sábado, 9 de junho de 2012

Teatro da S.I.T. - Notas e Críticas - 31

1961.12.21 - INAUGURAÇÃO DO NOVO TEATRO DA SIT (A VOZ DA FIGUEIRA)

Com uma assistência que esgotou por completo a lotação, realizou-se no último sábado, no novo teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense, a récita inaugural com a representação da fantasia em 2 actos e 24 quadros “Terra do Limonete”, da autoria do ilustre tavaredense e categorizado mestre de teatro que é José da Silva Ribeiro, com música de António Simões e Anselmo Cardoso Júnior.

“Terra do Limonete” em que o autor se propôs fazer desfilar perante nós os pergaminhos do velho e florescente burgo que vive, pode dizer-se, paredes meias com a mais linda praia de Portugal, patenteia bem a segurança e a consciência com que José Ribeiro maneja os cordelinhos da cena, convertendo um assunto árido como é a história, em pitéu agradável, apto a ser bem acolhido pelo paladar do espectador.

Habilmente, inteligentemente, pediu à lenda e à fantasia o necessário auxílio, pondo em tudo o selo da sua requintada sensibilidade artística e profundo conhecimento das reacções psicológicas do público.

Inegavelmente “Terra do Limonete” resulta num espectáculo vivo, colorido, onde desfilam cenas de grande efeito que ultrapassam a capacidade do teatro de amadores, a par de justiceiras e certeiras estocadas críticas como é, por exemplo, o 5º. quadro -“glórias nacionais” – em que é necessário insistir – e insistir sempre – até sepultar em ridículo doentias tendências da nossa época.

No desempenho dos principais papéis há que salientar: Fernando Reis, Carlos Conde, João de Oliveira Júnior, João Medina, Alberto Vigário, António Paula Santos, José Luis do Nascimento, António Santos e João Cascão.

Do elenco feminino destacaram-se: Violinda Medina – a sempre festejada Violinda -, Maria Teresa de Oliveira, Maria Dias Pereira e Helena da Silva Medina. Há a registar ainda elementos novos com presença deveras agradável.

Da música em geral temos a dizer que agrada, embora nos pareça carecer de maior entendimento com a massa coral, isto é, de mais alguns ensaios.

Antes do espectáculo, em cena fechada, o prof. Rui Martins, Presidente da Assembleia Geral da colectividade, esclareceu o público das razões porque ainda se não procedia à inauguração festiva das obras levadas a efeito na sede da SIT; rendeu homenagem a alguns dos beneméritos a que a colectividade é devedora de especial gratidão e agradeceu às entidades oficiais a sua presença naquele espectáculo, as quais foram obsequiadas no final, na sala de recepção, com um cativante “Porto de honra”, para que foram também convidados os representantes de “A Voz da Figueira” e de “O Figueirense”.

Nesta cerimónia voltou a falar o prof. Rui Martins, seguido de José Ribeiro, e por fim os srs. Presidentes do Município e da Comissão M. de Turismo, respectivamente, Engº. José Coelho Jordão e Severo Biscaia.

“A Voz da Figueira” agradece o convite que lhe foi dirigido e cumprimenta a Direcção da Sociedade de Instrução Tavaredense formulando votos de que muito em breve venha a inaugurar, festivamente, as obras de transformação por que acaba de passar a sua sede.

1961.12.23 - INAUGURAÇÃO DO NOVO TEATRO ( FIGUEIRENSE)

Com a inauguração do novo teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense, verificada no último sábado, a data de 16 de Dezembro de 1961, ficará assinalada nos anais da história da nossa querida terra, como marco imorredoiro.

Em cerimónia simples, imposta pelas circunstâncias, retomou a sua actividade o grupo dramático da prestante associação.

Lotação esgotada, contando-se entre a numerosa assistência figuras de relevo da distinta sociedade figueirense e muitos amigos de Tavarede, vindos das mais diversas localidades do país.

De linhas sóbrias, mas elegantes, a ampla sala de espectáculos oferecia com a sua iluminação feérica deslumbrante efeito.

Em lugares de honra, sentaram-se os srs. Engenheiro José Coelho Jordão, ilustre Presidente da Câmara Municipal do nosso concelho; Severo da Silva Biscaia, activo e inteligente presidente da Comissão Municipal de Turismo; Professor António Vitor Guerra, prestigioso director do Museu Municipal Dr. Santos Rocha e da Biblioteca Pública Municipal Pedro Fernandes Tomás; António Duarte da Paz, Chefe da Polícia de Segurança Pública dessa cidade, em representação do Comandante; Arquitecto Isaias Cardoso, autor do projecto, e Vicente Brás, presidente da Junta desta Freguesia.

“O Figueirense” estava representado pelo seu director e “A Voz da Figueira” pelo seu chefe da redacção. O jornal “O Dever” estava representado pelo Revdº Padre Fernando Ribeiro, coadjutor da Igreja Matriz dessa cidade.

Antes de o espectáculo ter início e com o velho pano de boca descido, cuja pintura representava o antigo solar da Quinta dos Condados, o presidente da Assembleia Geral da SIT, sr. Professor Rui Fernandes Martins, veio ao proscénio para saudar o sr. presidente do Município e outras entidades, evocando sentidamente a memória de João José da Costa, proprietário daquela importante propriedade, e a quem a Figueira da Foz e seu termo, quando presidente da Câmara, Provedor da Santa Casa da Misericórdia e de outras instituições ficou devendo assinalados serviços e Tavarede o antigo Teatro; recordou a figura nobilíssima de Calouste Gulbenkian, de cuja Fundação a SIT recebeu subsídio generoso, que veio impulsionar decisivamente as ambicionadas obras, que constituiram, durante algumas dezenas de anos, anseio dos sócios e amigos da benemérita colectividade.

Não esqueceu José da Silva Ribeiro e os seus humildes colaboradores de muitos anos, aquele o tavaredense a cujo talento e amor à nobre arte de Talma ficaram os seus conterrâneos devendo a magnífica realização, pois que sem a sua extraordinária actividade de todos os dias não seria possível o grupo cénico que dirige, atingir o alto nível cultural que merecidamente alcançou, e, consequentemente, a SIT obter os fundos necessários para levar por diante o arrojo do empreendimento, se considerarmos a modéstia de recursos do meio local.

A fantasia “Terra do Limonete”, que escreveu para a inauguração do Teatro, que o distinto artista e grande amigo da colectividade sr. Alberto Anahory vestiu primorosamente, enriquecida com cenários executados por distintos artistas, agradou unanimemente, como o demonstraram os vibrantes e entusiásticos aplausos do público e as felicitações que recebeu das entidades e de categorizados espectadores.

Em chamadas especiais, José Ribeiro e Anselmo Cardoso, director da orquestra e autor da partitura, foram ovacionados calorosamente.

Seriamos injustos se não tivessemos uma palavra de louvor para José Nunes Medina, músico distinto, que, com o seu esforço e boa vontade, ensaiou a parte coral, contribuindo poderosamente para o êxito da representação.

Enfim, foi uma grande e inolvidável noite de arte, a de sábado, que ficará memorável na alma dos tavaredenses.

Todos os amadores, sem excepção, entre os quais estreantes, cumpriram plenamente, pelo que a assistência lhes tributou os seus quentes aplausos.

Oxalá que a conclusão das obras de transformação da sede da SIT não se faça demorar para os tavaredenses poderem dar largas ao seu justificado entusiasmo bairrista.

No final do espectáculo, a Direcção da SIT obsequiou com um beberete as entidades e outros convidados, tendo usado da palavra os srs. professor Rui Martins e José Ribeiro e por último os srs. presidentes da Câmara e da Comissão de Turismo.

No próximo sábado, 23, repetir-se-á o espectáculo,

1962.02.24 - TERRA DO LIMONETE (O FIGUEIRENSE)

A “matinée” realizada no domingo, na Sociedade de Instrução Tavaredense, em homenagem aos autores da peça “Terra do Limonete”, srs. José da Silva Ribeiro e Anselmo Cardoso, constituiu assinalado êxito local.

Em cena aberta, no intervalo do 1º para o 2º acto, teve lugar a cerimónia, simples, como as circunstâncias impõem, mas bastante expressiva.

Quando Heleva de Figueiredo Medina e Violinda Medina e Silva, amadoras mais antigas do grupo dramático, entregaram a José Ribeiro e Anselmo Cardoso bonitos ramos de cravos e a veneranda senhora D. Maria Augusta Águas Cruz levou ao nosso ilustre conterrâneo um perfumado ramo de violetas, ao mesmo tempo que lhes eram lançadas flores, muitas flores, foi um momento de indescritível entusiasmo, de verdadeira apoteose aos autores da fantasia, que, há mais de dois meses, vem deliciando a plateia tavaredense, pela qual já passaram mais de quatro mil espectadores.

O Presidente da Direcção saudou a numerosa assistência, que enchia por completo a bela casa de espectáculos – por isso que esta nos oferecia efeito maravilhoso – agradecendo a sua honrosa presença.

Referindo-se a José Ribeiro e a Anselmo Cardoso pôs em destaque as suas altas virtudes cívicas, o seu grande amor ao nosso Teatro, cuja colaboração lhe vêm prestando, há mais de quarenta anos, com o melhor da sua superior inteligência e saber artístico, sempre dispensados com o maior desinteresse e carinho, tornando-se credores da admiração e profundo reconhecimento dos tavaredenses.

José Ribeiro, emocionado, agradeceu a manifestação do público, que não se cansava de o aplaudir e ao seu distinto colaborador, dirigindo um apelo aos novos para que continuem a obra da SIT, em benefício da cultura do povo.

A notar a presença de amigos de Lisboa, Coimbra, Tomar, Figueira e outras localidades do país, que, propositadamente, aqui se deslocaram para testemunhar aos autores de “Terra do Limonete” o seu alto apreço e simpatia.

Durante o espectáculo de sábado e por motivo da passagem do seu aniversário natalício, a brilhante amadora Violinda Medina e Silva, foi cumprimentada pela Direcção e pessoal do palco, tendo-lhe sido entregue um lindo ramo de cravos pela amadora mais jovem do grupo, menina Maria Madalena Machado.

1962.04.14 - TERRA DO LIMONETE (A VOZ DA FIGUEIRA)

0 grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense reuniu, no passado domingo, em festa de confraternização todos os elementos, em número superior a uma centena, que prestaram a sua colaboração nas representações da peça “Terra do Limonete”, que, como dissemos, deixou a cena em pleno triunfo, depois de ininterruptas récitas, durante o considerável período de quatro meses.

Foi uma festa simples, mas a todos os títulos bastante significativa, pois que serviu de pretexto para ser exaltada, a par dos sacrifícios de alguns pelos inúmeros afazeres da sua vida particular, a inflexível vontade de outros em continuar sem o menor desalento, a bela e generosa iniciativa dos fundadores da SIT.

Confeccionado por distintas amadoras, auxiliadas por dedicadas e incansáveis senhoras, foi servido, no palco, um esplêndido almoço a todos os convidados, que decorreu num ambiente de intensa alegria.

No final do repasto proferiram discursos sobre a magnífica obra da SIT, a dedicação admirável dos seus amadores e o êxito incontestável da peça do insigne tavaredense sr. José da Silva Ribeiro, o Presidente da Direcção e o autor da música de “Terra do Limonete”, sr. Anselmo de Oliveira Cardoso, que há uns bons trinta anos vem dando a sua melhor cooperação àquela colectividade.

José Ribeiro proferiu um discurso magistral pela riqueza dos conceitos expressos, que constituiram verdadeira lição de humildade cristã.

Após o almoço improvisou-se um baile, tendo-se dançado animadamente.

De Lisboa vieram, assistir à festa, os distintos artistas srs. Alberto Anahory e Alberto Lacerda, que também prestaram a sua valiosíssima colaboração a “Terra do Limonete”.

Estão de parabéns os rapazes da SIT pela sua feliz iniciativa que, se outro mérito não tivesse para lhe rendermos os nossos louvores, bastaria a afirmação da extraordinária vitalidade do grupo dramático que, sob a égide de José Ribeiro, tão alto tem elevado o nome da prestigiosa associação e, consequentemente, o nome da nossa amada terra do limonete.

1962.06.23 - A CONSPIRADORA (O FIGUEIRENSE)

No teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense, representou-se, no pretérito sábado, a mais célebre das obras do laureado dramaturgo Vasco de Mendonça Alves, “A Conspiradora”.

São quatro actos de “suspense” em que o espectador assiste com o mais vivo interesse ao desenrolar da magnífica peça, ocorrida em Lisboa no ano de 1833.

A noção de Pátria e de Liberdade, a par dos mais nobres sentimentos da alma humana, surgem com fulgente beleza aos olhos do espectador atento, que, na verdade, não pode deixar de exteriorizar, espontaneamente, o seu vibrante aplauso não só no final dos actos como também no desenrolar de determinadas cenas que mais profundamente lhe ferem a sensibilidade.

Que esplêndida realização cénica nos proporcinou José da Silva Ribeiro!...

O desempenho decorreu em bom nível artístico, pois que todos os amadores se esforçaram por cumprir o melhor possível. No entanto, cremos não ser injustiça realçar o magnífico trabalho de Violinda Medina e Silva e de João de Oliveira Júnior que, nas interpretações de Marquesa do Souto dos Arcos e Conde de Riba d’Alva, respectivamente, se houveram de maneira a alguns dos seus diálogos serem interrompidos pelos clamorosos aplausos do público, tal a realidade que imprimiram aos seus personagens.

Muito bem. Sinceras felicitações aos rapazes da SIT.

1962.06.28 - A CONSPIRADORA, PELO GRUPO CÉNICO DA SIT (A VOZ DA FIGUEIRA)

A famosa peça em 4 actos “A Conspiradora”, do insígne dramaturgo Vasco de Mendonça Alves, acaba de ser reposta em cena pelo festejado grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense.

Alguns dos intérpretes, que há meia dúzia de anos intervieram na sua primeira apresentação em cena, foram substituídos por outros, nalguns casos gente nova, a quem não falta intuição para a arte de representar, intuição a que José Ribeiro faz dar o máximo de rendimento.

Entre as figuras de primeiro plano assinalam-se a magistral actuação de D. Violinda Medina – uma Marquesa de Souto dos Arcos – A Conspiradora – talhada a preceito. É uma personagem vigorosa, plena de verdade e realismo e de forte poder comunicativo.

Fernando Reis, João de Oliveira Júnior e José Luís do Nascimento, respectivamente em António de Serpa, capelão, Conde de Riba d’Alva e Bernardo, mordomo, estiveram à altura da rúbrica dos seus papéis. Brilham como os grandes astros.

Outros figurantes contribuem para a harmonia do conjunto: José Rodrigues Medina, João Rodrigues Medina, Carlos Conde, João Cascão, Helena Medina, Maria Teresa de Oliveira e Emilia Fernanda Grilo.

Dos novos assinale-se o trabalho convincente de Maria Madalena Machado, figurinha frágil, de agradável presença, que compôs uma “Clara” aliciante, muito senhora do seu papel.

Foi uma revelação, uma estreia verdadeiramente auspiciosa.

Outra estreia digna de registo – a de João Pedro de Lemos. Neste género de interpretações – que é difícil – revelou qualidades que o inculcam como um elemento a mais – e de destacado mérito – a valorizar o grupo cénico de Tavarede.

Maria de Lurdes de Moura – outra jovem que se estreou em “Terra do Limonete” – também não vai mal. No papel que lhe foi confiado em “A Conspiradora”, conseguiu subir mais uns degraus.

Desnecessário seria dizer que “A Conspiradora” é uma peça de apologia dos princípios liberais e teatraliza um tema com dificuldades que só um extraordinário dramaturgo consegue dominar. Um fio romântico que se estende através dos 4 actos, ajuda a criar a expectativa.

A montagem cénica, guarda-roupa e cenários, impõe-se ao espectador mais exigente.

1962.06.30 - TEATRO (O FIGUEIRENSE)

Os vibrantes e entusiásticos aplausos com que o público, que enchia a sala de espectáculos da Sociedade de Instrução Tavaredense, se manifestou durante a segunda representação de “A Conspiradora”, que teve lugar na tarde de quinta-feira da semana passada, justificam plenamente o que sobre a notável peça do insigne dramaturgo Vasco Mendonça Alves aqui dissemos da última correspondência.

Que admirável espectáculo em que as cenas culminantes dos finais dos quatro actos são verdadeiras apoteoses!...

Sem dúvida que, para o êxito alcançado, muito influi a primorosa montagem cénica, a que deram a sua colaboração artística, o Professor Manuel de Oliveira, que estudou e pintou os cenários; o distinto pintor Alberto de Lacerda, que pintou e desenhou adereços de cena; e Alberto Anahory, que vestiu a peça com luxo e propriedade.

O estimado leitor, que aprecia o teatro na sua forma mais elevada, não deve perder a oportunidade que lhe oferece o grupo cénico da SIT, que José da Silva Ribeiro orienta superiormente com seus invulgares conhecimentos da arte de representar.

O público assim o reconheceu, significando-lhe o seu alto apreço e admiração em chamadas especiais ao proscénio.

No domingo, 1 de Julho, pelas 16 h, e correspondendo à simpatia do público, “A Conspiradora” subirá novamente à cena, registando-se já, segundo nos informam, grande procura de bilhetes.

1962.07.07 - A CONSPIRADORA (O FIGUEIRENSE)

Como anunciámos, teve lugar no teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense, no último domingo, mais uma representação da célebre peça do consagrado dramaturgo Vasco de Mendonça Alves, “A Conspiradora”.

Os justos e inequívocos aplausos com que o numeroso público premeia o excelente trabalho dos amadores tavaredenses, as saudações especiais feitas a alguns dos intérpretes de figuras de maior relevo, demonstram-nos de forma insofismável que, na realidade, estamos perante um grande espectáculo.

Pela nossa parte confessamos que raras vezes temos assistido a representações que galvanizem tão exuberantemente o sentimento patriótico do público como “A Conspiradora”.

É que o entusiasmo atinge, por vezes, o rubro.

Os sentimentos mais nobres que a alma do povo contém, ali são focados.

Depois, cenários magníficos; guarda-roupa luxuoso, todo o belo e harmonioso conjunto contribui para o êxito do espectáculo.

O nosso ilustre conterrâneo e distinto ensaiador do afamado grupo cénico da SIT, sr. José da Silva Ribeiro, teve de vir ao proscénio algumas vezes para receber as vibrantes mnifestações de apreço e admiração dos espectadores, por mais esta sua brilhante realização artística.

1962.08.04 - A SIT NA FIGUEIRA (NOTÍCIAS DA FIGUEIRA)

Há umas dezenas de anos, assistimos à primeira apresentação da peça de Vasco de Mendonça Alves, da qual fizemos a apreciação e crítica. Admirável na efabulação e no diálogo e com natural interpretação da grande Lucinda Simões, a Conspiradora teve um retumbante e assinalado êxito.

Passados tantos anos esse êxito repete-se agora no teatro do Casino, devido não só ao valor da peça, que resistiu ao tempo e aos modernismos, mas principalmente à batuta mágica de Mestre José Ribeiro, que com a sua dedicação ao teatro, o seu saber da muita experiência feita e o seu esforço fatigante, conseguiu movimentar, dar equilíbrio à representação e impor o ritmo e harmonia, cores dificílimas em palcos de pequenas dimensões para este género de teatro e com um numeroso grupo de intérpretes, na sua maioria novatos nas lides do tablado.

Nós, há sessenta anos, devotados ao teatro, sabemos muito bem avaliar o enorme merecimento do trabalho de José Ribeiro.

Desempenho perfeito e com o máximo equilíbrio, dentro das possibilidades e faculdades dos distintos amadores.

Não podemos deixar de destacar o trabalho de Violinda Medina, na Marquesa.

Patriótica, nobre, humana, ditosa ou desditosa, a admirável actriz, foi Grande nítida e precisa na expressão de voz, das atitudes e dos sentimentos.

Nas duas grandes cenas com o Conde atingiu o grande nível das actrizes porque é, sem dúvida, uma grande Actriz.

Guarda-roupa de Alberto Anahory, como sempre, rico de qualidade e bom gosto.

Cenário de Manuel de Oliveira, notável artista professor, que sempre apreciámos, desde o já longínquo dia em que ainda rapaz, o conhecemos como discípulo do grande Augusto Pires.

1962.08.09 - A HOMENAGEM A VIOLINDA MEDINA CONSTITUIU UMA BELA AFIRMAÇÃO DE JUSTO APREÇO E MERECIDO RECONHECIMENTO (A VOZ DA FIGUEIRA)

Deve ter calado profundamente no espírito de Violinda Medina a justa homenagem que no final da representação de “A Conspiradora” no pretérito sábado, lhe foi prestada no palco da Sociedade de Instrução Tavaredense, e por feliz iniciativa da sua actual direcção.

Os jardins de Tavarede não chegaram para neles colher as flores com os admiradores do formoso talento da insigne actriz a rodearam no momento da apoteose. Vieram de toda a parte como mensageiras de glorificação e aplauso. As palmas foram vibrantes, prolongadas, sentidas, e estalaram em tempestade logo que Violinda Medina fez a sua aparição em cena..

Em “Acto de homenagem”, que teve como apresentante o jovem amador Armando Cró Brás, desfilaram perante nós as principais personagens que Violinda Medina encarnou durante estes 31 anos de assombrosa actividade como intérprete, sem par, do grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense.

António Lopes, presidente da Direcção da S.I.T., após a evocação dessa rica galeria de figuras, proferiu palavras de apreço e gratidão pelos serviços prestados por Violinda Medina, à causa do teatro e da obra cultural da Sociedade de Instrução Tavaredense, acabando por saudar Mestre José Ribeiro, sem o qual não seriam possíveis os triunfos alcançados.

Por fim, usou da palavra o director do grupo cénico - José da Silva Ribeiro - que exaltou o talento de Violinda Medina, dizendo que ela já nasceu actriz, - e actriz genial, sublinhou - e que as suas admiráveis qualidades são filhas da intuição de que nasceu dotada e a colocaram à frente das amadoras teatrais do país.

Não deixou também sem uma palavra de reconhecimento e gratidão outras figuras que brilharam no palco da Sociedade de Instrução Tavaredense, como Helena Figueiredo, Emília Monteiro, João Cascão, e por fim aludiu à mais nova de todas - Maria Madalena Machado, que pela segurança com que se houve no papel de Clara de “A Conspiradora” - mostrara bem que com ela se podia igualmente contar.

Num preito de justiça digno de ser assinalado, enalteceu José Ribeiro a valiosa colaboração recebida de suas irmãs e de sua santa mãe - para que a S.I.T. levasse a bom termo a missão que se impôs.

Muitas palmas, muitas pétalas, muitas flores, muitos abraços, muitas lembranças, e algumas lágrimas se associaram a esta justíssima consagração de uma artista teatral de excepcional craveira.

Entre as lembranças, assinale-se a que foi entregue à homenageada por Alberto Anahory, de Lisboa - uma lindissima boneca vestida num trajo igual ao que Violinda Medina exibiu no papel de “Terra do Limonete”.

1962.08.11 - HOMENAGEM A VIOLINDA MEDINA E SILVA (O FIGUEIRENSE)

Sem exageros supérfluos podemos afirmar que a noite de sábado último ficará assinalada nos anais da história da filantrópica Sociedade de Instrução Tavaredense, como verdadeira noite de glória.

Violinda Medina e Silva sentiu à sua roda, no momento em que aquela colectividade, pela sua Direcção e grupo cénico, lhe prestavam a justa e merecida homenagem consagradora dos seus altos méritos artísticos, não só os aplausos vibrantes dos seus companheiros de palco, como também as palmas calorosas, entusiásticas e prolongadas do público, que enchia completamente a sala de espectáculos e que em manifestação expontânea quis vir associar-se a tão simpática e justa cerimónia, dando-lhe brilho e realce deslumbrantes.

Desde o brilhantismo da representação da célebre peça do ilustre dramaturgo Vasco Mendonça Alves, “A Conspiradora”, em que Violinda Medina tem actuação magnífica, ao Acto de Homenagem durante o qual desfilaram as personagens que a distinta amadora – que, na autorizada palavra de mestre José Ribeiro, já nasceu artista – interpretou no decorrer da sua notável carreira de mais de 40 anos, e que culminou com a oferta de diversas e valiosas prendas vindas de Lisboa, Tomar, Coimbra, Figueira e da sua terra natal, e de flores, muitas flores, que juncaram o palco, aos discursos proferidos pelo presidente da Direcção e do ilustre orientador do grupo dramático, sr. José da Silva Ribeiro, tudo esteve à altura da consagração da talentosa artista, que o público admira e acarinha.

Ao surgir no palco a nobre figura da “Marquesa de Souto dos Arcos”, a numerosa assistência, entre a qual viamos distintas senhoras da melhor sociedade figueirense, dispensou-lhe saudação vibrante, entusiástica, inesquecível.

Nos finais dos 4 actos e no decurso das principais cenas, algumas de autêntico “suspense” em que a distinta fidalga, contracenando com o “Conde de Riba d’Alva”, que João de Oliveira Júnior encarnou com absoluta propriedade, dá magistrais lições de patriotismo, amor da Pátria, tolerância e generosidade, o público tributou-lhe e aos restantes amadores justos e inequívocos aplausos.

Findo o Acto de Homenagem, Manuel Gaspar Lontro, secretário da Direcção, entregou a Violinda Medina uma artística e bem expressiva mensagem, em pergaminho, de saudação e reconhecimento pelos inapreciáveis serviços prestados pela distinta amadora à SIT, a qual era subscrita pelos elementos do palco e da Direcção, tendo o seu presidente, sr. António de Oliveira Lopes, feito entrega duma valiosa salva de prata.

José Ribeiro, depois de fazer o panegírico de Violinda Medina, recordou com merecido louvor o concurso de alguns distintos amadores da SIT, entre os quais salientou, pela sua já respeitável idade e precário estado de saúde, a srª D. Helena de Figueiredo Medina pelo nobilíssimo exemplo que ainda hoje oferece às jovens do seu grande amor pelo Teatro.

Das lembranças oferecidas, tomámos nota: uma salva de prata, oferta da Direcção da SIT, primorosamente gravada com artístico desenho de Moreira Júnior, alegórico à terra do limonete, figurando nela um antigo brazão de Tavarede e um raminho de limonete; um artístico serviço de chá, dos elementos do grupo cénico e directores; uma salva de prata de sua filha, srª D. Maria Luísa Medina e Silva Pinto, seu genro Carlos da Silva Pinto e sua querida netinha; uma boneca vestida com o trajo de Morgadinha de Val Flor, de seus primos, Gracinda, João e José Medina; uma lindíssima boneca, oferecida por Alberto Anahory, que é uma reprodução do riquíssimo trajo executado pelo distinto artista para a peça “Terra do Limonete”; um bolo monumental, oferecido pelos amigos tomarenses, sr. Jacinto de Carvalho e de sua esposa, figurando um livro encadernado com o título “Os Velhos” e as datas de 1959 e 1962.

Entre os muitos e bonitos ramos de flores, destacava-se uma monumental corbelha, de Alberto Anahory.

Na residência da homenageada e na sede da SIT foram recebidos inúmeros telegramas de saudações, procedentes de várias localidades, sendo um da Figueira da Foz, do sr. Presidente da Câmara Municipal, que tem pela talentosa amadora a maior simpatia e admiração.

1962.10.13 - TEATRO EM COIMBRA (O FIGUEIRENSE)

Conforme oportunamente anunciámos, o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense foi, no dia 8, a Coimbra dar um espectáculo em benefício dos cofres da Escola Nocturna da Associação de Socorros Mútuos dos Artistas, cujo centenário se verificará no corrente ano.

Como era a primeira vez que o afamado agrupamento teatral se deslocava àquela cidade universitária depois das grandes obras de transformação e ampliação da sua sede, em curso, e que motivaram, durante algum tempo, a interrupção da sua actividade, havia grande espectativa por parte da plateia conimbricense em ver representar os amadores tavaredenses.

A representação de “A Conspiradora”, original do ilustre dramaturgo Vasco de Mendonça Alves e merecidamente considerada uma das obras-primas do teatro português, correspondeu em tudo às gloriosas tradições do laureado grupo tavaredense.

A entusiástica manifestação de simpatia com que a numerosa assistência, que enchia por completo o amplo salão do Teatro Avenida, recebeu os nossos amadores e os justos e clamorosos aplausos de apreço com que premiou algumas das cenas culminantes da célebre peça, como na do 3º acto, em que a talentosa amadora Violinda Medina e Silva, contracenando com João de Oliveira Júnior, foi alvo duma das maiores ovações da sua longa carreira artística, testemunham exuberantemente o que afirmamos.

Antes da representação e em cena aberta, proferiu um notável discurso o sr. Professor Dr. Paulo Quintela, da missão do teatro e da extraordinária actividade da SIT, através do seu grupo dramático, no capítulo da educação e cultura popular, rendendo-lhe as mais expressivas homenagens.

No final do 3º acto os Presidentes da Assembleia Geral, Direcção e Conselho Fiscal da filantrópica colectividade, foram ao palco para oferecerem a Violinda Medina um bonito ramo de flores, e a José da Silva Ribeiro, para o grupo que proficientemente dirige há muitos anos, uma placa de prata, primorosamente gravada, assinalando a inolvidável noite de arte.

Depois do espectáculo foi oferecido aos tavaredenses um beberete, durante o qual foram trocadas saudações entre os directores da Associação dos Artistas e o ensaiador do grupo cénico, que agradeceu as inexcedíveis gentilezas com que foram obsequiados.

As nossas sinceras felicitações a todos os amadores e o nosso reconhecimento pelo novo triunfo alcançado para a sua e nossa SIT.

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