Entre outeiros
vestidos de verdura,
Um vale gracioso à
vista ocorre
Onde um claro ribeiro
em giros corre,
Banhando-o de eternal,
grata frescura,
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Em louvor de Tavarede
Frei Manuel de Santa Clara
Terra tão velhinha como é Tavarede, com
certeza que, por mais histórias que se lembrem e que sejam contadas, haverá
sempre algumas mais esquecidas. E então eu, que desde há tantos anos vou
rebuscando nas colecções existentes da imprensa figueirense, desde meados do
século dezanove, e nos trabalhos que laboriosos e competentes historiadores nos
legaram, vou sempre encontrando, ou recordando, novas coisas para contar.
Não esqueçamos que a nossa terra, a Terra
do Limonete como tanto gosto de a chamar, foi o real berço da Figueira da foz
do Mondego e que a maior parte dos terrenos por onde a cidade se estende,
faziam parte do antigo ‘couto de Tavarede’. Podemos até pensar que, se não
tivessem ocorrido as lutas travadas entre o cabido da Sé de Coimbra, a quem o
rei D. Sancho I fez doação, e os fidalgos Quadros, que D. João III nomeou
‘senhores de Tavarede’, a nossa terra não seria hoje um pequeno subúrbio da
Figueira mas, pelo contrário, uma enorme e progressiva cidade, dominadora de
toda esta região.
Quando D. Elvira Sisnandis, juntamente
com seu marido Martim Moniz, governador de Coimbra, fizeram doação ao fidalgo
beirão João Gondesendis, denominaram-no como ‘lugar de S. Martinho em
Tavarede’. Como todos sabemos este é o documento mais antigo, até hoje
encontrado, onde pela primeira vez se refere Tavarede. Foram encontrados,
segundo referem alguns historiadores, na antiga câmara de Tavarede, uns velhos
pergaminhos os quais ainda se não conseguiram ler. Estarão contados neles os
princípios da velha aldeia?
S. Martinho já era o orago padroeiro de
Tavarede. É muito curiosa, e talvez pouco conhecida, a história deste lendário
santo. E outros, que se veneram ou veneraram na terra?
Parece-me interessante recordar essas
histórias e lendas, pois são parte integrante da história da ‘terra do limonete’.
E algumas outras passadas na nossa aldeia? Os próprios fidalgos tavaredenses
também viveram factos de muito interesse e que, embora já conhecidos, são
dignos de maior atenção.
Quem sabe se um dia não surgirá um
curioso, tavaredense ou não, que queira estudar e escrever, mais profundamente,
o passado de Tavarede? Possam estes meus apontamentos ser proveitosos é o que
mais ambiciono, para que a história da minha terra natal nunca seja esquecida.
Verão/2014
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