O Grupo Musical também organizava tais
reuniões, onde seus sócios e sua famílias, folgavam e gozavam de um bem
merecido descanso domingueiro. Mas a sua tuna, que foi considerada a mais
completa do concelho, adquiriu outro costume: o passeio ao Buçaco ou às termas
da Amieira, onde se exibiam apresentando o seu variado reportório, passando o
resto do dia em alegre convívio. Estes passeios tinham lugar na quinta-feira da
Ascensão.
Acerca de um dos passeios que esta associação realizou à
Serra da Boa Viagem, recolhemos o seguinte apontamento: “...Ficou bem memorável no espirito da família do Grupo Musical e d’Instrução
Tavaredense aquele explendido passeio à Serra da Boa Viagem, em um dos
últimos domingos.
A enorme caravana saiu e entrou aqui na melhor ordem e alegria,
tendo a tuna tocado para a mocidade irrequieta, que naqueles momentos esquece
sempre cuidados e afazeres para expandir a alegria bem própria do verdor dos
seus anos. Os farnéis - suculentos e variados
- foram gastronomizados no aprazível monte da Vela, donde se disfructam inebriantes
paisagens, e num pinhal pitoresco próximo do Prazo de Tavarede, onde a folia
teve largas até perto da noite.
Limitamo-nos pois, a registar, com subido
orgulho e prazer, que as festas, - sejam elas de que espécie fôr - que o Grupo
Musical e d’Instrução Tavaredense leva a efeito, são sempre caracterizadas por
um tom alegre e feliz. Sim, senhores. Venham de lá novos convites para
digressões desta natureza.. Porque, sejamos francos, nem só de pão vive o
homem... “.
Por acaso, foi no dia da Ascenção de 1938, que a tuna do Grupo
realizou a sua última saída para fora da terra. No ano seguinte acabou. Mas
ainda damos conta do passeio realizado em 1942, que as duas colectividades
tavaredenses levaram a efeito conjuntamente. “As colectividades locais - Grupo Musical
e Sociedade de Instrução Tavaredense - organizam no próximo domingo, 21, o seu
costumado passeio anual de confraternização. Foi escolhido para local de
acampamento, o aprazível “Pinhal da Borlateira” próximo dos Condados,
gentilmente posto à disposição dos organizadores, pelo seu proprietário, sr.
dr. Manuel Gomes Cruz.
Do programa elaborado por mão de mestre fazem parte, além
duma formidavel “matinée dançante... ao ar livre”, abrilhantada pelo afamado
jazz “Lúcia Lima ou Limonete”?, especialmente contratado para esse fim,
estupendas e mirabolantes provas desportivas para ambos os sexos. Vai ser um
dia de grande “ferróbódó”, a avaliar pelo enorme entusiasmo que reina entre a
família associativa das duas populares colectividades”.
Era durante estas confraternizações que se disputavam algums
jogos tradicionais. Enquanto uns, mais apreciadores do descanso, jogavam uma
‘suecada’, outros optavam pelo clássico jogo da malha. Este, também chamado do
‘fito’, era um dos jogos mais costumados das nossas gentes. Todas as tabernas
locais possuiam, em seus quintais, os tabuleiros necessários à prática da
malha, que, durante as tardes dos domingos e dias feriados, estavam sempre
ocupados travando-se rijas disputas.
Outro jogo também muito praticado na nossa terra, era o
chamado ‘jogo da pela’. Em plena Rua Direita, formados os dois grupos adversários
e posto o pequeno banco de madeira no chão, de imediato a bola de trapos,
lançada com força, dava início à partida.
Muitos eram os tradicionais jogos populares que serviam de
passatempo aos tavaredenses. Quanto a nós, é com imensa saudade que lembramos
os nossos tempos de rapaz, quando também os jogávamos. E se recordo um, na
década de 1940, com a engraçada ‘corrida das colheres’, transportadas na boca
com um ovo em cima, é só para inserirmos uma fotografia tirada nessa tarde, da
corrida de sacos.
Corridas das colheres,dentro de sacos.
Nunca
mais vimos os rapazes da nossa terra jogarem ao pião, ao berlinde, ou fazerem
as disputadas corridas de pés atados ou com o arco, que acabávamos sempre
cobertos de suor. Tantos e tão variados jogos... Mas ainda vamos recordar dois
deles.
Nas tabernas era habitual o jogo de
cartas, especialmente o chamado ‘liques’, quando disputado por quatro
jogadores, ‘garujo’, por seis, ‘zangarelho’, por oito e até ‘ganipo’, quando se
agrupavam dez jogadores. Constantemente se ouviam as cantigas a ‘seis’, ‘nove’,
até terminarem a ‘moca’, que, à melhor de três, dava direito a bebida paga
pelos perdedores.
Outro jogo, também muito popular entre
nós, era o chamado do ‘caqueiro’. Naquele tempo ainda não havia água canalizada
nas casas, pelo que era a água da nossa fonte a utilizada e que as mulheres iam
buscar, com os seus potes à cabeça. Naturalmente que, e como diz o velho
ditado, ‘tantas vezes o pote vai à fonte que lá deixa a asa’. Eram as vasilhas
de barro que rachavam e que eram postas de lado.
Pelo período carnavalesco jogava-se,
então, o ‘caqueiro’. A rapaziada ia de casa em casa recolhendo potes, cântaros
e bilhas rachadas, e até velhas caçoilas de barro, todas cobertas exteriormente
de fuligem negra, servindo tudo para o jogo.
Formada a roda, raparigas e rapazes
logo começavam a atirar aquelas peças de barro de um lado para o outro. Se
alguns conseguiam agarrá-las inteiras e as atiravam para outro parceiro, outros
haviam que, talvez mais desajeitados, a deixavam cair ou partir-se nas suas
mãos. No fim era uma caqueirada infernal.
Recordámos alguns dos nossos jogos
tradicionais. Outros nos esqueceram, talvez, atér, os mais usuais...
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