sábado, 13 de dezembro de 2014

O Associativismo na Terra do Limonete - 106

Para o espectáculo de gala, uma nova fantasia sobre a história de Tavarede foi levada à cena, Ontem, hoje e amanhã. Com o pé no estribo para uma curta viagem que não sei se será o prólogo de outra maior – a maior de todas as viagens – transmito ao teclado máquina de escrever o breve apontamento que se segue acerca do espectáculo a que há poucas horas assisti no bem reputado teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense, com a revista “Ontem, Hoje e Amanhã” desse excepcional homem de teatro e apóstolo da cultura popular, que é José da Silva Ribeiro.
         Dizer que nos surpreendeu a boa confecção do espectáculo, não seria exprimir a verdade. Mas que nos surpreende como um homem com a provecta idade de 84 anos foi capaz, não dizemos de ensaiar mas de escrever o texto, boa parte do qual em verso – género difícil em teatro – verso bem construído, vigoroso, com rimas naturais, sem artifício de martelo, que nos lembram os grandes clássico das nossas letras, isso, sim, isso surpreendeu-nos e levou-nos, no final, a exclamar: abençoados 84 anos!
         Doseando a fantasia com a história de forma a que o espectador aceite a mistura sem enfado – eis outra vitória do autor.
         A música, parte da qual transportada de números antigos que foram êxito e consagraram compositores como António Simões e Anselmo Cardoso – valoriza sem dúvida o espectáculo.
         João Cascão Filho dá também com a sua intervenção musical, uma nota de ternura muito grata aos que conheceram seu saudoso pai em incontestáveis êxitos que o impuseram como amador teatral de excepcional craveira.
         Dessa fornada notável de amadores, dá gosto ver actuar ainda José Luiz do Nascimento, Fernando Reis, João de Oliveira Júnior e João e José Medina.
         São os grandes trunfos de ontem. Os de hoje seguem as suas pisadas. E os de amanhã não desmerecerão certamente os créditos dos antecessores, se o espírito de José Ribeiro continuar a presidir à caminhada teatral da SIT.
         Tavarede foi sempre um alfobre de grandes amadores teatrais!

Em Março de 1979 a Junta de Freguesia deu conhecimento à direcção do Grupo Musical da hipótese da cedência de um terreno, pela Câmara, para construção de uma nova sede. Em Junho, e em nova assembleia extraordinária, o Grupo deliberou, por unanimidade, pedir uma indemnização de trezentos mil escudos, para abandonar as instalações no Paço, E logo foi nomeada uma comissão para as respectivas obras.

Por sua vez, a Sociedade participou nas III Jornadas de Teatro Amador da Figueira, apresentando no Casino Peninsular a peça O processo de Jesus. Na última sessão das III Jornadas de Teatro Amador da Figueira da Foz, efectuada em 2 de Maio corrente, o Grupo Cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense apresentou a peça “O Processo de Jesus”, de Diego Fabbri. Pensamos que é importante fazer um balanço (reflexão) desta organização do Lions Clube da Figueira da Foz, mas agora vamos apenas falar do espectáculo apresentado pela Sociedade Instrução Tavaredense, sob a direcção de Mestre José Ribeiro.
         “Se existe perfeição e harmonia, tanto na peça como na sua interpretação dependeu um do outro e têm valor por si próprios. Não pode assim existir uma reprodução fiel, objectiva, duma peça teatral; não teria interesse, nem sequer como ideal”. Assim, assistimos a um espectáculo bem elaborado nos seus múltiplos aspectos, ainda que se possa afirmar que a nível do texto dramático a argumentação feita pelo Intelectual não seja profunda, do que resulta a defesa aberta da religião.
         Como resultado do perfeito conhecimento da função do encenador e de acordo com a opção estética feita, este espectáculo tem uma encenação correcta e equilibrada, o que não surpreende ninguém, pois o seu responsável é um profundo conhecedor da técnica teatral.
         Quanto ao trabalho dos actores é homogéneo, havendo uma boa construção de todas as personagens. Porém, as falas de João são excessivamente gritadas, o que denota mau controlo da voz e (ou) nervosismo do intérprete, mas não podemos deixar de salientar as interpretações de João de Oliveira Júnior e dessa grande senhora de teatro que é Violinda Medina e Silva, de quem nunca esqueceremos a sua interpretação do “Pranto de Maria Parda”, de Gil Vicente.
         As III Jornadas de Teatro Amador da Figueira da Foz terminaram, e fizeram-no da melhor maneira. Viva as IV Jornadas, com as necessárias rectificações.

Recordamos que foi no dia 2 de Junho de 1979, num espectáculo com a peça O processo de Jesus, na sua sede em Tavarede e cuja receita reverteu a favor da campanha para a compra de um novo ‘pronto-socorro’, para os Bombeiros Voluntários, que Violinda Medina e Silva pisou as tábuas do palco pela última vez. Embora fosse tentada a uma nova representação, acabou por se sentir incapaz e nunca mais participou no teatro.
As comemorações da Bodas de Diamante da SIT terminaram na sessão solene do 76º aniversário. Depois de uma peça de Shakespeare, Rosalinda, o grupo cénico tavaredense representou Comédia da morte e da vida. E foi com esta peça, que depois de uma ausência, o grupo voltou ao palco tomarense. A Sociedade de Instrução Tavaredense esteve mais uma vez em Tomar. Agora, para dar um espectáculo a favor da sede da Gualdim Pais. Representou a peça de Henrique Galvão, “Comédia da Morte e da Vida”. Com o brilho e o êxito a que desde sempre nos habituou. É, na realidade, um belíssimo grupo teatral amador que desde há longos anos vem espalhando, pelo país, cultura e benemerência.
         O prestígio da Sociedade de Instrução Tavaredense é velho nesta terra nabantina. Cinquenta anos de solidariedade, de amizade, se cumprem este ano. Meio século em que aqui tem actuado a favor das nossas colectividades e instituições de beneficência. E a trazer-nos excelentes mensagens de cultura.

         Com ele, com o grupo de Tavarede, o seu dirigente. Esse homem bom, activo, dinâmico, de palavra fluente, criador duma obra extraordinária no campo cultural: - José Ribeiro. Que chegou às margens do Nabão em juventude a agora voltou, depois de muitas presenças intermédias, com 85 anos. Mas ainda jovem no espírito. Um grande amigo da nossa terra. Gratos lhe estamos.

         A Sociedade Gualdim Pais está de parabéns. Pela sua iniciativa e por nos proporcionar a presença dum grupo teatral que todos os tomarenses – gerações – admiram e acarinham. A quem devemos muitos favores. E por nos ter trazido a sua “alma”: - José Ribeiro. Que mais uma vez, em resposta às palavras de Fernando Ferreira, que saudou a Sociedade Tavaredense, nos encantou e disse de Tomar maravilhosamente.
         Uma noite bonita!

E em Setembro de 1980, o Grupo Musical foi novamente notícia. Fundado em 1911, conheceu o Grupo Musical e de Instrução Tavaredense momentos altos na sua actividade em prol da cultura do povo de Tavarede. Foi notável o seu grupo cénico, que não tinha paralelo em todo o concelho.
         Com o decorrer dos anos, a actividade do GMIT esteve mais ligado à música, mantendo a sua Tuna e ensinando aos jovens este gosto pela arte. Aos momentos de glória, outros menos agradáveis se seguiram. A sua sede, no velho Palácio de Tavarede, não oferecia um mínimo de condições para a sua actividade. A situação agravou-se ainda mais, ficando paralizada toda e qualquer actuação do GMIT.
         Os seus associados nunca quiseram aceitar a derrota, e sempre se negaram a aceitar a extinção da velha associação. Resistiram, lutaram. Foram abnegados no seu amor à colectividade.
         É agora que o Grupo Musical e de Instrução Tavaredense vê renascer as esperanças de continuidade.
         A Câmara Municipal resolveu o problema do Paço de Tavarede, tendo o Grupo recebido uma pequena indemnização. Igualmente a Câmara destinou um terreno na Quinta do Paço para a nova sede do GMIT. O Grupo tinha uns magros contos de réis, mas não lhe falta determinação.
         Aqui estão lançados para a frente os dirigentes do Grupo, para construirem a sua nova sede. Precisam de ajuda, muita ajuda, pois vontade não lhes falta.
         É um imperativo de consciência, que todos os figueirenses ajudem o Grupo a edificar a sua nova sede. O concelho da Figueira da Foz precisa do Grupo Musical e de Instrução Tavaredense.
Ao terminar esta breve resenha, não queremos deixar de colocar à disposição do GMIT as colunas de “Mar Alto” para o que julguem necessário.

E recordamos também que atendendo aos serviços, dignos de reconhecimento e apreço, a Câmara Municipal deliberou agraciar o Grupo Musical Carritense com a Medalha de Mérito em Prata. Esta agremiação acabava de comemorar o seu 5º aniversário. E, agora, mais uma boa informação.

Era uma vez 16 amigos que sonharam num clube para o Saltadouro. Teve,  este sonho, uma data: 11 de Março de 1979. E, igualmente, teve um nome: Clube Desportivo e Amizade do Saltadouro. Lugar vizinho da antiga e pequena aldeia de Tavarede, também conheceu elevado desenvolvimento, especialmente como zona residencial. E como o nome indica, o desporto foi a sua primeira actividade. E o convívio, que era a sua principal iniciativa. Não tardaria a enveredar pela abertura de uma escola de música. Mas a sua precária instalação dificultava qualquer tentativa de desenvolvimento cultural ou recreativo. Mas o sonho continuou, pois havia necessidade de uma sede em condições. E essa sede, tempo depois realidade, trouxe, tal como à sua jovem congénere da Chã, o desenvolvimento associativo, nas mais variadas vertentes. Música, teatro, folclore, dança e desporto, têm sido actividades constantes nestas associações.


Voltamos a repetir: muito trabalho, muita dedicação, muita vontade de vencer. E hoje, adiantamos já, o associativismo na freguesia do limonete, tem condições para prosseguir o seu caminho triunfante. Conseguirá? Mas... a história continua.

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