sábado, 6 de fevereiro de 2010

Grupo Musical e de Instrução Tavaredense - 11

Regresso, agora, às notas da actividade cultural atraz interrompidas. Em Novembro de 1924, a tuna e a secção dramática do Grupo Musical deslocaram-se a Brenha, à Troupe Recreativa Brenhense, onde deram um espectáculo com as peças “Um erro judicial” e “Medicomania”. E a 7 de Dezembro foram a Maiorca com o mesmo programa.

No espectáculo comemorativo do 13º. aniversário e da inauguração das obras, foram representadas, a comédia “A pega de toiros”, interpretada por Violinda Nunes Medina, José Medina, António Medina Júnior, Adriano Silva e Manuel Nogueira e Silva, e a opereta “A herança do 103”, com Violinda Nunes Medina, António Medina Júnior, José Francisco da Silva e Manuel Nogueira e Silva.

Em Janeiro e 1925 o Grupo Musical recebeu a visita dos amadores da Sociedade Filantrópica e Instrução, de Buarcos, que aqui apresentaram as peças “Os Reis Magos” e “O criado distraído”, que foram muito aplaudidas. No mesmo espectáculo, um amador do Grupo cantou, com muita graça, a cançoneta “Rebenta a bexiga”. E no dia 11 do mesmo mês, o grupo levou à cena o drama “Os reis de Peniche” (uma adaptação do Reis Magos) e algumas cenas pastoris. Neste espectáculo tomou conta da parte musical o figueirense Eduardo Pinto de Almeida.

No mês de Maio foram dar um novo espectáculo à Figueira, no Parque-Cine, com uma opereta entretanto posta em cena, “Ninotte”, da autoria de António Amargo, com música de Pinto de Almeida, e que já fora apresentada em Tavarede por mais de uma vez.

A 31 do mesmo mês, uma comissão de sócios organizou uma festa dedicada ao seu grupo cénico. Foi animadíssima e aqui deixo uma reportagem sobre a mesma:

“Noticiou “O Figueirense” a realização, em Tavarede, da festa das flôres, no Grupo Musical e d’Instrução.
Teve efectivamente lugar essa explendida diversão espiritual no passado domingo, decorrendo por fórma a satisfazer plenamente todos quantos a ela assistiram.
A comissão organizadora, constituída por António Victor Guerra, José da Silva Lopes, Joaquim Gomes d’Almeida, José Francisco da Silva, João d’Oliveira, Adelino Joaquim de Faria, Adelino Alves Pereira e António Medina - precisamente a mesma que há dias levou ao amplo Parque-Cine, da Figueira, a aplaudida opereta “Ninotte”, interpretada por 52 amadores - havia convidaddo vários cavalheiros dessa cidade a emprestarem, com o seu valioso concurso, um cunho de maior luzimento e brilhantismo a essa tão simpática festa, que era dedicada ao grupo dramático da florescente colectividade que na nossa terra está prestando um óptimo serviço à educação do povo.
E esses cavalheiros, duma cativante gentileza, acederam pronta e satisfatoriamente a esse convite e vieram.


Assim, e em cumprimento de um indeclinável dever de gratidão, não devemos olvidar esse favor grandioso, motivo porque ousamos servirmo-nos das colunas deste jornal para nelas perpetuarmos a nossa admiração veemente a Ildefonso Rosa, e a seu irmão Guilherme, guitarristas de mérito, que mimosearam com muita arte os orgãos auditivos da numerosa assistência, que num silencio sepulcral sentiu, como nós, vibrações na alma, ao som dos melodiososa acordes duns fadinhos tão repassados de sentimentalismo, tão portugueses...; a Raúl Martins, como os primeiros, amigo bem sincero, alma bem lavada de snobismos hipócritas, que cantou primorosamente alguns trechos, acompanhado pelos manos Rosas; e a José Mano, que recitou muitissimo bem poesias de vários autores.
Todos estes quatro amigos foram obrigados, pelos delirantes aplausos que expontaneamente partiam da assistência, a bisar todos os números com que se exibiram, tendo os guitarristas de retomar as cadeiras e tocar trechos bonitos e díficil execução. O Martins, cantou, a pedido, a “Louca”, por sinal com muito sentimentalismo. Possue uma boa garganta. Causa-nos inveja, acreditem.
Recitaram também versos e monólogos, além dos números dos figueirenses, a quem - diga-se sem favor - se deve o brilhantismo máximo da festa de domingo passado, vários sócios do Grupo Musical, como António Lopes, Manuel Nogueira e Manuel Cordeiro d’Oliveira.
Todos foram aplaudidos.
Recomeçou então o baile, tendo-se dançado animadamente até altas horas horas da madrugada, aos últimos acordes dum “one-step”.
Lastimamos deveras não termos vagar para nos alongarmos, em palavriado pobre mas bem sincero, na descrição minuciosa da festa de domingo - toda bem-estar, toda perfume e alegria - motivo porque para seu registo recorremos à lacónica notícia.
No entanto devemos afirmar em verdade que ela foi de molde a marcar mais um passo no bom caminho da vida do simpático Grupo Musical, que dia a dia, se nos vai afirmando uma colectividade muito útil e vitalícia.
- As salas do Grupo estavam engalanadas com ricas colgaduras e espelhos, predominando a policromia enebriante e encantadora das pétalas mimosas e dôdes das flores naturaes, banhadas de catadupas de luz clara e brilhante que espargia a chusma de lâmpadas eléctricas porque a famosa colectividade é iluminada...
- Pelas meninas Violinda Nunes Medina, Helena Gomes, Maria Amorim e Clarice d’Oliveira Cordeiro, foram oferecidos ricos “bouquets” de flores naturaes, em nome da secção dramática da colectividade em festa, aos amigos Raúl Martins, Ildefonso e Guilherme Rosa, e José Mano; a Direcção, ofereceu-lhes um copo-de-àgua e um devotado amigo do Grupo um “copo” de bom “champagne” d’Anadia.
Oxalá festas destas se repitam, para nome da colectividade onde elas se levam a efeito e de quem as promove”.



No dia 7 de Junho a tuna encorporou-se no “magestoso cortejo tauromáquico e assistiu à garraiada” que, na Figueira, foi promovida pela Associação Naval 1º. De Maio.

Ainda no ano de 1925, o grupo cénico efectuou os seguintes espectáculos:

_ Em Junho, no Grupo Caras Direitas, em Buarcos, com uma opereta (Ninotte?) e duas comédias;

_ A 13 de Setembro, em Montemor-o-Velho, no Teatro Ester de Carvalho, com o drama “Um erro judicial” e a comédia “Casa doisa...”;

_ Em Outubro, mais um extraordinário êxito numa deslocação à Marinha Grande. É indispensável aqui deixar transcrita a reportagem: (ver 'As primeiras saídas' - Associativismo)

Fotos: 1 - Clarice de Oliveira Cordeiro; 2 - Manuel Nogueira e Silva

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