segunda-feira, 10 de maio de 2010

Toquins - Família Migueis Fadigas

É, talvez, a família mais característica da terra do limonete.
Não sabemos a origem da alcunha por que ficaram e são conhecidos em Tavarede.
Na fantasia Chá de Limonete, José Ribeiro dedicou-lhe um quadro. “… Há aí uma família que realmente é já uma tradição local, uma dinastia heróica nestes tempos do automóvel e do avião. Uma dinastia valente, corajosa, que trabalha sem desânimo e resiste ao tempo e ao progresso: a grande e laboriosa dinastia dos Toquins!”.
Era uma família de lavradores. Além de amanharem as suas terras, trabalhavam para outros com as suas juntas de bois, nas lavras para as sementeiras.
Manhã cedo, iam com seus carros de bois para a estação de caminho de ferro, para fazerem a distribuição das mercadorias chegadas nos comboios. Também já acabou esta tradição em Tavarede.


Caderno: Tavaredenses com história

Como acima se refere, esta família, grande e laboriosa, deixou uma enorme 'história' na Tavarede dos meus tempos de criança e anteriores. Principalmente, eram lavradores e trabalhadores na agricultura. Os seus descendentes, felizmente ainda são muitos, e embora não se dediquem à actividade dos seus avós e pais, são, nas actividades que exercem, trabalhadores e honrados como o foram os seus antepassados.

É verdade que Tavarede já não é uma terra de agricultores. Mas, hoje, vou recordar esta Família, publicando duas fotografias actuais que mostram bem o abandono que presentemente as terras, todas cultivadas antigamente, agora se encontram.

Uma delas é da antiga eira da Família Migueis Fadigas, perto do cemitério. Recorda-nos de ali ver, por ocasião das ceifas, as récuas de cavalos e éguas, contratadas na Quinta de Foja, salvo erro, e que, volteando naquela eira, faziam a debulha do trigo, centeio e outros cereais.

Também me lembro de algumas vezes em que a debulha era feita manualmente, com os velhos manguais. Esta Família tinha uma velha tradição: iam à festa de S. Tomé, na Ferreira, com os carros de bois enfeitados com colchas e verduras, onde a família pernoitava na noite da festa. No regresso, quando chegavam a Tavarede, percorriam a aldeia, do Rio ao Paço, com a alegria da tradição cumprida, e com os bois chocalhando alegremente os guizos pendurados no cachaço.

Agora já não há bois a lavrarem as terras, cavalos a calcarem os cereais para os descascar, nem os transportes pachorrentos na Figueira, nem as peregrinações ao S. Tomé.

Mas, julgo que é sempre interessante recordar estas 'histórias'.

Carreiro - ‘Stá o Toquim no seu posto,
Na mão a vara do mando,
Falador e bem disposto,
Seu carro de bois guiando.

Eixe, Cabano!
Vá p’ra diente...
Asta, Castanho...
Ah! boi valente (bis o coro)

Vão os Toquins p’rá Figueira
De inverno como de v’rão,
E por lá ganham o pão
No serviço da ribeira...

Coro - Mas p’ra lavrar terra sua
E também a terra alheia,
São lavradores de mão cheia
Que pegam bem na charrua!

Carreiro - Eixe, Cabano!
etc. etc. etc.

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