sábado, 22 de setembro de 2012

Teatro da S.I.T. - nOTAS E cRÍTICAS - 46


1982.01.29     -     VIAGEM NA NOSSA TERRA (O DEVER)

                A Sociedade de Instrução Tavaredense aproveitou a celebração do seu 78º aniversário para apresentar a peça “Viagem na Nossa Terra”, original de José da Silva Ribeiro e musicada por António Simões, Anselmo Cardoso e João Silva Cascão, integrada nas Comemorações do 1º Centenário da cidade da Figueira da Foz. Acertadamente integrada, acrescentamos nós, uma vez que é nossa opinião ter-se vivido ali um dos pontos mais altos das Comemorações, a nível cultural. Se não o mais alto!
                Porquê?
                José Ribeiro soube aproveitar “Viagem na Nossa Terra” para renascer das cinzas e dos documentos históricos (de que é estudioso credenciado) uma história onde a verdade e a sua perspicácia tecem uma página de alto valor crítico/pedagógico e que será crime deixar limitada a Tavarede. Este espectáculo merece ser visto por todos os figueirenses. Têm a palavra o Presidente da Câmara e Executivo das Comemorações.
                Nas vamos à peça.
                Apenas poderemos dizer que, só no palco, estiveram cerca de 50 figurantes, todos eles com ricos trajes rigorosamente de acordo com as épocas e circunstâncias em cena.
                E que, como por encanto, as cenas se sucediam num ritmo impressionante e sem quebras que prendiam o numeroso público que apenas desviou o olhar quando o acender geral das luzes anunciou o intervalo.
                Os cenários – dezenas de cenários profusamente decorados a rigor – apareciam e desapareciam com uma naturalidade que não está ao alcance de amadores.
                Como de costume, a riquíssima indumentária utilizada pertencia à casa Alberto Anahory que, mais uma vez, primou pela perfeição.
                Sobre os figurantes, apenas se nos oferece dizer que a maior parte deles pisa o palco como muitos profissionais o não fazem e que é notória, até nos mínimos pormenores, a superior orientação desse “homem do teatro e para o teatro” que é, indubitavelmente, José Ribeiro.
                Não há dúvida que quem quiser ver bom teatro terá de ir a Tavarede. Que ninguém desperdice esta oportunidade.
                Após a apoteose final numeroso público exigiu a presença de José Ribeiro que foi calorosamente aplaudido.

1982.02.10     -    VIAGEM NA NOSSA TERRA (MAR ALTO)

                Integrado nas comemorações do 78º. aniversário da Sociedade de Instrução Tavaredense, mais uma peça, original de Mestre José Ribeiro, ali está em representação. Estivémos presentes na estreia, e não resistimos à tentação de escrever uma breve crónica do que nos foi dado apreciar.
                Sabemos, porque temos consciência disso, e porque nos vamos referir a esta peça em termos elogiosos, sendo natural de Tavarede e porque honrosamente tivemos o prazer de fazer parte daquele grupo amador de teatro durante largos anos, sabemos, dizíamos, de que a nossa crónica possa ser interpretada como escrita com um certo sentido “piegas” e de alguma saudade. – É um facto, que não nos podemos alhear dos sentimentos do coração, pois quem alguém que um dia teve a ventura de pertencer ao grupo dramático da SIT, a ele fica eternamente ligado. No entanto, e intencionalmente, deixámos passar alguns dias antes de escrever estas breves palavras, e é com a voz da razão, no nosso entender isento, que transcrevemos a nossa opinião.
                Mas... vamos à “Viagem na Nossa Terra”!
                Esta peça, a que chamamos “Fantasia Histórica”, é mais um original de Mestre José da Silva Ribeiro, que, com os seus oitenta e muitos anos, continua a transportar para o palco toda a juventude do seu enorme talento. Esta peça de teatro é mais um documento histórico da nossa terra, e Mestre José Ribeiro a escreveu em louvor do I Centenário da cidade da Figueira da Foz, pois que alguns quadros o expressam na sua maior clareza. Cavando mais um pouco da história longínqua da sua terra, que tanto ama, - Tavarede -, José Ribeiro não deixou de fazer a sua crítica a momentos actuais e de abraçar a Figueira da Foz neste momento alto da sua existência, que é a comemoração do I Centenário da elevação a cidade.
                Pensamos, temos a certeza, de que este é, até ao momento, o mais alto contributo para as Comemorações. Julgamos mesmo, que seria imperioso a Comissão Executiva das Comemorações do Centenário, fazer todas as demarches para que esta relíquia e rica peça de teatro fizesse uma digressão por todas as freguesias, e povoações onde fosse possível, para que a população do nosso concelho aprendesse um pouco da história da nossa cidade. – De Afonso Henriques até aos nossos dias, à mistura com quadros de fantasia, é mostrada a história de um povo.
                A peça foi escrita pelo sempre jovem Mestre José Ribeiro, mas como é evidente, não é só a ele que devemos estar gratos pelo belo serão que nos foi proporcionado: - Há também todo um lote de “jovens” – dos mais variados escalões etários -, que conseguem transportar para o palco as ideias de José Ribeiro. São eles os amadores da velha SIT. – Lá vimos os veteranos, mas sempre jovens, João Medina, João de Oliveira, o José Luiz do Nascimento, o José Medina, Manuel Lontro, Antonino Santos, João José da Silva, a Maria da Conceição, a Ana Maria Bernardes (que maravilhosa faz), a Lourdes Lontro, e tantos tantos outros ao lado daquela enorme massa de juventude que ali, no palco da SIT, encontram na ocupação dos seus tempos livres uma forma elevada de cultura.
                Quanto à música também não temos palavras, pois que é agradável e melodiosa. Os seus autores, infelizmente dois já desaparecidos, - (António Simões e Anselmo Cardoso) – e João Silva Cascão.
                Uma última palavra para o guarda-roupa de Alberto Anahory: - “Maravilhoso”.
                Não nos queremos alongar em mais considerações, embora de bom grado o fizéssemos.
                Uma última questão: - “Quem não acredita no que dizemos só terá uma solução, que é ir assistir ao espectáculo”. – Se não gosta de teatro, temos a certeza de que ficará a gostar. Se já gosta, ficaria ainda a gostar mais.

1982.03.18     -     JORNADAS DE TEATRO AMADOR (A VOZ DA FIGUEIRA)

                Com a récita da revista “Viagem na Nossa Terra” iniciaram-se em Tavarede, as VI Jornadas de Teatro Amador do Concelho da Figueira, patrocinadas pelo Lions Clube.
                Não nos foi possível assistir à representação do dia 8, por nos termos deslocado a terras do norte, em viagem particular. Porém, já haviamos assistido anteriormente a este espectáculo do grupo de Tavarede – o último trabalho conjunto dos amadores daquela Sociedade de Instrução.
                A história que nos contam pretende ser uma reconstituição de factos ligados à cidade Foz do Mondego. E se por um lado temos de louvar o trabalho de pesquiza efectuado por José da Silva Ribeiro, bem como a intenção que presidiu à difícil montagem das cenas históricas e de “vaudeville”, por outro temos de reconhecer que não foi muito feliz o resultado final.
                O primeiro dos vinte quadros – uma alegoria representando a rainha das praias e os seus quatro elementos de maior interesse (o mar, o sol, o rio e a serra) teve boa representação e mau guarda-roupa.
                A seguir, pensávamos ir assistir a uma sucessão de quadros mais ou menos históricos ligados entre si por uma narração a propósito, o que não aconteceu! Terminaram - isso sim – com a feérie dos quadros de revista, todos eles muito bons. Bons em guarda-roupa, em representação, em música, porém muito mal acompanhados por uma orquestra desafinada, desencontrada e pobre de orquestração.
                Gostámos particularmente do quadro dos tanoeiros, pela homonegeidade dos grupo. E do das filarmónicas pelo conteúdo-ligação política dos diálogos.
                É possível que se tornasse mais fastidioso o espectáculo dividido em duas partes: a histórica e a revisteira, mas talvez ganhasse o conjunto com a clareza de narração que se conseguiria.
                À parte isso, é preciso uma vez mais salientar a justeza dos papéis distribuídos, da representação de todos os elementos e das montagens cénicas, algumas de muito bom efeito.
                Com elementos como José Medina, Avelino Fileno, João Medina, Manuel Lontro, José Luís do Nascimento, Manuel Silva, Lurdes Lontro, Olinda Rodrigues, Luísa Lontro, e as vistosas raparigas do coro, não é difícil fazer uma peça que agrade à maioria.
                Parabéns aos actores e aos técnicos.

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