sexta-feira, 20 de junho de 2014

Operetas em Tavarede - 22

         Daniel, leviano e insensato, conquistador habituado à cidade, enamora-se de Clara, esquecendo-se que ela era a prometida do seu irmão, Pedro. Sem medir as consequências da sua atitude, resolve uma noite ir procurar Clara para lhe confessar o seu amor. Ela, naturalmente, repele-o. Que se não esquecesse de que ela era a noiva de Pedro, com quem breve iria casar e pede-lhe que nunca mais procure vê-la senão depois de ser sua cunhada.

         Enquanto conversam ouvem Pedro, que se dirigia a casa da sua noiva, para combinar algumas coisas sobre o seu casamento. E agora?

            Pedro          
    Dorme o rio, a meiga flor,
    Só eu não posso dormir
    Pois não me deixa este amor
    Que me fizeste sentir.

            Clara  
   Ó meu Deus, estou perdida,
    Ouço além Pedro cantar

            Daniel  
     Dou o sangue, a própria vida
     Para o mal remediar

            Pedro 
    Dorme o sol entre as árvores do céu
    E eu não durmo a pensar no amor teu

           Clara                        
     Que momento doloroso
     Que amargura, santo Deus!
     Mas um Deus que é pai bondoso
     Todos vê dos altos céus

            Pedro  
    Dorme o sol no azul infindo
    Escondendo o seu esplendor
    Eu não durmo, ando seguindo
    O destino deste amor.
    Dorme linda mariposa
   ‘té que volte o claro alvor

            Clara e Daniel 
     Que momento doloroso
     Que amargura, santo Deus,
     Mas um Deus que é pai bondoso         (bis)
     Todos vê dos altos céus.                       (bis)

            Pedro        
      Dorme o rio, a meiga flor,
      Só eu não posso dormir
      Pois não me deixa este amor             (bis)
      Que me fizeste sentir                          (bis)

         Quando encontra Daniel, Pedro fica verdadeiramente surpreendido. O que estava ele fazendo ali, junto da casa da sua noiva, aquela hora da noite? O ciúme morde-o violentamente e Daniel, sem saber que dizer, balbucia coisas sem nexo. É então que, pela porta por onde entrara apressadamente Clara, surge Margarida. Tudo escutara e, para salvar a honra de sua irmã, enfrenta resolutamente Pedro. Era ela, diz, quem estava a ser procurada por Daniel. Descanse o Pedro, pois Clara até ignorava que ali se encontrava seu irmão... Sossegou o Pedro e Daniel, verdadeiramente assombrado com o que se estava passando e acordando da sua leviandade, acaba por reconhecer em Margarida, a sua velha companheira e confidente das brincadeiras e aventuras de crianças, quando corriam pelos campos, brincando, enquando o gado pastava tranquilamente. Lembrou-se e... apaixonou-se. Como normal, tudo acaba em bem. E logo se preparam dois casamentos em vez de um só. Com imensa alegria e contentamento, cheios de felicidade pela ocasião, José das Dornas e o Reitor, abençoam os dois pares sorridentes e felizes. Só que... houve alguém ficou triste e contrariado. João da Esquina tinha muitas esperanças em casar a sua filha Francisquinha, com o novo médico, mas ela, mais uma vez, vê-se sem o desejado noivo.

            Clara                      
   Também canto os olhos pretos
    Que me sabem conquistar
    Porque nunca estão quietos
    Nunca param de bailar

            Margarida       
      P’ra não serem meus cuidados
      Hei-de sempre assim cantar
       Quem mos dera ver parados
       Para mim sempre a olhar

            Clara  
    Dança ligeira          
    Sê bailadeira
    Linda morena               
    Qual leve pena

            Margarida                     
      Bem ligeirinha 
      Qual andorinha
      Bem desenvolta    
      Que vôa à solta

        (O coro bisa as duas últimas quadras)

 I N T E R V A L O

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