sábado, 21 de julho de 2012

Quadros - Os Senhores de Tavarede - 13

O morgado de Tavarede desempenhou estas funções até ao ano de 1655, tendo pedido escusa do cargo. O rei, aceitando a petição feita, aceitou a escusa. Fernão Gomes de Quadros. Eu, El-Rei, vos envio muito saudar. Havendo visto a petição que me fizestes para vos haver por escuso de continuar no cargo de capitão mor da vila de Buarcos, de que estais encarregado, e as razões que vos obrigam a pedi-lo.

Com atenção a elas, hei por bem de vos haver desobrigado da dita ocupação. E para que o tenhais assim entendido, mando fazer este aviso. Escrita em Lisboa a 31 de Julho de 1655. Rei.

Já referimos que um dos seus filhos, Manuel de Melo, tinha sido morto em combate contra os espanhóis. É intessante transcrever a carta que El-Rei escreveu ao fidalgo de Tavarede a lamentar o sucedido: Fernão Gomes de Quadros. Eu, El-Rei, vos envio muito saudar. O Mestre de Campo João de Melo me deu conta da entrada, que em 16 de Março próximo passado, fez em Castela, e do sucesso dela e do encontro que teve com o inimigo, em que o vosso filho Manuel de Melo foi morto, do que tive desprazer e sentimento e pareceu-me dizer-vos que fico com lembrança de sua morte e do valor com que procedeu na ocasião, para vos fazer mercê que houver lugar. Escrita em Lisboa a 21 de Maio de 1655. Rei. Aliás, deve referir-se que uma das grandes preocupações deste fidalgo tavaredense, foi o de fazer trasladar o corpo deste seu filho, deixando escrito no seu testamento que “se eu, na minha vida, não trouxer para a dita sepultura (no convento de Santo António) o meu filho, Manuel de Melo, sepultado em Almeida, onde morreu ao serviço do Rei D. João, o meu testamenteiro o mande buscar à custa de meus bens, para que mortos logremos todos juntos lugar certo”.

Fazemos, agora, a transcrição integral do seu testamento, pois são sempre documentos que nos permitem analisar melhor a personalidade do testamenteiro. Pedimos desculpa, no entanto, por possíveis erros, pois a leitura de onde o retirámos (cadernos do Dr. Mesquita de Figueiredo) é bastante dificíl, pelo menos para nós.

Em nome de Deus Amen. Padre, Filho, Espirito Santo que hé hum só Deus em Essencia e distinto em pessoas.

Eu Fernão Gomes de Quadros estando neste lugar da Figueira doente com todo o meu entendimento que Nosso Senhor me deu, Considerando o quanto he a morte certa, o quanto he duvidosa a hora della, e a conta que heide dar ante o Divino Juizo, de tudo o que fiz, e hora obrigado a fazer como Christão emquanto vivo, para descargo de minha consciencia e das obrigaçoens em que posso estar, para ordenar as cousas convenientes de toda a Alma Christan, hade fazer indo-se desta vida transitoria para outra eternal, em principio deste acto, digo o que eu tenho e creio firmemente tudo aquillo que tem e cre a Santa Madre Igreja Catolica, e protesto de sempre assim o ter na vida e na morte, e se o Demonio carne, ou o Mundo o contrario em algum tempo ou hora offerecer ao meu pensamento desde agora para então abruncio disse ao Eterno Deus, por sua Imensa Mizericordia, pelo Sangue Preciozissimo, que o Redemptor do genero humano, Jesus Christo, derramou, digo Cristo Nosso Senhor, derramou, pela salvação das Almas, receba este probertecção e lhe ajude acabar nesta vida em penitencia de meus pecados, e rogo a Sacratissima Virgem, Nossa Senhora, pelas dores que recebeo na morte de seu preciozo Filho, Jesus Christo, que seja minha intreceptora ante o Divino Tribunal naquella expantosa hora, para me alcançar de meus pecados, perdão e gloria eterna.

Pimeiramente elejo por meu Testamenteiro a meu Parente Rodrigo Homem de Quadros de quem na vida fui muito amigo, e espero que elle o seja da minha alma, na morte, e delle fio dará certo da brevidade cumprimento a meu Testamento.

= Mando, que meu corpo seja sepultado no Convento de Santo António deste lugar da Figueira na Capella mór, de que sou Padroeiro, e que me lancem no mesmo lugar em que minha mulher, que Ds bem jáz, e se eu em minha vida não trouxer para a dita sepultura os ossos de meu filho Manoel de Mello que Ds. tem, que está sepultado em Almeida aonde morreu, no serviço de ElRey D. João, e peço a meu Testamenteiro, mande buscar, seus ossos, a custa de meus bens, para que mortos, logremos todos juntos lugar certo, emquanto nos não virmos no céo, como Ds o permitirá por sua divina Mizericordia = E porquanto, eu sou Cavaleiro Professo da Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, mando que o meu corpo vá vestido com o Abito, que tenho da mesma ordem, como sou obrigado, e debaixo levarei o de Sam Francisco, de que sou devoto, pelo qual darão dois mil reis de esmola, e a Irmandade da Mizericordia de Bo-Arcus outo mil reis e a Irmandade de Santo Aleixo de Tavarede quatro mil réis, que quero que os Irmãos della com sua bandeira vestidos em suas vestias me acompanhem, e ainda que me levem à sepultura, na Tumba da Mizericordia de Bo-Arcos, e ao Provedor della, e Irmam, peço que consintam, que me levem nelle quatro clerigos, que meu Testamenteiro nomeará os mais pobres que houver, de que darão de esmola a cada hum, mil reis, com obrigação de que dirão cada hum duas missas .

= Deixo a Confraria do Santissimo 4 mil reis de esmola e a de Nossa Senhora do Rosario outros 4 mil reis, e a do Nome de Jesus e de S. Sebastião, a cada huma 2 mil reis, e estas confrarias são as da Igreja de S. Martinho de Tavarede, e meu Testamenteiro, aplicará estas esmolas ao que mais for necessario nas ditas confrarias, não as entregando aos Mordomos dellas, e com a sera de todas as confrarias e da Irmandade de Santo Aleixo, se fará meu enterro, e se lhe pagará o que se gastar, e a Confraria de S. Martinho, aplicados da mesma forma deixo 2 mil reis .

= E dado o cazo, que eu falleça em parte que se não possa trazer meu corpo à sepultura da Capella mor de Santo Antonio da Figueira, ordeno que aonde se enterrar esteja em deposito, para quando for tempo me trazerem meus ossos a sepultura, de que faço menção na mesma forma declarada neste meu testamento, e o pesso assim a meu Testamenteiro.

= Ordeno que os officios se me fação à capucha e sem mais fausto nem pompa, que a que a mesma capucha soffre, e não quero que haja sermão de exequias, pois não he justo, que se falle depois de morto em quem emquanto vivo viveo tão mal, e aos pobres que acompanharem meu corpo darão aos que forem pequenos hum vintem, e aos homens e mulheres dous vintens, e huns e outros serão pobres e não muitos, que sem o serem vão ganhar esse jornal, que praza a Deus mereção com alguma oração; e o mais de meu enterramento disporá meu Testamenteiro, como eu confio delle e o meu amor lhe merece.

= E dado o caso que eu em minha vida tenha feito os dittos meus oficios, couza que desejo muito, nesse cazo, me farão um só officio de corpo presente, o que tambem será no dia de meu enterro, no caso que os tres se hajam de dilatar, o que pesso não seja, e este officio se pagará aos Padres alem da esmola que, pelos tres oficios e offertas lhe mando dar.

= Dara o dito testamenteiro aos Padres de Santo António 20 mil reis em dinheiro e hum moio de trigo e huma pipa de vinho e todos os Padres, que estiverem em caza, dirão nos tres dias Missa pela minha Alma e o mesmo todos os clerigos, que quizerem achar-se nos ditos oficios, dando-lhes a cada hum mais hum tostão do que he costume, e para o jantar dos Padres, nos tres dias dos oficios lhes darão duas arrobas de vaca, seis carneiros e seis almudes de vinho.

= Ordeno que por minha Alma se mande dizer mil missas para que por meio dellas, se lembre Deus della, e isto em brevidade possivel, e cem dellas, serão a Virgem Nossa Senhora, para que seja minha interessessora e 50 a S. João Bautista, e 50 a Santo Antonio, e 50 a N. Sª. da Esperança, a quem darão de esmolla, 2.000 reis para as suas obras, ou o que mais necessario fôr e parecer ao dito meu Testamenteiro.

=.Ordeno a meu testamenteiro que para assistirem a meus officios vista 20 pobres, os quais assistirão nelles com sua vella aceza, rezando por minha Alma, e nesses tres dias lhes mandara dar a cada hum de jantar ou hum vintem para elle, e no cabo dos 3 dias hum tostão a cada hum, e recomendo que sejão os mais pobres que houver.

= E porque he minha benção que o Morgado desta minha casa dos Quadros, va em crescimento nomeio meu Neto Fernão Gomes de Quadros, o meu Prazo de Rendide, em que na ultima vida, e se eu nelle não houver renovação de emprazamentos, dar tres vidas, que o direito dá, e que determino fazer, em tal cazo, visto que na ultima vida, transfiro e traspaço, como em direito mais valioso fôr, no meu dito Neto Fernam Gomes de Quadros, todo o direito, que tenho de poder pedir ao directo senhorio, que he o Mostº. de Alcobaça, a renovação do dito Prazo, para que seja seu, pois que tenho grande gosto e por este modo quero que vá em aumento o acrescentamento de minha Caza; assim como em tudo o que pude o procurei fazer, dizerdando-me em vida, só para aumenta-la, e peço ao meu dito Neto que no que puder siga sempre este intento, para que sua caza em nome creça, em honra e bens, e como os de sua colidade, e pera isso dando vida a seus irmãos segundos; peço, lhe não pafrepele imaginação casar seus Irmãos, nem filhos nem filhas que tenhão, antes lhes dê a vida de Freiras recolhendo-as em hum Mosteiro que que houverem de sêlo, muito meninas.

= Declaro que o meu Prazo de Lares que comprei ao Conde de Basto, Dom Diogo de Castro, emquanto na segunda vida que he de nomeação, nomeo no ditto meu Netto, Fernão Gomes de Quadros, pelas mesmas razoens assima referidas e por razão, que quem for senhor do Morgado do Campo da Morraceira, seja di dito Prazo, visto que o não é do lugar de Villa Verde, o que Deus quererá que ainda seja por ser assim razão e justiça, a que Deus ainda na falta da tersa dá.

=Declaro que as Numeaçoens dos dous Prazos faço com declaração, que no caso, que o dito meu Neto, Caze, o que Deus não permitta, com mulher Cristan Nova, Moura, Mulata, ou Negra, não tenhão vigor, e quero, que em direito posso, que logo os dittos Prazos passem a meu Neto, Pedro Lopes de Quadros ou em falta sua, ao que mais velho fôr e tambem quero, que se algum delles cometter crime contra as Magestades divina ou humana, porque haja de perder os bens, e os ditos Prazos desde agora os hei por nomeados, 6 dias antes de tal cometimento, em outro Netto, sendo sempre o mais velho, e em falta delles machos, na Neta que estiver em estado de poder com isso casar, e só nesse caso o aprovarei, e pesso ao meu dito Neto e a todos meus Descendentes e pessuidores desta minha caza queiram sempre nomear estes dous Prazos seus possuidores deste meu Morgado, para que nunca a Caza diminua antes sempre creça.

= E declaro, que meu Netto Fernam Gomes de Quadros, he herdeiro do Morgado de minha caza, e peço a Nosso Senhor lho deixe lograr muitos annos; e porque no campo da Murraceira está ainda alguma parte, que não he do Morgado, mando que se tome nella a terça parte de minha terça conforme a instituição do mesmo Morgado, para que o seja todo, e pela mercê das partilhas, que está em puder de M.el Pinto, Escrivam de Tavarede, se verá o que do campo não he Morgado, e o em que consiste tudo o delle, e se a vida me der lugar, eu farei todas estas declarações, com as solemnidades necessarias confirmadas por ElRey, para que fiquem na Torre do Tombo, para sempre, quando eu o não faça, peço ao ditto meu Netto como sucessor do dito Morgado, que o faça, e peço e encomendo ao dito meu Netto e mais sucessores, que forem di dito Morgado, que se lembrem muito de encumendar a Deus as Almas, de meus vis Avós Antonio Fernandes de Quadros e Genebra dazevedo como instituidores delle, fazendo-o de tudo o que tinhão, e mostrando grandes desejos de o fazer maior se poderão, no que meu Avô e Pai os não emitaram, e peço ao dito meu netto, se desvie de os emitar a elles nisto, e lhe encumendo que em tudo o que, puder, o acrescente, e eu lhe não deixo para isto senão duas partes da minha terça, por ser necessidade preciza, e despender-se em meus legados e discargos de minha consciência e salvação de minha alma, que vou desenganado da vida, e que os que ficão nella com os bens herdados, que poucos, que se lembrem della o que eu não espero de meu Netto, porque alem das obrigações deselo, as que me tem, pelo que o amo, e as que me teve seo Pay, são notorias ao Mundo todo.

= Declaro, que se depois dos legados pagos, e estiver dado cumprimento a tudo o deste testamento, houver algum crecimento, que chegue a se puder comprar dinheiro a validade de hum annual de Missas peço a meu Testamenteiro, as mande dizer na Capella mor de Santo Antonio da Figueira pela minha Alma e de minha mulher que Deus tem, e isto no caso, que eu o não deixe ordenado, que he couza de que trato, e se a quantia , que crecer depois de tudo o assima ordenado, não for o que baste para fazer o que digo, neste cazo o que montar o crecimento, se cazem dez orfãos, dando a cada hum 10 mil reis, e uma cama, em que jazão, e mais, se o houver, se me mandará dizer em missas, e isto será do dinheiro, que me acharem, que não poderá ser muito indo mal.

= Declaro, que devo, e me devem algumas dividas, e porque as vou pagando e cobrando, as não declaro aqui, e dellas e de alguns discargos de minha conciencia clarejos necessarios deixarei feito hum apontamento, que quero e me contente, que lhe dem inteiro crédito em todo, e se para isso ser lhe falta alguma solenidade, ou declaração em direito necessaria, que eu aqui hei por expressa e declarada, quero que valha, como se fosse em Testamento e a meu Testamenteiro peço que lhe dê em tudo cumprimento e dado o caso, que algumas pessoas digão, que eu lhe devo alguma cousa, e não tenham disto escripto meu, sendo pessoas dignas de crédito, bastará que o jurem pª serem pagos.

= E peço ao meu Netto que honore e ajude meus criados, e aos seus faça o mesmo, porque deste modo os terá para o servirem com amor, vontade, e que a tenha grande de ter a casa muito cheia delles, para que não aconteça que esteja sem elles, tendo com quê, e estes são os parentes adquiridos por nós na vida, e se no que lhe der for muito liberal será Senhor dos homens, do mundo e do Cêo.

= Declaro que a minhas Irmans sou obrigado a dar em cada hum anno de terça a cada huma 25 mil reis e 15 alqueires de bom trigo, e que esta mesma obrigação tem meu netto, por ter a caza de seu Pay, que Deus haja os bens de suas legitimas, que eu comprei ao Convento de Santa Clara de Coimbra aonde são Freiras, declarando no contracto, que fis com ellas, que lhes pagaria a dita tença em minha vida, e por minha morte, meu filho, ou netto a quem recomendo, e peço que lhes pague a dita tença, com cuidado e boa vontade, e porque a tenho grande de que o dito meu Netto se componha com sua Prima Netta minha, e filha de meu filho Manoel de Mello, que Deus tem, que está no convento de Villa Longa para assim ser Freira, e sendo isso, me he necessario fazer algumas declaraçoens do que he seo, e quando isto não tenha efeito, declaro por discargo de minha conciencia, que do dinheiro, que recebi do Dote de seu Pai lhe não devo mais do que 6 mil cruzados, porque o demais que falta para o recibo que fiz entreguei ao dito meu filho seu Pay.

= Declaro que depois da morte de meu filho Pedro Lopes de Quadros, que Deus tem, comprei huma Quinta no termo de Torres Vedras, aonde chamão a ponte do ril, com o dinheiro que ficou do ditto meu filho, que he de meus nettos, e assim não tem que entrar em partilhas de meus bens a dita quinta, nem o valor della.

= Declaro, que eu deixo ao Padre Miguel d’Oliveira, que está em minha casa, pelo amor com que me serve e servio sempre a meus filhos à muitos annos, o meu Cazal, que está junto deste lugar da Figueira, frente com Mosteiro de S.to Antonio e lomba, que comprei a Isabel deniz de Maiorca com obrigação de me dizer duas Missas, todos os annos por minha alma, e por sua morte tornará ao herdeiro de minha casa, e mando mais, que lhe deem em dinheiro 100 mil reis, para comprar humas casas ou fazer o que quizer os quais se lhe darão em dinheiro.

= Deixo a Domingos Romão criado meu que me serve ha muitos annos, humas cazinhas, que já lhe dei com seu quintal, para cazamento de huma filha, afilhada minha, e lhe dei na data dellas, hum escripto, feito e assinado por mim, que mando se lhe cumpra como se fôra escriptura publica.

= E à Maria Antonia, cunhada sua deixo outras, que já lhe dei por certas obrigações e mando que se lhe guarde hum escripto que lhe dei na forma sobredita, e lhe deixo mais a minha Quinta que foi de Melchior Ribello, para ajuda de criar Antonio, seu filho e meu.

= E declaro, que o dito Antonio meu filho natural deixo o que remanecer, depois de pagar todos os legados assima declarados, das duas partes de minha terça, para o sustentarem athé a idade de o puderem fazer frade, olhoro, ou o mandarem para a India, e depois de se lhe dar huma destas vidas, qual elle quizer, ou para a que tiver mais geito, tomarão os bens, que houverem de dar ao possuidor do meu Morgado, e porquanto o dito Antonio, he muito pequenino e o dito Padre Miguel de Oliveira he seu Padrtnho, e pelo amor, que conheço nelle me teve sempre e a minhas cousas o creará, como meu filho Natural, lhe peço queira tomar sobre si o crialo, e correr com o rendimento da dita fazenda, que lhe deixo na forma assima dito para o criar e lhe dar vida, e assim peço ao meu dito testamenteiro, lhe faça entregar, o que digo os bens, que remanecerem, para que com os rendimentos delles se fazer o que ordeno.

= E declaro que a meu Testamenteiro Rodrigo Homem de Quadros, deixo a minha mullata velha çapateira, em recompensa da amizade, que sempre tivemos do trabalho de ser meu Testamenteiro.

= Declaro, que por morte de meu filho Manoel de Mello, que Deus tem, ficaram tres escravos, de que morreu huma por nome Caterina, e outra, mandei a sua filha, e outra por nome Doruthea, com dous filhos, que está em meu poder, que mando se lhe entreguem, e assim mais hum escravo, por nome Antonio Muleque, que dei a João Cardoso para dar a sua sobrinha filha de meu filho Manoel de Mello doas faltas e seis cadeiras atamaradas, que elle levou para Lisboa, aonde ficarão, e o mais que ficou por sua morte, mandei à sua filha, faço esta declaração para que se não faça duvida, o que lhe ficou, dizendo que hera mais ou menos.

= A Nicoláo, escravo meu, tenho dado hum escripto meu em que o deixo forco por me servir com amor, mando que se lhe guarde o dito escripto porque essa he minha vontade e dos mais escravos, que ha em minha casa, disporei nos apontamentos, de que aqui faço menção, e do que no tocante a isto dispuzer, se dará cumprimento na forma declarada neste testamento.

= Declaro que o vincullo que ponho no Casal de Santo Antonio, que deixo ao Padre Miguel d’Oliveira, que são duas missas, cada semana, ficará para sempre, posto no dito casal, assim em vida do dito Padre Miguel de Oliveira, como depois da sua morte athe o fim do Mundo.

= Declaro que eu fiz este Testamento em 3 de setembro de 665, estando doente na cama, mas em todo o meu juizo e entendimento, que Deus me deu, e o que nelle ordeno, he minha ultima vontade, quero que valha como testamento, cedula, codicilio, em milhor modo, e maneira que ser possa, para effeito de em Direito mais valler, para o que hei aqui por expressas e declaradas todas e quaisquer clauzulas, cautellas, como se cada huma se houvesse de fazer expressa menção e para desta ultima vontade constar em publica forma, seja para bem de minha Alma e Gloria de Nosso Senhor, o qual seja sempre louvado, para sempre dos sempres Amen.

= Roguei ao Padre Frei Ricardo da Madre de Deus, Religioso da Ordem de S. Bernardo, que este fizesse por mim o qual eu fis a seu rogo, e me assignei = Fernão Gomes de Quadros = Freire Ricardo da Madre de Deus.

Sem comentários:

Enviar um comentário