sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Operetas em Tavarede - 28

         Estamos a chegar à parte final da nossa viagem. Acabou por ser uma longa caminhada. Recordámos, aqui, quase todas as peças escritas para o nosso palco, para o nosso povo. Alguns dos costumes mais característicos dos nossos avós. E, sobretudo, procurámos lembrar velhas cantigas… Velhas que, afinal, são sempre novas! Quantas e quantas vezes aqui as temos ouvido cantar? Tentámos escolher umas tantas das menos conhecidas, embora não menos bonitas. E, agora, chegámos ao quarto e último serão sobre este tema: “Tavarede no Teatro”.




Uma das últimas fotografias de
José da Silva Ribeiro
  
         Diga-se, desde já, que não vai ser fácil para nós. E não por falta de assunto!... O teatro de Mestre José Ribeiro foi extraordináriomente rico e variado. Foi, não, é, porque o teatro que ele nos deixou, continua e continuará sempre actual.

         Aliás, só um Homem com o saber e a inteligência de Mestre José Ribeiro, era capaz de escrever e aqui fazer representar, desde 1951 até quase à sua morte, em 1986, nada menos de nove peças teatrais, contando, aos seus conterrâneos, a história da sua terra, os usos e os costumes dos nossos antepassados, as tradições que no correr dos anos foram caíndo no esquecimento.

         Sem ele, sem o seu teatro, quantos de nós saberíamos, por exemplo, que a terra do limonete, depois da reconquista aos mouros, havia sido reconstruída e governada por Cídel Pais? E, já que falámos em limonete, que tal começarmos esta nossa conversa, tomando uma saborosa chávena de chá... de limonete?

Coro -                    
O chá que vamos beber
             - Um produto nacional
                       Sem rival! -
            É uma bebida famosa,
            De todas a mais gostosa,
                         Saborosa,
            Que na terra pode haver.

            Melhor que o chá de parreira
            Do orago S. Martinho
                        - Puro vinho -
            Que ao povo torna alegrete,
            Um chàzinho de primeira,
                          Que bem cheira,
            É o chá de limonete.

Chá
O chá de limonete não faz mal,
            Ainda que a alguém possa amargar...

Açúcar -  
Mas aqui está açúcar de cristal
            P’ra cada qual melhor o adoçar.

Chá -  
Faz sempre bem tomado a qualquer hora
            Este chàzinho verde e perfumado...

Açúcar
Os amargos de boca vão-se embora
            Com este nosso chá bem temperado.

Chá e Açúcar -  
O chá de limão,
            De flor de carqueja,
            De pé de cereja
            Ou o de agrião,
            O chá de cidreira,
            O chá de pepino
            - Que é chá muito fino -
            E o de laranjeira,
            Não valem uma gota deste chá
            - Do chá de limonete que aqui está.

Coro -   
O chá que vamos beber,
            etc.etc.etc.

         Foram os vastos conhecimentos de Mestre José Ribeiro, as suas trabalhosas pesquisas e o seu inigualável talento teatral que, de uma maneira agradável, enquadrando situações reais com quadros em que a fantasia dava largas à sua imaginação tão fecunda, nos foram contando o passado de Tavarede, desde a doação à Sé de Coimbra, pelo nosso Rei D. Sancho I, com a única condição de “rezarem uma missa” por ocasião do aniversário da sua morte!


Sem comentários:

Enviar um comentário