Daniel, leviano e insensato, conquistador habituado à
cidade, enamora-se de Clara, esquecendo-se que ela era a prometida do seu
irmão, Pedro. Sem medir as consequências da sua atitude, resolve uma noite ir
procurar Clara para lhe confessar o seu amor. Ela, naturalmente, repele-o. Que
se não esquecesse de que ela era a noiva de Pedro, com quem breve iria casar e
pede-lhe que nunca mais procure vê-la senão depois de ser sua cunhada.
Enquanto conversam ouvem Pedro, que se dirigia a casa da sua
noiva, para combinar algumas coisas sobre o seu casamento. E agora?
Pedro
Dorme
o rio, a meiga flor,
Só
eu não posso dormir
Pois
não me deixa este amor
Que
me fizeste sentir.
Clara
Ó
meu Deus, estou perdida,
Ouço
além Pedro cantar
Daniel
Dou
o sangue, a própria vida
Para
o mal remediar
Pedro
Dorme
o sol entre as árvores do céu
E
eu não durmo a pensar no amor teu
Clara
Que
momento doloroso
Que
amargura, santo Deus!
Mas
um Deus que é pai bondoso
Todos
vê dos altos céus
Pedro
Dorme
o sol no azul infindo
Escondendo
o seu esplendor
Eu
não durmo, ando seguindo
O
destino deste amor.
Dorme
linda mariposa
‘té
que volte o claro alvor
Clara e Daniel
Que
momento doloroso
Que
amargura, santo Deus,
Mas
um Deus que é pai bondoso (bis)
Todos
vê dos altos céus. (bis)
Pedro
Dorme
o rio, a meiga flor,
Só
eu não posso dormir
Pois
não me deixa este amor (bis)
Que
me fizeste sentir (bis)
Quando encontra Daniel, Pedro fica verdadeiramente
surpreendido. O que estava ele fazendo ali, junto da casa da sua noiva, aquela
hora da noite? O ciúme morde-o violentamente e Daniel, sem saber que dizer,
balbucia coisas sem nexo. É então que, pela porta por onde entrara
apressadamente Clara, surge Margarida. Tudo escutara e, para salvar a honra de
sua irmã, enfrenta resolutamente Pedro. Era ela, diz, quem estava a ser procurada
por Daniel. Descanse o Pedro, pois Clara até ignorava que ali se encontrava seu
irmão... Sossegou o Pedro e Daniel, verdadeiramente assombrado com o que se
estava passando e acordando da sua leviandade, acaba por reconhecer em
Margarida, a sua velha companheira e confidente das brincadeiras e aventuras de
crianças, quando corriam pelos campos, brincando, enquando o gado pastava
tranquilamente. Lembrou-se e... apaixonou-se. Como normal, tudo acaba em bem. E
logo se preparam dois casamentos em vez de um só. Com imensa alegria e
contentamento, cheios de felicidade pela ocasião, José das Dornas e o Reitor,
abençoam os dois pares sorridentes e felizes. Só que... houve alguém ficou
triste e contrariado. João da Esquina tinha muitas esperanças em casar a sua
filha Francisquinha, com o novo médico, mas ela, mais uma vez, vê-se sem o
desejado noivo.
Clara
Também
canto os olhos pretos
Que
me sabem conquistar
Porque
nunca estão quietos
Nunca
param de bailar
Margarida
P’ra
não serem meus cuidados
Hei-de
sempre assim cantar
Quem
mos dera ver parados
Para
mim sempre a olhar
Clara
Dança
ligeira
Sê
bailadeira
Linda
morena
Qual leve
pena
Margarida
Bem ligeirinha
Qual andorinha
Bem
desenvolta
Que vôa à solta
(O coro bisa as duas últimas quadras)
I N T E R V A L O
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