1976.06.04 -
TEATRO (O FIGUEIRENSE)
O grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense
estreia amanhã, no seu teatro, a peça em 3 actos “Monserrate”, original de
Emmanuel Robles e tradução de Francisco Mata.
“Monserrate” é uma peça de construção clássica, nela
se reunindo as três unidades – de tempo, de lugar e de acção. Decorre toda ela
na sala da guarda da Capitania General em Valência de Venezuela e sem
interrupção. O ponto de partida desta acção refere-o a rubrica da peça:
“Julho de 1812. O chefe venezuelano foi batido e
capturado na grande batalha de 11 de junho pelo Capitão-General Monteverde.
Simão Bolívar, lugar-tenente de Miranda, conseguiu pôr-se em fuga. Escondido
pelos patriotas, escapa às buscas dos perseguidores. Os espanhóis ocupam três
quartos do país. A repressão é terrível. Sucedem-se os massacres e pilhagens”.
Bolívar, o “Libertador”, é a grande figura da obra,
sempre presente, embora nunca apareça em cena. Duas personagens dominam os três
actos, Monserrate e Izquierdo, travando-se espantoso e aliciante duelo, numa
linguagem que o Autor dá rica de beleza, de vigor e de verdade, cheia de força
dramática, em que se aliam a violência e a ironia, num realismo sem quebra.
1976.09.10 - TEATRO (O
FIGUEIRENSE)
No último sábado o teatro da Sociedade de Instrução
Tavaredense teve uma grande enchente: lotação esgotada, e muitos pedidos de
lugar só poderão ser atendidos na próxima representação.
“Monserrate” dominou a assistência, que no 3º acto se
não conteve e interrompeu a representação com calorosa salva de palmas. Esses
aplausos repetiram-se no final, mais demoradamente e com entusiasmo.
Isto quer dizer que no próximo sábado, dia 11, terá
nova enchente o Teatro de Tavarede.
1978.01.25 -
EM TAVAREDE MORA O TEATRO (MAR
ALTO)
Tal
como “Mar Alto” noticiou no seu último número, estreou-se na Sociedade de
Instrução Tavaredense, em récita de aniversário, a peça do conhecido dramaturgo
inglês William Shakespeare – “TUDO ESTÁ BEM QUANDO ACABA BEM”.
Estivemos
presentes a mais esta noite de teatro em Tavarede, e sem pretendermos ser
crítico teatral – porque o não somos – mas porque gostamos de teatro, não
podemos deixar de aqui expor as nossas opiniões sobre mais esta obra de um
clássico, que o grupo cénico da SIT nos proporcionou.
À
hora pontual, como é hábito na Sociedade de Instrução Tavaredense, teve início
a récita com uma exposição de mestre José da Silva Ribeiro, que a jeito de
intróito nos situou dentro da obra que se iria representar, e que
simultaneamente, numa intencional linguagem simples e compreensível, nos deu
uma bela lição de teatro. Se mais não valesse, só para ouvir mestre José
Ribeiro, valeu bem deslocarmo-nos à SIT, pois que de um agradável espectáculo
de teatro se tratou.
É
evidente que não poderemos comparar esta peça de Shakespeare a um “Romeu e
Julieta”, mas sem dúvida que se trata de uma bela peça. A mensagem trazida até
nós, tem ainda actualidade, se atentarmos na frase colocada na boca do Rei de
França – que aliás traduz o sentimento de toda a peça – em que ele,
insurgindo-se contra um dos seus fidalgos, por não querer casar com a filha de
um plebeu – “filha de um simples médico” – pergunta irritado se o sangue dela
não será igual ao seu – dele Rei – se há diferença na cor, no peso ou no
aspecto. – Quando se pretende criar uma sociedade
igualitária entre os homens, ainda hoje se poderia citar esta frase a muito boa
gente.
Só quem, como nós, conhece o
trabalho de bastidores, poderá compreender o esforço necessário para que,
comodamente instalados nas nossas cadeiras, pudéssemos apreciar esta
representação. – É todo um trabalho persistente de estudo, ensaios, o montar e
desmontar das cenas – que não quebraram o ritmo do espectáculo – é enfim um
mundo de ocupações.
Foi
com simpatia que vimos no palco da SIT alguns jovens – hoje que a juventude se
espalha por diversas ocupações, nem sempre as mais recomendadas – que a par de
alguns “velhos”, nos deram um belo exemplo e nos fazem confiar no futuro da
nossa juventude. Lado a lado com os já consagrados – João Medina, Fernando
Reis, José Medina, Manuel Lontro, vimos, entre outros, os jovens Ana Paula
Fadigas e Francisco Carvalho – que julgamos serem estreantes – e que julgamos
serem promissoras as suas aptidões para o teatro, – nunca a coragem e boa
vontade vos falte. – Uma palavra ainda para Maria Conceição Mota, que para nós
foi uma agradável revelação.
Tratou-se
de uma estreia, e estamos certos, ou não conhecessemos os métodos de trabalho
da SIT, de que algumas arestas serão ainda limadas. Para todos os que gostam de
teatro, aconselhamos a que em sessões futuras se desloquem a Tavarede e a par
de um belo espectáculo, aceitem uma boa lição de teatro, pois que “TUDO ESTÁ
BEM QUANDO ACABA BEM”.
1978.04.13 -
CORRIGINDO UM LAPSO DO PROF. PAULO QUINTELA (A VOZ DA FIGUEIRA)
A propósito da divulgação do
teatro de Gil Vicente e uma entrevista dada pelo prof. Paulo Quintela ao jornal
“Diário de Notícias”
.........................
Ora
a verdade é que a velhinha Sociedade de Instrução Tavaredense, fundada ali na
vizinha e ridente povoação de Tavarede, a “Terra do Limonete”, em 1904 e desde
então ininterruptamente dedicada, sem quebras nem desfalecimentos, a uma
louvável obra de educação e cultura do povo, desfruta também de inteiro e
inegável direito a figurar entre os agrupamentos cénicos que, de forma efectiva
e permanente, têm dado notável contributo à divulgação do teatro de Gil
Vicente, fazendo-o com elevado nível artístico e invulgar persistência e
dedicação.
Há
62 anos sob a orientação do mesmo director artístico, José da Silva Ribeiro, um
verdadeiro mestre de teatro e que o serve com uma devoção e uma competência
inexcedíveis, bem pode afirmar-se, sem receio de contestação, que o grupo de
amadores da Sociedade de Instrução Tavaredense, se conta hoje entre os melhores
do país.
Mas este homem, dominado pela
profunda convicção de que, perante os incapacitados para a leitura, a arte
dramática deve ser, tem de ser, precioso elemento da grande obra de difusão da
cultura, não podia deixar de dedicar particular atenção à escolha do respectivo
reportório. E assim é que, para além de ter levado à cena, mais de uma dúzia de
originais da sua autoria (só ou em colaboração) e mais de meia dúzia de
traduções e adaptações por ele efectuadas, fez representar pelo menos quatro
peças de Shakespeare, outras tantas de Molière e também dos Irmãos Quintero,
além do teatro de Almeida Garrett, D. João da Câmara, Marcelino Mesquita,
Pinheiro Chagas, Chagas Roquette e uma infinidade de outros mais, tanto
portugueses como estrangeiros, mas sujeitos todos a criteriosa escolha e
selecção. E toda essa vasta, vastíssima, galeria de obras, autores e
personagens, encenada com rigorosa subordinação ao princípio de que, sobre as
tábuas dum palco, os defeitos da representação atingem tal relevância, que
chegam a perverter as próprias virtudes dos textos.
Do
que fica dito já será fácil de prever que um homem de teatro como José da Silva
Ribeiro dificilmente poderia deixar de dar no seu teatro, a Gil Vicente, o
lugar de relevo que ele merece e toda a dimensão que estivesse ao seu alcance.
Assim,
portanto, nenhuma admiração nos deve causar que ele tenha feito representar
pelos seus amadores tavaredenses nada menos de onze originais vicentinos. A
começar do “Auto da Mofina Mendes”, seguido do “Auto da Barca do Inferno”, de
“Todo o Mundo e Ninguém” (do “Auto da Lusitânia”), do “Auto Pastoril
Português”, da “Farsa do Velho da Horta”, do “Pranto da Maria Parda”, do “Dom
Duardos”, de fragmentos do “Auto Pastoril Português”, “Romagem dos Agravados” e
“Breve Sumário da História de Deus” e a acabar no “Auto da Feira”.
Extraordinária
sim, temos de considerar a divulgação desse repertório para além de Tavarede.
Através de famosa “campanha vicentina” em redor do concelho e visando as suas
aldeias rurais. De deslocação a Coimbra, ao Teatro Avenida, com “Noite de
Teatro Português”. De comemoração do “Dia Mundial do Teatro”. E de comemoração
do “V Centenário do Nascimento de Gil Vicente”. Em qualquer dos casos em
espectáculos realizados nesta cidade e promovidos pelos Serviços Culturais da
Biblioteca Municipal da Figueira. Um repertório que havia também de dar lugar a
uma admirável, inesquecível e verdadeira criação artística de Violinda Medina,
no “Pranto da Maria Parda” e numa interpretação com a qual, sem o mínimo de
exagero se pode dizer, poucas e destacadas profissionais seriam capazes de
ombrear.
Para
além do que fica referido, quanto não poderia e deveria ainda escrever-se sobre
o assunto. Se para tanto houvesse maior jeito e o espaço o permitisse.
Cremos,
no entanto, que mais não será preciso para comprovar que houve lapso do Prof.
Doutor Paulo Quintela quando não incluiu os amadores tavaredenses, de José da
Silva Ribeiro, entre os que muito se empenharam em dar o seu contributo à
divulgação do teatro de Gil Vicente.
1978.04.27 -
TEATRO AMADOR DA FIGUEIRA DA FOZ (A
VOZ DA FIGUEIRA)
Não
podia ter sido escolhido melhor título nem mais nivelado grupo de amadores
(nivelamento por cima) para fecho das II Jornadas de Teatro Amador da Figueira
da Foz, do que o grupo cénico de José Ribeiro, que nas I Jornadas, por motivos
alheios à sua vontade, esteve ausente.
A
presença dele nas Jornadas deste ano enriqueceu-as. É que o grupo cénico da
Sociedade de Instrução Tavaredense pode chamar-se um grupo padrão.
A
peça escolhida – a comédia em 5 actos e 13 quadros, de Shakespeare, pode não
cair no pleno agrado de todos os espectadores. Mas não deixa por isso de ser
uma peça de difícil execução, o que para José Ribeiro nunca constituiu motivo
de recusa. Ele até faz gala em transportar as dificulades que se lhe
apresentam. E vence-as sempre, sejam elas de que natureza forem.
“Tudo
está bem quando acaba bem” foi montada com dignidade e representada ao nível do
grupo cénico tavaredense, com muitos figurantes ainda noviços, mas já bem
seguros e conscientes das suas responsabilidades.
Dos
velhos há que assinalar, nos principais papéis, a excelente presença de João
Medina, José Medina, Fernando Reis, Manuel Lontro e José Luís do Nascimento, no
naipe masculino. No feminino, Maria de Lourdes Lontro e outras.
Ana
Paula Fadigas, Ana Maria Bernardes e Maria Conceição Mota, as mais novas, vão
muito bem nas figuras que compuseram.
Parabéns
a todos, porque todos deram, como dissemos, um contributo nivelado para a
construção deste espectáculo.
1978.05.03 - II JORNADAS DE TEATRO AMADOR (O FIGUEIRENSE)
“Tudo
está bem quando acaba bem”. Assim diz o povo e assim se intitula a comédia que
a Sociedade de Instrução Tavaredense trouxe no dia 25, ao palco do Teatro
Peninsular, para encerramento das II Jornadas de Teatro Amador, em boa hora
organizadas pelo benemérito Lions Clube da Figueira da Foz.
Pode
dizer-se que esta benéfica manifestação de actividade cultural em que
participaram onze colectividades do nosso concelho, terminaram, também, como
soi dizer-se, com “chave de ouro” e com dedo de mestre. José da Silva Ribeiro,
considerado como um dos mestres do teatro português, ofereceu ao público que
durante quase três meses semanalmente foi dar incitamento aos amadores
figueirenses, uma excelente peça da autoria do imortal Shakespeare, com
adaptação do ilustre tavaredense. E do espectáculo a que assistimos, não
sabemos o que mais elogiar: se a representação em si admirável, pois todos os
amadores, a maioria com craveira artística, foram contribuintes do êxito que
ele alcançou, se da encenação em que tudo foi condigno, cenários e riquíssimo e
variado guarda-roupa.
Uma
bela noite de teatro. Parabéns aos distintos amadores, ao mestre José Ribeiro,
à SIT e ao Lions, que se propõe continuar, no próximo ano, esta bela
iniciativa.
1978.05.05 - II JORNADAS DE TEATRO AMADOR (BARCA NOVA)
Com William Shakespeare e o grupo cénico da Sociedade
de Instrução Tavaredense, terminaram no passado dia 25 de Abril as II Jornadas
de Teatro Amador, uma organização do Lions Clube desta cidade, como temos vindo
a referir.
Tudo está bem
quando acaba bem foi a peça à qual couberam as honras do encerramento das
jornadas e com a qual, teatralmente, foi atingido o ponto mais elevado deste
certame.
Partindo de um texto menos conhecido de Shakespeare,
os amadores tavaredenses souberam construir um espectáculo, sem dúvida belo,
beleza essa que assenta principalmente na sumptuosidade do guarda-roupa e na
diversificada cenografia. Sobre a peça, não vale a pena determo-nos na sua
análise, pois ela foi escrita por um dos “grandes génios literários e
dramáticos da literatura mundial de todos os tempos”, talvez por ter sabido
captar, como poucos, o particular e o universal simultaneamente.
É justo realçar a magnífica interpretação dos
amadores tavaredenses, que bastante contribuiu para o elevado nível artístico
do espectáculo apresentado. Sem desprimor para nenhum dos outros elementos do
elenco tavaredense, registem-se as intervenções de João Medina, José Medina,
Fernando Reis, José Luís do Nascimento e Ana Paula Fadigas.
1978.11.16 -
UMAS BODAS DE DIAMANTE NOTÁVEIS (A
VOZ DA FIGUEIRA)
A
história dos primeiros 50 anos de vida dessa prestigiosíssima colectividade que
é a Sociedade de Instrução Tavaredense, está fielmente retratada num livro
comemorativo das respectivas “Bodas de Ouro”, da autoria do distinto
jornalista, nosso conterrâneo, José da Silva Ribeiro, que propositadamente a
escreveu em linguagem escorreita e cuidada, mas num estilo singelo, que revela
clara intenção de pretender interessar pessoas de todos os graus de cultura e
ser perfeitamente entendido mesmo pelos mais humildes dos seus leitores. Ela
apenas pecará por uma sobriedade da apreciação de excepcional e admirável Obra
levada a cabo, que bem se compreende e aceita, por o autor ser desde longa data
o grande, esclarecido e proficiente mentor, guia e esteio dessa mesma Obra. O
que a nós, estranhos a ela, mas seus incondicionais admiradores, nos cumpre
suprir.
Foi
a 15 de Janeiro de 1904, que em Tavarede, ridente povoação dos arredores da
Figueira, mas modesto aglomerado rural de menos de mil habitantes, catorze
homens, todos de humílima condição social, parcos meios e modestíssimas
profissões, resolveram fundar a Sociedade de Instrução Tavaredense. Finalidade:
servir de suporte a uma escola para ensino dos sócios e seus filhos. Mas porque
na terra havia largas tradições teatrais, logo elas foram reatadas com a
criação de brioso grupo dramático, que ainda nesse ano deu o seu primeiro
espectáculo.
Os
benefícios prestados à instrução pela escola nocturna desta prestimosa
colectividade, no meio em que actuava e durante um período de 38 anos, em que
funcionou, ininterruptamente, foram incalculáveis. Infelizmente, porém, em
1942, exigências de legislação totalitária do “santa combismo” forçaram a pôr
termo a essa verdadeira campanha de combate ao analfabetismo.
Apesar
das dificuldades e encargos que, em lugar de estímulos e auxílios, lhe foram,
num crescente, sendo impostos, o teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense é
que, longe de perder vitalidade ou mesmo soçobrar, cada vez em ritmo mais
acelerado prosseguiu, tão resoluta como triunfantemente, e sob todos os
aspectos, a sua brilhante carreira ascencional. Cresceu de maneira notável o
seu nível artístico, tanto de reportório como de interpretação. Alargou-se a
sua esfera de acção, ultrapassando a própria sede e área do concelho, com
várias deslocações a terras como o Porto, Coimbra, Leiria, Tomar, Torres Novas,
Pombal, Soure, Marinha Grande, Pampilhosa, Colares, etc., sendo de registar,
neste capítulo, que todas essas deslocações foram sempre para fins de
beneficência e atingiram o número de 20 pelo que se refere a Coimbra e de 16
pelo que diz respeito à cidade de Tomar. Chegou-se mesmo ao ponto de levar a cabo
uma campanha vicentina que, com o maior êxito e todo o mérito, se tornou
extensiva às freguesias rurais do concelho.
Ao
fazer a resenha dos primeiros cinquenta anos de actividade do grupo cénico, que
dirigia há já 38 anos, José da Silva Ribeiro interrogar-se-ia: “Como irá ser o
futuro?”.
Mas
ele em nada desmereceu do passado. Muito pelo contrário.
O
seu famoso agrupamento manteve o mesmo ritmo de intenso labor. Requintou em
primores de interpretação e montagem. Levou à cena cada vez reportório de mais alto
nível, categoria e responsabilidade. Representou, entre muitos outros, Almeida
Garrett, Luís de Camões, Marcelino Mesquita e D. João da Câmara, novas e várias
peças de Gil Vicente, “Romeu e Julieta”, “Dente por Dente”, “Conto de Inverno”,
“Tudo Está Bem Quando Acaba Bem”, de Shakespeare, “As Artimanhas de Scapino”,
“Médico à Força”, “O Avarento” e “Tartufo”, de Molière. Além de umas tantas
peças de José da Silva Ribeiro, que com elas totalizou 19 originais, adaptações
e traduções destinadas ao seu grupo cénico.
Não
devendo esquecer-se as suas intervenções valiosas em comemorações como as do:
“V Centenário da Morte do Infante D. Henrique”; “Dia Mundial do Teatro”; “IV
Centenário de Shakespeare”; “5º. Centenário do nascimento de Gil Vicente”; e
“4º. Centenário da publicação dos Lusíadas”.
Quem
ousará, portanto, pôr em dúvida que são na verdade notáveis as “Bodas de
Diamante” da Sociedade de Instrução Tavaredense? Ou negar que elas constituem a
concludente e irrefutável prova do invulgar amor ao teatro, do bairrismo e da
perseverança no esforço colectivo, mesmo dirigido apenas às coisas do espírito,
da gente da terra do limonete?
Entre
a qual, neste caso ocupa o primeiro lugar por direito próprio, que ninguém
jamais tentou negar-lhe, José da Silva Ribeiro, nobre figura de indefectível
democrata, com carácter espartano, que o emérito professor Joaquim de Carvalho
considerava seu “companheiro de sentimentos e propósitos”.
Um
homem de invulgar inteligência e craveira intelectual, associadas a perfeita
noção da perenidade dos autênticos valores espirituais e sociais, que há 62
anos, com notável estoicismo, é o grande arquitecto de tão admirável Obra, que
no presente caso põe em jogo e acção todas as faculdades do espírito tanto de
intérpretes como de espectadores. Facto que naturalmente leva a concluir que o
teatro, como a música, deveriam fazer parte integrante da cultura geral dos
indivíduos.
Por
tudo o que fica dito e o muito mais que ficou por referir, nos parece serem as
próximas “Bodas de Diamante”, da Sociedade de Instrução Tavaredense, o ocasião
mais oportuna para que a Figueira preste à referida colectividade e ao seu
devotado director cénico as homenagens a que ambos têm inteiro jus.
Com
o que, por múltiplas razões, se cumprirá apenas um dever.
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