Festejando o dia
primeiro de Maio de 1960, o Grupo Musical conseguiu reatar uma velha tradição
da nossa terra. A velha e simpática colectividade da nossa terra, que é o Grupo Musical e de Instrução Tavaredense, está de parabéns.
O rancho 1º de Maio, de sua organização, que se apresentou
em publico no dia 1 do
corrente, e era constituído por 16
pares de bonitas raparigas e garbosos rapazes obteve destacado sucesso.
Muito bem. Oxalá
que tão feliz iniciativa frutifique,
pois que veio reatar uma velha tradição tavaredense, lamentavelmente
interrompida, há anos, como agora se demonstrou.
Quando a marcha, em formação impecável, descia arrogante,
a rua Dr. Oliveira Salazar e parou, frente ao monumento ''Aos Tavaredenses de Amanhã"
no largo que imortaliza o nome sempre querido dos tavaredenses de D. Maria
Amália de Carvalho, falecida há poucos dias, como relatámos, vimos deslizar
pelas faces de muitos rapazes e raparigas, alguns rondando a casa dos setenta anos,
lágrimas de saudade, daquela saudade dos tempos a que já não se pode voltar.
Acompanhava o rancho que foi saudado calorosamente nos
lugares onde se exibiu um bem organizado conjunto musical, que muito
nos sensibilizou por nos trazer à memória
os inesquecíveis momentos da nossa fugaz mocidade em que acompanhávamos a
afamada tuna do Grupo Musical e de Instrução Tavaredense.
A todos, organizadores, rapazes e raparigas, executantes,
e de modo especial a Alberto Esteves Vigário, encarregado da parte
coreográfica, e a Carlos Santos, a cargo de quem esteve a parte musical as
nossas maiores e mais sinceras felicitações pelo que acabam de fazer a bem de Tavarede. Bem hajam.
A despedida da velha casa de espectáculos, erigida por
João José da Costa, teve lugar no dia 29 de Maio de 1960. José da Silva
Ribeiro, o homem que pelas suas invulgares qualidades de carácter, superior
inteligência e profundos conhecimentos da arte de Talma, em nosso entender, e sem a
menor quebra de admiração pelos seus dedicados colaboradores, a Sociedade de Instrução
Tavaredense, ou, por outra, Tavarede fica devendo a arrojada obra de
transformação do seu teatro, antes de subir o pano disse da saudade da
velha sala de espectáculos, recordando enternecidamente todos aqueles que há
mais de 50 anos têm trabalhado para o prestígio da nossa colectividade,
afirmando, em certa altura, que Tavarede
devia aquele teatro ao benemérito João Costa e sua ampliação à filantrópica
Fundação Calouste Gulbenkian.
“O Beijo do Infante” e “O Dia Seguinte”, encerraram com
chave de ouro o ciclo de representações ali efectuadas, por isso que a
assistência, que enchia totalmente o velho teatro, se manifestou de maneira apoteótica.
Contudo, os louros da inesquecível noite foram, sem
desprimor para os restantes amadores, para a simpática e talentosa amadora, Maria Isabel de
Oliveira Reis, pelo magnífico desempenho no papel de Matilde, em "O Dia
Seguinte".
No final do espectáculo, o incansável Presidente da
Direcção, sr. Marino de Freitas Ferraz, convidou todos os amadores da SIT,
velhos e novos, a subir ao palco para, sobre as suas tábuas carunchosas, onde
tantas e tantas horas de alegria
e de aborrecimentos imperecíveis passaram, assistir ao arranque da primeira
tábua, operação esta que foi executada pela
categorizada e premiada amadora, srª D. Violinda Medina e Silva e receber as
entusiásticas saudações da numerosa assistência, que bem traduziam o seu
reconhecimento pelos momentos de prazer que lhe haviam proporcionado.
No domingo,
houve um encontro de futebol entre as equipas da secção dramática e secção
desportiva da SIT, cujo resultado foi um
empate a 1 bola, após o que os jogadores e outros sócios se reuniram em lauta
bacalhoada, que decorreu animadíssima.
À noite efectuou-se o baile, que teve a dar-lhe
entusiasmo, o excelente conjunto "Satélites do Ritmo", dessa cidade.
Foi
um grande e inesquecível baile, que, estamos certos, há-de perdurar por largo
tempo nos corações da mocidade radiosa.
À
meia-noite em ponto, o Presidente da Direcção da SIT pôs em leilão o camartelo
cujas primeiras pancadas assinalaram o começo da demolição das paredes, sendo a
oferta mais elevada a da gentil menina Maria da Conceição Ferreira Soto
Maior.
Também a talentosa amadora, srª D. Violinda Medina e
Silva, aceitando o camartelo que lhe foi oferecido, se lançou num
verdadeiro ataque às velhas paredes. E ainda outras pancadas se seguiram...
Parabéns aos rapazes da SIT
E, agora, ate à inauguração da nova casa de
espectáculos.
Com a
sede em obras, houve interrupção do teatro em Tavarede. Mas o grupo cénico não
parou. Depois de outras deslocações, foram a Vila Real e a Amarante. Mais do que a falia
de tempo de que actualmente podemos dispor, o nosso estado de saúde, cano de
costume, sobrepondo-se aos nossos desejos, não nos permitiu
acompanhar o grupo dramático da Sociedade de InstruçãoTavaredense, nos
dias 10, 11 e 12 do corrente, nas suas jornadas de bem-fazer, desta vez a
Amarante e Vila Real, facto
que, nos penalizou sobremaneira por não podermos viver, pessoalmente, as carinhosas e entusiásticas manifestações
de simpatia e apreço de que foram alvo os nossos conterrâneos, naqueles
importantes localidades nortenhas.
Mas nem por isso deixámos de acompanhar em espírito os
briosos rapazes e simpáticas senhoras, que tão longe levaram o nome da nossa aldeia em missão
cultural e beneficente,
de sentir em nosso coração de tavaredenses o festivo ambiente que a todos rodeou.
E,
assim, para que pudéssemos registar em nossos "apontamentos",
informando os estimados leitores, da triunfal excursão
tavaredense, pedimos a um nosso amigo, que a acompanhou, nos dissesse algo das
suas impressões, pondo-se inteiramente à nossa disposição, gentileza
que, alem dos nos cativar, reconhecidamente agradecemos.
Chegados
a Amarante, à entrada da vila esperavam os visitantes a corporação dos
Bombeiros, Filarmónica local, representantes das colectividades com seus
estandartes, a Comissão promotora do espectáculo, que era a favor do Hospital
da Misericórdia e muito povo. Formou-se um cortejo que percorreu várias ruas, e
das janelas, donde pendiam colgaduras, foram
lançadas flores.
No
edifício da Câmara Municipal deu as boas vindas o Vereador do pelouro da
Cultura e Presidente da Comissão Regional de Turismo da Serra do Marão, tendo
agradecido a carinhosa recepção dispensada o director do grupo cénico.
À noite, no teatro, com a grande sala repleta dum
público que aplaudiu calorosamente, fez a apresentação do grupo de Tavarede, num
brilhantíssimo discurso, o ilustre advogado sr. dr. Balbino de Carvalho, que é
um grande amigo e admirador da Figueira.
A impressão deixada com a representação
de "Os Velhos" foi excelente.
Num
dos intervalos foram oferecidos por simpáticas crianças, a José da Silva
Ribeiro e às distintas amadoras, D. Violinda
Mediria e Silva, menina Maria Isabel de Oliveira Reis, lindos ramos de flores,
gentileza que muito os sensibilizou.
No
dia seguinte, os distintos figueirenses sr. Engenheiro António Gravato e sua
esposa ofereceram aos visitantes, no belo parque florestal onde têm a sua
residência, um almoço que foi motivo para que todos trouxessem de Amarante lembrança inesquecível.
Findo o almoço seguiram os nossos
conterrâneos para Vila Real.
Nesta cidade o espectáculo realizado foi também com
"Os Velhos", a favor da instituição local "A Nossa Casa", obra benemérita do Padre Henrique Maria
dos Santos, que protege da fome para cima de 3 centenas de crianças.
A chegada houve na sede de "A Nossa Casa" uma
breve sessão de boas-vindas. Ali se encontravam o sr. Presidente da
Câmara de Vila Real, o sr. Heitor Correia de Matos, director do jornal "O
Vilarealense"; Aquiles de Almeida, entusiasta promotor desta visita dos tavaredenses a Vila Real; as
senhoras da Conferência de S. Vicente de Paulo e muitas crianças, que cobriram de flores os visitantes à sua entrada; e outras
pessoas de representação. O discurso de boas-vindas foi proferido pelo
sr. Padre Henrique, cujas palavras, cheias de beleza e bondade, deixaram em
todos funda impressão, tendo José Ribeiro,
num vibrante discurso, agradecido as amáveis referencias que o bondoso
sacerdote acabara de dirigir ao grupo dramático que superiormente
orienta.
No teatro, a apresentação do grupo foi feita pelo sr. dr.
Otílio de Carvalho Figueiredo. Nessa ocasião, uma das crianças da obra do Padre Henrique Maria
dos Santos ofereceu à SIT um jarrão que é uma artística obra de faiança. Como em Amarante, o público de Vila Real que enchia a
enorme plateia do teatro aplaudiu com extraordinário entusiasmo a representação
de "Os Velhos".
As já numerosas crianças protegidas pelo Redv° Padre
Henrique obsequiaram os visitantes, como lembrança da sua inesquecível digressão artística e
beneficente, com miniaturas de louça regional.
No dia seguinte realizou-se um almoço de despedida, no
qual falaram o sr. Padre Henrique Maria dos Santos e o Director do
"Vilarealense", sr. Heitor de Matos.
Ao agradecer, José Ribeiro, proferiu um brilhante
improviso, cheio de ternura, em que a sua alma de eleição, dedicada aos
pobres, deu largas aos seus sentimentos filantrópicos.
Comentava-se: nós, aqui na Serra, orgulhamo-nos de
possuir águias, mas lá para as
bandas da Figueira da Foz, nos choupos e salgueiros do ribeiro da pitoresca
aldeia de Tavarede, também se criam extraordinários
rouxinóis, que, pelas suas melodias e cantares, nos transportam, por momentos, às regiões do
sonho.
À
saída de Vila Real foram os
nossos conterrâneos acompanhados até ao limite do concelho pelo Revdº Padre
Henrique Maria dos Santos e outras distintas pessoas, que lhes prodigalizaram
as maiores gentilezas.
As
nossas felicitações ao grupo dramático
da SIT por mais esta sua excursão que, sendo de arte e caridade serviu, também,
de pretexto para a melhor propaganda da sua e nossa ridente aldeia.
Bem haja, pois.
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