sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O Associativismo na Terra do Limonete - 113

         Numa outra notícia, publicada em Janeiro de 89, a nossa atenção foi despertada pelo seu título: ‘Em Tavarede senhoras dão o exemplo’. No passado domingo a Sociedade de Instrução Tavaredense esteve em festa, ao comemorar em Sessão Solene, os seus brilhantes 85 anos de vida, de uma vida onde INSTRUIR e RECREAR tem sido o objectivo prioritário.
         É de todos sabido, como o fez notar a Drª Ana Maria Caetano, presidente da sociedade, que o TEATRO sempre foi particularmente cultivado pelas gentes de Tavarede, ainda que ele seja uma actividade de enormes dificuldades, que resultam não só do elevado número de pessoas que envolve, mas também de todo um conjunto técnico de conhecimentos que urge possuir-se. E em Tavarede, diria ainda a 1ª oradora desta sessão solene, não se brinca ao Teatro, mas faz-se Teatro pelo Teatro, recorrendo-se às melhores obras dos melhores dramaturgos, independentemente dos problemas daí resultantes.
         Esta Sessão Solene foi presidida pelo Dr. Abílio Bastos em representação da Câmara Municipal. Na mês de honra tomariam ainda lugar vários convidados e amigos da colectividade em festa.
         Momento sempre solene foi o acto de posse dos novos Corpos Sociais. Solene e pouco usual (infelizmente), pois em Tavarede as senhoras dão exemplo, como o prova o facto de quatro senhoras passarem a compor a nova Direcção: Presidente, Drª Ana Maria Caetano, Vice-Presidente: Drª Ilda Manuela Simões, 1ª Secretária, D. Otília Maria Cordeiro, 2ª Secretária, D. Maria Luísa Lontro de Sousa.
         Uma saudação muito especial para estas quatro senhoras que, numa atitude sempre de enaltecer, se prontificaram a servir na sua Sociedade, esquecendo todos os sacrifícios que tal decisão possa acarretar.
         Nesta sessão usaram ainda da palavra o sr. Padre António Matos Fernandes que, além das usuais felicitações destas cerimónias, aproveitou para agradecer a colaboração que a SIT deu à Paróquia durante o ano findo. O sr. Carlos Cardoso, amigo da casa e representante da Sociedade Figueira-Praia teceu depois uma curiosa, oportuna e justa crítica à representação que na véspera tivera lugar naquele palco, demonstrando não só um apurado sentido crítico, mas igualmente um agradável espírito de humor e bagagem “técnica-teatral”.
         Também o Director de “O Figueirense” usaria da palavra para saudar a SIT, e proferir alguns comentários sobre a quase total ausência de jovens na sala. De referir que esta terá sido uma das sessões solenes mais despidas de público dos últimos tempos, problema que a nova gestão não deixará de solucionar. E bem.
         O Dr. Joaquim Barros de Sousa teceria como que o discurso oficial da sessão. Demonstrando um profundo conhecimento sobre a SIT e sobre Mestre José da Silva Ribeiro, o palestrante recordaria, entusiasmado, a figura desse grande Homem de Teatro e a obra que criou em Tavarede, obra que – disse – tem raízes, pois o Teatro não acabou em Tavarede com o seu desaparecimento.

         O primeiro de Maio desse ano foi alvo de notícia. Com ar festivo, um colorido inigualável, a Figueira rejuvenesceu na manhã do 1º de Maio! Os sorrisos multiplicaram-se, expontâneos, nos lábios doces das raparigas a fazer lembrar as descrições de Maurício Pinto ou de um Raimundo Esteves.
         Com os potes à cabeça, cobertos de lindas e perfumadas flores naturais, como aliás é seu hábito, Tavarede surgirá uma vez mais, entoando aquela bonita melodia que a tradição soube imortalizar. “É o encanto de Tavarede”, como simplesmente nos disse Álvaro Marques, o grande impulsionador (também o ensaiador) do Rancho 1º de Maio do Grupo Musical e de Instrução Tavaredense.
         Esta colectividade, fundada em 1911, para além de um meritório trabalho no campo cultural, como é o caso de uma escola de iniciação cultural, preservou e acarinhou sempre a música, arte aliás para a qual esteve sempre vocacionada.
         Em 1961 “reaparecemos em força com o Rancho do 1º de Maio e apostámos sempre na diversidade e qualidade musicais”, afirmou-nos ainda Álvaro Marques. Este ano, segundo apurámos, 18 pares (adultos) constituirão o Rancho 1º de Maio do GMIT, para além obviamente de um conjunto de 15 elementos que, sob a orientação de Vítor Murta, serão o suporte musical deste agrupamento folclórico. Agrupamento que ainda pretende imprimir alguma veracidade aos temas que interpreta inserindo um ou outro instrumento de cordas, caso dos violinos e violas.
         “O Figueirense” teve conhecimento ainda que os ensaios decorrem já a um ritmo espantoso, não só com a preocupação  de burilar os últimos pormenores de trajo e marcação como também, com o entusiasmo habitual, começarem-se por “fitar” já os locais onde proliferam as flores mais bonitas de Tavarede.
         =É o cheiro das várzeas e do limonete que dão um “pulo” à Figueira.

         Chegados a mais um aniversário da Sociedade, uma nova reposição teve lugar. No programa comemorativo do 86º. aniversário da Sociedade de Instrução Tavaredense destaca-se, para o próximo sábado, 27, às 21 horas e 45 minutos, a representação pelo grupo cénico, da comédia em 3 actos, de D. João da Câmara, “Os Velhos”.
         Em palco estarão, sob a direcção de João de Oliveira, os seguintes amadores, já conhecidos: José Medina, João José Silva, J. Luís do Nascimento, João Medina, João José Fadigas, Maria Conceição Mota, Maria de Lurdes Neto, Lurdes Lontro e Ana Maria Caetano.
         No dia seguinte, haverá alvorada às 8 horas; e às 17,30 horas, a sessão solene com a participação do Rotary Clube da Figueira da Foz. Nesta cerimónia far-se-á o lançamento público de uma publicação editada por aquele clube de serviços da nossa terra, sobre o grande tavaredense e mestre de teatro que foi José da Silva Ribeiro. Além dos amigos da SIT e das entidades oficiais, estará presente, como oradora da tarde, a drª. D. Judite Pinto. E ao acto associam-se também o Coral David de Sousa e a Filarmónica de Quiaios.
         A propósito, Carlos Alberto de Oliveira Cardoso e Hernâni da Costa Pereira, em nome da Direcção do Rotary, fizeram questão de nos oferecer, pessoalmente, duas brochuras do volume “Em memória de José da Silva Ribeiro” e a acompanhá-las a seguinte nota explicativa:
         “Na sua casa humilde de Tavarede, aos 13 de Setembro de 1986, morria José da Silva Ribeiro. Contava 92 anos feitos e fora lição de amor à terra natal e cidadania, de jornalismo e doação ao Teatro.
         Seis meses após, a 18 de Janeiro imediato, na sessão solene comemorativa dos 83 anos da SIT, quis o Rotary Clube da Figueira honrar a memória desse seu sócio honorário, para o que por várias formas participou naquele acto memorial.
         Reunindo a maior parte das comunicações então produzidas e juntando-lhes alguns outros elementos relacionados com a referida sessão ou com a personalidade homenageada, agora acaba este Rotary Clube de editar um volume “Em Memória de José da Silva Ribeiro”.
         E é esta obra que o Clube Rotário da Figueira pretende apresentar em Tavarede, na SIT; como forma, ainda e sempre, de honrar a memória daquele que toda a vida deu lição de amor à terra natal e cidadania de jornalismo e doação ao Teatro”.

         E, também, aqui queremos recordar a sessão solene desse mesmo aniversário, durante a qual o Rotary Clube da Figueira da Foz igualmente homenageou José Ribeiro. Na tarde do passado dia 28, a sede da Sociedade de Instrução Tavaredense registou uma animação fora do vulgar, pela circunstância da efectivação da sessão solene comemorativa do 86º. aniversário da prestigiosa colectividade da terra do limonete.
         Ao acto, e como estava previsto, associou-se na sua máxima representatividade, o Rotary Clube da Figueira da Foz, que aproveitou a oportunidade para lançar o livro “Em Memória de José da Silva Ribeiro” (publicação esmerada graficamente  que contém as comunicações da homenagem que este clube de serviço da nossa terra prestara àquele “mestre” da arte de Talma, no ano de 1987).
         Após a execução do hino da colectividade pela Filarmónica Quiaiense, e feitos os convites às diversas entidades para participarem no lugar de honra do palco, usou em primeiro lugar da palavra a presidente da Direcção, drª. Ana Maria Caetano, que deu explicações porque não subiu à cena na noite do dia anterior a peça de teatro “Os velhos”, cujos motivos assentaram no facto de alguns dos seus amadores terem sido surpreendidos pelo surto da gripe, e desenvolveu matéria sobre as linhas fundamentais da orientação da colectividade na arte de bem dizer e de bem recriar.
         O pároco da freguesia, padre António Matos, fez alusões pertinentes à representação da peça ali levada à cena pelo TEM (Teatro Experimental de Mortágua).
         O presidente da Junta, António Simões Baltazar, na sua simplicidade de expressão, prometeu o melhor apoio e espírito de ajuda àquela colectividade aniversariante, orgulho da sua terra natal.

         A evocação de diversas facetas e o amor de figuras tavaredenses à sua terra berço e à sua SIT, foi oratória muito apreciada pelos presentes, saída da boca da drª. Maria Almira Medina, directora do “Jornal de Sintra”, que, naturalmente, realçou o nome de seu pai, António Medina Júnior.
         Na ocasião foi anunciado que a Direcção deliberara conceder 3 títulos de sócios honorários: a José Medina (uma dedicação sem precedentes e amador de teatro de altos méritos); a Carlos Alberto de Oliveira Cardoso; e ao Rotary Clube da Figueira da Foz.
         A segunda parte da sessão foi ocupada pela presença do Rotary: o presidente engº. Costa Pereira e o dr. Carlos Estorninho (este apresentou um interessante trabalho literário, que abordou a colaboração de José Ribeiro no semanário “A Voz da Justiça”).
         Como oradora oficial a drª. Judite Mendes Pinto Abreu, filha do saudoso rotário e figueirense de elevada cultura, Maurício Pinto, salientou José Ribeiro como homem de teatro, como jornalista, como pensador, como homem de família.
         A sessão foi encerrada pelo presidente da Câmara Municipal, engº. Manuel Alfredo Aguiar de Carvalho, que rendeu o seu preito de admiração à obra da SIT na cultura popular.
         O Coral David de Sousa interpretou vários números do seu reportório, muito aplaudido pelo nível artístico evidenciado.

         Como nota final, podemos anunciar que o livro editado pelo Rotary encontra-se à venda na sede da SIT. 

Sem comentários:

Enviar um comentário