S. João
Baptista, o ‘santo casamenteiro’, terá sido aquele que a nossa terra festejou
com o maior entusiasmo e animação.
Meninas de
Tavarede:
Apanhai por vossa mão
Raminhos de limonete
P’ró altar de S. João!
Danças não
faltavam durante o fim de semana festivo, normalmente o primeiro fim de semana
do mês de Julho, pavilhões, largos e ruas artisticamente enfeitadas e as
tradicionais cavalhadas que iam dar a volta à Figueira regressando por Buarcos,
eram os principais eventos que atraíam imensos grupos de gente da cidade e dos
lugares vizinhos.
“Pois
quando ressuscitaram o São João, o grande número das festas foram as
cavalhadas. Porquê? Porque lá estava Tavarede em peso. A freguesia mandou uma
burricada... mais comprida que do Rio ao Paço! Os burros eram tantos que a
gente nem se via no meio deles... Ganhámos o prémio! Tavarede marca!”. (Chá
de Limonete – 3º acto)
Recordemos a
história deste Santo:
Infância e educação
João nasceu numa
pequena aldeia chamada Aim Karim, a cerca de seis quilômetros lineares de distância a oeste de Jerusalém. Segundo interpretações do Evangelho de Lucas, era um nazireu de nascimento. Outros documentos defendem que
pertencia à facção nazarita de Israel, integrando-a na puberdade, era
considerado, por muitos, um homem consagrado. De acordo com a cronologia neste artigo, João teria nascido no ano 7 a.C.; os historiadores religiosos tendem a aproximar esta
data do ano 1º, apontando-a para 2 a.C..
Aos 6 anos de idade,
de acordo com a educação sistemática judaica, todos os meninos deveriam iniciar
a sua aprendizagem "escolar". Em Judá não existia uma escola, pelo
que terá sido o seu pai e a sua mãe a ensiná-lo a ler e a escrever, e a
instruí-lo nas actividades regulares.
Aos 14 anos há uma
mudança no ensino. Os meninos, graduados nas escolas da sinagoga, iniciam um
novo ciclo na sua educação. Como não existia uma escola em Judá, os seus pais
terão decidido levar João a Engedi (atual Qumram) com o fito de este ser iniciado na educação nazarita.
João terá efectuado os
votos de nazarita que incluíam abster-se de bebidas intoxicantes, o deixar o
cabelo crescer, e o não tocar nos mortos. As ofertas que faziam parte do ritual
foram entregues em frente ao templo de Jerusalém como caracterizava o ritual.
Engedi era a sede ao
sul da irmandade nazarita, situava-se perto do Mar Morto e era liderada por um homem, reconhecido, de
nome Ebner.
Morte dos pais e início
da vida adulta]
O pai de João,
Zacarias, terá morrido no ano 12 d.C.. João teria 18-19 anos de idade, e terá sido um
esforço manter o seu voto de não tocar nos mortos. Com a morte do seu pai,
Isabel ficaria dependente de João para o seu sustento. Era normal ser o filho
mais velho a sustentar a família com a morte do pai. João seria filho único.
Para se poder manter próximo de Engedi e ajudar a sua mãe, eles terão se
mudado, de Judá para Hebrom (o deserto da Judeia). Ali João terá iniciado
uma vida de pastor, juntando-se às dezenas de grupos ascetas que deambulavam por aquela região, e que se
juntavam amigavelmente e conviviam com os nazaritas de Engedi.
Isabel terá morrido no
ano 22.d.C e foi sepultada em Hebrom. João ofereceu todos os seus bens de família à
irmandade nazarita e aliviou-se de todas as responsabilidades sociais,
iniciando a sua preparação para aquele que se tornou um “objectivo de vida” -
pregar aos gentios e admoestar os judeus, anunciando a proximidade de um
“Messias” que estabeleceria o “Reino do Céu”. De acordo com um médico da Antioquia, que residia em Písia, de nome Lucas, João terá
iniciado o seu trabalho de pregador no 15º ano do reinado de Tibério. Lucas foi
um discípulo de Paulo, e morreu em 90. A sua herança escrita, narrada no "Evangelho segundo São Lucas" e "Actos dos Apóstolos" foram compiladas em acordo com os seus apontamentos dos
conhecimentos de Paulo e de algumas testemunhas que ele considerou. Este 15º
ano do reinado de Tibério César terá marcado, então, o início da pregação
pública de João e a sua angariação de discípulos por toda a Judeia em acordo
com o Novo Testamento.
Esta data choca com os
acontecimentos cronológicos. O ano 15 do reinado de Tibério ocorreu no
ano 29 d.C.. Nesta data, quer João Baptista, quer Jesus teriam
provavelmente 36 a 37 anos de idade. Desta forma, considera-se que Lucas tenha
errado na datação dos acontecimentos.
Influência religiosa
É perspectiva comum
que a principal influência na vida de João terá sido o registros que lhe
chegaram sobre o profeta Elias. Mesmo a sua forma de vestir com peles de
animais e o seu método de exortação nos seus discursos públicos, demonstravam
uma admiração pelos métodos antepassados do profeta Elias. Foi muitas vezes chamado de “encarnação de Elias” e
o Novo Testamento, pelas palavras de Lucas, refere mesmo que existia uma
incidência do Espírito de Elias nas acções de João.
O Discurso principal
de João era a respeito da vinda do Messias. Grandemente esperado por todos os
judeus, o Messias era a fonte de toda as esperanças deste povo em restaurar a
sua dignidade como nação independente. Os judeus defendiam a ideia da sua
nacionalidade ter iniciado com Abraão, e que esta atingiria o seu ponto culminar com
achegada do Messias. João advertia os judeus e convertia gentios, e isto
tornou-o amado por uns e desprezado por outros.
Importante notar que
João não introduziu o baptismo no conceito judaico, este já era uma cerimónia
praticada. A inovação de João terá sido a abertura da cerimónia à conversão dos
gentios, causando assim muita polémica.
Numa pequena aldeia de
nome “Adão” João pregou a respeito “daquele que viria”, do qual não seria digno
nem de apertar as alparcas (as correias das sandálias). Nessa aldeia também,
João acusou Herodes e repreendeu-o no seu discurso, por este ter uma ligação
com a sua cunhada Herodíades, que era mulher de Filipe, rei da Ituréia e
Traconites (irmão de Herodes
Antipas I). Esta acusação
pública chegou aos ouvidos do tetrarca e valeu-lhe a prisão e a pena capital
por decapitação alguns meses mais tarde.
O batismo de Jesus
João batizava em Pela,
quando Jesus se aproximou, na margem do rio Jordão. A síntese bíblica do acontecimento é resumida, mas
denota alguns fatores fundamentais no sentimento da experiência de João. Nesta
altura João encontrava-se no auge das suas pregações. Teria já entre 25 a 30
discípulos e batizava judeus e gentios arrependidos. Neste tempo os judeus
acreditavam que Deus castigava não só os iníquos, mas as suas gerações
descendentes. Eles acreditavam que apenas um judeu poderia ser o culpado do
castigo de toda a nação. O baptismo para muitos dos judeus não era o resultado
de um arrependimento pessoal. O trabalho de João progredia [carece de fontes].
Os relatos Bíblicos
contam a história da voz que se ouviu, quando João batizou Jesus, dizendo “este
é o Meu filho amado no qual ponho toda a minha complascência”. Refere que uma
pomba esvoaçou sobre os dois personagens dentro do rio, e relacionam essa ave
com uma manifestação do Espírito Santo. Este acontecimento sem qualquer
repetição histórica tem servido por base a imensas doutrinas.
Prisão e morte
O aprisionamento de
João ocorreu na Pereia, a mando do Rei Herodes Antipas
I no 6º mês do ano 26 d.C.. Ele foi levado para a fortaleza de Macaeros
(Maqueronte), onde foi mantido por dez meses até ao dia de sua morte. O motivo
desse aprisionamento apontava para a liderança de uma revolução. Herodias, por intermédio de sua filha, tradicionalmente
chamada de Salomé, conseguiu coagir o Rei na morte de João, e a sua
cabeça foi-lhe entregue numa bandeja de prata.
Os discípulos de João
trataram do sepultamento do seu corpo e de anunciar a sua morte ao seu primo
Jesus. (Wikipédia)
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