Também no Largo do Terreiro se organizaram, em 1915, festas
populares, onde “... abrilhantará as danças uma excelente orquestra composta de
apreciados amadores daqui e da Figueira”.
E antes de iniciarmos as nossas
próprias recordações, ainda vamos transcrever mais um recorte publicado em
1923. “Ainda na minha ultima
carta profetisava uma desusada concorrência a esta terra, na noite de sábado
para domingo, neste dia à tarde, e na
segunda-feira, desde que o tempo o permitisse, e afinal não me enganei.
A noite de sábado era toda luar não fazendo
bafo de vento, e como tal, aí por volta das 10 horas da noite em deante, foi-se notando grande animação de forasteiros, uns preparadinhos
para passarem a noite encostados a um balcão, "copiando", até perder
a fala, cantando ao som dum harmonium e outros ainda, - os mais ajuizados, -
para na dança, conversarem os seus amores, as suas ilusões...
É a mocidade na sua pujança. É
o período de tempo em que a irrequietude dos 20 anos vai testamentando à futura
velhice, que caminha agigantadamente na vertiginosa marcha do dia a dia,
as mais gratas e saudosas recordações...
À
meia noite deu-se inicio à função dançante, que leve logar no largo do Paço,
tocando a tuna da terra! À tarde, continuação do rancho que se prolongou até
depois da meia noite.
Na segunda-feira houve, alem das corridas
pedestres em que foram distribuídos prémios aos vencedores, a tradicional
e sempre agradável "Rosquilhada". Para esta prova hipica estava
inscripto grande numero de "cavaleiros", que montando "belas
estampas burricais", conseguiram enfiar muitas rosquilhas, alguns à custa
do seu trambolhãosinho. Teve também logar um
numero muito interessante e que estava despertando grande interesse da parte
dos amadores respectivos.
Foi o duelo de malha, nos taboleiros da casa
comercial dos sucessores de Francisco Cordeiro. Debateram-se os dois grupos de 1as categorias Triângulos Verde e Vermelho,
disputando-se varias medalhas e uma ceia. Não conseguiu nenhum ganhar, porque durante a hora e meia de jogo fizeram uma conta de
pontos eguais, resolvendo o jury que os mesmos grupos
se batessem no domingo seguinte, o que se não efétivou, por motivo de um dos
jogadores se encontrar doente...”.
Os mais antigos pavilhões de que nos
recordamos eram no Largo do Paço, organizados pelo Grupo Musical, que depois
passou a utilizar um recinto, na quinta do sr. José Duarte, frente à sua sede.
E se do primeiro lugar as ideias já são muito vagas, muito bem nos recordamos
do segundo, até porque foi ali que nos iniciámos na dança!
Anos mais tarde, as chamadas festas de verão,
começaram a ser realizadas no antigo campo de jogos da Sociedade, onde hoje
está construído o pavilhão desportivo. Foi neste que iniciámos a nossa
colaboração na montagem do arraial. Eram sempre serões alegres onde eram feitas
cordas de bandeiras de papel, festões e argolas. Depois íamos apanhar braças de
ramadas de loureiro para as cordas que enfeitavam o pavilhão, dando a volta ao
recinto, de mastro em mastro, e dos cantos até ao mastro central, juntamente
com os enfeites de papel colorido e gambiarras para a iluminação.
Ao centro, rodeando o mastro principal, era
instalado o coreto para a música, o qual, anos depois e para protecção do
vento, passou a ser feito do lado norte do recinto, junto da vedação. Aos lados
eram instaladas as costumadas barracas, para a quermesse, tiro, etc. Indispensável
era o bufete e o retiro dos petiscos. Muitos foram os conjuntos musicais que
por ali passaram. E recordamo-nos muito bem das antigas modas de roda, que, mal
começavam a ouvir-se, logo atraíam velhos e novos a formarem roda a toda a
volta do recinto da dança!
Ainda uma breve recordação para os arraiais
realizados no largo do Terreiro. Eram muito mais simples na ornamentação. Para o coreto serviam as escadas da casa da
‘ti Marquitas’ dos tremoços, freiras e pevides. A orquestra, pomposamente
intitulada de ‘Jazz da Malveira’, era composta por residentes locais, a
sanfona, de Diamantino alfaite, o pífaro, de Manuel Lindote, e a viola, de
nosso pai, Pedro Medina.
A um dos lados era acesa a fogueira, para a
qual íamos à lenha e aos piteirões secos, pelo caminho do Peso e da Serra. Eram
festas quase familiares, alegres na sua simplicidade, mas sempre do agrado de
todos. E que deixaram muitas saudades...
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