sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Usos e Costumes da Terra do Limonete - 9

Até que aconteceu o imprevisto. Foi no ano de 1927. O bispo de Coimbra entendeu proibir a junção das festas religiosas com as pagãs. Nada de cavalhadas e nada de danças. Os festeiros, contudo, resolveram não acatar a ordem. Já contei a história, pelo que me não vou repetir. Levaram a efeito cavalhadas e danças. E, para cúmulo, até contrataram uma filarmónica que havia sido excomungada! E foi a última vez que o S. João teve a sua festa na nossa terra. Um costume de mais de cem anos passou à história... Mas não deixo de transcrever a notícia destas últimas festas ao S. João de Tavarede.
         “Tiveram grande luzimento os festejos populares de S. João, que se realizaram nos dias 30 e 31 do mês findo, com os números tradicionais. Não houve desta vez função religiosa, porque, tendo o sr. Bispo de Coimbra imposto a supressão da tradicional cavalhada, que é, de há longos anos, a característica das festas de S. João em Tavarede, os organizadores dos festejos resolveram, e muito bem, fazer as cavalhadas e dispensar pura e simplesmente a parte religiosa. Para compensar esta falta, veio a excelente banda do Troviscal, que foi apreciadíssima, tanto no concêrto que realizou na noite de sábado para domingo, com programa de responsabilidade que teve primorosa execução e foi muito aplaudido, como no de domingo.
         Das 2 horas até à madrugada de domingo houve danças populares, que se repetiram no domingo à noite, e na segunda-feira realizou-se a rosquilhada.
         As cavalhadas foram muito concorridas, e visitaram a Figueira, onde os esperava a banda do Troviscal, e Buarcos.
         A Tavarede veio muita gente dessa cidade e dos lugares vizinhos.
         A banda do Troviscal foi aqui alvo de manifestações de simpatia. Cumprimentou as duas associações locais, onde se trocaram saudações calorosas e foi servido aos visitantes um copo-de-água. O regente da banda sr. Oliveira, afirmou-nos que ia penhoradíssimo com as amabilidades que êle e os executantes da sua banda foram alvo.
         A igreja esteve fechada em todo o dia, e os católicos ficaram privados da missa.
         A-pesar-das prédicas do pároco da freguesia para que ninguém se aproximasse da banda excomungada, não faltou uma enorme multidão a ouvi-la e a aplaudi-la.
         E tudo correu na melhor ordem”.
  




(a seguir) 


Do Natal até aos Reis...

  







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