Ao folhear, uma vez
mais, os meus cadernos com as notícias de Tavarede publicadas nos jornais
figueirense, ocorreu-me a ideia de fazer um caderno onde recordasse alguns dos
usos e costumes dos nossos antepassados, os quais hoje estão praticamente
esquecidos, ou pouco menos, pois ainda há um ou outro que se procuram recordar
esporadicamente.
Pensei intitular este caderno acrescentando a palavra
‘tradições’. Consultando um ‘amigo’ dicionário, verifiquei correctamente o
significado desta palavra: “transmissão de valores e de factos históricos,
artísticos e sociais, de geração em geração, através da palavra ou do
exemplo...”.
Ora, na nossa Terra do Limonete, com um pouco de boa
vontade, poderíamos englobar na palavra ‘tradição’, duas artes artísticas tão
queridas das nossas gentes, aqui já velhinhas de mais de duzentos anos, sempre
seguidas e praticadas pelas sucessivas gerações. Refiro-me ao Teatro e à
Música, que ainda hoje, embora sem a amplitude que usufruiram há algumas décadas,
ainda vão tendo uma prática, irregular é certo, mas que procura as não deixar
acabar em definitivo.
Mas, sobre o Teatro e sobre a Música, na nossa terra, já
muita coisa foi recordada e escrita. Eu mesmo, no meu caderno “Tavarede – a
terra de meus avós”, o fiz no segundo volume, onde procurei narrar o surgimento
e o desenvolvimento destas duas artes, de acordo com informações que consegui
reunir nas colecções dos jornais locais e noutras publicações disponíveis.
Seria descabido, logicamente, dar o título de ‘tradições’ ao
que entendi recordar agora, como algumas festas, religiosas e profanas, que só
vivem na lembrança de alguns, por as terem visto recordadas no teatro, bem como
um ou outro dos velhos usos e costumes tavaredenses que, por uma saudável
teimosia, ainda procuram fazer reviver do esquecimento em que se encontravam
adormecidos num longo sono.
Alguma coisa repetirei de cadernos compilados anteriormente,
mais irei sempre procurando evitar repetições, utilizando outras notas
encontradas e sobre os assuntos que evocarei. Não pretendo, e disso tenho a
certeza, que seja um trabalho profundo.
Faltam-me, para tal, os necessários conhecimentos. Isso competirá a
outros mais estudiosos e competentes do que eu.
Mas, e espero, que aquilo que recordarei, possa ser um ponto
de partida para algum vindouro, tavaredense ou não, que queira estudar a
interessante e variada história da velha Terra do Limonete.
1 - As festas ao S.João de Tavarede
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