Natural de Tavarede, onde nasceu no dia 3 de Março de 1913, filho de Joaquim Severino dos Reis e de Etelvina Tondela. Casou com Carolina de Oliveira Alhadas, tendo uma filha: Maria Isabel.
Marceneiro e carpinteiro da maior competência, foi empregado nas oficinas dos Caminhos de Ferro, onde atingiu a posição de chefe de brigada, com que reformou.
Foi amador dramático de notáveis recursos. Começou no Grupo Musical e de Instrução Tavaredense, de que seu pai havia sido um dos fundadores, e transferiu-se para o grupo cénico da Sociedade de Instrução quando aquela colectividade acabou com a sua secção dramática.
Também fez parte da célebre Tuna do Grupo Musical, onde tocava ”pandeireta”. Durante a sua longa carreira teatral desempenhou mais de cem “papéis”, começando, na Sociedade de Instrução, na peça Justiça de Sua Majestade e terminando em Comédia da Vida e da Morte, no papel de Conde do Laranjeiro, levada à cena em Outubro de 1980.
A Morgadinha de Valflor, O Grande Industrial, Entre Giestas, Génio Alegre, A Nossa Casa, Horizonte, Auto da Barca do Inferno, Raça, Frei Luís de Sousa, Serão Homens Amanhã, Catão, Israel, Ana Maria, Peraltas e Sécias, A Conspiradora, Os Velhos, As Árvores Morrem de Pé, O Dia Seguinte, Omara, Para Cada Um Sua Verdade, O Processo de Jesus, Romeu e Julieta, e O Avarento, foram algumas das peças em que figurou, desempenhando sempre papéis relevo.
Nas peças de sabor local, como O Sonho do Cavador, Chá de Limonete, Terra do Limonete, Cântico da Aldeia e Ontem, Hoje e Amanhã, além de outras, também deu a sua colaboração artística. Nestas, talvez as interpretações mais notáveis tenham sido a do Velho Tavarede e O Velho Palácio, em Chá de Limonete, onde compôs aquelas duas figuras com elevada craveira.
“Senhor absoluto do seu papel, conserva durante todo o espectáculo a mesma calma e o mesmo sentido de responsabilidade (Velho Tavarede)… ….surge o portão do palácio. Batem. Abre-se o portão e a figura do palácio de Tavarede aparece, gasta, alquebrada, mutilada. Voz fraca e cansada pelas injustiças dos homens. E a evocação surge – cheio de emoção e de mágoa pelo mal feito. Fernando Reis foi bem escolhido para o papel, desempenhando-o com magnífico acerto” (Chá de Limonete).
“… deu um Romeiro de que nada há a dizer que não seja um merecido elogio. Não podia pedir-se mais. E, como em Peraltas e Sécias lhe coube um papel de feição completamente diverso, igualmente desempenhado com impecável correcção, teve ensejo, pelo contraste, de revelar o seu real merecimento”. (Frei Luís de Sousa e Peraltas e Sécias).
A Sociedade de Instrução Tavaredense nomeou-o “Sócio Honorário” em 1979 e, em Janeiro de 1993, prestou homenagem à sua memória, descerrando o seu retrato, que se encontra exposto no salão nobre da colectividade.
“O Teatro faz parte da minha vida. Chega-se a uma altura em que se não pode passar sem ele”, disse, como resposta, a uma pergunta feita por um jornalista de Lisboa. “Faço teatro desde os 14 anos. Levanto-me todos os dias às 6 horas, para poder estar no emprego às 7,30, mas isso nunca foi motivo para deixar de ir aos ensaios”, dizia com certo orgulho.
Tinha dois passatempos: a pesca e os pássaros. Quando o verão se aproximava, ia colocar um tabuleiro com água, em pinhal escolhido, onde todos os dias ia renovar a água, para os pardais se irem habituando a lá irem beber. Depois, quando lhe parecia boa ocasião, levantava-se de madrugada e, ainda antes da aurora romper, ia montar a rede no bebedouro e fazer a barraca onde, pacientemente, aguardava a ida dos incautos pássaros a beber.
Fernando Reis faleceu no dia 1º de Maio de 1986, no Hospital da Universidade de Coimbra, precisamente naquele dia que ele mais aguardava durante todo o ano. Era um dos mais entusiastas participantes do grupo “Os Inseparáveis”, que nesse dia se reuniam em alegre convívio e confraternização.
Em Agosto de 1954, o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense deslocou-se a Condeixa, onde apresentou a peça Frei Luís de Sousa. O palco foi montado ao ar livre. Na cena do incêndio, final do primeiro acto, ao pegar fogo a um cartucho que simulava o incêndio, uma fagulha foi incendiar um segundo cartucho, pegando fogo, inadvertidamente, às barbas e fato de Romeiro, pois já estava pronto para entrar em cena no segundo acto. Apressadamente foi levado ao hospital local para lhe ser prestado socorro. Já estava fechado, pelo que tiveram de bater à porta, com bastante violência, para um rápido atendimento. Este hospital era assistido por freiras. Quando uma delas abriu a porta e se deu de caras com aquela figura do Romeiro, desatou a fugir pelo corredor em altos gritos. Apesar das dores que estava a sentir, Fernando Reis não resistiu a soltar uma boa gargalhada! Foi uma situação sem grande consequência, mas que poderia ter sido bastante grave.
Sua esposa, Carolina de Oliveira Alhadas, (1911 – 1985), integrou o grupo dramático da SIT durante vários anos. Iniciou a sua participação em 1926 na opereta Noite de S. João.
O Sonho do Cavador, A Cigarra e a Formiga, As pupilas do Senhor Reitor, Justiça de Sua Majestade, O Grande Industrial, A Morgadinha de Valflor e Entre Giestas foram algumas das peças em que interveio.
Em 1954, no espectáculo preparado para as comemorações das Bodas de Ouro, reviveu uma das suas antigas personagens.
Marceneiro e carpinteiro da maior competência, foi empregado nas oficinas dos Caminhos de Ferro, onde atingiu a posição de chefe de brigada, com que reformou.
Foi amador dramático de notáveis recursos. Começou no Grupo Musical e de Instrução Tavaredense, de que seu pai havia sido um dos fundadores, e transferiu-se para o grupo cénico da Sociedade de Instrução quando aquela colectividade acabou com a sua secção dramática.
Também fez parte da célebre Tuna do Grupo Musical, onde tocava ”pandeireta”. Durante a sua longa carreira teatral desempenhou mais de cem “papéis”, começando, na Sociedade de Instrução, na peça Justiça de Sua Majestade e terminando em Comédia da Vida e da Morte, no papel de Conde do Laranjeiro, levada à cena em Outubro de 1980.
A Morgadinha de Valflor, O Grande Industrial, Entre Giestas, Génio Alegre, A Nossa Casa, Horizonte, Auto da Barca do Inferno, Raça, Frei Luís de Sousa, Serão Homens Amanhã, Catão, Israel, Ana Maria, Peraltas e Sécias, A Conspiradora, Os Velhos, As Árvores Morrem de Pé, O Dia Seguinte, Omara, Para Cada Um Sua Verdade, O Processo de Jesus, Romeu e Julieta, e O Avarento, foram algumas das peças em que figurou, desempenhando sempre papéis relevo.
Nas peças de sabor local, como O Sonho do Cavador, Chá de Limonete, Terra do Limonete, Cântico da Aldeia e Ontem, Hoje e Amanhã, além de outras, também deu a sua colaboração artística. Nestas, talvez as interpretações mais notáveis tenham sido a do Velho Tavarede e O Velho Palácio, em Chá de Limonete, onde compôs aquelas duas figuras com elevada craveira.
“Senhor absoluto do seu papel, conserva durante todo o espectáculo a mesma calma e o mesmo sentido de responsabilidade (Velho Tavarede)… ….surge o portão do palácio. Batem. Abre-se o portão e a figura do palácio de Tavarede aparece, gasta, alquebrada, mutilada. Voz fraca e cansada pelas injustiças dos homens. E a evocação surge – cheio de emoção e de mágoa pelo mal feito. Fernando Reis foi bem escolhido para o papel, desempenhando-o com magnífico acerto” (Chá de Limonete).
“… deu um Romeiro de que nada há a dizer que não seja um merecido elogio. Não podia pedir-se mais. E, como em Peraltas e Sécias lhe coube um papel de feição completamente diverso, igualmente desempenhado com impecável correcção, teve ensejo, pelo contraste, de revelar o seu real merecimento”. (Frei Luís de Sousa e Peraltas e Sécias).
A Sociedade de Instrução Tavaredense nomeou-o “Sócio Honorário” em 1979 e, em Janeiro de 1993, prestou homenagem à sua memória, descerrando o seu retrato, que se encontra exposto no salão nobre da colectividade.
“O Teatro faz parte da minha vida. Chega-se a uma altura em que se não pode passar sem ele”, disse, como resposta, a uma pergunta feita por um jornalista de Lisboa. “Faço teatro desde os 14 anos. Levanto-me todos os dias às 6 horas, para poder estar no emprego às 7,30, mas isso nunca foi motivo para deixar de ir aos ensaios”, dizia com certo orgulho.
Tinha dois passatempos: a pesca e os pássaros. Quando o verão se aproximava, ia colocar um tabuleiro com água, em pinhal escolhido, onde todos os dias ia renovar a água, para os pardais se irem habituando a lá irem beber. Depois, quando lhe parecia boa ocasião, levantava-se de madrugada e, ainda antes da aurora romper, ia montar a rede no bebedouro e fazer a barraca onde, pacientemente, aguardava a ida dos incautos pássaros a beber.
Fernando Reis faleceu no dia 1º de Maio de 1986, no Hospital da Universidade de Coimbra, precisamente naquele dia que ele mais aguardava durante todo o ano. Era um dos mais entusiastas participantes do grupo “Os Inseparáveis”, que nesse dia se reuniam em alegre convívio e confraternização.
Em Agosto de 1954, o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense deslocou-se a Condeixa, onde apresentou a peça Frei Luís de Sousa. O palco foi montado ao ar livre. Na cena do incêndio, final do primeiro acto, ao pegar fogo a um cartucho que simulava o incêndio, uma fagulha foi incendiar um segundo cartucho, pegando fogo, inadvertidamente, às barbas e fato de Romeiro, pois já estava pronto para entrar em cena no segundo acto. Apressadamente foi levado ao hospital local para lhe ser prestado socorro. Já estava fechado, pelo que tiveram de bater à porta, com bastante violência, para um rápido atendimento. Este hospital era assistido por freiras. Quando uma delas abriu a porta e se deu de caras com aquela figura do Romeiro, desatou a fugir pelo corredor em altos gritos. Apesar das dores que estava a sentir, Fernando Reis não resistiu a soltar uma boa gargalhada! Foi uma situação sem grande consequência, mas que poderia ter sido bastante grave.
Sua esposa, Carolina de Oliveira Alhadas, (1911 – 1985), integrou o grupo dramático da SIT durante vários anos. Iniciou a sua participação em 1926 na opereta Noite de S. João.
O Sonho do Cavador, A Cigarra e a Formiga, As pupilas do Senhor Reitor, Justiça de Sua Majestade, O Grande Industrial, A Morgadinha de Valflor e Entre Giestas foram algumas das peças em que interveio.
Em 1954, no espectáculo preparado para as comemorações das Bodas de Ouro, reviveu uma das suas antigas personagens.
Caderno: Tavaredenses com história
Foto: 1 - O Velho Tavarede (desenho de Zé Penicheiro - Chá de Limonete); 2 - Contracenando com Violinda Medina e Silva, na peça 'Ana Maria'; 3 - Casamento.
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