Para o anno de 1921 organisou-se uma brilhante comissão para levar a efeito aquelles festejos, começando por pegar na bandeira, após a entrega da mesma ao nosso paroco, pela comissão de 1920, mas só para meter figura na ocasião, visto que era acompanhada por musica e foguetes, a percorrer as ruas da terra, fazendo depois fraca figura perante os seus conterraneos, por nada mais ter feito, seguindo-se aquele numero as festas do anno citado.
D’ali para cá nunca mais se pensou em tal assumpto, razão porque não acreditamos que este ano hajam creaturas que pensem em realisar os tradicionaes festejos ao santo casamenteiro da nossa terra, sendo para lastimar que tal não aconteça, pois que, em muitas povoações deste e outros concelhos, se realisam todos os anos as costumadas festas, e só aqui se veja no esquecimento a do S. João, que sempre eram tão ambicionados pela gente moça, para dar largas á sua alegria!...".
Compreende-se apezar de já o termos ouvido dizer – que os seus habitantes resolveram promover aquelas festitas para vergonha dos de Tavarede e ao mesmo tempo com o intuito de os entusiasmar, tirando-os da apatia em que se teem conservado há 3 anos, para levarem a efeito os tradicionaes festejos a S. João.
Com bastante magoa notámos que quasi todos não se incomodaram, não obstante ter havido alguns – muito poucos – com vontade de pôr mãos á obra e trabalhar de fórma a não deixar passar em branco, mais um ano, as festas dedicadas áquele santo (que nos anteriores a 1921 deixaram boa impressão em todos os forasteiros que a ellas assistiram), não vendo realisados os seus desejos, por não terem encontrado quem os auxiliasse e por ficarem para muito tarde, apezar do S. João a todo o tempo ter vez.
Que tenham paciencia todos os apreciadores das festas realisadas na nossa terra, e que esperem até ao ano de 1924, que, estou por certo, se converterão no mesmo das do corrente: em nada".
Não lhes serve de nada as nuvens espessas de poeira clara da estrada, que nortadas fortes dos lados de Brenha sobre elas arremessam, como que a dizer-lhes: lavem a cara, oh porcas...
Mas vivem bem naquele antro do chalé compadre Casimiro, que é, além da Ti’Maria da Ferrugenta, mulher entendida em curativos da espinhela e pragas de bruchas, a figura de relevo do logar, pois que até tem tasca.
Calhou a fazerem no domingo ultimo a sua festa... a Bacho, a qual constou, ao que me dizem, de danças de sábado para domingo e neste dia de tarde até altas horas da noite. Tocaram num elegante coreto, armado sob uma figueira de S. João, que é d'aquelas que dá figos graúdos, 4 (!!) rapazes de Tavarede. Queimaram foguetes em barda. A iluminação chegou a ser de candeias de azeite penduradas na arvore que servia de tecto aos muzicos e dançarinos... O Fandango mais o Mocho eram também da comissão. Como não sabem lêr prescindiram do lápis e do papel e fizeram contas a traços na estrada, tendo por caneta um cajado do primeiro, que é um dos bons pastores do logar. Os músicos tremeram por momentos ao soar-lhes aos ouvidos estas negras e ingramaveis palavras: - o dinheiro não chega; faltam 17 melreis...
Mas os homens pagaram-lhes honradamente, como bons patrões que foram...
Conclusão. Por todos os cantos há festanças, há folguedos, e só o coração da freguezia anda negro como as habitações da Ferrujenta, não acordando de vez da letargia em que jaz vai para 3 anos.
Parece-nos que também vai haver bródio num outro logar denominado Casal dos Piratas.
Se olharem bem para o nome, os forasteiros são capazes de para lá irem armados até aos dentes, afim de, prevendo qualquer eventualidade, poderem bem gosar amanhando-se mutuamente...
Eu é que não ia nesse bote...
Ora os piratas!