Era, assim, que em Tavarede se festejava e honrava o dia do
seu santo padroeiro. Mas, anos mais tarde, o dia de São Martinho de Tavarede
passou a ter festas condignas. Foi entendido, e muito bem, que a data era
oportuna para a realização de um cortejo de oferendas, que proporcionasse
receitas necessárias a diversas obras na nossa igreja paroquial. Aconteceu em
1966 e foi um sucesso.
“As festivas homenagens prestadas, no
domingo, em louvor de S. Martinho, padroeiro da paróquia tavaredense, a que não
faltou um sol radioso, em nada desmereceram das solenidades dos anos
anteriores. Pelo contrário este ano, notámos maior entusiasmo, maior
vibração...
Evidentemente que seria estultícia da
nossa parte pretendermos compará-las às do ano passado em que, pela primeira
vez, desde que nos conhecemos, se realizou na nossa terra um cortejo de
oferendas, que pela sua grandiosidade e resultado financeiro obtido,
ultrapassando as hipóteses mais optimistas, ficará memorável nos anais da
história da vida local como plena afirmação de bairrismo e de amor à nossa
vetusta Igreja, para cujas obras de que tanto necessita, se destinava o produto
alcançado. Não, sejamos comedidos...
Manhã cedo, o rebentar de foguetes e o
barulhento “Zé Pereira”, que na véspera havia percorrido todos os lugares da
freguesia, anunciaram o começo da tradicional festividade.
Pelas 10 horas, o nosso revdº pároco
rezou missa com a assistência de muitos fiéis, que na altura propícia se
abeiraram da sagrada mesa para receber o Senhor.
Após o almoço principiou a fazer-se a
concentração dos andores vindos de todas as povoações que constituem a
paróquia, recheadinhos de generosas ofertas.
Cerca das 14 horas teve lugar a missa
solene, a que presidiu o revdº pároco de Vila Verde, P.e José Nunes Barata,
tendo por acólitos os revdºs priores de Buarcos e Quiaios, P.es Abrantes Couto
e Manuel da Silva, respectivamente. O grupo coral da Igreja prestou valiosa
colaboração à solenidade, estando ao orgão o sr. José Guerra.
O sermão da festa foi proferido pelo
distinto orador sagrado P.e Manuel da Silva, que em rasgos de oratória
brilhante prendeu a atenção dos numerosos ouvintes, os quais finda a santa
missa comentavam com o maior agrado as eloquentes palavras, repletas de belos e
educativos ensinamentos, de sua reverência.
Seguidamente organizou-se a solene
procissão com a veneranda Imagem de S. Martinho, nela se incorporando as
associações religiosas e autoridades locais.
Belo espectáculo que os nossos olhos
presenciaram. Nada menos de 13 andores abriam o préstito, conduzidos por
graciosas raparigas e garbosos moços, não faltando os simpáticos soldados do
nosso Exército, que transportavam o andor de S. Martinho – eles que em breve
irão partir para o Ultramar defender a perpetuidade da Pátria Portuguesa...
Depois de ter recolhido a procissão,
que percorreu as ruas do costume e foi abrilhantada pela distinta Filarmónica
Figueirense, todos os andores ocuparam os lugares que previamente lhes haviam
sido destinados.
Espectáculo vivo, cheio de cor, que,
apesar de ruidoso, torna-se alegre, de certo modo divertido, pois os
pregoeiros, entusiasmados, procuram vender a sua mercadoria ao melhor preço aos
numerosos clientes...
Como acima referimos, o cortejo de
domingo não teve a grandiosidade do cortejo de oferendas do ano passado.
Todavia, considerando os instantes peditórios que se verificam durante o ano,
não restam dúvidas de que a paróquia tavaredense está de parabéns. Todos os
lugares – Quatro Caminhos do Senhor da Arieira. Azenhas e Saltadouro,
Ferrugent, Chã, Vergieira, Caceira e Casal da Areia, Carritos, Bairro da
Estação, Bairro da Bela Vista, Casal da Robala, Várzea, Vila Robim e Tavarede –
primaram por merecer honrosa presença. Por tal facto nós desejariamos envolver
desde os seus organizadores ao mais modesto colaborador, num sincero abraço de
felicitações, incluindo na nossa saudação todos os paroquianos que contribuiram
com sua generosa dádiva.
A nossa Igreja precisa de grandes obras
e urgentes que custam algumas dezenas de contos, por isso que julgamos ser
dever de todo o paroquiano prestar-lhe o seu auxílio, na medida das suas
possibilidades.
Não desejamos terminar este nosso
apontamento sem aqui expressar as nossas calorosas saudações ao bondoso pároco
da nossa freguesia, revdº Paulo Ribeiro, pelo assinalado brilhantismo com que a
festa decorreu, vendo, de tal modo, coroado do melhor êxito o seu incansável labor
dispendido durante a organização.
Bem haja, pois”.
A partir de então passou a ser um costume da nossa terra.
Organizado por uma comissão religiosa, o S. Martinho de Tavarede é festejado em
dois domingos, sendo no primeiro realizado o cortejo de oferendas, seguido do
participado leilão das ofertas, e no domingo seguinte são as festividades
religiosas, realizando-se, da parte da tarde, a procissão em honra do nosso
padroeiro.
Também deve ser realçado a importância que estes festejos
tiveram para o financiamento da construção do Centro de Dia S. Martinho de
Tavarede, obra levada a efeito e que é de grande utilidade para a freguesia,
assim como para a realização de obras indispensáveis à conservação da igreja de
Tavarede.
Sem comentários:
Enviar um comentário