segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Maria Almira Medina

A Câmara Municipal da Figueira da Foz, em conjunto com a Junta de Freguesia de Tavarede e Sociedade de Instrução Tavaredense, resolveram, no passado sábado 26 de Setembro, prestar pública homenagem à nossa conterrânea Maria Almira Medina, há cerca de 80 anos a residir em Sintra, onde a Câmara local lhe prestou idêntica homenagem há uns meses.
Primo e afilhado da homenageada, também devo aqui referir alguma coisa sobre a Maria Almira. Na sexta-feira passsada, telefonei-lhe a dizer os motivos da minha não comparência no Auditório do Museu Municipal, o que ela compreendeu e concordou comigo. No entanto, no domingo, cerca das 11 horas, ela teve a gentileza de me visitar, acompanhada do Jorge, seu marido, mostrando-se, ainda, imensamente comovida com a cerimónia realizada, tendo-se mostrado muito agradecida para com todos.
No ano passado, por ocasião do aniversário da SIT, a Maria Almira e um grupo de poetas e artistas sintrenses, estiveram em Tavarede, tendo-se realizado uma tarde cultural a que foi dado o nome de "JORNADAS POÉTICAS DE SINTRA EM TAVAREDE".
Directamente envolvido neste acto, permito-me recordar um pouco do que então disse:

Maria Almira:

Quando, em 1944, numa edição da Sintra Gráfica, fizeste a apresentação do teu primeiro livro de poesia, certamente que, no teu espírito, terás assumido um compromisso: aquela apresentação foi feita na tua terra adoptiva mas, mais ano, menos ano, terias de vir à tua terra natal para também fazeres uma apresentação dos teus muitos trabalhos de artista que, em terras distantes, muito honram Tavarede.
Fizeste, por aqueles já longínquos anos, uma exposição de caricaturas, de diversas personalidades figueirenses, no então chamado Grande Casino Peninsular; anos mais tarde, foi o Museu Dr. Santos Rocha que recebeu uma exposição de trabalhos teus, com especial incidência nos teus trabalhos de ceramista; recentemente, há cerca de dois meses, fizeste a apresentação dos teus últimos trabalhos literários na Livraria Sinédrio.
Mas a Figueira da Foz não era Tavarede e tu nasceste em Tavarede. Por isso, quando nos mostraste o interesse de aqui vires mostrar um pouco da tua tão grande obra, logo aceitámos a ideia com todo o interesse. A terra do limonete, onde viste a luz do dia, receber-te-ia, certamente, de braços abertos.
De imediato começámos a pensar no local conveniente. O Palácio dos Condes de Tavarede, recentemente beneficiado com obras de reconstrução e remodelação, certamente nos cederiam uma sala para o efeito. A Junta de Freguesia local também tem instalações condignas para o efeito. Pensámos nas colectividades. A tua família desde sempre que esteve intimamente ligada ao associativismo local.
O Grupo Musical foi fundado por teu avô paterno, por teu tio avô José Medina e pelo teu Pai. Era um bom local. Mas, pensando melhor, julgámos que as tuas raízes tavaredenses iam um pouco mais longe. Pensámos, então, na Sociedade de Instrução Tavaredense.
E porquê? Pois bem. Teu avô materno, António Gomes de Apolónia, foi um dos catorze homens bons de Tavarede que subscreveram a acta da fundação desta Colectividade. Subscreveu, não, pois era analfabeto, pelo que, a seu rogo, assinou João dos Santos Júnior. Mas o movimento que deu origem à fundação da Sociedade de Instrução Tavaredense, teve inicio em 1903. O Grupo de Instrução e a Estudantina Tavaredense haviam cessado a sua actividade. Mas os tavaredenses já sentiam que a velha tradição do associativismo local, iniciado cerca de cem anos antes, era absolutamente necessário para o seu desenvolvimento cultural. Um grupo iniciou os preparativos para a fundação de uma nova Colectividade que, devidamente organizada, tivesse condições para vingar. Teu avô paterno, António Medina, foi um dos cerca de cinquenta tavaredenses que aderiram de imediato à ideia. Talvez por imposição legal, somente os catorze primeiros elementos assinaram a acta da fundação, mas, na verdade, teus dois avós estão intimamente ligados à fundação desta Casa.
Eis a razão da nossa escolha. Julgamos que foi bem feita. E, a partir de então, a colaboração da Família Medinácea, como teu Pai dizia, com graça, teve logo início, com a participação do teu avô António Medina e seu irmão, teu tio-avô José Medina, no grupo dramático criado, para angariação de receitas para a manutenção da escola nocturna, a funcionar inteiramente gratuita, para crianças e adultos.
Teu Pai, António Medina Júnior, também pisou as tábuas do seu palco, nomeadamente nos saraus organizados pela professora D. Maria Amália de Carvalho, para comemorarem os dias festivos da Merenda Grande e da Árvore...".

Querem saber porque razão transcrevi o acima? É que tendo também sido homenageada a memória de seu Pai, o Tio António Medina Júnior, um dos fundadores, juntamente com seu Avô e Tio-Avô, do Grupo Musical e de Instrução Tavaredense, teria sido oportuno e justo terem, pelo menos, o estandarte desta colectividade na homenagem. E porque não o das outras colectividades tavaredenses?
Sei que estou a meter a "foice em seara alheia". Certamente terá havido esquecimento ou, até, desconhecimento do assunto. E que isto não seja entendido como uma crítica mas, sim, um comentário dum tavaredense admirador profundo da sua terra e das suas colectividades.

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