sábado, 1 de setembro de 2012

Teatro da S.I.T. - Notas e Críticas - 43


1976.06.04     -     TEATRO (O FIGUEIRENSE)

                O grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense estreia amanhã, no seu teatro, a peça em 3 actos “Monserrate”, original de Emmanuel Robles e tradução de Francisco Mata.
                “Monserrate” é uma peça de construção clássica, nela se reunindo as três unidades – de tempo, de lugar e de acção. Decorre toda ela na sala da guarda da Capitania General em Valência de Venezuela e sem interrupção. O ponto de partida desta acção refere-o a rubrica da peça:
                “Julho de 1812. O chefe venezuelano foi batido e capturado na grande batalha de 11 de junho pelo Capitão-General Monteverde. Simão Bolívar, lugar-tenente de Miranda, conseguiu pôr-se em fuga. Escondido pelos patriotas, escapa às buscas dos perseguidores. Os espanhóis ocupam três quartos do país. A repressão é terrível. Sucedem-se os massacres e pilhagens”.
                Bolívar, o “Libertador”, é a grande figura da obra, sempre presente, embora nunca apareça em cena. Duas personagens dominam os três actos, Monserrate e Izquierdo, travando-se espantoso e aliciante duelo, numa linguagem que o Autor dá rica de beleza, de vigor e de verdade, cheia de força dramática, em que se aliam a violência e a ironia, num realismo sem quebra.

1976.09.10     -     TEATRO (O FIGUEIRENSE)

                No último sábado o teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense teve uma grande enchente: lotação esgotada, e muitos pedidos de lugar só poderão ser atendidos na próxima representação.
                “Monserrate” dominou a assistência, que no 3º acto se não conteve e interrompeu a representação com calorosa salva de palmas. Esses aplausos repetiram-se no final, mais demoradamente e com entusiasmo.
                Isto quer dizer que no próximo sábado, dia 11, terá nova enchente o Teatro de Tavarede.

1978.01.25     -     EM TAVAREDE MORA O TEATRO (MAR ALTO)

                Tal como “Mar Alto” noticiou no seu último número, estreou-se na Sociedade de Instrução Tavaredense, em récita de aniversário, a peça do conhecido dramaturgo inglês William Shakespeare – “TUDO ESTÁ BEM QUANDO ACABA BEM”.
                Estivemos presentes a mais esta noite de teatro em Tavarede, e sem pretendermos ser crítico teatral – porque o não somos – mas porque gostamos de teatro, não podemos deixar de aqui expor as nossas opiniões sobre mais esta obra de um clássico, que o grupo cénico da SIT nos proporcionou.
                À hora pontual, como é hábito na Sociedade de Instrução Tavaredense, teve início a récita com uma exposição de mestre José da Silva Ribeiro, que a jeito de intróito nos situou dentro da obra que se iria representar, e que simultaneamente, numa intencional linguagem simples e compreensível, nos deu uma bela lição de teatro. Se mais não valesse, só para ouvir mestre José Ribeiro, valeu bem deslocarmo-nos à SIT, pois que de um agradável espectáculo de teatro se tratou.
                É evidente que não poderemos comparar esta peça de Shakespeare a um “Romeu e Julieta”, mas sem dúvida que se trata de uma bela peça. A mensagem trazida até nós, tem ainda actualidade, se atentarmos na frase colocada na boca do Rei de França – que aliás traduz o sentimento de toda a peça – em que ele, insurgindo-se contra um dos seus fidalgos, por não querer casar com a filha de um plebeu – “filha de um simples médico” – pergunta irritado se o sangue dela não será igual ao seu – dele Rei – se há diferença na cor, no peso ou no aspecto. – Quando se pretende criar uma sociedade igualitária entre os homens, ainda hoje se poderia citar esta frase a muito boa gente.
                Só quem, como nós, conhece o trabalho de bastidores, poderá compreender o esforço necessário para que, comodamente instalados nas nossas cadeiras, pudéssemos apreciar esta representação. – É todo um trabalho persistente de estudo, ensaios, o montar e desmontar das cenas – que não quebraram o ritmo do espectáculo – é enfim um mundo de ocupações.
                Foi com simpatia que vimos no palco da SIT alguns jovens – hoje que a juventude se espalha por diversas ocupações, nem sempre as mais recomendadas – que a par de alguns “velhos”, nos deram um belo exemplo e nos fazem confiar no futuro da nossa juventude. Lado a lado com os já consagrados – João Medina, Fernando Reis, José Medina, Manuel Lontro, vimos, entre outros, os jovens Ana Paula Fadigas e Francisco Carvalho – que julgamos serem estreantes – e que julgamos serem promissoras as suas aptidões para o teatro, – nunca a coragem e boa vontade vos falte. – Uma palavra ainda para Maria Conceição Mota, que para nós foi uma agradável revelação.
                Tratou-se de uma estreia, e estamos certos, ou não conhecessemos os métodos de trabalho da SIT, de que algumas arestas serão ainda limadas. Para todos os que gostam de teatro, aconselhamos a que em sessões futuras se desloquem a Tavarede e a par de um belo espectáculo, aceitem uma boa lição de teatro, pois que “TUDO ESTÁ BEM QUANDO ACABA BEM”.

1978.04.13     -     CORRIGINDO UM LAPSO DO PROF. PAULO QUINTELA (A VOZ DA FIGUEIRA)

                A propósito da divulgação do teatro de Gil Vicente e uma entrevista dada pelo prof. Paulo Quintela ao jornal “Diário de Notícias”
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                Ora a verdade é que a velhinha Sociedade de Instrução Tavaredense, fundada ali na vizinha e ridente povoação de Tavarede, a “Terra do Limonete”, em 1904 e desde então ininterruptamente dedicada, sem quebras nem desfalecimentos, a uma louvável obra de educação e cultura do povo, desfruta também de inteiro e inegável direito a figurar entre os agrupamentos cénicos que, de forma efectiva e permanente, têm dado notável contributo à divulgação do teatro de Gil Vicente, fazendo-o com elevado nível artístico e invulgar persistência e dedicação.
                Há 62 anos sob a orientação do mesmo director artístico, José da Silva Ribeiro, um verdadeiro mestre de teatro e que o serve com uma devoção e uma competência inexcedíveis, bem pode afirmar-se, sem receio de contestação, que o grupo de amadores da Sociedade de Instrução Tavaredense, se conta hoje entre os melhores do país.
                Mas este homem, dominado pela profunda convicção de que, perante os incapacitados para a leitura, a arte dramática deve ser, tem de ser, precioso elemento da grande obra de difusão da cultura, não podia deixar de dedicar particular atenção à escolha do respectivo reportório. E assim é que, para além de ter levado à cena, mais de uma dúzia de originais da sua autoria (só ou em colaboração) e mais de meia dúzia de traduções e adaptações por ele efectuadas, fez representar pelo menos quatro peças de Shakespeare, outras tantas de Molière e também dos Irmãos Quintero, além do teatro de Almeida Garrett, D. João da Câmara, Marcelino Mesquita, Pinheiro Chagas, Chagas Roquette e uma infinidade de outros mais, tanto portugueses como estrangeiros, mas sujeitos todos a criteriosa escolha e selecção. E toda essa vasta, vastíssima, galeria de obras, autores e personagens, encenada com rigorosa subordinação ao princípio de que, sobre as tábuas dum palco, os defeitos da representação atingem tal relevância, que chegam a perverter as próprias virtudes dos textos.
                Do que fica dito já será fácil de prever que um homem de teatro como José da Silva Ribeiro dificilmente poderia deixar de dar no seu teatro, a Gil Vicente, o lugar de relevo que ele merece e toda a dimensão que estivesse ao seu alcance.
                Assim, portanto, nenhuma admiração nos deve causar que ele tenha feito representar pelos seus amadores tavaredenses nada menos de onze originais vicentinos. A começar do “Auto da Mofina Mendes”, seguido do “Auto da Barca do Inferno”, de “Todo o Mundo e Ninguém” (do “Auto da Lusitânia”), do “Auto Pastoril Português”, da “Farsa do Velho da Horta”, do “Pranto da Maria Parda”, do “Dom Duardos”, de fragmentos do “Auto Pastoril Português”, “Romagem dos Agravados” e “Breve Sumário da História de Deus” e a acabar no “Auto da Feira”.
                Extraordinária sim, temos de considerar a divulgação desse repertório para além de Tavarede. Através de famosa “campanha vicentina” em redor do concelho e visando as suas aldeias rurais. De deslocação a Coimbra, ao Teatro Avenida, com “Noite de Teatro Português”. De comemoração do “Dia Mundial do Teatro”. E de comemoração do “V Centenário do Nascimento de Gil Vicente”. Em qualquer dos casos em espectáculos realizados nesta cidade e promovidos pelos Serviços Culturais da Biblioteca Municipal da Figueira. Um repertório que havia também de dar lugar a uma admirável, inesquecível e verdadeira criação artística de Violinda Medina, no “Pranto da Maria Parda” e numa interpretação com a qual, sem o mínimo de exagero se pode dizer, poucas e destacadas profissionais seriam capazes de ombrear.
                Para além do que fica referido, quanto não poderia e deveria ainda escrever-se sobre o assunto. Se para tanto houvesse maior jeito e o espaço o permitisse.
                Cremos, no entanto, que mais não será preciso para comprovar que houve lapso do Prof. Doutor Paulo Quintela quando não incluiu os amadores tavaredenses, de José da Silva Ribeiro, entre os que muito se empenharam em dar o seu contributo à divulgação do teatro de Gil Vicente.

1978.04.27     -     TEATRO AMADOR DA FIGUEIRA DA FOZ (A VOZ DA FIGUEIRA)

                Não podia ter sido escolhido melhor título nem mais nivelado grupo de amadores (nivelamento por cima) para fecho das II Jornadas de Teatro Amador da Figueira da Foz, do que o grupo cénico de José Ribeiro, que nas I Jornadas, por motivos alheios à sua vontade, esteve ausente.
                A presença dele nas Jornadas deste ano enriqueceu-as. É que o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense pode chamar-se um grupo padrão.
                A peça escolhida – a comédia em 5 actos e 13 quadros, de Shakespeare, pode não cair no pleno agrado de todos os espectadores. Mas não deixa por isso de ser uma peça de difícil execução, o que para José Ribeiro nunca constituiu motivo de recusa. Ele até faz gala em transportar as dificulades que se lhe apresentam. E vence-as sempre, sejam elas de que natureza forem.
                “Tudo está bem quando acaba bem” foi montada com dignidade e representada ao nível do grupo cénico tavaredense, com muitos figurantes ainda noviços, mas já bem seguros e conscientes das suas responsabilidades.
                Dos velhos há que assinalar, nos principais papéis, a excelente presença de João Medina, José Medina, Fernando Reis, Manuel Lontro e José Luís do Nascimento, no naipe masculino. No feminino, Maria de Lourdes Lontro e outras.
                Ana Paula Fadigas, Ana Maria Bernardes e Maria Conceição Mota, as mais novas, vão muito bem nas figuras que compuseram.
                Parabéns a todos, porque todos deram, como dissemos, um contributo nivelado para a construção deste espectáculo.

1978.05.03     -     II JORNADAS DE TEATRO AMADOR (O FIGUEIRENSE)

                “Tudo está bem quando acaba bem”. Assim diz o povo e assim se intitula a comédia que a Sociedade de Instrução Tavaredense trouxe no dia 25, ao palco do Teatro Peninsular, para encerramento das II Jornadas de Teatro Amador, em boa hora organizadas pelo benemérito Lions Clube da Figueira da Foz.
                Pode dizer-se que esta benéfica manifestação de actividade cultural em que participaram onze colectividades do nosso concelho, terminaram, também, como soi dizer-se, com “chave de ouro” e com dedo de mestre. José da Silva Ribeiro, considerado como um dos mestres do teatro português, ofereceu ao público que durante quase três meses semanalmente foi dar incitamento aos amadores figueirenses, uma excelente peça da autoria do imortal Shakespeare, com adaptação do ilustre tavaredense. E do espectáculo a que assistimos, não sabemos o que mais elogiar: se a representação em si admirável, pois todos os amadores, a maioria com craveira artística, foram contribuintes do êxito que ele alcançou, se da encenação em que tudo foi condigno, cenários e riquíssimo e variado guarda-roupa.
                Uma bela noite de teatro. Parabéns aos distintos amadores, ao mestre José Ribeiro, à SIT e ao Lions, que se propõe continuar, no próximo ano, esta bela iniciativa.

1978.05.05     -      II JORNADAS DE TEATRO AMADOR (BARCA NOVA)

                Com William Shakespeare e o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense, terminaram no passado dia 25 de Abril as II Jornadas de Teatro Amador, uma organização do Lions Clube desta cidade, como temos vindo a referir.
                Tudo está bem quando acaba bem foi a peça à qual couberam as honras do encerramento das jornadas e com a qual, teatralmente, foi atingido o ponto mais elevado deste certame.
                Partindo de um texto menos conhecido de Shakespeare, os amadores tavaredenses souberam construir um espectáculo, sem dúvida belo, beleza essa que assenta principalmente na sumptuosidade do guarda-roupa e na diversificada cenografia. Sobre a peça, não vale a pena determo-nos na sua análise, pois ela foi escrita por um dos “grandes génios literários e dramáticos da literatura mundial de todos os tempos”, talvez por ter sabido captar, como poucos, o particular e o universal simultaneamente.
                É justo realçar a magnífica interpretação dos amadores tavaredenses, que bastante contribuiu para o elevado nível artístico do espectáculo apresentado. Sem desprimor para nenhum dos outros elementos do elenco tavaredense, registem-se as intervenções de João Medina, José Medina, Fernando Reis, José Luís do Nascimento e Ana Paula Fadigas.

1978.11.16     -     UMAS BODAS DE DIAMANTE NOTÁVEIS (A VOZ DA FIGUEIRA)

                A história dos primeiros 50 anos de vida dessa prestigiosíssima colectividade que é a Sociedade de Instrução Tavaredense, está fielmente retratada num livro comemorativo das respectivas “Bodas de Ouro”, da autoria do distinto jornalista, nosso conterrâneo, José da Silva Ribeiro, que propositadamente a escreveu em linguagem escorreita e cuidada, mas num estilo singelo, que revela clara intenção de pretender interessar pessoas de todos os graus de cultura e ser perfeitamente entendido mesmo pelos mais humildes dos seus leitores. Ela apenas pecará por uma sobriedade da apreciação de excepcional e admirável Obra levada a cabo, que bem se compreende e aceita, por o autor ser desde longa data o grande, esclarecido e proficiente mentor, guia e esteio dessa mesma Obra. O que a nós, estranhos a ela, mas seus incondicionais admiradores, nos cumpre suprir.
                Foi a 15 de Janeiro de 1904, que em Tavarede, ridente povoação dos arredores da Figueira, mas modesto aglomerado rural de menos de mil habitantes, catorze homens, todos de humílima condição social, parcos meios e modestíssimas profissões, resolveram fundar a Sociedade de Instrução Tavaredense. Finalidade: servir de suporte a uma escola para ensino dos sócios e seus filhos. Mas porque na terra havia largas tradições teatrais, logo elas foram reatadas com a criação de brioso grupo dramático, que ainda nesse ano deu o seu primeiro espectáculo.
                Os benefícios prestados à instrução pela escola nocturna desta prestimosa colectividade, no meio em que actuava e durante um período de 38 anos, em que funcionou, ininterruptamente, foram incalculáveis. Infelizmente, porém, em 1942, exigências de legislação totalitária do “santa combismo” forçaram a pôr termo a essa verdadeira campanha de combate ao analfabetismo.
                Apesar das dificuldades e encargos que, em lugar de estímulos e auxílios, lhe foram, num crescente, sendo impostos, o teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense é que, longe de perder vitalidade ou mesmo soçobrar, cada vez em ritmo mais acelerado prosseguiu, tão resoluta como triunfantemente, e sob todos os aspectos, a sua brilhante carreira ascencional. Cresceu de maneira notável o seu nível artístico, tanto de reportório como de interpretação. Alargou-se a sua esfera de acção, ultrapassando a própria sede e área do concelho, com várias deslocações a terras como o Porto, Coimbra, Leiria, Tomar, Torres Novas, Pombal, Soure, Marinha Grande, Pampilhosa, Colares, etc., sendo de registar, neste capítulo, que todas essas deslocações foram sempre para fins de beneficência e atingiram o número de 20 pelo que se refere a Coimbra e de 16 pelo que diz respeito à cidade de Tomar. Chegou-se mesmo ao ponto de levar a cabo uma campanha vicentina que, com o maior êxito e todo o mérito, se tornou extensiva às freguesias rurais do concelho.
                Ao fazer a resenha dos primeiros cinquenta anos de actividade do grupo cénico, que dirigia há já 38 anos, José da Silva Ribeiro interrogar-se-ia: “Como irá ser o futuro?”.
                Mas ele em nada desmereceu do passado. Muito pelo contrário.
                O seu famoso agrupamento manteve o mesmo ritmo de intenso labor. Requintou em primores de interpretação e montagem. Levou à cena cada vez reportório de mais alto nível, categoria e responsabilidade. Representou, entre muitos outros, Almeida Garrett, Luís de Camões, Marcelino Mesquita e D. João da Câmara, novas e várias peças de Gil Vicente, “Romeu e Julieta”, “Dente por Dente”, “Conto de Inverno”, “Tudo Está Bem Quando Acaba Bem”, de Shakespeare, “As Artimanhas de Scapino”, “Médico à Força”, “O Avarento” e “Tartufo”, de Molière. Além de umas tantas peças de José da Silva Ribeiro, que com elas totalizou 19 originais, adaptações e traduções destinadas ao seu grupo cénico.
                Não devendo esquecer-se as suas intervenções valiosas em comemorações como as do: “V Centenário da Morte do Infante D. Henrique”; “Dia Mundial do Teatro”; “IV Centenário de Shakespeare”; “5º. Centenário do nascimento de Gil Vicente”; e “4º. Centenário da publicação dos Lusíadas”.
                Quem ousará, portanto, pôr em dúvida que são na verdade notáveis as “Bodas de Diamante” da Sociedade de Instrução Tavaredense? Ou negar que elas constituem a concludente e irrefutável prova do invulgar amor ao teatro, do bairrismo e da perseverança no esforço colectivo, mesmo dirigido apenas às coisas do espírito, da gente da terra do limonete?
                Entre a qual, neste caso ocupa o primeiro lugar por direito próprio, que ninguém jamais tentou negar-lhe, José da Silva Ribeiro, nobre figura de indefectível democrata, com carácter espartano, que o emérito professor Joaquim de Carvalho considerava seu “companheiro de sentimentos e propósitos”.
                Um homem de invulgar inteligência e craveira intelectual, associadas a perfeita noção da perenidade dos autênticos valores espirituais e sociais, que há 62 anos, com notável estoicismo, é o grande arquitecto de tão admirável Obra, que no presente caso põe em jogo e acção todas as faculdades do espírito tanto de intérpretes como de espectadores. Facto que naturalmente leva a concluir que o teatro, como a música, deveriam fazer parte integrante da cultura geral dos indivíduos.
                Por tudo o que fica dito e o muito mais que ficou por referir, nos parece serem as próximas “Bodas de Diamante”, da Sociedade de Instrução Tavaredense, o ocasião mais oportuna para que a Figueira preste à referida colectividade e ao seu devotado director cénico as homenagens a que ambos têm inteiro jus.
                Com o que, por múltiplas razões, se cumprirá apenas um dever.

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