O lugar da Figueira da foz do Mondego
O abade Pedro e S. Julião
Na vossa presença, senhoras e senhores, saudando-vos com alegria nesta
noite de festa o Couto de Tavarede. Certamente por ser assim tão velho – já lá
vãp quase oito séculos, desde que o nosso Rei D. Sancho I e a Rainha D. Dulce
instituiram e doaram à Sé de Coimbra, em 1191, o Couto de Tavarede – talvez por
ser tão velho, dizia eu, me mandaram hoje aqui a fazer o prólogo da peça que
vamor representar. Procuraremos demorar-nos o menos possível neste proscénio;
e, sem preocupações cronológicas e deixando aqui e ali voar a fantasia,
mostrar-.vos-emos algumas figuras e reviveremos episódios da nossa história
local, desde o Aqbade Pedro, que reergueu a igreja de S. Julião e encheu de
famosda vinha a encosta da Abadia até às águas do Paúl; passaremos pela
velhinha Vila de Tavarede, que já no ano de 1064 da era de Cristo aparecia
referida como estando situada na borda do mar; falaremos das folhas de uma
figueira que não se sabe ao certyo se existiu – mas que não era, já se deixa
ver, aquela figueira que generosamente cobriu a nudez do Pai Adão quando ele,
no Paraíso, se apercebeu de que estava nu; - iremos encontrar-nos com a Vila da
Figueira da Foz do Mondego; e iremos todos saudar, jubilosamente, a nossa
Rainha das (Viagem na Nossa Terra – Prólogo – de José da Silvca
Ribeiro).
Esta
peça-fantasia, levada à cena do ano de 1982 pelo grupo dramático da Sociedade
de Instrução Tavaredense, serviu de homenagem à jovem cidade da Figueira da
Foz, que então festejava o primeiro centenário da sua elevação, pelo Rei D.
Carlos, à categoria de cidade. Tavarede, que durante séculos, foi a sede do
concelho, homenageou desta forma o lugar da Figueira da foz do Mondego, seu
súbdito até ao ano de 1771.
Vamos,
assim, recordar, ainda que resumidamente, este velho lugar, o Abade Pedro, de
que acima se fala, e S. Julião, patrono do lugar. Sabe-se ques o pequeno
povoado existente wm torno da igreja de S. Julião, habitado sobretudo por gente
que vivia do mar, terá sido arrasado no ano de 712 aquando das invasões dos
mouros.
Depois
da tomada de Coimbra e toda a sua vasta região aos mouros pelo Conde D.
Sisnando, nascido em Tentúgal, este enviou para a nossa região, com o encargo
da sua reconstrução e repovoamento, Ciudel Pais, para o lugar de S. Martinho de
Tavarede, e o Abade Pedro, para o lugar da Figueira da foz do Mondego.
Do
lugar reconstruído pelo Abade Pedro recolhemos e transcrevemos um pouco da sua
história. Lugar de ocupação
humana muito antiga, fez parte do reino suevo, e mais tarde viria a ser
conquistada aos mouros aquando a conquista de Coimbra por Fernando Magno em 1064,
integrando o Reino de Leão e consequentemente o Condado
Portucalense.
A Figueira da Foz conheceu um grande crescimento no século XVIII devido ao movimento do porto e ao
desenvolvimento da indústria de construção naval.
Foi elevada à categoria de vila em 1771.
Continuou a crescer ao longo do século XIX devido à abertura de novas vias de
comunicação e à afluência de veraneantes.8 Em 20 de Setembro de 1882, foi
elevada à categoria de cidade.
Nos finais doséculo
XIX e
início do século XX construiu-se o chamado Bairro
Novo,
de malha regular, onde se instalaram os hotéis, o casino, restaurantes, bares
nocturnos e alguma actividade comercial. Outro local onde a actividade
comercial é evidente é na Rua
da República,
que liga a zona de entrada da cidade (via Estação dos caminhos-de-ferro) à zona
mais central da cidade. Nos últimos tempos foram construídos supermercados e
hipermercados na zona mais periférica da cidade. Devido às condições naturais e
ao equipamento turístico, a Figueira da Foz impôs-se como estância balnear não
apenas para a zona centro de Portugal, mas também para famílias abastadas
alentejanas e espanholas. A Figueira da Foz é conhecida como a "Rainha das
Praias de Portugal".
Foi próximo desta localidade que, no início do século XIX, desembarcaram as tropas inglesas
comandadas por aquele que mais tarde seria Duque de Wellingtonque vieram ajudar Portugal na luta contra as Invasões
Francesas.
O Casino da Figueira da Foz foi inaugurado em 1927, sendo assim o
casino mais antigo da Península Ibérica.
A Câmara Municipal da Figueira da Foz foi
feita Comendadora da Ordem de Benemerência a 30 de Janeiro de 1928 e Grande-Oficial da Ordem da Instrução Pública a 31 de Dezembro de 1932.9
Em 1982, ano em que se comemorou o Primeiro
Centenário da Elevação a Cidade da Figueira da Foz, foi inaugurada a Ponte Edgar Cardoso, que veio substituir a ponte antiga (que
não permitia que embarcações passassem sob si). A nova ponte, que rapidamente
se transformou num ex-libris da cidade, é considerada uma das mais
bonitas e imponentes do país.[carece de fontes] Foi, recentemente, alvo de profundas obras de
remodelação. A 6 de Julho desse ano a Cidade da Figueira da Foz foi feita
Membro-Honorário da Ordem do
Infante D. Henrique e
a 31 de Janeiro de 1986 a Câmara Municipal da Figueira da Foz foi feita 80.ª
Sócia Honorária do Ginásio Clube Figueirense.
A Torre do Relógio (situada em frente à Esplanada Silva
Guimarães, na Praia do Relógio e não Praia da Claridade) é, igualmente, uma das referências da
cidade, bem como o Forte de Santa Catarina. Situa-se
também nesta cidade o Palácio Sotto-Mayor, que marca
história numa zona mais central da Figueira da Foz. O Parque das Abadias é um
dos "pulmões" da cidade e um local de lazer, onde se realizam algumas
provas de corta-mato e várias iniciativas com vista a proporcionar momentos
agradáveis aos cidadãos do concelho. Este Parque atravessa a cidade ao meio,
indo desde a zona norte da cidade até ao Jardim Municipal, que sofreu,
recentemente, intervenções de remodelação.
Referindo-nos
agora ao Abade Pedro, que cerca do ano de 1080, e por ordem do Conde D.
Sisnando, reconstruíu o lugar e a igreja de S. Julião, sabe-se que no ano de
1096 fez testamento fazendo doação à Sé de Coimbra.
"Eu, Pedro, abade, por amor de
Santa e Indivídua Trindade, faço à igreja de Santa Mãe de Deus e sempre Virgem
Maria da Sé episcopal de Coimbra, doação da igreja de S. Julião, que está
situada na margem norte do rio Mondego, junto à praia, a qual noutro tempo foi
saqueada e destruída pelos Sarracenos".
Começa assim o testamento do abade Pedro, feito em 1096, conforme se acha transcrito no Portugaliae Monumenta Historica. O Abade, pelos seus serviços, recebeu do conde Sisenando "além da abadia de S. Julião, todas as terras cultas e incultas que ficavam ao oriente, designadas já naqueles tempos pelos nomes de Casseira, S. Veríssimo (Vila Verde) e Fontela, o que junto com a herdade de Lavos constituía uma grande riqueza". (Album Figueirense)
Começa assim o testamento do abade Pedro, feito em 1096, conforme se acha transcrito no Portugaliae Monumenta Historica. O Abade, pelos seus serviços, recebeu do conde Sisenando "além da abadia de S. Julião, todas as terras cultas e incultas que ficavam ao oriente, designadas já naqueles tempos pelos nomes de Casseira, S. Veríssimo (Vila Verde) e Fontela, o que junto com a herdade de Lavos constituía uma grande riqueza". (Album Figueirense)
“... Mas por agora iremos ver a tão
falada vinha plantada pelo Abade Pedro... ... A vinha plantada e as casas
reconstruídas pelo Abade Pedro, tudo é pobre...”. (Viagem na Nossa Terra).
Recordemos, agora, S, Julião, padroeiro
da Figueira. No século III
nasceu Julião, filho de um casal cristão muito devoto e rico que lhe deu uma
educação esmerada e requintada desde a tenra idade. Depois, desejosos de ver
o filho bem casado para constituir uma sólida e cristã família, decidiram
consolidar o seu matrimónio, aos dezoito anos, com a jovem Basilissa.
Extremamente obediente, o rapaz, que nunca havia mencionado seu voto de
castidade à familia, realizou o sonho dos pais e se casou com a bela e suave
jovem que, como ele, procedia de uma próspera e bem situada família
seguidora dos mesmos preceitos cristãos que a de seu noivo.
Uma vez casados, Julião, com gentileza, conversou com a esposa Basilissa e juntos fizeram um pacto de consagração a Deus para se dedicarem a Seu serviço, apesar do sacramento matrimonial. Assim a união carnal não se concretizou e ambos permaneceram virgens. Somente após a morte dos pais é que os dois puderam viver a vida espiritual na plenitude almejada. Usando seus bens, cada um fundou um mosteiro: Julião, o masculino e Basilissa, o feminino. Com o saldo do património mantinham várias obras de caridade e sustentavam os mosteiros, que funcionavam também como hospitais para atendimento dos mais necessitados. O de Basilissa atendia especialmente aos leprosos.
Nesse período o Cristianismo vivia os seus tempos mais trágicos, o das perseguições sanguinárias impostas em todo o Império pelos tiranos Diocleciano e Maximiano. Em auxílio aos cristãos surgiu Julião, que em certa altura chegou a abrigar em seu mosteiro mais de um milhar que procuravam refúgio das implacáveis investidas. Porém foi denunciado e viu aos poucos todos serem julgados e condenados ao suplício e à morte pelo testemunho da fé. Até que chegou sua vez. Como se recusou a adorar os ídolos pagãos e renegar a fé em Cristo foi martirizado por um longo periodo. Segundo os registos dessa época arquivados pela Igreja, o periodo foi descrito como de muitas torturas e sofrimento, mas também de muitos prodígios e graças ocorridos através das mãos de Julião.
Julião terá nascido em 250 e foi finalmente assassinado e pôde descansar em paz em 09 de Janeiro do ano de 302
O povo passou a reverenciar sua imagem com alguns dos simbolos que caracterizaram a sua vida: a Bíblia, fundamento da sua fé e a fonte de onde bebeu o amor ao próximo; a palma, símbolo do martírio; e a capa arrepanhada e puxada para cima para facilitar o seu andamento, simbolo da sua disponibilidade para os outros.
Basilissa conseguiu ser poupada, vivendo junto aos mais miseráveis e pobres leprosos os quais tratava como filhos. Ela morreu algum tempo depois, dizem que em 18 de Novembro de 304, tendo promovido muitos prodígios de cura e graças.
Uma vez casados, Julião, com gentileza, conversou com a esposa Basilissa e juntos fizeram um pacto de consagração a Deus para se dedicarem a Seu serviço, apesar do sacramento matrimonial. Assim a união carnal não se concretizou e ambos permaneceram virgens. Somente após a morte dos pais é que os dois puderam viver a vida espiritual na plenitude almejada. Usando seus bens, cada um fundou um mosteiro: Julião, o masculino e Basilissa, o feminino. Com o saldo do património mantinham várias obras de caridade e sustentavam os mosteiros, que funcionavam também como hospitais para atendimento dos mais necessitados. O de Basilissa atendia especialmente aos leprosos.
Nesse período o Cristianismo vivia os seus tempos mais trágicos, o das perseguições sanguinárias impostas em todo o Império pelos tiranos Diocleciano e Maximiano. Em auxílio aos cristãos surgiu Julião, que em certa altura chegou a abrigar em seu mosteiro mais de um milhar que procuravam refúgio das implacáveis investidas. Porém foi denunciado e viu aos poucos todos serem julgados e condenados ao suplício e à morte pelo testemunho da fé. Até que chegou sua vez. Como se recusou a adorar os ídolos pagãos e renegar a fé em Cristo foi martirizado por um longo periodo. Segundo os registos dessa época arquivados pela Igreja, o periodo foi descrito como de muitas torturas e sofrimento, mas também de muitos prodígios e graças ocorridos através das mãos de Julião.
Julião terá nascido em 250 e foi finalmente assassinado e pôde descansar em paz em 09 de Janeiro do ano de 302
O povo passou a reverenciar sua imagem com alguns dos simbolos que caracterizaram a sua vida: a Bíblia, fundamento da sua fé e a fonte de onde bebeu o amor ao próximo; a palma, símbolo do martírio; e a capa arrepanhada e puxada para cima para facilitar o seu andamento, simbolo da sua disponibilidade para os outros.
Basilissa conseguiu ser poupada, vivendo junto aos mais miseráveis e pobres leprosos os quais tratava como filhos. Ela morreu algum tempo depois, dizem que em 18 de Novembro de 304, tendo promovido muitos prodígios de cura e graças.
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Foi esta intenção de ajuda aos homens que vinham do mar que levou à atribuição da designação de São Julião à então abadia, devido a ele também ter vivido numa cidade junto a uma foz (Antinoe, Vale do Nilo) e ajudado espiritualmente e na doença as suas gentes.
Esta Abadia foi destruida em 717 pelos sarracenos e assim ficou até
1080, ano em que o Conde D. Sisnando ordenou a edificação de várias
igrejas na região e a reconstrução da igreja junto à foz do Mondego com uma boa
torre, bem como a construção de casas em seu redor. Atribuidas as terras, foi o
Abade Pedro o encarregado de tal missão, executada em 16 anos. Em 1096 o Abade
Pedro faz a doação da Igreja de São Julião à Igreja de Santa Mãe de Deus e
sempre Virgem Maria da Sé Episcopal de Coimbra.
As casas deram origem a uma povoação, que logicamente baseou na igreja o seu nome: São Julião da Foz do Mondego. Terá sido nesta data que surgiu esta primeira designação do casario que deu origem ao actual nome de Figueira da Foz.
Na segunda designação já entra a palavra “figueira”, e “São Julião” fica unicamente confinado à igreja. Com o avolumar do povoado, eram muitos os barcos de vários casarios junto ao Mondego que desciam o rio até à foz para comerciar produtos, simples passeios ou veraneio, aqui amarrando os barcos a uma copada de árvores, onde existia uma frondosa figueira e em cuja sombra os barqueiros serranos faziam as suas transacções, permutando com os moradores lenha e carqueja da respectiva produção, por sal e peixe fresco. Era a Figueira da Foz do Mondego e estava-se em 1237, ano em que o Cabido da Sé de Coimbra concessionou os lugares de Figueira e Tamargueira a Domingos Ioanes, Martinho Miguel e Martinho Gonçalves.
Uma informação paroquial datada de 1721 fornece alguns pormenores importantes sobre o notável e popular lugar ou vila..
Em 1771 foi elevada à categoria de Vila por D. José I. Foi a partir desta data que o nome se foi simplificando e que tomou, definitivamente, a designação de Figueira da Foz.
Os últimos 30 anos do século XIX são fecundos em realizações. Foi neste periodo que a Figueira da Foz foi elevada a cidade, no ano de 1882. Nos dez anos que precederam a elevação a cidade registou-se um conjunto assinalável de obras demonstrativas da pujança do lugar. (blogue O Palhetas)
As casas deram origem a uma povoação, que logicamente baseou na igreja o seu nome: São Julião da Foz do Mondego. Terá sido nesta data que surgiu esta primeira designação do casario que deu origem ao actual nome de Figueira da Foz.
Na segunda designação já entra a palavra “figueira”, e “São Julião” fica unicamente confinado à igreja. Com o avolumar do povoado, eram muitos os barcos de vários casarios junto ao Mondego que desciam o rio até à foz para comerciar produtos, simples passeios ou veraneio, aqui amarrando os barcos a uma copada de árvores, onde existia uma frondosa figueira e em cuja sombra os barqueiros serranos faziam as suas transacções, permutando com os moradores lenha e carqueja da respectiva produção, por sal e peixe fresco. Era a Figueira da Foz do Mondego e estava-se em 1237, ano em que o Cabido da Sé de Coimbra concessionou os lugares de Figueira e Tamargueira a Domingos Ioanes, Martinho Miguel e Martinho Gonçalves.
Uma informação paroquial datada de 1721 fornece alguns pormenores importantes sobre o notável e popular lugar ou vila..
Em 1771 foi elevada à categoria de Vila por D. José I. Foi a partir desta data que o nome se foi simplificando e que tomou, definitivamente, a designação de Figueira da Foz.
Os últimos 30 anos do século XIX são fecundos em realizações. Foi neste periodo que a Figueira da Foz foi elevada a cidade, no ano de 1882. Nos dez anos que precederam a elevação a cidade registou-se um conjunto assinalável de obras demonstrativas da pujança do lugar. (blogue O Palhetas)
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