sábado, 30 de novembro de 2013

O Associativismo nas Terra do Limonete - 51

          Diversos elementos da tuna do Grupo Musical resolveram formar um conjunto para tocar nos bailes organizados pela colectividade. Fez a sua estreia em Outubro e dera-lhe o título de Os Leões de Tavarede. A Conferência de S. Vicente de Paula de Tavarede era quem mais utilizava as instalações do Grémio Educativo, ali realizando diversas festas vicentinas, que, normalmente, constavam de teatro e recitativos. E pelo Natal e fim do ano houve espectáculo. Esta nóvel colectividade local, fez subir à cena, na sua séde, nos passados domingos 24 e 31 de Dezembro do ano findo, duas peças magnificas, habilmente desempenhadas por elementos da sua secção dramática.
         Pela primeira vez, o palco do Grémio sentiu a influência benéfica da graça feminina, que emprestou a esta récita uma nota de interessante originalidade, quer no desempenho, quer na arrumação da cena, que bem demonstrava ter andado por ali dedo de mulher.
         O drama em 2 actos, de um delicado e enternecedor entrecho, revelou-nos em D. Armandina Pinto de Oliveira, “a D. Augusta”, uma amadora senhora do seu papel, que soube incarnar a esposa dedicada até ao sacrificio, que põe em perigo a sua própria honra, tratando com o homem que pretende corteja-la, a solução do marido, a contas com a justiça.
         Mereceu, pois, rasgados elogios quem pisando o palco pela primeira vez, nos apresentou um trabalho tão equilibrado.
         “Gonçalo”, o marido de “D.Augusta”, foi desempenhado por António de Oliveira Cordeiro, que andou bem como de costume, e José Maria de Carvalho fez o banqueiro Castro Leite, patrão do Gonçalo, com a sua costumada habilidade.
         Maria Jesus de Carvalho e os restantes amadores, andaram bem nos papeis de criada e agentes da policia.
         Seguiu-se a comédia, também em 2 actos, “Almas do outro Mundo”, verdadeira fábrica de gargalhada.
         José Maria de Carvalho deu-nos um velho excentrico no “Bento”, marido da “D.Tomásia”, desempenhado por D. Armandina, que revelou extraordinária habilidade para este género de teatro.
         Clarisse de O. Cordeiro, na “Emilia”, autentica grafonola, que atirava as palavras ás catadupas pela boca fora, cumpriu admirávelmente o seu dever.
         Maria Jesus Carvalho, na “Julia”, estreou-se muito bem e prometeu...
         Constantino Souto, foi um “criado” cómico como sempre, e António Cordeiro, no Fernando Galo, nada deixou a desejar.
         Esta récita repéte-se no próximo sábado 6, pelas oito e meia horas da noite, dedicada aos sócios e suas familias.
         O ensaiador, sr. Raul Martins, teve uma chamada especial, e recebeu uma calorosa e entusiástica aclamação, aliaz bem merecida pelo explendido trabalho apresentado.

         O 30º aniversário da fundação da Sociedade de Instrução teve uma inovação naquela colectividade. O espectáculo de gala não teve teatro mas, sim, cinema. Registamos o programa do primeiro espectáculo cinematográfico: Convento de Cristo, Hora suprema e Pat e Patachon professores.
          Embora procurassem apresentar filmes de interesse, o sucesso também não foi grande. Como sabemos, o ensaiador teatral da SIT sofreu períodos de prisão por motivos políticos. Durante um desses períodos escreveu uma nova opereta para ser representada em Tavarede e, uma vez mais, baseada numa obra do romancista Júlio Diniz. Foi a opereta Justiça de Sua Majestade. E em Maio de 1934, o Grupo solicitou à Sociedade a cedência da sala de espectáculos para ali promover uma matinée dramática-musical : Para amanhã à tarde está anunciada no teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense uma matinée dramática-musical na qual, além do Grupo de Instrução Tavaredense, composto de 50 figuras, pois terá a colaboração excepcional de amigos da mesma colectividade, executando um repertório escolhido, tomará parte um grupo de excelentes amadores da secção dramática da Sociedade de Instrução Tavaredense, que representará a formosa e sempre aplaudida peça de Ramada Curto – As Três Gerações.


Cena de As três gerações
    
     O programa musical a executar compor-se-á: na 1ª parte: Hino do Grupo, de F. Cardoso; Ircos, marcha, de Selmi; Barcarola, de Stefano Ceretti; e Rapsódia de Fados, de W. Pinto.
         Na 2ª parte: Fado, de Rui Coelho; Czardas nº 5, de J. Brahms; Ecos de Portugal, rapsódia, de Nunes Chamusca; De Lisboa a Macau, marcha, de Abinabad Nunes Silva.

         O Grémio comemorou o seu segundo aniversário com uma sessão solene, à qual se seguiu a representação da opereta Rosas de Nossa Senhora, tendo descerrado os retratos de Raul Martins e António Cordeiro, respectivamente director teatral e director musical.

         Como não dispunha de instalações capazes, novamente o Grupo recorreu à Sociedade para ali dar mais um espectáculo angariador de verbas para o seu cofre. Merece elogios o Grupo Musical e de Instrução Tavaredense pelo brilho incontestável obtido pelo sarau dramático musical que levou a efeito, no sábado, no teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense.
         O teatro encheu-se, e a assistência soube produzir em aplausos a sua satisfação.
         A primeira parte foi preenchida pela tuna do Grupo Musical, reforçada com alguns elementos amigos. Foi ouvida com muito agrado e, números difíceis, se tivermos em conta que na sua maioria os executantes são modestíssimos amadores da aldeia. Muito bem! José Silva, o seu regente, a cujo porfiado esfôrço e provada competência se deve a organização do valioso núcleo musical, que pela segunda vez se apresentou em público, tem direito aos louvores e elogios dos tavaredenses.

José Francisco da Silva
     
    Na segunda parte tivemos a representação da peça em 1 acto 1.023, de Júlio Dantas, interpretada por Severo Biscaia e Esteves Martins, na qual estes dois elementos da secção dramática do Ginásio Figueirense se evidenciaram, mais uma vez, como distintos amadores. Foram calorosamente aplaudidos.
         Tinhamos aqui dito que o sarau fecharia com chave de ouro. E assim foi. Os Bandolinistas David de Sousa formam um grupo tão homogéneo, tão equilibrado e de tão firme execução, que fará brilhante figura em qualquer parte onde se apresente, mesmo perante os amadores de música mais exigentes. Admirável o seu concêrto de sábado no nosso teatro! Ouvimos, deliciados, todos os números, e tivemos ensejo de apreciar a disciplina dos vários elementos que constituem o grupo. A acção competentíssima do seu regente triunfou em tudo, fazendo-se sentir em todos os pormenores da brilhante execução. O sr. Abinabad Nunes da Silva tem motivos para estar contente, porque viu e sentiu que o seu trabalho foi frutuoso. Daqui o felicitamos muito sinceramente e aos seus cooperadores, juntando os nossos aos aplausos calorosíssimos, entusiásticos da assistência que enchia o teatro e dispensou ao Grupo Bandolinistas David de Sousa das mais quentes ovações que ali temos ouvido.

         Pelo S. Martinho, teve lugar mais um espectáculo organizado pelos Vicentinos. Foi com prazer que lá fomos assistir aos vários números da festa.
         Na noite de sábado à noite cumpriu-se à risca o programa, apesar das dificuldades que alguém pretendeu criar à realização daquela sessão, na casa do grémio, invocando para isso, segundo nos disseram, motivos e razões eléctricas.
         Não desanimaram os rapazes que, à falta de melhor, iluminaram o palco com um candieiro Wisar e a plateia com os arcaicos candieiros de petróleo que numa sessão vicentina nada destoam do conjunto. Embora o início da festa estivesse anunciado para as 9 em ponto, só depois das 9,30 é que correu o pano, não porém, sem o protesto do cronométrico prior, nosso amigo, e dalguns, com costela de galinácios, dentre a numerosa assistência.
         Falou em primeiro lugar o amigo Belarmino, nosso companheiro de redacção, e presidente da Conferência que se encarregára de dizer: “Duas palavras” e  não tendo tido oportunidade de se preparar, ali mesmo escolhêra o têma dizendo à assistência que, se não via bem, não era por sua culpa ou dos vicentinos mas por causa dum coiso que já todos conheciam, que se metera em tôda aquela coisa. (Gargalhada geral).
         Subiu depois à cêna o interessante drama em 1 acto da autoria daquêle nosso amigo, intitulado “O Vicentino” e ao qual nos referiremos mais de espaço noutro número do nosso jornal. Nêle focou o autor, e muito bem, a missão do confrade vicentino nas suas visitas aos pobres e miseráveis.

         Todos desempenharam bem o seu papel. Dêsde o José Maria de Carvalho, no Leonardo, Constantino da Silva, no papel de Visconde, Aires de Carvalho, e Gustavo de Carvalho, no antipático Tomaz e Belarmino no desempenho do Vicentino até ao João Cordeiro, filho de Leonardo todos agradaram sobretudo porque o enrêdo traduz bem o que infelizmente acontece em nossos dias. Um reparo apenas: é preciso dar ao desempenho do conjunto mais naturalidade. Parabens a todos e ao amigo Belarmino pela sua feliz inspiração.

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