João
Carlos Emílio Vicente Francisco de Almada Quadros de Sousa Lencastre Fonseca
Saldanha e Albuquerque
3º. Conde de Tavarede
Querendo perpetuar a memória dos bons serviços prestados ao
país pelo Conde de Tavarede, Francisco de Almada Quadros Sousa e Lencastre, Par
do Reino e Governador Civil do Distrito da Lisboa, que acaba de falecer, e
daqueles com que seus maiores já se haviam assinalado e distinguido com
proveito do Estado, e atendendo a que João Carlos Emílio Vicente Francisco de
Almada Quadros Sousa Lencastre Fonseca Saldanha e Albuquerque é o filho
primogénito do referido Conde e neto do Duque de Saldanha, presidente do
Conselho de Ministros e marechal em chefe do Exército; por estes respeitos e
por esperar que, imitando os exemplos de honra e lealdade de quem descende,
procurará tornar-se benemérito da Pátria, hei por bem, em nome de El-Rei,
fazer-lhe mercê de o elevar a Grandeza destes reinos com o mesmo título de Conde
de Tavarede em sua vida.
Tem
este decreto a data de 26 de Novembro de 1853, dia imediato à morte de seu pai.
João Carlos Emílio nascera no dia 15 de Abril de 1849, em Lisboa, na freguesia
de Santa Isabel, onde seus pais residiam. Fez os seus primeiros estudos no
Colégio Francês de S. Luís e, depois de ter prosseguido os estudos no Funchal,
para onde fôra sua mãe com o seu padrasto, e em Lisboa, no Liceu Nacional,
matriculou-se no Curso Superior de Letras, no qual se licenciou.
Fidalgo
da Casa Real, foi igualmente comendador das Ordens de Nossa Senhora de Vila
Viçosa e de Carlos III, de Espanha. Nos anos 60 do século XIX, foi secretário
particular de seu avô, o Duque de Saldanha, e foi nomeado governador civil do
distrito da Guarda em 1870, cargo que exerceu até Fevereiro do ano seguinte.
Por
morte de seu avô, o 1º. Conde de Tavarede, no ano de 1861, sucedeu-lhe no
senhorio da Casa de Tavarede. Em 1872, depois de abolídos todos os vínculos, os
bens pertencentes à Casa de Tavarede foram avaliados em 6 400 000 reis, tendo
também recebido de herança os seguintes bens: Palácio e quinta do Grilo, quinta
da Ameixoeira e foro da quinta do Castelo Picão, no concelho dos Olivais; um
prazo, em Santarém; um prazo, em Lisboa; um prazo, em Arruda dos Vinhos; um prazo,
no Cartaxo; foros em Santarém, Torres Vedras e Mafra; um maninho chamado
Malheiros, em Alcácer do Sal; foros diversos no morgado de Moura, Serpa e Beja;
herdade do Monte do Gato, em Évora; e diversos foros em Serpa (caderno IX, do
Dr. Mesquita de Figueiredo).
O
Conde de Tavarede viveu em Lisboa até finais do ano de 1869, passando, depois,
a residir em Trancoso, embora fizesse vários períodos em Tavarede e na capital.
No
dia 26 de Novembro de 1869 casou com D. Maria da Piedade Lodi, nascida em
Lisboa a 27 de Fevereiro de 1847, que era filha do Anselmo Lodi e de D.
Senhorinha Leite Lodi. Enviuvou de D. Maria da Piedade em 22 de Outubro de
1870, menos de um ano após o casamento. Foi sepultada em Trancoso, por sua
vontade em campa rasa, ficando ali conhecida como Santa
Condessinha, pela sua misericórdia e que por muitos anos ficou na memória
dos trancosenses.
A
7 de Janeiro de 1875, o Conde de Tavarede casou novamente, com D. Maria Justina
Ribeiro de Melo, filha de João Ribeiro Álvares de Melo, comendador da Ordem de
Cristo e escrivão do Direito, em Trancoso, e de D. Maria Joana Augusta de
Almeida e Sousa. O casamento teve lugar na capela do seu solar em Trancoso.
Foi
membro de uma comissão promotora do ensino primário e presidente da Escola
Popular. Também foi membro do Conselho Municipal e presidente da Câmara de
Trancoso. No ano de 1883, o Conde de Tavarede resolveu ausentar-se, com a
família, de Trancoso, vindo residir para a nossa terra, para o seu solar, onde
mandou fazer grandes alterações. O estilo
das obras realizadas é o mesmo que se encontra em finais do século XIX, por
exemplo em Sintra. Trata-se de um estilo sem grandes regras, essencialmente
imitador do manuelino mas sem a grandeza e carácter deste.
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