da Comissão Nacional das
Comemorações, sr. Prof. Dr. Hernani Cidade.
Este
eminente camonista profere amanhã uma conferência sobre Luís de Camões e “Os
Lusíadas”, na reunião do Rotary Clube da Figueira, a realizar em almoço no
Grande Hotel.
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