quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Sociedade de Instrução Tavaredense - 63


Para a récita do aniversário de 1980, o grupo cénico voltou a ensaiar uma peça Shakespeare, ‘Rosalinda’, adaptação de ‘As you like it’. No dia 26 de Janeiro foi a sua apresentação. “Um grande e belo espectáculo o que está em cena no Teatro de Tavarede. E o brilhante êxito alcançado – com lotações esgotadas – plenamente se justifica pela beleza, ternura e graça da peça, construída no riquíssimo e vigoroso estilo do imortal dramaturgo, recheada de situações de grande efeito teatral.

A montagem da peça honra a tradição tavaredense: interpretação excelente de um conjunto de 30 figuras, primorosamente vestido com rico e belo guarda-roupa histórico do grande artista Anahory e cenários de grande beleza nas 12 cenas em que se desenvolve a acção – fins do século XVI”. Para a participação do nosso grupo nas Jornadas de Teatro Amador, Mestre José Ribeiro escolheu e ensaiou um autor português ainda não representado em Tavarede: Henrique Galvão. Foi a peça ‘Comédia da Vida e da Morte’ e a representação ocorreu no Casino da Figueira. ‘… constituíu vigorosa sessão de teatro, levada a um nível e homogeneidade dificeis de atingir. Novos e velhos brilharam a grande altura…’, escreveu o crítico de ‘A Voz da Figueira’.


Entretanto, aquando do aniversário, havia sido convidado para orador oficial o nosso amigo Pastor Evangélico dr. João Severino Neto. Do seu discurso retiramos: ‘… Quando, como ontem, assisto a apresentações teatrais levadas a efeito pelas colectividades do concelho e penso no que a nível das escolas poderia ser feito na formação cultural da nossa juventude, lamento que se percam tantas oportunidades. Infelizmente toda a nossa vida, fruto da educação que recebemos, está compartimentada. É com dificuldade que nos abrimos aos outros. E essa triste situação começa nos serviços oficiais para terminar muitas vezes na relação entre as pessoas. Num país com tantas dificuldades, em que os recursos disponíveis são mínimos, em que mais do que nunca há necessidade de colaboração a todos os níveis, em que uns devem pôr ao serviço dos outros o que possuem, evitando quantas vezes gastos duplicáveis, mantemos uma mentalidade de ghetto e superioridade balofa.

Porque não levar as colectividades à escola e a escola às colectividades? Ao pensar no trabalho digno levado a efeito pela Sociedade de Instrução Tavaredense, não receio em afirmar se alguém tem a ganhar é precisamente a escola, seja ela primária ou secundária. Olhemos para as colectividades com o respeito e dignidade que merecem. Demos-lhes o valor e dignidade que merecem. Demos-lhes o valor a que têm direito e aproveitemos a cultura que nasce do povo, que na verdade é a verdadeira cultura… … Não quero terminar estas minhas palavras sem humildemente me dirigir ao meu caro amigo sr. José Ribeiro. Disse ele ontem à noite no momento de apresentação da peça que nos foi dado assistir, que era talvez a última vez que tomava a palavra numa sessão de estreia. A reacção do público foi clara, não deixando quaisquer dúvidas. Todos nós reconhecemos o trabalho extraordinário que ao longo de tantos anos realizou nesta bela terra de Tavarede. Não, a sua presença é imprescindível. A sua obra de formação e educação de gerações deve continuar. São homens como o caro amigo que a sociedade portuguesa precisa. Esperamos que daqui a um ano o possamos continuar a ver dirigindo os trabalhos de encenação e direcção do grupo teatral da Sociedade de Instrução Tavaredense. Quase que em nome de todos os presentes posso dizer: - Muito Obrigado”.

Fotografias - 1 - Rosalinda; 2 - Comédia da Morte e da Vida

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