sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Maria Teresa Oliveira

Maria Teresa Oliveira, na peça 'Alguém terá de morrer' (1969)


Bonita festa a que homenageou D. Maria Teresa de Oliveira, que há meio século se devota ao Teatro e à Benemerência.


Muitos dos seus admiradores foram a Tavarede numa noite de Inverno impiedoso dizer-lhe com a sua presença e os seus aplausos (que atingiram proporções de apoteose) que não olvidam o que a Mariquinhas representa no mundo de hoje. O que vale a sua devoção, o seu exemplo, a sua entrega, total e desinteressada, o uma obra de Arte e Benfazer. Cuidar dia a dia dos mil pormenores que exigem a actividade permanente dum palco e dum grupo de teatro. E tudo desinteressadamente. E tudo tão naturalmente como se respira.


Cuidar da sua vida, dos seus problemas próprios, duma família tão experimentada por tantas vicissitudes, e ainda devotar-se profundamente, dia a dia, ao longo de meio século, a uma tarefa de valorização da Grei. E sem se pôr nos bicos dos pés, sem afrontar ninguém com os seus méritos reais e invulgares.


D. Maria Teresa de Oliveira ajudou a pôr em cena muitas dezenas de peças; estudou muitos papéis; percorreu o País, quase sempre desconfortàvelmente, para que a maior receita possível fosse beneficiar o maior número de necessitados; nunca recusou, nunca voltou as costas, nunca esperou que lhe batessem encarecidamente à porta. Com a Mariquinhas todos, em toda a parte, podiam contar. Todos, sem excepção, num diálogo de cinquenta anos.


O espectáculo decorreu sempre numa permanente comunhão de sentimentos entre o palco e a sala.


Todos sentiam a homenagem que se estava a prestar. O teatro de Gil Vicente, ainda não totalmente despido do ar pesado e duro da Idade-Média, era com o seu forte e intenso humanismo o primeiro clarão da festa. Depois veio a movimentação alegre, a música cheia de vibração e sentimento do Chá de Limonete e Terra do Limonete, as duas peças em que José Ribeiro evoca a história e os costumes da nossa região com tanto carinho. Constantes ovações, quadros repetidamente bisados, fizeram do espectáculo uma noite inolvidável.


Depois foi a parte final: no palco todos os amadores, muitas flores, muitos abraços e felicitações de admiradores de D. Maria Teresa de Oliveira, a quem foi entregue uma mensagem assinada por centenas de pessoas.


O sr. António de Oliveira Lopes, presidente da Sociedade de Instrução Tavaredense, disse das razões da festa, do significado da homenagem, e agradeceu a presença de todos, especialmente da srª. drª. Cristina Torres, professora e figueirense distinta que, muito justamente, toda a Figueira admira e respeita.


A srª. drª. Cristina Torres terminou a festa com uma lição de ternura, numa conversa de amiga para amiga, exaltando com simplicidade todo o valor de Maria Teresa, todo o valor da família Ribeiro, que tinha construído em Tavarede um oásis de Bondade.



Se fosse mais nova, iria com José Ribeiro, por aí fora, construir outros oásis, onde o caminheiro pudesse descansar das longas caminhadas por entre as regiões áridas e hostis da vida dos nossos dias.



Maria Teresa de Oliveira era o exemplo vivo do que é capaz uma pessoa desprovida de bens materiais: capaz de construir uma obra de bondade devotada aos que precisam, aos que carecem de tanta coisa, e que encontram em Maria Teresa e nos amadores de Tavarede um auxílio desinteressado e pronto.


A srª. drª. D. Cristina Torres sugeriu que na Sociedade de Instrção Tavaredense se erguesse uma coluna em que ao nome de Maria Teresa de Oliveira se associasse apenas uma palavra: Bondade.


Num beberete reuniram-se depois os amadores, directores e admiradores da distinta amadora.

(Mar Alto - 26.Fevereiro.1969)

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