sábado, 8 de outubro de 2011

GRUPO MUSICAL E DE INSTRUÇÃO TAVAREDENSE



1996.08.30 - SESSÃO SOLENE DO GMIT

Foi bonita, teve nível, esteve à altura das circunstâncias a Sessão Solene comemorativa do 85º aniversário do Grupo Musical Tavaredense.


A sessão que teve início às 16,30 horas, foi presidida pelo dr. Luís de Melo Biscaia, representando a Câmara Municipal, que teve a seu lado, António Simões Baltazar, Presidente da Junta de Freguesia de Tavarede, drª Ilda Manuela Oliveira Duarte Simões, oradora oficial, drs. Albarino Maia, Maria Celeste Pinto Almeida, Jorge Galamba Marques, António Rafael, Presidente do Grupo Recreativo Vilaverdense e Augusto Ferreira, da Dez de Agosto.


O Presidente da Assembleia Geral começou por empossar os novos corpos sociais, que têm a presidir aos diversos orgãos: Simões Baltazar, na qualidade de Presidente da Assembleia Geral; José Augusto Rodrigues de Carvalho, Presidente da Direcção e Joaquim Sobreira Calhaço, Presidente do Conselho Fiscal. Da Direcção fazem parte três senhoras.


A Presidente da Direcção, D. Celeste Maria, entregou diplomas de sócios honorários a Álvaro Jorge Marques, recebido por sua filha, e a Aristides Cardoso Esteves, pelos relevantes serviços prestados à colectividade. Depois distinguiu, com placas, os seguintes associados: D. Júlia Medina, D. Maria da Providência, D. Fernanda Esteves, D. Albertina Nogueira, Aristides Cardoso Esteves, Nuno Esteves, Eduardo Mouco, Graça Cachulo, Rita Cachulo, João Carlos, Joaquim Cachulo, Aristides Esteves, Luís Neto Pereira, Joaquim Cabeças, Rui Dias, Pedro Rodrigues, Jorge Fernandes, Jójó, Hugo Gonçalves e Filipe Santos.


Foi a altura da Presidente da Direcção, Celeste Maria, ler um breve relatório, no qual deu conhecimento dos melhoramentos efectuados quer no palco, quer dotando a sala de instalações sanitárias e bem assim doutros melhoramentos na sede. Referiu os subsídios recebidos da Secretaria de Estado da Cultura para a compra de instrumentos e deu conta que deixava, também, aprovado na Câmara o projecto para a construção do telhado. Lembrou a conquista, em dois anos seguidos, do 1º prémio das Marchas da Cidade e agradeceu todos aqueles que com ela colaboraram.


Felicitou a nova Direcção e afirmou estar segura de que os novos directores formarão uma equipa coesa para que, o GMIT, continue a honrar a terra onde nasceu: Tavarede.


O Dr. Melo Biscaia, deu a palavra ao nosso Director Dr. Albarino Maia que empolgou a assistência com um brilhante improviso. Começou por dizer que estava presente em consequência do muito amor que tem pelo movimento associativo.


Afirmou que a verdade das colectividades não está no que se passa nas sessões solenes, está sim nos 365 dias da constante actividade, no dia a dia que constrói a sua história. Disse que, nas ocasiões como a que estava a viver, não gosta de pensar o que diz pois prefere deixar falar o coração. Felicitou a Tuna de Tavarede que estava sempre presente em festas desta natureza, embora naquele dia desfalcada de mestre Bichão e chamou a atenção, das entidades oficiais, para a justa homenagem que deve ser prestada à dedicação e espírito de colaboração da Tuna.


Pediu, depois, aos presentes não uma salva de palmas para alguém especial mas sim para todos aqueles que, cumprindo um dever associativo, ali estavam presentes.


Felicitou a Direcção cessante pelo excelente trabalho desenvolvido especialmente pela prova de eficiência ao conseguir que, na Sessão Solene a decorrer, os novos responsáveis tivessem tomado posse.


Desejou felicidades aos novos dirigentes da colectividade.


Durante a sua brilhante intervenção o Dr. Albarino Maia foi várias vezes interrompido, com vibrantes salvas de palmas, merecendo, no final, que fosse tocado o hino do Grupo em festa.


E tão agradáveis de ouvir, foram as suas palavras, que, na sua intervenção, o Dr. Melo Biscaia o classificaria de “Mestre em pedagogia associativa”. Mais um “tacho” mas sem vencimento.


O Presidente da Junta, Simões Baltazar, fez a apologia das Associações, felicitou os presentes, cumprimentou o Dr. Albarino Maia pela riqueza da sua intervenção, saudou as pessoas distinguidas, deu os parabéns à direcção cessante e afirmou a sua esperança no futuro, face ao conhecimento que tinha das qualidades e méritos dos empossados. Transmitiu uma saudação do Padre Matos, ausente nos Açores.


Teve lugar o segundo momento alto da sessão ao ouvir-se a Drª Ilda Manuela, professora do ensino secundário, que proferiu a sua valiosa palestra, subordinada ao tema: “A amizade, a solidariedade e o diálogo numa colectividade”.


A Drª Ilda Manuela principiou por dar a definição “fria” constante dos dicionários, de cada uma das palavras do título, que na vida têm um significado com mais “calor”.


“Recordo, com nostalgia, a sã camaradagem com que se vivia nesta casa feita de paredes velhas, muito humildes, onde havia algumas salas forradas com os retratos de homens barbados, de aspecto austero, que impunham um enorme respeito, um soalho oscilando que tremia freneticamente ao compasso do rock, do twist e que balançava docemente quando o tango e a valsa soavam, para que os nossos pais “velhotes” de trinta e poucos anos, mostrassem as suas habilidades... Que saudade!...


Ao recordar esses tempos sinto que havia vaidade, havia orgulho naquilo que se fazia, e que se pretendia que fosse bem feito. Só havia um objectivo: o engrandecimento da colectividade. Quando chegada a hora de músicos e bailarinos descansarem ouvia-se uma voz: “Agora, os cavalheiros devem acompanhar as senhoras e as meninas ao bufete”... E lá se ia, escada acima, saborear o pratinho de arroz-doce e beber um pirolito.


O espaço era pequeno e por isso ficávamos até apertados, o que levava um mais brincalhão a dizer: “cuidado, se baloiçais muito, caímos em cima das vacas do Marcelino”. Mas qual cuidado, ninguém se lembrava que o aquecimento central do Grupo MIT era o bafo das vacas, dormindo pachorrentamente nos estábulos, por baixo do salão! Por tudo isto se sonhava com uma sede.


Não posso deixar de lembrar o sr. Matias, sem esquecer os outros, é que, nos meus tempos de meninice, eu sentia naquele homem alguma dose de autoridade, de exigência que fazia com que o respeito fosse uma palavra sentida e vivida. A boa camaradagem só é possível desde que todos se respeitem.


Outro aspecto que recordo e que mostra bem como a amizade e solidariedade não eram palavras vãs, foi a compra do 1º televisor! Que grande espírito de união. Foi lindo, todos quotizando-se, para a sua compra.


Aqui vivemos com sonhos a nossa vida, todos os dias. E havia tempo para partilhar os nossos sonhos. Hoje falamos muito e conversamos pouco, porque conversar é viver em companhia. O diálogo hoje é quase inexistente. Foi rasgado pela pressa, devorado pelo excesso de trabalho, absorvido pela ânsia do poder. É pena.


Hoje esquecemo-nos de compreender os outros, esquecendo que a compreensão gera confiança e aproxima as pessoas. Mais adiante: “Sabemos que a violência nas relações humanas é o reflexo de uma violência mais geral que depende em grande parte de injustiças sociais. Importa combatê-las.


Esta casa não existiria se os homens, desta terra, não tivessem dado as mãos e começado a obra que hoje se vê.


Com dissabores, com discordâncias, que se corrigiram com a sabedoria da amizade e da solidariedade e do perdão”. Terminou afirmando: “certamente que todos aqueles que ajudaram a erguer esta colectividade – e tantos deles já desaparecidos... e lembro, se mo permitem o meu pai que fazia precisamente hoje 79 anos se fosse vivo, e que tanto amou o GMIT – se sentirão satisfeitos porque sentem que os homens de hoje continuam a exercer a solidariedade e a praticar a tolerância”.


“Com amor direi eu...”


O público de pé sublinhou com palmas as bonitas e adequadas palavras da Drª Ilda Manuela.


O Dr. Luís de Melo Biscaia com uma carinhosa intervenção, felicitou o Dr. Albarino Maia pelas suas sentidas palavras, cumprimentou a Presidente cessante, D. Celeste Maria Pinto Almeida e a sua equipa, e fez votos para que tivessem encontrado uns bons continuadores e felicitou a Drª Ilda Manuela pela forma didáctica como tinha sabido orientar a sua brilhante intervenção. Declarando, de seguida, encerrada a sessão solene comemorativa do 85º aniversário.




(O Figueirense)

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