sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Teatro da S.I.T. - Notas e Críticas - 13

1938


ENTRE GIESTAS

A simpatia e o carinho de que justamente goza o Jardim Escola João de Deus da Figueira expressivamente se afirmaram na têrça-feira à noite: o teatro do Casino Peninsular, onde se realizava uma festa a favor desta admirável instituição, encheu-se.


À hora marcada, com a pontualidade habitual das récitas do grupo tavaredense, abriu-se a cortina de veludo e no palco apareceram as 80 crianças que frequentam o Jardim-Escola, que foram carinhosamente saudadas com uma salva de palmas.


Durante uns 20 minutos, a assistência esteve encantada com os ingénuos recitativos, as cantigas, as danças com que aquelas crianças encheram a sala de gorgeios, de ruido, de movimento, de alegria que a todos se comunicou.


Quando a cortina se fechou, escondendo à nossa vista as oito dezenas de crianças que, acompanhadas pelas suas distintas professoras, ali viamos tôdas felizes e tôdas lindas nos seus bibes do Jardim-Escola, uma impressão agradabilissima, de ternura e de encanto, dominada os espíritos.


Seguiu-se a representação de Entre Giestas pelo grupo da Sociedade de Instrução Tavaredense. A explêndida peça de Carlos Selvagem tem desempenho brilhante por parte dos amadores tavaredenses.


Nos aplausos com que a assistência se manifestou, não houve sombra de favor.


É muito raro ver uma peça de tamanha responsabilidades assim representada por amadores.


Aqui deixamos à simpática e benemérita Sociedade de Instrução Tavaredense – que ainda há pouco foi representar às Alhadas a favor do Jardim-Escola dali e agora veio em auxilio do Jardim-Escola da Figueira – o nosso aplauso caloroso. (Jornal da Figueira – 04.30)

A RÉCITA DA SOCIEDADE DE INSTRUÇÃO TAVAREDENSE

Prevendo uma grande concorrência à récita da Sociedade de Instrução Tavaredense, na próxima quarta-feira, no teatro do Casino Peninsular, não nos enganamos: a peça que o grupo tavaredense traz à Figueira, em única representação, é uma obra-prima dos célebres comediógrafos espanhóis Irmãos Quinteros, que em Génio Alegre têm uma bela afirmação do seu génio e do seu talento artístico neste género de teatro que êles criaram e em que ninguém os excedeu. São 3 actos admiráveis, de diálogo expontâneo, vivo, com figuras de recorte característico, cheios de bom humor, de optimismo, de ternura, representados na moldura própria – um lindo cenário expressamente pintado pelo distinto artista Reynaud – e com uma montagem cénica cénica primorosa, em que todos os pormenores são considerados, desde o guarda-roupa ao arranjo da cena. Pode afoitamente garantir-se que a representação do Génio Alegre será um espectáculo encantador, que deixará contentes os espectadores e será na Figueira, como o foi em Tavarede, mais um brilhante êxito artistico dos simples amadores tavaredenses.


Acresce a tudo isto a simpatia de que justamente goza a Sociedade de Instrução Tavaredense, pela sua notável acção educativa e cultural e pelo muito que lhe devem as instituições de beneficência.


Sempre que se lhe dirigiram instituições de beneficência da nossa terra a pedir a colaboração, tôdas, absolutamente tôdas, receberam da parte da Sociedade de Instrução Tavaredense a mais decidida anuência e sempre com um desinterêsse completo, absoluto, que ninguém ultrapassou. Dentre outras récitas de beneficência no nosso concelho, lembramo-nos de ter visto representadas as peças: Amores de Mariana, Sonho do Cavador, Em busca da Lúcia-Lima, A Cigarra e a Formiga, Os Fidalgos da Casa Mourisca, Canção do Berço, A Morgadinha de Valflor, Entre Giestas, etc.


Por isso o público da nossa terra – que aliás nunca foi assediado pela Sociedade de Instrução Tavaredense com a usual passagem da casa – acorre expontâneamente às suas récitas e aplaude, como êle merece, o simpático e distinto grupo de amadores.
Isso mesmo se repetirá no dia 15. (Jornal da Figueira – 06.11)

GÉNIO ALEGRE

Foi o que previramos: um brilhante êxito, a representação da encantadora peça dos Quinteros – Génio Alegre.


Numa interpretação excelente e em conjunto afinadíssimo, os distintos amadores tavaredenses afirmaram mais uma vez o seu valor vencendo galhardamente as dificuldades da obra, que são muitas. Génio Alegre foi admiravelmente representado, no ritmo que a peça exige. O público sentiu-se dominado, e do seu completo agrado claramente dizem as grandes salvas de palmas com que aplaudiu nos finais de acto, e sobretudo a calorosíssima, espontânea e prolongada ovação com que interrompeu o 2º acto, sublinhando a magistral descrição do repique feita por Consuelo. Poucas vezes temos ouvido tão entusiásticos aplausos cortando a representação duma peça. Mas o público só fêz justiça.


A montagem da peça dos Quinteros teve por parte da Sociedade de Instrução Tavaredense um cuidado meticuloso. Foi realmente primorosa. Guarda-roupa excelente. E cenário lindíssimo, que confirma os méritos do distinto artista que é Rogério Reynaud.


Emfim: um êxito brilhante, invulgar, muito honroso para os tavaredenses.


Muito bem! (Jornal da Figueira – 06.18)


GÉNIO ALEGRE

A recita de quarta-feira no Teatro do Casino Peninsularm pelo grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense, foi mais um triunfo para o festejado grupo de amadores que, sob a direcção de José Ribeiro, tem tido ocasião de se ver justamente aplaudido por diversas plateias: umas em que o carinho patricio envolve os personagens e as peças e os cenarios, outras em que os espectadores se manifestam em aplausos de admiração, onde o coração não toma parte, porque os amadores lhes são desconhecidos...


A peça dos Irmãos Quintero – “Genio Alegre” – teve uma interpretação muito afinada, todos os amadores compreenderam bem as situações, e do conjunto resultou a satisfação do publico que sem deixar correr a cortina premiou o trabalho da amadora D. Violinda Medina, após uma fala que ela disse com ternura, com beleza, com espirito e entusiasmo... que entusiasmou a plateia. Bem merecidas palmas.


O cenario, bom. Os arranjos de cena, bem. Tudo bem, pelo que damos os nossos emboras a José Ribeiro e ao seu grupo, que enriqueceram o seu repertorio já vasto com mais uma peça que se vê com agrado, e é uma novidade introduzida no genero de teatro a que os amadores de Tavarede se têm dedicado. (Jornal Reclamo – 06.19)

RECORDAÇÕES DE TAVAREDE

Descendo do Terreiro da casa de Ourão para o extremo do povoado, atravessam-se umas ruellas que, pela exiguidade da sua largura e extensão, não podem merecer o nome de - ruas.


De um e outro lado d’ellas vêem-se uns casebres acanhados, antiquissimos, baixos, quasi sem luz, não vestindo a camisa lavada do caio branco, alegre, que tanto distingue a apparencia da rua Direita. É um contraste. Parece que esta, como outras povoações, conserva ainda o timbre condemnavel de mostrar apparencias. É o que na linguagem pittoresca do povo se pode chamar: -um janota de casaca e... sem camisa.


Se isso coubesse dentro das considerações dos interesses particulares e d’aquelles que se teem de levar em conta relativamente ás forças dos cofres municipaes, a sciencia aconselharia a hygiene, a formosura, a saude dos povos, que, estas terras moldadas em um principio acanhado, se fossem pouco a pouco modificando: alargando-lhe as ruas, abrindo-lhe largos, arborisando-os convenientemente, alliando assim o util ao agradavel. N’este sentido muito poderiam fazer as camaras municipaes, bem fundadas em um decreto applicavel, que, se bem nos recorda, é de junho ou julho de 1864.


A parte a que nos temos referido da povoação, e se o cofre municipal estivesse em circumstancias de tal fazer, deveriam ellas ir, até á sua completa expropriação por utilidade publica. Valem - áquelle brio, as circumstancias naturaes de salubridade que disfructa, aliás, uma epidemia qualquer, teria ali pasto para cevar-se. Haja vista o que lá succedeu com a epidemia de bexigas, confluentes que se desenvolveu em 1871 a 72, em que a camara municipal teve de providenciar apertadamente sobre as indicações dos distinctos clinicos, dr. Antonio Lopes da Silva, já fallecido, e do sr. dr. Francisco Maria de Lima e Nunes, que felizmente ainda vive.


* * *

Mas, reatando a nossa descripção e descendo do Terreiro em direcção á egreja, encontrámos perto d’esta a capella de Santo Aleixo, que se diz, ter pertencido ao cabido da Sé de Coimbra.


É pequeno o seu ambito pois que, apenas poderá ter uns dez metros de fundo, por quatro a cinco de frente. Restam d’ella as quatro paredes que formam o rectangulo em superficie, e tem ainda a porta de entrada sobrepujada por uma pequenissima janela; e lá dentro uma vegetação robusta e espessa de silvas, crescendo e elevando-se, acima da altura das paredes circumdantes ao recinto.


Sobre a empena de frente vegetam luxuriantes as heras, engrinaldando aquelle antigo templo christão podendo-se dizer, como um poeta:


“Como as heras que abraçam docemente,
“As ruinas d’um portico pagão.”


* * *

N’esta capella eram feitos antes de 1875 os enterramentos dos fallecidos na freguezia, até que, depois de construido o novo cemiterio, na estrada que segue para Brenha, e para o lado nascente da egreja, lá se principiaram a fazer os enterramentos.


Passando e vendo que ella apenas se achava vedada por quatro taboas, e uma mais, que o tempo deixou cahir, entrámos a custo para vêr internamente o que restava d’este edificio religioso.


Apenas uma pia de agua benta, no seu lugar primitivo, embebida na parede, á direita da entrada. Para o fundo da capella nada se poderia vêr conquistado pelas silvas.


Transportámo-nos então ao largo fronteiro á egreja, aonde antigamente havia uma ponte, hoje substituida por um aqueducto, em virtude do alteamento que ali se fez de terreno com a passagem da estrada da Chan que vae ligar-se mais longe á de Mira.~


Presenceámos n’aquelle local o derruimento de muros, occasionado pela cheia do ribeiro, em novembro do anno passado, na occasião d’uma chuva torrencial que então cahiu pelo espaço de mais de quatro horas.~


Os muros foram levantados, e como guarda ao aqueducto pelo lado do poente, mandou a junta da parochia collocar uma grade de ferro.


* * *


Chegados a este ponto é occasião de fallarmos da existencia d’uma pequena capella, que demorava a uns cinco minutos da egreja, no antigo caminho da Chan de que já fallámos. Não teria mais de quatro metros de comprido por dois de largo, estando quasi de todo em ruinas, na epocha em que a vimos, 1864.


Restavam d’ella sobre o lado norte da estrada, alguns metros acima, a parede de traz, com a respectiva empena, a que estava ligada uma pedra que havia servido de altar, e as paredes lateraes e da frente, dessiminadas em escombros. Era conhecida pela denominação - do Senhor da Chan. (Gazeta da Figueira - 18.4.1896)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

RECORDAÇÕES DE TAVAREDE


Afinal estas minhas narrações teem ido a mais longe do que pensavamos, distrahidos pelas recordações, de tempos que não voltam mais, e de factos que difficilmente se repetirão.


No entanto ligamo-nos quanto possivel á descripção das impressões que iamos sentindo; vertiginosamente, á medida que avançamos no percurso da povoação que nos prestou assumpto.


* * *


Fronteira á casa da tia Maria Bretôa, encontra-se ainda, com a apparencia primitiva, a casa do fallecido Manuel Jorge da Silva, algumas vezes ponto de reunião dos rapazes e raparigas do logar, que, ao descahir da tarde, depois dos jogos de pella do domingo, para ali iam dar-se ao goso da dansa.


Manuel Jorge da Silva era um velho extremamente serio, muito metido consigo, mais ou menos intelligente, a quem chamavam Manuel Sapateiro, porque em tempo havia exercido o officio.


Com a convivencia de uma ou outra pessoa illustrada, chegou a ter uns conhecimentos praticos que o distinguiram de muitos que ali habitavam.


Em 1858 foi chamado para escripturario da secretaria das obras da barra d’esta cidade, logar que desempenhou durante trinta e tantos annos com pontualidade e honradez.


Para entreter-se com os rapazes do sitio tinha a paciencia de á noite ir-lhe servir de ponto nos ensaios theatrais.


Aos domingos, ia pelas cercanias de Tavarede gastar o tempo, em visita ao seu serrado e à sua terra da Matheôa, sendo n’esta occasião que a familia concedia licença para se poder dansar na loja da habitação.


Em elle chegando, a um aviso combinado, tudo parava. Muitas vezes fazia que não tinha ouvido ou visto. Entrava para casa, gravemente; cortejava quem estava e subia para o andar superior a descançar das fadigas do seu costumado passeio dominical.


Morreu ha cerca de quatro annos, n’uma edade avançada, bemquisto de todas as pessoas que o conheciam.


Pelo lado do poente da casa que acabamos de mencionar, corre direita ao norte uma travessa, denominada do rio Velho, que vem acabar na rua Direita. Dizia-se e diz-se na localidade que por ella passava um rio, naturalmente um ribeiro ou regato que ia lançar as suas aguas sobre a planicie que se estende ao sul de Tavarede juntando-se a outros, que formam o ribeiro que vem desaguar ainda hoje ao pé do Matadouro, ao nascente d’esta cidade.


A travessa do Rio Velho, que dá communicação á rua de Traz e tambem para o alto do Terreiro, ao norte da povoação, attesta, com o mau estado do seu pavimento, o pouco cuidado ou desleixo que tem havido nas corporações municipaes, deixando-a assim, quasi intransitavel, apresentando contudo, a espaços, e raros como oasis no deserto, uns monticulos de pedra, a denunciarem calçada, que poderia ter existido ha um seculo ou mais.


E não exageramos... É vêr e crêr.


* * *

Sobranceira á povoação e ao largo aonde a travessa vae dar, está a casa de Ourão, reformada na sua antiguidade e aonde o fallecido capitalista o sr. João José da Costa, então habitante do palacete dos Condados, fez construir um razoavel theatro, grande relativamente á importancia da povoação e alindado por dentro na linha dos mais modernos.


Chegou ainda a abrir-se para a exhibição de alguns espectaculos desempenhados por gente da terra, aonde encontrava, a par do recreio, umas luzes de conhecimentos, apanagio inseparavel de divertimentos d’esta ordem.


Alguns desgostos, originados no progredimento de tão louvavel instituição, fizeram fraquejar-lhe a sua energia e boa vontade e o theatro fechou d’uma vez, estando hoje n’elle de habitação o nosso amigo João dos Santos, procurador da casa do fallecido proprietario.


E falando ainda no extincto sr. Costa, devemos dizer que muito em melhoramentos lhe ficou devendo a povoação e freguezia de Tavarede, pois que, a sua posição de politico activo e intelligente lhe facilitava os meios de conseguir o que desejasse.


Tentou tambem conseguir o encanamento do ribeiro que corre junto á egreja, dando ao seu leito uma direcção mais recta e conveniente, não o conseguiu porém, porque a morte se lhe interpôz no caminho da tentativa.


Agora, parece, que a Junta de Parochia pretende levar a effeito tal modificação, tendo mandado já para esse effeito levantar a respectiva planta. (Gazeta da Figueira - 15.04.1896)

Teatro da S.I.T. - Notas e Crírticas - 12


1937

A RÉCITA NA FIGUEIRA

O Sonho do Cavador levou ao teatro do Casino Peninsular, no domingo, uma enchente, o que era de prever, pois alguns dias antes estavam já esgotados os bilhetes de 2ª plateoa e cadeiras.


Ao êxito da bilheteira correspondeu, em tôda a linha, o êxito artístico, proclamado na expontânea afirmação do público, que retirou do teatro agradavelmente impressionado.


Precisamente à hora marcada, com a pontualidade que é característica das récitas do grupo tavaredense, o espectáculo começou; e logo no 1º quadro, ao terminar a linda valsa do Sonho, a assistência manifestou-se com uma grande salva de palmas; manifestação que amiúde se ouvia sublinhando muitos números de música ou cenas declamadas, como O Sulfato e Enxôfre, diálogos dos Dois homens honrados e das Comadres, a cena, no 1º acto, de Manuel da Fonte com os dois camponeses que João Cascão fêz magistralmente, Concurso Hípico, Batota, Bolinha de Marfim, côro dos Moinhos, canção da Fonte, dueto do 3º acto, o côro de cavadores e ceifeiras, etc.

Tôda a interpretação é brilhante e mostra a homogeneidade do grupo, não havendo citações especiais a fazer. Devemos, todavia, acrescentar que para a esplêndida impressão de conjunto contribuíu poderosamente a linda partitura, que evidencia a competência e o bom gôsto do distinto amador António Simões, o primoroso guarda-roupa e os belos cenários, nos quais há trabalhos valiosos de Rogério Reynaud.


Nos finais de acto a assistência aplaudiu mais demoradamente, atingindo as ovações grande entusiasmo, com repetidas chamadas, no fim da peça. (Voz da Justiça – 01.13)


O SONHO DO CAVADOR

É indiscutível que a peça O Sonho do Cavador constitui o mior êxito de representações do grupo tavaredense. O público consagrou-a de maneira eloquente, exprimindo o seu agrado com invulgar entusiasmo.


Quando, há pouco, O Sonho do Cavador foi representado nessa cidade, o teatro encheu-se, e foram muitíssimas as pessoas que ficaram privadas de assistir ao espectáculo por não terem conseguido bilhete.Por êste motivo, e satisfazendo vários pedidos, a direcção da Sociedade de Instrução Tavaredense resolveu repetir a festajadíssima peça, no Teatro do Casino Peninsular, no domingo, dia 21 do corrente, para o que abriu a inscrição na Tabacaria Africana.


O Sonho do Cavador é uma peça integrada no programa educativo da Sociedade de Instrução Tavaredense, constituindo um espectáculo saudável, moral, tão agradável ao espírito como à vista. Valorizada com uma bela partituira quehonra o nome e afirma os grandes méritos do distinto amador musical António Simões, a peça tem brilhante montagem cénica, com belos cenários de dois artistas de valor – Rogério Reynaud e Alberto de Lacerda – e guarda-roupa admirável, mesmo luxuoso.


Emfim, um espectáculo recomendável sob todos os pontos de vista, e a preços populares.


Pode desde já garantir-se nova enchente, tanto mais que é esta, definitivamente, a última representação do Sonho do Cavador. (Voz da Justiça – 02.10)


O GRANDE INDUSTRIAL

Os aplausos vibrantes, calorosos, que no domingo ouviram, em Tavarede, os simpáticos amadores tavaredenses, exprimiram bem a impressão de agrado deixada peça representação do Grande Industrial.


São incontestáveis as dificuldades desta peça, tanto na interpretação como na montagem; pois, sem favor, pode dizer-se que o grupo tavaredense as venceu galhardamente.


A obra célebre de George Ohnet está posta em cena pela Sociedade de Instrução Tavaredense com um esmêro digno de nota, como é timbre do grupo tavaredense. O público da Figueira vai ter ensejo de admirá-la na próxima segunda-feira, 29, no Teatro do Casino Peninsular. O desempenho é brilhante, e dignos de nota são também o luxuoso guarda-roupa, executado expressamente para esta peça, e os cenários. Rogério Reynaud afirma os seus méritos de artista cenógrafo em duas cenas: a do 2º acto e a do belo parque do Castelo de Pont-Avesnes (3º acto).


Emfim, O Grande Industrial é mais um triunfo do grupo tavaredense.


A inscrição aberta na Tabacaria Africanam está já muito concorrida, o que não admira, sabendo-se que a encantadora peça não voltará a ser representada na Figueira.


O espectáculo começa à hora marcada: 9 horas e meia. (Voz da Justiça – 03.24)

O GRUPO CÉNICO EM COIMBRA

O nosso correspondente em Coimbra, refere-se hoje à representação, naquela cidade, da peça O Grande Industrial pelo grupo da Sociedade de Instrução Tavaredense, que naquela cidade, tanto no teatro como na sede dos Artistas de Coimbra, foi lvo de carinhosas homenagens e aplausos entusiásticos.


A imprensa, tanto a de Coimbra como os diários de Çisboa e Porto através dos seus correspondentes, fazem honrosos elogios ao grupo tavaredense.


A seguir transcrevemos da crítica do Diário de Coimbra:
“Pela sua popularidade, o romance de Georges Ohnet, já filmado e adaptado ao teatro, não presica de crítica. Basta que seja do agrado do público – de iletrados e até de alguns civilizados, - para o impor como obra não de génio, mas de relativo valor.


Já nos tinham falado, com admiração, dos amadores que aqui representaram o “Grande Industrial” no Teatro Avenida.

A informação partira de pessoas inteligentes.


Na verdade, é prreciso raro talento da parte de quem escolheu entre humildes trabalhadores, as personagens de haviam de interpretr, não só as figuras exteriores, de casaca e vestidos elegantes, como o interior, a alma tão diferente, tão afastada, da dos intérpretes, pela sua condição.


Porque as almas se distanciam umas das outras?


O lodo e a luz de que Deus as criou tiveram a mesma origem. Só diferem nas maneiras, no que poderemos chamar o ritual da civilização, nas regras da sociedade.


Ora êsse ritual, tão diferente entre o camponês e o aristocrata, é que me pareceu de mais difícil desempenho.


Mas seria injusto deixar de confessar que entre os elementos do grupo de Tavarede existen surpreendentes vocações, alguns amadores tão bons como certos profissionais de cena.


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Mas o grupo houve-se com equilíbrio, sobriedade e disciplin, moldado ao sabor do espírito dos seus orientadores. (Voz da Justiça 04.07)

O GRUPO CÉNICO EM COIMBRA

O nosso prezado colega O Despertar publica um artigo sob o título “Impressões de teatro”, assinado pelo seu director, do qual transcrevemos:


“Casa completamente cheia, - e um ambiente de interêsse a retratar-se nos rostos que, nestas coisas de teatro, sabem separar o trigo do joio: interêsse muito justificado, por que do “Le Maitre de Lorges”, do consagrado e popularíssimo romancista Georges Ohnet, só se poderia extraír uma peça de grandes responsabilidades cénicas, passado num ambiente de aristocracia, e o grupo de amadores dramáticos da Sociedade de Instrução Tavaredense é constituído, na sua maior parte, por gente do campo, por gente do trabalho – dos campos e das oficinas.


Como é que gente tão modesta e tão humilde poderia dar-nos uma Marquesa de Beaulieu, uma Baroneza de Préfont, um Duque de Bligny e um Barão de Préfont, sem essa “gaucherie” que é sempre ridícula?


Pois deu – e deu-nos muito bem a interessante peça, cujos quatro actos foram belamente aproveitados por Ilda Stichini, e cuja interpretação, por parte de alguns dos amadores – num conjunto muito harmónico -, foi além da nossa espectativa: se bem que. Pelo que temos visto fazer a tão distinto grupo cénico noutras peças de grande responsabilidade, fôssemos dos espectadores que mais convencidos estavam, dum bom êxito.


Como se operarão milagres assim?, qual o segrêdo dessa alquimia que transforma, no palco, à luz da ribalta, um iletrado, um humilde operário ou um trabalhador da gleba, num artista da cena que muitos artistas, consagrados profissionais, não deixarão de ter inveja?


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Se é certo que tudo aquilo que nós temos visto fazer ao grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense, na interpretação de “O Grande Industrial”, do “Sonho do Cavador”, etc., é o resultado das competências seleccionadas, para a obtenção dum tão brilhante conjunto.

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Ficou, bem eloquente, do muitíssimo que pode conseguir-se, dispondo de boas vontades e de competências – é o que se aprende com êste muito distinto grupo de amadores dramáticos; e as boas-vontades criam-se subordinando os espíritos e disciplinando-os, e as competências, procurando-as, também, na massa anónima, como entre gangas lamacentas se procuram diamantes.


Onde foram buscar António Pedro e muitos outros dos nossos maiores artistas de cena? (Voz da Justiça – 04.10)

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

RECORDAÇÕES DE TAVAREDE

Mettido no esconderijo e sem mais preambulos, panno acima, elle ia subindo, subindo, e o caixão dando balanços desencontrados, fazia com que o Ignacio pensasse mais do que uma vez que a comedia descambaria em tragedia.


Gargalhadas e mais gargalhadas da plateia, ditos, assobios - um inferno; - e lá dentro clamava voz em grito: - panno abaixo! panno abaixo! panno abaixo!


Caiu o panno.


Sabidas as contas, todo este desastre scenico não foi mais do que uma partida que antes havia sido combinada entre a troupe da Figueira.


* * *


O Jozé do Ignacio era por tal nome conhecido, assim como um seu irmão se appelidava Manuel do Ignacio. Costumes da povoação que, apesar do decorrer d’annos, se consideravam no mesmo pé.


O verdadeiro nome d’elle era Jozé Luiz Ignacio, e a sua mulher, pelo mesmo costume, lhe chamavam a Luiza da Genoveva.


Jozé Luiz, gosava dos foros de homem bom, honradissimo, e exerceu por muitos annos o logar de mestre dos tanoeiros da casa dos srs. Jardins, n’esta cidade, aonde ha annos falleceu quasi repentinamente, victima d’uma congestão pulmonar.


Ficou a Luiza, a mulher, rodeada d’umas filhas ainda creancinhas, que se tem creado e vivido.


Nunca ella, agora que recordamos o passado, nos esquece.


A sua casa, que tinha uma modesta tenda no rez-do-chão, era a estação terminus obrigada dos rapazes da Figueira.


Ahi é que se fazia alto!


Recebia-nos com toda a lhaneza e attenções, não lhe ficando atraz o marido, um extremo cortez.


As horas passavam-se rapidas em tão agradavel companhia.


A Luiza havia-se casado em segundas nupcias com Jozé Luiz. Tinha os rasgos de animo, atraiçoados sempre por um sorriso de bondade, que nos fazia supor por momentos uma mulher-homem.


Pois apesar de duas vezes casada, e por isso um pouco gasta physicamente, apresentava-se ainda com uma frescura de espirito bastante para invejar.


Foi assim, e por estas alturas, que a vimos ainda representar no drama que já falámos - Os miseraveis de Londres - em que desempenhava o papel de uma mãe desgraçada, lamentando a sorte d’um filhinho, que jazia n’um berço a dormir o somno da innocencia, emquanto a infelicidade lhe pairava em volta, abrindo-lhe a vereda do fatalismo.


Deixemos por aqui esta lembrança que nos veio ao bicco da penna, quando defrontámos com a casa onde viveram os dois - Luiza e Jozé Ignacio.


* * *


Seguimos rua Direita abaixo em direcção á egreja. Cerca de meio caminho andado, estavamos frente a frente com a casa da tia Maria Bretôa. Desconheciamos quasi aquella habitação, hoje modificada com o acrescentamento d’um andar. A tia Maria havia morrido ha annos. A sua loja, que conhecemos, tinha á porta um molho de carqueija e uma cavaca, symbolo imprescindivel da industria de que vivia.


Lá dentro, um balcão de taboas toscas, mal ligadas, deixando entre si largas fendas, e umas divisões de boanna, muito caiadas, a desafiar a alegria.


A tia Maria era n’esse tempo o repositorio dos segredos cupidescos dos rapazes e raparigas do sitio e... dos arredores. Com ella iam desabafar os amantes infelizes, contando-lhe os seus azares, e ella, coitada, Deus lhe fale n’alma, a todos ouvia e acarinhava, dando-lhe palavras de esperança, d’um futuro lisongeiro, isto enquanto machinalmente fazia girar o fuso d’uma roca, sua habitual companheira.


Todos ali iam. Aquillo era um balçamo consolador dos pobres arrebentados do coração. Hoje... passou á historia. Coitadita! (Gazeta da Figueira - 8-4-1896)

Teatro da S.I.T. - Notas e Crírticas - 11

1936


SOCIEDADE DE INSTRUÇÃO TAVAREDENSE

Brilhante pode sem favor classificar-se a festa com que a Sociedade de Instrução Tavaredense comemorou o seu 32º aniversário.


Fundada em 1904, desde então a prestante colectividade tavaredense tem realizado uma obra verdadeiramente notável no campo da instrução e da educação popular. Há 32 anos que mantém as suas aulas de instrução primária nocturnas e gratuitas, as quais são êste ano frequentadas por cêrca de 80 alunos; e, em paralelo com a escola nocturna, o teatro da sua sede funciona modelarmente, não como instrumento de fazer receitas, mas como elemento recreativo do espírito, sim, e, principalmente, como orgão de cultura e educação moral, cuja influência se exerce tanto sôbre os que representam como sôbre os que ali vão assistir às representações. Nesse capítulo constitui a Sociedade de Instrução Tavaredense expressivo exemplo que desejariamos ver seguido pelas agremiações congéneres do nosso concelho. E, como se esta obra, patriótica no mais alto sentido da palavra, não bastasse a impô-la ao conceito público, a SIT alargou a sua acção ao campo da beneficência. São conhecidos e valiosos os seus serviços. Nem uma só instituição assistência, qualquer que fôsse a sua modalidade, recorreu à SIT que dela não obtivesse o mais desinteressado concurso. Nem uma só – repetimo-lo, foi até hoje desatendida. Na Figueira deu o grupo tavaredense récitas, por mis de uma vez, a favor da Santa Casa da Misericórdia e do Jardim-Escola João de Deus desta cidade. Para não alongarmos a lista, indo mais longe, citamos apenas as récitas realizadas para a Figueira durante o ano findo; no Pôrto, para o Asilo de S. João; em Coimbra, para o Asilo da Infância Desvalida; nas Alhadas, para o Jardim-Escola; em Coimbra, para a Associação dos Diabéticos Pobres; voltou novamente a Coimbra colaborar num sarau a favor da escola da Associação dos Artistas; e ainda há poucos dias ali foi outra vez dar um espectáculo em benefício do “Enxoval do Recemnascido”.


Pois a festa de agora foi uma bela e eloquente consagração desta obra valiosa, humanitária, tão singelamente realizada pelos modestos tavaredenses. Comemorando os seus 32 anos, a Sociedade de Instrução Tavaredense viu à sua volta, a homenageá-la, individualidades de grande relêvo social, pelo que valem por si próprias e pelas instituições que representam.


No sábado, o teatro da sede encheu-se; os sócios acorreram com suas famílias à récita de gala, que foi uma bela nota de arte. A representação da encantadora peça “Canção do Berço”, oferecida à SIT pelo seu tradutror, o ilustre poeta dr. Carlos Amaro e que três dias antes fôra vista no cinema, na Figueira, sob o nome de “Filha de Maria”, serviu para nos mostrar um esplêndido grupo, de dez amadoras, como só dificilmente se reunirá, algumas das quais estreantes e que fizeram figura brilhante. (Voz da Justiça – 02.12)

A ÚLTIMA RÉCITA EM COIMBRA

Todos os jornais de Coimbra se referiram, com os maiores elogios, à récita do dia 3, em Coimbra, pelo grupo tavaredense, que ali representou pela segunda vez A Cigarra e a Formiga.


A lotação do Teatro Avenida foi de novo esgotada e a linda peça aplaudida com entusiasmo.


A Gazeta de Coimbra publicou um artigo de R.F. em que, aparte as palavras de amável elogio pessoal, se presta justiça aos sentimentos e intenções que animam a Sociedade de Instrução Tavaredense.


Na segunda-feira também o Diário de Coimbra publicou um artigo de crítica à récita do dia 3, no qual são focados os fins de cultura e educação artística e moral que a Sociedade de Instrução Tavaredense procura atingir através do teatro.


Transcrevêmo-lo a seguir:
“Teve alguma coisa de transcendente em significado social e valor artístico a récita que a Sociedade de Instrução Tavaredense realizou no passado dia 3, no Teatro Avenida.


Foi seu fim o de angariar donativos para uma prestigiosa instituição de caridade que Coimbra inteira d’ora-vante fica conhecendo: a Obra do Enxoval do Recemnascido da Maternidade Dr. Daniel de Matos.


Desconhece ainda muita gente que um grande número daquelas que se acolhem a esta casa hospitalar são pobres raparigas a quem o destino e a maldade humana lançaram na mais desesperadora desgraça. Desamparadas da própria família, calcule-se a senda triste daquelas pobres mãis saídas com um filho nos braços, na mais completa nudez, despojado, segundo os regulamentos, do mais elementar agasalho, quando o garante o período do internamento.


Felizmente que um grupo de senhoras da Juventude Católica vem fornecendo há já algum tempo um grande número de enxovais aos pequenos entes, e realizando junto das mãis uma obra de amparo moral tendente a evitar que, desamparadas e inaptas para a vida, o desespêro as leve à prática de um acto criminoso. Assim, muitas delas têm sido conduzidas a casas de regeneração ou colocadas em condições de fe num futuro menos triste, e onde poderão tornar-se, pelo menos, mãis exemplares.


Destas breves palavras se deduz o grande valor da Obra, a cujo apêlo acedeu prontamente a SIT, num gesto nobre de filantropia e amor pelo próximo, e a quem Coimbra já muito deve, pois grande número das suas instituições de caridde tem sido auxiliado por aquêle admirável núcleo artístico.


O teatro como Arte, tem uma alta função social a desempenhar. Alguém disse ser o teatro a escola da Vida.


No entanto, quanto êle se tem afstado da sua finalidade, num últimos tempos!...


Mas não são unicamente as exigências do público que imperiosamente a determinam.


E assim, o próprio teatro de amadores que por aí temos visto, está longe de ser uma escola de educação, e não satisfaz ao fim que dêle haveria a esperar.


Por isso nos surpreende cada uma das representações da Sociedade de Instrução Tavaredense, cujo teatro é uma escola modêlo de formação moral e espiritual.


Em “A Cigarra e a Formiga”, como em qualquer outra das suas peças a cuja representação Coimbra tem assistido, não há uma frase de duplo sentido, um abuso de expressão, uma palavra que possa ferir a susceptibilidade do mais sensível espírito.


A acção decorre cheia de interêsse, e dentro das puras regras da técnica teatral, cheia de aleghria e bom humor, de conceitos judiciosos e sãos, interessando sempre e cada vez mais! Apetece, como dizia a nosso lado uma gentil espectadora, “ficar ali a ouvi-la a noite inteira”...


.............
António Simões, hábil amador, querido de todos, adaptou e compôs linda música que êle próprio rege com competência e uma sobriedade que deveria servir de modêlo a certos enfatuados “maestros".


Êle é dos grandes auxiliares da S. I. Tavaredense e como grande número de outras figuras musicais, presta aos seus actos de benemerência o mais valioso e desinteressado concurso.


Alberto de Lacerda compôs para “A Cigarra e a Formiga” lindos versos, cheios de lirismo, que intercados na peça concorrem para um conjunto dmirável, de forma a dar uma impressão de beleza e arte que jamais se apagará da memória dos que tiveram o prazer de a escutar.


A cada passo se reflecte a humana afectividade dos autores, nua de preconceitos e hipocrisia:


“Em tudo pôs a Mão do Criador
Um filtro singular!”


Assim se confessa encantado com a obra divina a “Alegria de Viver”


Mais adiante ouve-se ainda:


“Nasce um abôrto vil, hediondo, aniquilosado,
E a dolorosa Mãi o beija e acaricia”.


É sempre assim, em nítida compreensão de sensibilidade humana, até terminar em estranha apoteose, com êste singular hino ao Amor:


“Aquela coisa que faz
com que um miúdo, um rapaz
que mal pode com uma flor,
vendo a mãi desamparada
troque o pião pela enxada...
- então, não é isto o Amor?

Moços deixando os casais,
as conversadas e os pais
velhinhos, quási em estertor,
Para remirem sua terra
Com seu sangue a sua terra...
- então, não é isto o Amor?

E as mulheres cujo ofício
é o eterno sacrifício
de limpar sangue e suor,
viver nas enfermarias
e assistir às agonias...
- então, não é isto o Amor?

Outras então, cuja esmola
é dada às almas na escola,
aos cachopitos em flor,
em geral estéreis seios
e a formar... filhos alheios...
- então, não é isto o Amor?

E eu próprio, à fce de Deus
escolhendo a mãi dos meus
e abraçando-a com fervor;
eu próprio, neste momento,
sabeis o que represento?
- Curvai-vos, que é isto a amor!”



É assim “A Cigarra e a Formiga”.


Tem qualquer coisa de profundamente verdadeiro, aquela “fantasia”, e tudo nela é belo, humano e cristão!...


No desempenho não queremos destacar qualquer dos componentes, de tal forma excedem todos o que de amadores teria de esperar o espectador mais exigente.


O conjunto é homogéneo, equilibrado, superior a muitos que se dizem de profissionais e que aí aparecem tentando impingir-nos “gato por lebre”.


As ovações prolongadas e expontâneas que lhes dispensou a numerosa e selecta assistência são a prova eloquente do que deixamos dito.


A S. de I. Tavaredense comemorou ontem solenemente o seu 32º aniversário. São 32 anos de esfôrço em prol da educação popular.


O “Diário de Coimbra” envia-lhe as suas mais expressivas saudações, na certeza de que assim exprime o sentir do povo da terra que já muito deve aos seus actos de benemerência”. (Voz da Justiça – 02.15)

A MORGADINHA DE VALFLOR

A Sociedade de Instrução Tavaredense está de parabéns pelo êxito brilhantíssimo, um êxito indiscutível, proclamado duma maneira definitiva, que o seu grupo cénico alcançou com “A Morgadinha de Valflor”.


Peça romântica, excepcionalmente difícil nos seus 5 actos e mais difícil ainda se atendermos ao seu estilo, e ao espírito do público de hoje, foi representada com notável correcção. Sem nenhum exagêro podemos dizer que, nalguns lances, o desempenho foi magistral, nomeadamente no 2º e 4º actos, em que Violinda e João Cascão encantam pela verdade e sinceridade com que encarnam as personagens e dominam pelo seu poder de exteriorização. Muito bem! E todo o conjunto é, aparte insignificantes hesitações que mais uma representação suprime inteiramente, primoroso. Guilhermina e Maria Tereza, Jaime A Broeiro, A Santos, manuel Nogueira, Fernando Reis (Excelente a sua rábula do poetastro), etc., acompanham à maravilha.


As ovações foram calorosas, e o pano subiu repetidas vezes nos finais dalguns actos; mas devemos dizer que nunca elas foram mais justas, porque A Morgadinha de Valflor foi representada pelos nossos amadores de maneira brilhante, com uma justeza de estilo e de ritmo invulgares em amadores.


O guarda-roupa é magnífico e revela o cuidado e esmêro que são já proverbiais no grupo tavaredense.


O grupo tavaredense tem nesta peça um triunfo artístico de que pode ufanar-se.


A Morgadinha de Valflor será representada pela última vez no próximo sábado. Para essa récita podem os sócios fazer desde já, na sede da Sociedade, tôdas as noites, a requisição dos seus convites. (Voz da Justiça – 04.08)


A RÉCITA EM COIMBRA

O esplêndido grupo de amadores da Sociedade de Instrução Tavaredense, tendo acedido da melhor vontade ao pedido do sr. capitão José de Albuquerque, esforçado e dedicadíssimo presidente da Associação dos Diabéticos Pobres em Coimbra, foi ali na passada segunda-feira dar uma récita, no Teatro Avenida, em benefício daquela benemérita Associação.

A peça escolhida foi A Morgadinha de Valflor, brilhantemente interpretada pelos nossos amadores, que alcançaram mais um belo triunfo. O teatro encheu-se e o público aplaudiu entusiasticamente, fazendo repetidas e calorosas chamadas.


Na sua carta de hoje alude o nosso prezado correspondente de Coimbra ao espectáculo pela Sociedade de Instrução Tavaredense. E as referências dos outros jornais são igualmente honrosas, porque são inteiramente justas.


A Gazeta de Coimbra, notando as dificuldades da peça para amadores, frisa que os amadores agora seus intérpretes foram duma correcção absoluta, num equilíbrio perfeito. Diz êste nosso colega:
“Embora já não esteja dentro do espírito da época, o drama que ontem se levou à cena conserva ainda um grande poder emotivo, mantendo uma beleza que os anos não conseguem apagar.


É a peça que, pelas suas dificuldades, menos se recomenda para amadores. Mas o grupo da Figueira soube interpretá-ça com uma elevação muito notável, conseguindo manter, de comêço a final, um equilíbrio perfeito que lhe evitou o ridículo.


Os componentes do referido grupo firmaram na noite de ontem os créditos que já tinham alcançado nesta cidade. Foram duma correcção absoluta e, em determinadas cenas, duma justeza que não deixaria mal colocados os profissionais.


O público, que enchia o teatro, assim o compreendeu, dispensando ao conjunto os aplausos vibrantes e entusiásticos que justamente lhe pertenceram”.


O Despertar igualmente assinala a justiça com que foram calorosamente aplaudidos “todos os componentes do admirável conjunto de amadores, que se houveram acima de tôda a crítica”.


No Primeiro de Janeiro, em carta de Coimbra, frisa-se que o desempenho constituíu mais um grande triunfo para o grupo tavaredense:
“O grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense representou ontem, no Teatro Avenida, a peça “A Morgadinha de Valflor”, em benefício da Associação de Diabéticos Pobres, de Coimbra. O desempenho constituíu mais um grande triunfo para aquêle apreciado grupo, que tão desinteressadamente vem colaborando em festas de caridade.


O público enchia por completo o Teatro e não regateou aplausos os distintos amdores”.


= A Morgadinha de Valflor será representada na Figueira, no Teatro do Peninsular, no dia 10 do corrente, domingo. Para esta récita, que nesta cidade se aguarda com viva curiosidade, está aberta a inscrição na Tabacaria Africana. (Voz da Justiça – 05.02)

CARTA DE COIMBRA

Como calculávamos, constituíu um grande êxito a vinda a Coimbra do grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense que, no Teatro Avenida, realizou mais um benefício, em favor da Associação Protectora dos Diabéticos Pobres.


A peça representada, “Morgadinha de Valflor” agradou bastante, pelo admirável desemoenho de todos os intérpretes, destacando nós, no entanto, a distinta amadora Violinda Medina que, nas passagens de maior emoção, soube comover a plateia; João Cascão, um bom galã e Jaime Broeiro, que soube dizer com graça o papel que lhe foi distribuido.


O público, entusiasmado, fêz repetidas chamadas, tal é o aprêço que a exigente plateia de Coimbra dispensa ao grupo tavaredense.


A benemérita agreniação de Tavarede, que é a sexta vez que nos visita, sempre com agrado do público, têm vindo a Coimbra tôdas as vezes em favor de casas de beneficência, como sejam o Grémio dos Empregados no Comércio e Indústria (Associação de Socorros Mútuos), Asilo da Infância Desvalida, Associação Protectora dos Diabéticos Pobres (duas vezes), Associação dos Artistas (Associação de Socorros Mútuos) e Enxoval do Recemnascido.


A Sociedade de Instrução Tavaredense, que é sócia benemérita do Grémio dos Empregados no Comércio e Indústria, volta a Coimbra, em Junho próximo, por ocasião do aniversário desta prestimosa associação mutualista, fazendo a récita de gala no Teatro Avenida, com duas verdadeiras obras-primas teatrais: Canção do Berço, peça em 2 actos de Martinez Sierra, tradução do ilustre escritor e poeta Carlos Amaro, e Três Gerações, do consagrado dramaturgo Ramada Curto. (Voz da Justiça – 05.02)


MORGADINHA DE VALFLOR

A última récita da Sociedade de Instrução Tavaredense em Coimbra, no Teatro Avenida, ficou ali assinalada com um brilhante êxito dos amadores tavaredenses. Os aplausos e as chamadas calorosas com que a exigente plateia coimbrã se manifestou consagraram a repreentação da Morgadinha de Valflor como um honroso triunfo artístico.


É esta mesma peça – célebre na história do teatro romântico em Portugal – com o mesmo excelente desempenho, que o público figueirense vai ter ensejo de apreciar no domingo, no Teatro Peninsular.


A Sociedade de Instrução Tavaredense, abalançando-se a pôr em cena a obra-prima de Pinheiro Chagas, fê-lo com a sua habitual probidade e conhecido critério artístico, com o respeito e carinho devidos à peça e à memória do autor.. A montagem cénica é cuidada em todos os pormenores, e em Coimbra foi especialmente elogiado o esplêndido guarda-roupa, executado primorosamente sôbre figurinos da época (fins do século XVIII).


Nota curiosa: muitas pessoas que aqui têm visto a Morgadinha de Valflor representada por várias companhias, encontrarão agora alguma coisa de novo: o grupo tavaredense apresenta o 3º acto como Pinheiro Chagas o escreveu, com as cenas da romaria, de ambiente pitoresco, com as danças, os descantes, a musicata com rabeca e violas, o estrondo com o característico gaiteiro, etc.


Será, sem dúvida nenhuma, um belo espectáculo a récita de domingo no Peninsular, para a qual está aberta a inscrição na Tabacaria Africana.


Continuam os jornais de Coimbra a referir-se nos mais elogiosos têrmos à representação da Morgadinha de Valflor, pelo grupo tavaredense. O Notícias de Coimbra e Ecos dos Olivais exprimem a sua admiração pelo primoroso desempenho que tiveram ensejo de apreciar. (Voz da Justiça – 05.06)


ESPECTÁCULO A FAVOR DA MISERICÓRDIA

Foi marcado o dia 24 do corrente para a récita, pelo grupo da Sociedade de Instrução Tavaredense, em benefício da Misericórdia da Figueira.


A peça escolhida é a delicada obra-prima do célebre dramaturgo espanhol Martinez Sierra – Canção do Berço, que o grupo tavaredense representa com admirável propriedade e brilho.


Mas, o que dá a êste espectáculo um raro cunho artístico e o torna excepcionalmente curioso, é o facto de, após a representaçõ da peça, se exibir no écran a fita Filha de Maria, que é a mesma obra transportada para o cinema. Parece-nos que é a primeira vez, no nosso país, que se apresenta um programa com esta característica: permitir apreciar a mesma obra, num só espectáculo, nas duas interpretações diferentes: a teatral e a cinematográfica. Assim, a récita em favor do hospital da Figueira vai permitir-nos admirar a Cancion de Cuna, de Martinez Sierra, na tradução portuguesa do grande poeta Carlos Amaro (Canção do Berço) e, a seguir, na adaptaçõ cinematográfica da Paramount, realizada por Mitchell Lisen (Filha de Maria). Oferece, pois, viva curiosidade êste espectáculo, que nos apresenta a célebre peça espanhola sob duas feições que, conservando-se fiéis, na idea e na linha geral do seu desenvolvimento, à obra original, apresentam, no confronto da cena com a tela, aspectos e pormenores diferentes.


Pode dizer-se que a Misericórdia da Figueira organizou, para seu benefício, um programa cuirosíssimo, que pelo seu valor artístico e absoluta novidade no nosso país, justifica a enchente que vai ter o Teatro do Casino Peninsular. Acresce a circunstância de a Misericórdia ser a mais importante ds instituições de beneficência do concelho, que pela sua acção bem merece que todos acorram a ajudá-la a vencer as enormes dificuldades económicas que a oprimem.


Está aberta a inscrição. (Voz da Justiça – 10.14)

A RÉCITA DA MISERICÓRDIA

Sucedeu o que prevíramos: o Teatro do Casino Peninsular encheu-se, no sábado, dum público que, a final, não foi iludido na sua espectativa.


O espectáculo, para o qual, com a colaboração desinteressada da Sociedade de Instrução Tavaredense, a Misericórdia elaborara um programa curiosíssimo pelo que tinha de novidade, revestiu-se dum belo cunho artístico.


A encantadora peça de Martinez Sierra Canção do Berço, tão delicadamente impregnada de lirismo, tão rica de pormenores e de subtil filosofia, foi interpretada pelo grupo tavaredense de maneira brilhante. Não é uma peça de grandes papéis, em que as dificuldades da interpretação pesam sôbre duas ou três figuras: é uma peça de conjunto, onde só pelo conjunto se pode vencer. E é na verdade admirável o conjunto que o público da Figueira no sábdo apreciou e aplaudiu sem favor.


O espectáculo terminou com a exibição do lindo filme extraído da mesma peça e que tem em português o nome de Filha de Maria. Desta maneira os espectadores puderam apreciar no mesmo programa a interpretação teatral e a adaptação cinematográfica da mesma obra.


Em todos deixou a mais agradável impressão êste espectáculo, recomendável pela sua feição artística e também porque o seu produto revertia a favor da benemérita instituição local que é a Misericórdia da Figueira. (Voz da Justiça – 10.28)


A SOCIEDADE DE INSTRUÇÃO TAVAREDENSE EM COIMBRA

Pela carta do nosso dedicado correspondente em Coimbra, publicada no último número, já os nossos leitores tiveram informação do acolhimento gentil ali dispensado, na segunda-feira, à Sociedade de Instrução Tavaredense, cujo grupo cénico representou brilhantemente a fantasia em 3 actos e 10 quadros O Sonho do Cavador.


O teatro esgotou a lotação, e o numeroso público associou-se com entusiasmo à homenagem que no intervalo do 1º para o 2º acto foi prestada, no palco, à Sociedade de Instrução Tavaredense, em nome do Asilo da Infância Desvalida, Associação dos Diabéticos Pobres, Enxoval do Recem-nascido, Associação dos Artistas, Grémio dos Empregados no Comércio e Grupo Dramático Dr. Armando Gonçalves.


Transcrevemos algumas apreciações da imprensa acêrca da representação do Sonho do Cavador:


Do Diário de Coimbra:
“Com a fantasia em 3 actos e 10 quadros “O Sonho do cavador”, realizou ontem uma récita no Teatro Avenida a Sociedade de Instrução Tavaredense, que várias vezes tem vindo a Coimbra prestar o seu auxílio ao Asilo da Infância Desvalida, Grémio dos Empregados no Comércio e Diabéticos Pobres.
A peça, admiravelmente posta em cena, conseguiu agradar pelo admirável conjunto, que pode rivalizar com muitos de profissionais.
O cenário esplêndido e as musicas, do amador figueirense António Simões, sem exagêro um verdadeiro encanto.
No desempenho da peça, em que todos os amadores souberam cumprir, salientaram-se pela correcção do seu trabalho, Violinda Medina e Silva, António Broeiro, Jaime Broeiro e João Cascão, sendo entretanto justiça afirmar que todos os amadores contribuiram para o esplêndido conjunto.
Num dos intervalos, falou em nome das Instituições de Coimbra que generosamente têm sido beneficiadas com as representações do caritativo grupo de Tavarede, o sr. dr. Celestino maia, que pôs em relêvo a acção beneficente da Sociedade Tavaredense.
Uma gentil menina, doente diabética, recitou uns versos da drª D. Vergínia Gersão, sendo muito aplaudida.
A Associação dos Diabéticos Pobres entregou ao grupo o diploma de sócio honorário e o Asilo da Infância Desvalida e o Grupo Dramático Dr. Armando Gonçalves, colocaram, cada, uma fita no estandarte daquele grupo que se achava rodeado pelos estandartes da Associação dos Artistas e do Grémio dos Empregados no Comércio e Indústria”.


Do Primeiro de Janeiro:
“Com a representação da fantasia “O Sonho do cavador”, levada a efeito ontem, no Teatro Avenida, o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense conquistou mais um grande triunfo em Coimbra.
A vasta sala encontrava-se repleta, tendo a assistência vitoriado demorada e merecidamente os componentes do grupo, que se houveram com distinção.
Das ovações partilharam também o autor da peça e o autor da música.
Num dos intervalos, o sr. dr. Celestino maia pôs em relêvo a acção beneficente da Sociedade de Instrução Tavaredense em favor das várias instituições de caridade de Coimbra.
A Associação dos Diabéticos Pobres entregou ao grupo o diploma de Sócio Honorário, e o Asilo da Infância Desvalida e o Grupo Dramático Beneficente Dr. Armando Gonçalves, colocaram fitas de sêda na bandeira da Sociedade Tavaredense, que se encontrava ladeada pelos estandartes da Associação dos Artistas e do Grémio dos Empregados no Comércio e Indústria de Coimbra.
Estas cerimónias foram coroadas com vibrantes salvas de palmas”.


Da Gazeta de Coimbra:
“O desempenho foi, como era de esperar, excelente, mantendo-se o aludido grupo à altura dos créditos já conquistados em Coimbra.
O público que enchia completamente o teatro, numa demonstração de justa simpatia pelos que tantas vezes têm emprestado o seu concurso a diferentes tarefas de caridade levadas a efeito no nosso meio – aplaudiu com vibração os simpáticos componentes do grupo cénico”.
A Filial de Coimbra da Associação dos Diabéticos Pobres editou um programa especial, que foi vendido no teatro, no qual publicou poesias das distintas poetisas D. Vergínia Gersão e D. Maria de Jesus em que se homenageia a benemérita e simpática associação tavaredense. (Voz da Justiça – 12.19)


AINDA A REPRESENTAÇÃO EM COIMBRA

Também o nosso colega “O Despertar”, de Coimbra, se referiu elogiosamente ao grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense, que no Teatro Avenida daquela cidade representou há dias O Sonho do Cavador.


Transcrevemos:
“Com aquela pontualidade admirável que é uma das inumeráveis virtudes; com uma sequência perfeitíssima como é raro observar-se em grupos seus congéneres; e com uma assistência que, com efeito, honrou o nome da nossa terra, realizou-se na última segunda-feira, no Avenida, com a fantasia “O Sonho do Cavador”, a récita do grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense.
Conquanto que simples e ingénua, - duma ingenuidade tocante, duma simplicidade própria da gente da aldeia – a peça agradou-nos muito. Nela é bem urdido o entrecho, nela é mimozinho o canto, nela é impecável a encenação como apropriadíssimo o cenário.
Os seus intérpretes, convencendo-nos cada vez melhor das suas qualidades e possibilidades, apresentaram-se-nos em cena com a mesma naturalidade com que se apresentam nas cenas reais da aldeia.
Percebe-se que todo aquêle punhado de trabalhdores disciplinados nas obrigações como nas devoções, sente de verdade o papel que representa. E assim, embora simples e ingénuos como na verdade é a peça, - porque mais uma virtude presidiu na sua escolha ao atender que era em benefício do próprio cofre – “O Sonho do Cavador” deleitou-nos e fêz-nos compreender ainda melhor quanto vale artística e moralmente o Grupo.
O conjunto cénico é tão homogéneo, está tão integrado cada protagonista nos papéis que lhe são distribuidos, que é difícil e ingrato destacar-se o “dquele ou doutro”. Mas porque na verdade “O Sonho do Cavador” tem, também, como as demais peças, uns números ou personagens que mais se evidenciam, devemos também referir-nos a alguns dos que nos impressionaram mais.
Nos elementos femininos, a admirável nos vários papéis a “artista” Violinda Medina e Silva. Estonteante no “Sonho dourado”; realista de verdade nas “comadres” com Guilhermina de Oliveira; sedutora na “Vinha” e tentadora na “Batota”.
Guilhermina de Oliveira, muito bem em tudo. Superior, nas “comadres”, com Violinda; apetitosíssima na “Horta”, com tôdas as suas couvinhas frescas; e admirável também, nas “amazonas”, cujo número é dum esplêndido efeito.
Maria Tereza de Oliveira, bem na “Agricultura”, melhor ainda em “Vergonha”.
Emília Monteiro, com a maior naturalidade no seu papel de “Rosa”, apixonad. E no dueto final com “Manuel da Fonte” – dueto dificílimo, e com certos amadores impraticável, dum grande valor dramático.
Na parte masculinoa fêz bom papel, como sempre, João Cascão, no “Cavador”. À vontade no campo e à volta na cidade. Bem integrado nas diferentes passagens da sua vida agitadíssima – de insatisfeito primeiro, de quási louco depois, de desiludido mais tarde, e já aclimatado, por fim, à simplicidade e pobreza campesina onde regressa mais pobre ainda que dantes...
António Graça, no “Ti João da Quinta”, incarnou bem a missão de velho experiente na vida e conselheiro amigo, lá com a sua filosofia especial de camponês. Papel a registar e bem compreendido.
António Broeiro, bom efeito cómico no diálogo com o outro “homem honrado”.
António Santos, à vontade do “papo sêco”.
José Vigário, bom palrador no “funcionário”.
Restantes personagens, todos conjugando com acêrto.
No que respeita à música, não há que dizer. António Simões, mais uma vez demonstrou a sua habilidade e rara cultura musical entre amadores, não só com uma composição agradabilíssima e adequada à urdidura, como também com a perfeita combinação de vozes nos coros, que, nos interiores especialmente, por serem de tanta responsabilidade, pôs bem à prova o seu valor e sensibilidade artística.
É por isso e outras coisas que nos ocorre perguntar:
Quando volta?
Sim... Quando volta a Coimbra o grupo cénico de Tavarede? (Voz da Justiça – 12.23)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

RECORDAÇÕES DE TAVAREDE

Attrahido para o theatrito a breve trecho ficámos sem a companhia do nosso amigo amador do genero. Sós, nós com o Joaquim Nunes, fomos passando rua abaixo em direcção á egreja e detendo-nos de quando em quando para lhe perguntar pelos primitivos habitadores das casas porque iamos passando, algumas das quaes, naquella occasião, apenas conheciamos pela sua antiga situação - por tal transformação passaram... Ó Joaquim, dizia eu ao meu companheiro, esta casa aqui, no começo da rua, era a da Luiza, mulher do Jozé Ignacio. - Era e é, me respondeu elle, mas hoje assiste em Buarcos. O homem como sabes - morreu.


O Jozé do Ignacio, havia sido tambem, em outro tempo, uma parte obrigatoria em todas as sociedades dramaticas que vegetavam em Tavarede como tortulhos. Um pouco mais idoso de que os seus companheiros e procurado como caracteristico, desempenhava os papeis de centro. A primeira vez que o vimos assim encadernado, foi em um theatrinho da rua Direita, que haviam encaixado em uma casa conhecida pela designação de - casa do Ferreira. N’essa noute, para assistir ao espectaculo tinha ido da Figueira, um rancho de rapazes, desinquietos, buliçosos, com todo o ardor das vinte e tantas primaveras. Entre elles: - Ignacio Delgado, Joaquim Martins Cardoso, Julio Braz de Lemos, Augusto Mendes e outros, de igual jaez para um bocado de troça pacata. A plateia, que para aproveitamento de maior numero de espectadores havia sido construida em fórma de palanque, era engendrada por umas taboas manhosamente pregadas n’uns cunhos de madeira e estes por sua vez, da mesma fórma ligados a uns postes de pinheiro inclinados contra a parede.


O panno de bocca, qualquer colcha, de chita, de padrão em labyryntho vermelho. A illuminação fazia-se por meio das classicas vellas de cebo espetádas em palmatorias de pau.


Ria-se, vozeava-se e fumava-se na plateia, com a semcerimonia de ajuntamento n’uma feira.


De vez em quando, um dito picaresco, sahido de alguns dos espectadores, ia provocar a hilaridade ruidosa dos mais serios, e tudo ria, desalmadamente, sem respeito pelo cabo d’ordes, o Antonio Jozé, que assistia áquella inferneira, aprumando desmesuradamente a sua auctoridade, tão sobranceira, como a sua figura, de pouco menos de trez covados d’alto.


Lá dentro, no palco, desenvolvia-se um vae e vem, entretido pela familia dos actores, das actrizes e pelos intrusos, bem capaz de causar vertigens ás constituições menos dadas á sensibilidade.


Uma flauta que nos produzia nos nervos arranhos de gato, conjuntamente com um violão despertando dobre a finados, e uma viola, gemendo sob uma unha affeita á enxada, constituia por inteiro o que então se appelidava de a ... Roquestra.


Estava vae não vae a levantar o panno. Os rapazes da Figueira, tendo invadido o palco, graças á bonhomia da companhia dramatica, deixem lhe chamar assim, trataram de collocar-se á primeira voz nos papeis de contra-regra, carpinteiros de urdimento, etc., etc.,. Os que haviam de entrar em scena estavam a estas horas reunidos em um telheiro que a casa do theatro tinha ligado pelo lado de traz. Estavam á beira do supplicio, de umas rugas feitas a ferro quente no rosto, que, depois, era afogueado mediante a despeza d’uma forte pintura a tinta nova.


Rompia o espectaculo com uma comedia que se bem nos recorda se intitulava - Os dois rivaes - que nos dava em exhibição no principio um velho vegete, enamorado d’uma creada, fresca e rosada, que tentava a carne mais aphatica.


O papel de velho havia sido distribuido a Jozé do Ignacio, de quem fallámos ha pouco, e que, appareceu em scena risonho a mostrar-se á rapaziada da Figueira. Ainda o panno não havia subido e na plateia o fóra, fóra, fóra, ribombava atroador soltado por dezenas de gargantas tonificadas pelo bom sol e bom ar dos campos. De subito ouviu-se uma voz: - Panno acima!


A rapaziada da Figueira pespegou com o Jozé do Ignacio dentro de um caixão (cousa da peça) o qual, depois iria subindo, puxado pela creada namorada, que assim o subtrahia ás vistas dos amos que eram peticegos. (Gazeta da Figueira - 01.04.1896)

Teatro da S.I.T. - Notas e Crírticas - 10

1934

ESPECTÁCULO EM TAVAREDE

Está marcada para hoje à noite, no teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense, nova récita pelo grupo daquela colectividade, sobejamente conhecido não só ali como em vários teatros onde a sua apresentação foi sempre acolhida com aplauso geral.


Estão marcadas para representação a formosa peça em 1 acto, original de Ramada Curto, As Três Gerações, e a linda comédia em 3 actos A porta falsa, do desempenho de ambas estando encarregados os melhores amadores daquela Sociedade.

Estes espectáculos têm a recomendá-los ainda o facto de constituirem sempre uma distracção escolhida, de agrado certo.


Por isso o teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense contará hoje farta concorrência. (Voz da Justiça – 04.14)

1935

TEATRO EM TAVAREDE

Não restam dúvidas: a opereta “Justiça de Sua Majestade” constitui um êxito brilhante do grupo tavaredense.


A estreia, no sábado, levou ao teatro uma enchente. Os sócios e famílias acorreram em grande número e aplaudiram com entusiasmo. E no dia seguinte, em matinée, a opereta firmou-se definitivamente no agrado do público. O entusiasmo foi invulgar. Todos os números de música aplaudidos e muitos dêles bisados. E o agrado do público exteriorizou-se mais calorosamente nos finais de acto, fazendo-se chamadas ao palco e obrigando o pano a subir repetidamente.


A música é lindíssima. Dois números são do maestro Raúl Portela e cinco do maestro Raúl Ferrão, e confirmam os méritos já consagrados dos seus autores; mas o distinto amador nosso patrício sr. António Simões, que é o autor de todos os restantes números da partitura, bem mereceu as grandes manifestações de aplauso com que o público o distinguiu, porque compôs, para os formosos versos de Alberto de Lacerda, música admirável, encantadora na melodia, rica de expressão e sempre conjugando-se harmonicamente com a ideia do poeta e a situação teatral. Muito bem! António Simões tem direito a parabéns.


“Justiça de Sua Majestade” é um espectáculo agradável. Bem posta em cena, com cenários lindos, bom guarda-roupa e harmoniosa interpretação é um belo êxito do grupo tavaredense.


No domingo esgotou-se a lotação do teatro e muitas famílias não alcançaram bilhetes. O mesmo sucederá com as representações de sábado, às 21 ½ horas e domingo, às 15 ½ horas, que serão as últimas, pois a peça tem de ser retirada de cena por motivo das diversões do carnaval. (Voz da Justiça – 02.20)

A VISITA AO PORTO

Na sexta-feira foi ao Pôrto realizar um espectáculo em benefício do Asilo de S. João, daquela cidade, o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense que representou no Teatro de Sá da Bandeira a opereta Justiça de Sua Majestade.


Temos prazer em registar que os nossos patrícios alcançaram um belo êxito, que os enche de natural satisfação e muito honra o festejado grupo tavaredense.


O teatro encheu-se. Esgotou-se completamente a lotação da plateia e camarotes. E a assistência manifestou o seu agrado de maneira bem expressiva. A representação foi frequentemente cortada de aplausos. Logo no 1º acto, uma calorosa ovação sublinhou a 0linda Canção dos Beijos; e foram sucessivamente aplaudidas a Canção do Tabaco, o número de Roberta, e o côro final do 1º acto; o belo dueto dos dois criados rústicos no 2º acto, o terceto Açorda do Major, a formosa canção de D. Joana, que a assistência obrigou a bisar, o côro Boas-noites, o dueto de amor e o terceto do 3º acto, etc. No final as aclamações foram calorosas e prolongadas, fazendo-se chamadas que provocaram novas ovações.


E assim, a linda opereta, que no teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense alcançou extraordinário agrado, obteve um êxito enorme com os aplausos expontâneos, sinceros, da culta plateia portuense.


Dirigimos ao grupo tavaredense as nossas felicitações cordiais, por êste seu novo triunfo, abrangendo nelas o distinto compositor amador, nosso patrício, sr. António Simões, autor da maior parte dos números de música da opereta e que no Pôrto apresentou e dirigiu uma excelente orquestra.


No jornal do Pôrto Povo do Norte, de segunda-feira, o seu crítico teatral refere-se à récita dos tavaredenses com palavras de muito elogio. Transcrevemos:


“ Há, no meio jornalístico profissional do Pôrto, a monomania de ligar pouca importância aos grupos de amadores teatrais da província.


Ainda na última sexta-feira, num espectáculo que se realizou, no Teatro Sá da Bandeira, em benefício do Asilo S. João, tivemos o ensejo de verificar esta lastimável verdade. Talvez porque se exibia ali um grupo de amadores de Tavarede, interessante aldeia vizinha da Figueira da Foz, não compareceu, naquele teatro, um único redactor dos diários portuenses a cumprir o dever de apreciar aquela tão simpática festa para, sôbre ela, bem informar depois a curiosidade do público. E foi pena que assim acontecesse porque o espectáculo marcou, sem dúvida, uma nota artística digna de registo.


Devemos confessar que nos surpreendeu o conjunto, que é mais harmónico que muitas companhias de profissionais que algumas vezes nos têm visitado”.


Depois de se referir à adaptação ao teatro da Justiça de Sua Majestade e ao modo como a opereta foi posta em cena, o crítico do Povo do Norte acrescenta:


“ Não faltou o mais insignificante detalhe de observação nos cenários e guarda-roupa, confeccionados de acôrdo com as exigências da época. Notou-se nas mais pequeninas coisas que andou ali dedo de quem percebia de teatro... E só assim se compreende o êxito alcançado por um conjunto de amadores, filhos do povo e do trabalho, que nas horas vagas se dedicam àquele modo de se instruírem e civilizarem, em vez de fugirem para os centros maléficos do vício e do crime.


A música da peça deve-se aos profissionais Ferrão e Portela e ao maestro-amador do grupo, António Simões, que dirigiu com segurança a orquestra, durante o espectáculo, sendo tôda inspirada em motivos populares, cheios de ingenuidade, que soam bem aos ouvidos daqueles que estão habituados a escutar as canções simples mas harmoniosas e sentimentais do povo aldeão.


No desempenho salientaram-se a característica Maria Tereza de Oliveira que, no papel de Roberta, nos deu a impressão de uma autêntica artista. D. Violinda Medina que, com um fiozinho de voz agradável, cantou bem e declamou sempre com muita naturalidade e acêrto, dum modo a, por diversas vezes, justamente conquistar aplausos; e Guilhermina de Oliveira, num ingénuo papel de criada, que desempenhou com vivacidade. Muito graciosa, mereceu também as palmas com que os espectadores a distinguiram.


Guardamos para o final o trabalho de Emília Monteiro, a triste apaixonada, que soube imprimir sentimento ao decorrer do desempenho do papel que lhe foi confiado.


Do elemento masculino, devemos salientar Jaime Broeiro que, no papel de José Urbano, revelou qualidades artísticas; e os restantes não desmancharam o conjunto.


A apresentação do grupo foi feita pelo nosso prezado amigo dr. João Correia Guimarães, a quem José Ribeiro agradeceu num belo improviso as palavras com que a sua gente foi distinguida.


Um pequenino educando agradeceu também o benefício que o seu asilo acabava de receber.


Foi comovente o modo como o director do grupo respondeu ao pequenino, dizendo-lhe que nada tinha que lhes agradecer porque estavam todos ali cumprindo um dever de solidariedade humana.


A assistência que enchia o teatro sublinhou com uma estrondosa salva de palmas as palavras do nosso colega.


Foi uma simpática festa que o Asilo de S. João organizou e que deve repetir-se logo que tenha oportunidade para isso”.


Também o Primeiro de Janeiro se refere elogiosamente à representação da Justiça de Sua Majestade:


“ A récita em benefício da simpática Associação Protectora do Asilo S. João realizada, sexta-feira passada, no Sá da Bandeira, decorreu com entusiasmo e, por vezes, até com brilho mercê, principalmente, da peça representada e da segurança que mostraram no desempenho dos seus “papéis” os bons elementos que constituem o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense, da Figueira da Foz”.


Alude em seguida à adaptação da Justiça de Sua Majestade, e termina:

“ A música traz as assinaturas dos maestros Raúl Ferrão e Raúl Portela e do amador figueirense António Simões, sendo, tôda ela, de suave inspiração e melodia.


O desempenho foi correcto e homogéneo, procurando todos os amadores concorrer – o que conseguiram – para o sucesso da representação a que o público não regateou aplausos.


O grupo coral compartilhou, também, com justiça, dêsses aplausos, assim como a orquestra, sob a direcção do sr. António Simões.


O interessante Grupo apresentou um bom guarda-roupa, à época (1852) e cenários apropriados do cenógrafo Rogério Reynaud e do artista Alberto Lacerda.


Pode dizer-se que a récita da Associação Protectora do Asilo de S. João, instituição de beneficência que tantas simpatias conta nesta cidade marcou, êste ano, como espectáculo de interêsse”.


A Direcção da Sociedade de Instrução Tavaredense está reconhecidíssima ao Asilo de S. João pelo acolhimento gentil que foi dispensado ao seu grupo cénico, e particularmente ao sr. Rogério Bettencourt, director daquela benemérita instituição, cujas atenções e gentilezas não serão esquecidas. (Voz da Justiça – 05.08)


REPRESENTAÇÕES EM COIMBRA

Constituiram dois autênticos triunfos para o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense as duas récitas que qui veio realizar, no Teatro Avenida, em benefício próprio e do Asilo da Infância Desvalida desta cidade. Como noticiámos, o público de Coimbra aguardava com ansiedade a ocasião de poder admirar mais uma vez o importante trabalho dêsses humildes trabalhadores do campo e da oficina que, graças à excelente organização, ao esfôrço do seu ensaiador e à energia e paciência do autor da música e regente da orquestra, sr. António Simões, têm conseguido conquistar a simpatia e o agrado do público que os tem premiado com fartos aplausos, em tôda a parte do país onde se têm exibido. Os conimbricenses são dos que mais apreciam e admiram tantos esforços, tão bem conjugados e tão bem orientados. Provam-no não só as prolongadas salvas de palmas com que os amadores foram homenageados, no decorrer das duas récitas, mas ainda as estrondosas ovações dispensadas a José Ribeiro, tanto na primeira noite, após o seu singelo e cativante discurso de agradecimento às palavras justas do dr. Celestino Maia, como na noite seguinte, no intervalo do segundo para o terceiro acto, em que o público reconhecido lhe fez uma chamada especial, com calor e entusiasmo. O regente da orquestra, sr. António Simões, bem como o caracterizador, sr. António Esteves, que não compareceu no palco, a-pesar-da insistência do público.


O nome do sr. dr. Elísio de Moura, grande benemérito, que preside e dirige os destinos do Asilo da Infância Desvalida foi aclamadíssimo, quando José Ribeiro se lhe referiu em têrmos de sentida homenagem que muito calaram no ânimo da assistência. Consta que o Grupo voltará a Coimbra; pois desde já lhe vaticinamos novas enchentes e novos e merecidos aplausos. (Voz da Justiça – 05.18)

O GRUPO CÉNICO TAVAREDENSE EM COIMBRA

Os jornais de Coimbra fizeram referências muito elogiosas às peças que o simpático grupo tavaredense representou em Coimbra e ali agradaram plenamente; e não foram menos calorosos os elogios feitos aos intérpretes, que tiveram o prazer de sentir-se aplaudidos entusiasticamente pela plateia. Impossível é satisfazer o nosso desejo, transcrevendo tôdas as críticas publicadas. Transcrevemos somente alguns passos em que se foca o trabalho dos nossos amadores.


Do Diário de Coimbra – crítica da representação da opereta Justiça de Sua Majestade:
“.............
É um trabalho são, que bem merece ser exaltado, pela sua eficiência moral, desviando o povo nas suas horas de ócio, para uma obra de assistência, paralelamente à da instrução.

Independentemente de constituir para todos um divertimento salutar, é ainda uma forma inteligente de dar vida a uma sociedade onde todos se educam.


Quanto a nós, são estes os principais predicados dos grupos dramáticos.


Particularmente, e objectivamente a êste que vimos de ver, manda a verdade que traduzamos o seu valor com esta afirmação: existem em Portugal muitos profissionais do teatro, que muito aprenderiam ingressando no grupo da Sociedade de Instrução Tavaredense.


Não pretendemos depois disto, ferir susceptibilidades, apontando nomes.


Todos muito bem.


Se é certo que podemos apontar alguns nomes que o público sentiu melhor, não é menos certo que isso se deve apenas à beleza dos papéis, e não ao valor pessoal dos seus intérpretes.


E assim, Violinda Medina e Silva, ouviu fartos aplausos pela forma como cantou; Emília Monteiro, traduziu muito bem a depressão moral e tristeza resultante da sua posição na peça; Maria Tereza Oliveira, uns hesitantes 20 anos, fez muito bem a velha Roberta; Guilhermina de Oliveira, uma linda e desenxovalhada rapariga, deu-nos uma rica interpretação de noiva ingénua de aldeia.


E, dos papéis masculinos, não vale falar; a tôdos êles se deve o êxito da representação.

Guarda-roupa de côres fortes e harmoniosas, e cenários rigorosos.


Música de harmonia com os nomes consagrados dos autores.


Coros agradáveis.


Boa marcação, embora algumas cenas não deixassem maior movimentação.


O público aplaudiu com entusiasmo, traduzindo a justiça merecida”.


Da carta de Coimbra para o Primeiro de Janeiro:


“.... a primeira peça – “Justiça de Sua Majestade” – desenrolou-se com a atenção da assistência, que fartos aplausos dispensou ao esplêndido conjunto artístico, que conta elementos valiosos, recrutados no meio operário e dos campos. Tôda a música agradou, sendo bisados alguns números e coros finais.


A segunda peça – “A Cigarra e a Formiga” -, de Alberto Lacerda e José Ribeiro, pôs o grupo em foco pelo excelente trabalho. Violinda Medina, Emília Monteiro, Eugénia Oliveira, Jaime e António Broeiro, muito bem.


Propositadamente deixamos para o fim o compère, João Cascão, que, desde a sua apresentação e do seu primeiro número que cantou se conduziu até final, como verdadeiro artista.


O segundo acto, rico de jôgo cénico; o terceiro, vida, muita alegria e o cunho característico das nossas festas da aldeia, com a tão conhecida desgarrada. Os quadros “Apoteose ao trabalho”, “Em noite de S. João”, “Beira Mar” e a “Apoteose ao Amor”, formosíssimos!”.


Na Gazeta de Coimbra, o crítico teatral sr. José Castilho fez uma apreciação pormenorizada das duas peças, da sua montagem e do desempenho que tiveram. Umas ligeiras transcrições:


“.............
Porque foi com a maior admiração que nós vimos representar “Justiça de Sua Majestade” e, depois, a fantasia intitulada “A Cigarra e a Formiga”.


.............
Em ambas as peças – reconhece-se à primeira vista – houve a preocupação dos ensinamentos salutares à gente que as desempenha e ao público que as vê, tendo-se a finalidade conseguido plenamente.


Despidas do espírito grosseiro, a roçar pela pornografia, e de situações equívocas que um cunho imoral caracteriza, “Justiça de Sua Majestade” e “A Cigarra e a Formiga” são bem o trabalho de quem, integrado nos mais altos princípios de equidade e de justiça, procura marcar a sua posição no campo das letras, pugnando pelo triunfo do Bem, do Amor e da Solidariedade Humana.


Bem hajam os que colocam a inteligência de privilégio ao serviço de causa tão nobre.


E ditas estas palavras, a correr, com a preocupação de que venha a faltar-lhe o espaço no jornal, entremos no desempenho.


Violinda Medina e Silva é a figura máxima do agrupamento que, sem favor de nenhuma espécie, se pode classificar de artístico.


Brilhou, na primeira noite, num dificilimo papel de distinção, que uma fidalga de raça não conseguiria desempenhar melhor. Brilhou, na segunda récita, em papéis de diferentes géneros, adaptando-se aos mesmos com uma naturalidade e uma intuição verdadeiramente assombrosas! Na sua graça sem artifícios, na sua naturalidade invulgar, na sua voz de oiro que prende e encanta, esta rapariga poderia ocupar posição destacante entre um grupo distinto de artistas de “verdade”! É necessário possuirem-se qualidades muito excepcionais, muito prodigiosas, para se representar com a perfeição com que Violinda Medina representa!


Emília Monteiro – figurita delicada e frágil de vitral, com uns olhos profundos onde há todo o mistério das noites infinitas – é outra revelação.


Os papéis a seu cargo têm alma, têm sentimento, têm realidade, e a sua voz é um fiozito de oiro que a gente escuta, com o maior enlêvo.


Pronúncia correctíssima, gesto natural e elegante, esta costureirinha gentil parece, no palco, uma frequentadora dos salões de “bom tom”, para a qual as normas da fidalguia de maneiras não têm segredos. Merece bem as ligeiras palavras de homenagem que lhe dispensamos.


Maria Tereza de Oliveira impôs-se ao público na “Roberta”, da primeira peça, conseguindo agrado pleno na “Formiga” da segunda.


Mocidade gloriosa num dificílimo papel de velha, a “Roberta” soube arrancar do público uma vibrantíssima ovação, que foi o melhor prémio de um esplêndido trabalho.


Guilhermina de Oliveira, marcou, na “Cigarra”. Cheia de encanto e de frescura, soube vencer, sem artifícios, as dificuldades do seu papel.


O restante elenco feminino correcto, não desmanchando, antes emprestando valor ao conjunto.


Da parte masculina, destacaremos João Cascão, no papel de maior responsabilidade de “A Cigarra e a Formiga”; Jaime e António Broeiro, que são dois verdadeiros artistas e que, por isso mesmo, em ambas as peças, conseguiram prender completamente as atenções do público; António Santos, pelo seu “à vontade” tão pouco frequente em amadores, e Manuel Nogueira, pela verdade empregada na fala difícil do João, marítimo.


Os outros não podemos citá-los especialmente como seria nosso desejo. Mas isso não significa menos consideração para quem, ainda que em papéis mais modestos, tanto faz realçar o corpo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense.


O público, que nas duas noites encheu o Avenida, aplaudiu com entusiasmo. Não foram as palmas convencionais, de simpatia por esta ou aquela figura. Foram as manifestações sentidas pelo mérito de quem soube impor-se-lhe de maneira tão eloquente.


Merece referência especial a música – inspirada música do distinto amador sr. António Simões, que sob a hábil regência do mesmo, a orquestra executou primorosamente.


Emfim, a gente de Coimbra soube mostrar duma maneira fidalga a sua admiração pelo grupo de Tavarede que, numa simpática romagem de beneficência, em tão boa hora nos visitou.


Consta-nos que o referido grupo volta cá. Pois iremos de novo ao teatro, com o mesmo interêsse que alimentamos quando uma boa companhia nos visita”.


O crítico do Despertar igualmente se alongou numa crítica honrosa para o grupo tavaredense. Depois de se referir às peças, cita especialmente alguns belos cenários de Alberto Lacerda e Rogério Reynaud, e elogia o esfôrço admirável de António Simões, autor de quási tôda a música e regente da orquestra. Transcrevemos somente a parte final desta crítica:


“.......não porque êstes amadores sejam de difícil ensinamento – porque existe nêles muita intuição -, mas porque são muito briosos, sentem o desejo forte de fazerem boa figura, e de serem no palco aquilo que na verdade são, sem favor os considero – amadores dramáticos dos mais distintos que tenho visto representar.


Do desempenho destas duas lindas peças, de géneros tão diferentes – pedras de toque para bem se aquiltar das aptidões cénicas dos amadores que as representaram – permita-se-me que, sem desconsideração para ninguém, que destaque Violinda Medina e Silva, a quem José Castilho, na “Gazeta de Coimbra”, chama, com muita razão, “a figura máxima do grupo”.


Representa muito bem; diz com muita correcção; sabe cantar, e tem uma vozinha muito agradável.


Tomaram muitos dos que se apresentam nos nossos palcos, como artistas, valer o que vale a Violinda.


Maria Tereza de Oliveira e Emília Monteiro, duas tanagras, nos seus papéis, tanto numa peça como na outra, marcaram pela dição e pelo gesto, pelo à-vontade que é, de resto, a nota mais frisante de cada um dos componentes dêste grupo que pode bem denominar-se de artístico.

Guilhermina de Oliveira tem na “Cigarra” um papel de responsabilidade, de que soube tirar todo o efeito, merecendo, por isso, muitos aplausos.


As restantes amadoras, Beatriz Loureiro, Aldora Santos e Eugénia Oliveira e Silva, contribuiram bem para o agrado que os dois espectáculos deixaram no público.


Há nomes que são a perfeita antítese de quem os usa, e estão neste caso Jaime Broeiro e António Broeiro, que, tanto na “Justiça de Sua Majestade” como na “Cigarra e a Formiga”, têm papéis de muita responsabilidade, que desempenharam como autênticos artistas.


João Cascão, o figurante maior da “fantasia”, merece, também, a designação de amador muito distinto, como bem mereceu os aplausos muito entusiásticos que o público premiou o seu consciencioso trabalho.


António dos Santos e Manuel Nogueira desempenharam, também, muito bem os seus papéis, dando-nos êste último um pescador verdadeiro na linguagem, na indumentária, no gesto, em tudo – a que o cenário “Beira Mar” deu um grande realce.


É justo falar, também, no trabalho dos restantes amadores – António Graça, Francisco Carvalho, José Vigário e Francisco Loureiro, pois todos se esforçaram pelo bom desempenho dos papéis que representaram.


A massa anónima: oficiais do exército, criadas da estalagem, camponeses e camponesas (da 1ª peça), e cigarras, formigas, cavadores, rapazes e raparigas, marítimos e peixeiras (da 2ª) não desmancharam o conjunto, e mereceram, também, muitas palmas.


Músicas muito lindas: bem ensaiadas e bem regidas; marcações muito boas, cenários e guarda-roupa na altura das peças e do seu desempenho.


Só me resta felicitar o grupo cénico da “Sociedade de Instrução Tavaredense”, pelo bom êxito da sua jornada triunfal a Coimbra, que o espera para novos aplausos.


“Au revoir”. (Voz da Justiça – 05.22)

O GRUPO CÉNICO TAVAREDENSE EM COIMBRA

Além das críticas dos jornais de Coimbra, muito honrosas para o grupo cénico tavaredense e das quais transcrevemos alguns trechos no último número, registamos também as elogiosas referências do brilhante cronista de Coimbra para o Primeiro de Janeiro, insertas na crónica de quarta-feira última:


“ Nos primeiros dias desta semana, exibiu-se no Teatro Avenida um grupo cénico – Instrução e Recreio Tavaredense – que teve um grande, um extraordinário sucesso.


Com efeito, o trabalho que representa a maneira como os seus componentes se apresentaram no desempenho dos “papéis”, é qualquer coisa a merecer admiração e simpatia, o melhor e mais respeitoso acolhimento.


Porque não se trata de pessoas com uma educação superior, mas de simples, de modestos trabalhadores que fora das horas das suas ocupações, vão aprender a representar, a cantar, como quem diz, conhecer e falar correctamente a nossa língua, a entender as suas expressões literárias, a corrigir atitudes, a interpretar trechos musicais, ou seja, finalmente, a fazer Arte e da boa.


Isto é, de facto, qualquer coisa de merecimento, sôbre tudo nos tempos de terrível materialismo que vão decorrendo.


Mas se o conjunto é admirável na interpretação das peças, estas são, por sua vez, obras de valor, merecedoras também da mais recolhida admiração.


...............
A sua exibição foi em favor da Obra do Professor Elísio de Moura, ou seja do Asilo da Infância Desvalida, outro motivo para que o grupo de Tavarede fique na memória dos conimbricenses pela sua valiosa contribuição para uma das melhores obras de benemerência desta terra.


Aqui deixamos, pois, estas notas como o eco dos vibrantes aplausos merecidamente dispensados pela nossa exigente plateia à S. I. R. Tavaredense. (Voz da Justiça – 05.25)

A PROPÓSITO DA JUSTIÇA DE SUA MAJESTADE

Mer caro José Ribeiro
Saiba você, - são cinco e vários da madrugada. Já luz o buraco. Escrevo-lhe do Entroncamento. A uma mesa do restaurante. Oloresce e fumega diante de mim, uma chávena de café loiro. Venho de ver e ouvir a sua peça. E como tenho que aguardar neste poiso, uma vasta hora (- sem ter mais que fazer! -) podemos palrar como velhos amigos que somos. Suponha você, José Ribeiro, que se sentou aqui em face. Você engulipa o seu praxista café. Eu palro...


Oiça, José Ribeiro. Eu não sou crítico de coisa nenhuma. Muito menos de teatro. Sou avesso, por índole, a escovar adjectivos. Mas apetece-me hoje, neste dealbar nevoento duma manhã fria, conversar consigo.


Lá fora, rugem combóios. Apitam cornetas estrídulas. E já apagadas as derradeiras estrêlas, lucilam os lumes vários da Estação. Porque ainda não é dia claro. Você sabe o tom de violeta esmaecido das manhãs. É a luz que há. Imprecisa. E vaga...


Você conhece melhor que eu o teatro moderno. Nomeadamente o teatro nórdico. Esse assombroso teatro russo. O teatro da Suécia, da Noruega, da Dinamarca, - que fugindo velho ídolo, do velho Ibsen, e tem novas características e novos rumos.


Teatro dinâmico. Breve. Sintético. Conciso. Claro que a análise psicológica. Mas rútila. Fulgurando como um clarão.


E eu bem compreendo que você, José Ribeiro, não podia (nem devia!) fazer teatro assim para as galantes raparigas e para os rapazes firmes, da sua Tavarede, - viçosa e fresca, sussurante de águas, tôda engalanada de verduras, idílica, perfumada do doce aroma das lúcias-limas!


Depois é preciso haver um Procópio Ferreira, para um “Deus lhe pague”.


A aproximação do teatro ao cinema – tem de fazer-se!


Nós hoje falamos e escrevemos com um poder de síntese, (aqueles que o sabem fazer, que nanja eu!) que faria corar as longas orações do Padre António Vieira!


E temos de pôr a verdade no teatro!


Aquilo dum major ter enxertado uma menina, como quem esfrega um ôlho, - nem no tempo em que o Afonso Henriques caçava moiros!


As mulheres defendem-se como feras!


E tudo na sua peça é suave e doce. É uma história contada a crianças, no tempo apartado em que havia lareiras e ao borralho se contava que – “era uma vez uma fada...”.


Isto de palrar a uma mesa de restaurante, emquanto se espera um combóio, e a manhã se define, - leva-nos a perder o fio à conversa...


O que eu queria era felicitá-lo. Perdi-me em bambalarachas.


..................
Bem! Beba um golo de café. Eu mais um de chá. E tenha paciência. Mas falta meia hora para o combóio. Já é quási dia claro. Anda o sol, a arranhar a névoa. Cantam galos. E ali no arvoredo, deve trilar a passarada.


Vamos falar a sério.


A adaptação é uma maravilha. Um achado. Certo.


Formosa música. Esse António Simões (que está pançudo como eu!) teve sempre um atilado gôsto. Dê por mim novo braço ao António Simões.


..................
D. Violinda é uma artista. Assim mesmo. E sem favor.


Muito galante a Emília Monteiro. Muito galante e muito bem!


Gostei profundamente da Maria Tereza, na “Roberta”. Profundamente! Aquilo chama-se – representar!


A Guilhermina, fresca como as suas cerejas. E tão linda!


Os Broeiros, são dois excelentes amadores.


Um rico major.


... E não posso continuar. Vamos acabar. Eu com o meu chá. Você com o seu café! Está o combóio a abalar para longes terras. O sol já abriu a sua asa de oiro. As silharias da estação resplendem! Gloriosa manhã de Maio. Adeus, José Ribeiro. Perdoe a maçada. Isto foi uma conversa ligeira e despretenciosa. E só para nós dois...


Estreita-o ao coração num largo abraço de muita sincera admiração o seu amigo firme Raym.


N.R. – esta crónica, justamente elogiosa para os amadores tavaredenses, sai mutilada. Não deve o amigo Raym estranhar o facto: bem o avisámos...


Com as linhas de reticências a que recorremos nós prestamos, a final, um bom serviço ao cronista: suprimimos a razão que possivelmente ficaria ao leitor para acusá-lo de injustiça... por excessivo louvor. (Voz da Justiça – 05.29)

AS PUPILAS DO SR. REITOR

(A propósito do filme com este título)


...............
Olhe, José Ribeiro: há largos meses, encontrava-me por acaso em Tomar, vi anunciado para essa noite um espectáculo com a opereta As Pupilas do Sr. Reitor, por amadores de Tavarede.


Fez-me o caso espécie e resolvi ir ao teatro. Julgava eu ir desopilar largamente a figadeira.


Ao finalizar o primeiro acto – e repare que não digo ao principar... – estava entusiasmado.


O libretto é defeituoso. E compreende-se, em opereta extraída de romance. Mas o desempenho, os cenários, a indumentária e a música, formam um todo que não esquece facilmente.


Em especial, colhe-se dêsse espectáculo o espírito das autênticas Pupilas.


Respeita-se, com todo o escrúpulo, o intuito do autor.


Quis saber a que título vinha de tão longe, da Figueira da Foz, um núcleo de amadores assim; quem o fizera, quais os seus objectivos.


Para encurtar, porque V. era capaz de não consentir pormenores: fui-lhes apresentado e formei a par dos admiradores da sua Sociedade.


E – deixe lá passar esta – ao sair do Parque, há dias, após a projecção da fita, tive pena, sincera mágoa, de não acompanhar de perto, desde o início, a filmagem.


É que ter-me-ia permitido sugerir ao realizador, a preciosa idea de obter uma representação das Pupilas do Senhor Reitor pela companhia de Tavarede, para ver bem como pode fazer-se arte, com as Pupilas, as do Júlio Deniz. (Voz da Justiça – 08.24)

A SOCIEDADE DE INSTRUÇÃO TAVAREDENSE EM COIMBRA

Na sua carta de hoje o correspondente dêste jornal em Coimbra regista o novo êxito que o esplêndido grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense obteve naquela cidade, na segunda-feira, representando no Teatro Avenida, a peça Os Fidalgos da Casa Mourisca, em benefício da Associação dos Diabéticos Pobres.


Todos os jornais fazem elogiosas referências aos amadores tavaredenses, o que nos é agradável registar.


A Gazeta de Coimbra, salientando as grandes dificuldades do drama para ser representado por amadores, numa época em que o drama está fora da moda, diz que o grupo tavaredense vincou os créditos que já tinha alcançado em Coimbra, o que é razão para o felicitar sinceramente. E o Despertar, frisando a correcção do desempenho, escreve: “O Teatro Avenida encheu-se por completo, tendo todos os amadores da Sociedade de Instrução Tavaredense sido muito aplaudidos. O grupo de amadores de Tavarede pode, pois, ufanar-se de ser, na especialidade a que se dedica, um dos melhores do país”.


O Século, o Primeiro de Janeiro, o Comércio do Porto e o Jornal de Notícias, nas suas correspondências, igualmente registam o brilhante êxito do grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense.


Também nós gostosamente o felicitamos, tanto mais que ao êxito artístico correspondeu o êxito material: o teatro esgotou a lotação e mais de 400 pessoas não obtiveram lugar. (Voz da Justiça – 11.09)