sábado, 16 de junho de 2012

Quadros - Os Senhores de Tavarede - 8

Entretanto as queixas do Cabido contra Fernão Gomes de Quadros continuavam. Por uma provisão emitida pelo rei D. Sebastião, atendendo a dúvidas do Cabido da Sé de Coimbra, é ordenado: Diz o Cabido de Coimbra que eles têm no Couto de Tavarede, que é do dito Cabido, muitos direitos e propriedades que Fernão Gomes de Quadros, por ser muito rico e poderoso, lhe usurpa e não lhe pagar imposto em tudo. Ele e sua mãe Genebra de Azevedo, que é viúva, e por lhe usurpar os direitos que ao Cabido pertencem e por alguns desaguizados que o dito Fernão Gomes, no dito Couto fazia, deram dele capítulos a Vossa Alteza, pelos quais foi preso e se livrou perante o Corregedor da Corte dos feitos crimes e foi condenado. E quanto às causas cíveis ficou relevado direito para o demandar, a ele e a sua mãe, perante quem pertencem os direitos e no Couto são todos suspeitos e não pode haver juiz que o livre, por o dito Cabido ser senhor do Couto.

Como por o dito Fernão Gomes de Quadros ser na terra muito poderoso e temido. E na vila de Montemor também todos são suspeitos por causa do dito Fernão Gomes e o Corregedor da Comarca de Coimbra é outrossim suspeito por ser cunhado do dito Fernão Gomes de Quadros e o aconselha em suas causas e por estas razões o não demandam e se perde seu direito: pede a Vossa Alteza que lhe faça mercê de haver por bem que todas as ditas causas e para a que lhe ficou reservado seu direito, possam demandar perante o Corregedor da Corte dos feitos civis, por estarem nele os autos ou o Juiz perante o Juiz de fóra da dita cidade de Coimbra ou perante o Conservador das Escolas, a qual cidade está a sete léguas do Couto e são os mais competentes julgadores de fóra que há.


D. Sebastião, por graça de Deus Rei de Portugal e dos Algarves, daquém e dalém mar em África, senhor da Guiné, etc… Faço saber aos juizes de fóra da vila de Montemor-o-Velho, que havendo respeito ao que na petição atrás escrita diz o Cabido da cidade de Coimbra, hei por bem e por mando, que tomeis conhecimento dos casos entre o dito Cabido e Fvernão Gomes de Quadros, somente contraídos da dita petição e, ouvidas as partes, os determinem como fôr justiça, dando apelação agravo qual no caso seja resolvido e os autos que sobre isso houver nos sejam levados nos termos em que estivessem.

El-Rei nosso Senhor mandou para os doutores Filipe Antunes e Cristovão Mendes de Carvalho, ambos do seu Conselho e seus desembargadores do Paço. João de Barros o fez em Lisboa aos 15 dias de Fevereiro de 1560.

Como já referimos, foram muitas as questões levadas aos tribunais pelo Cabido de Coimbra contra o fidalgo de Tavarede. Também não nos alongamos, pois julgamos suficiente as acusações que foram feitas contra ele, no ano de 1574: - Espancou Jorge Gaspar, um homem de bem, velho, honrado, de Tavarede, de que há autos na Corte. E no feito a Jorge, se achava a sentença. E como também mandou espancar o padre Jorge Fernandes (?) e o trataram muito mal de pancadas por seu mandado. A um Pimentel, de Tavarede, dos honrados da terra, numa procissão do Santíssimo Sacramento, quebrou um cirio na cabeça.

- Ao Jorge Migueis (?), capelão do Cabido, que foi ao Couto por seu mandado, esperou de noite com outros e deu-lhe muita pancada e o lançou numa vala de sujidades, pelo que foi condenado em degredo e penas de direito.

- Saltou contra um homem, juiz da Alfândega da Figueira e o tratou muito mal e sobre isso disse que o primeiro homem saltara sobre ele. E foi condenado em custas por sentença da Relação.

- É costumado a desonrar todo o mundo, como se lhe não fazem a vontade, e todos são vilões ruins, cornudos, bebados, de modo que se não pode ninguém valer contra ele.

- Aos mareantes que entram a barra, afronta de palavras e toma-lhes as velas e a uns prende e fazia perder suas viagens, e comummente se cuida que tudo é fim de o peitarem e a lhe darem do que trazem nos navios, como foi uns que vieram carregados de sardinha e atum, e isto por ter o ofício de os visitar, como capitão mor de Tavarede e Figueira, por cujas barra entram.

- No mês de Maio passado, entrou pela barra um navio de atum e corvina, e o mestre lhe fez saber, como capitão mor, e ele mandou que lhe dessem do atum e corvina e quando chegou este rec ado, o navio era em cima na ‘barranqua’ e ao tornar para baixo, mandou fazer autos ao dito mestre, e por Jerónimo Dias mandou-lhe tomar as velas, dizendo que lho haviam de pagar e fez-lhe muitas vexações e injúrias.

- Tinham Manuel Homem e Francisco Homem, seu filho, moradores na Batalha, certo gado de dízimo, que traziam na Lezíria de Fernão Gomes, com sua licença, por parte do dito gado o haverem dele de dizimo, o qual podia valer bem vinte mil ou mais, e o Fernão Gomes o vendeu por seu, sem nunca querer dar o dinheiro aos ditos pai e filho. E estão este Francisco Homem em casa de Simão Gonçalves por algumas vezes, não podem haver já pagamento do dito Fernão Gomes nem ousam requere-lo.

- No mês de Novembro deste ano presente de 1574, mandou o C abido a Ambrósio de Sá e ao doutor Álvaro Migueis carregues a Tavarede a certos negócios de importância e pousavão em casa de um João Duarte, homem de bem do Couto, onde lhe faziam de comer, e sabendo a mulher de Fernão Gomes que nos seus fornos assavam galinhas e outras carnes para os ditos cónegos e seus familiares, mandou os forneiros que tal coisa não assassem, nem a coisa nenhuma de casa do dito João Duarte, cujos hóspedes, os ditos cónegos, estavam.

- Na Igreja ofende a quem quer e toma-se com os capelães e quer despedi-los e outras coisas absolutas. E tem toda a Câmara de sua mão porque ele fez as eleições este ano com subornos.

- A um Antão Lopes, marchante de Lisboa, comprou Genebra de Azevedo, mãe de Fernão Gomes, muito gado vacuum, que importaram trezentos mil reis ou quase. E como ele gado era bravo, fugiu do caminho algum dele ao marchante e tomou-se a lezíria de Fernão Gomes, onde podia pastar até aproveitar tudo, porque assim era o contrato. E Fernão Gomes tomou todo o gado, que se tomou a lezíria, para si, sem querer dá-lo nem o dinheiro dele ao marchante. E deu-lhe muita perda.

- Trouxe este marchante uma carta de excomunhão do Núncio, para que quem soubesse do dito gado lho dissesse, a qual carta se publicou na Igreja de Tavarede, em presença de Fernão Gomes, sem sair a nada. E saíu sua mãe e publicamente disse na mesma Igreja, ao publicar da carta, que seu filho tinha o gado, e que a excomunhão ficasse sobre ele, e que ele, marchante, se queixasse a El-Rei, pois seu filho lhe desobedecia nisso e em tudo. E Fernão Gomes respondeu que se ela tinha vendido alguma coisa do marchante que lhe pagasse, sendo coisa notória ser o gado da mãe e ela o vender.

- Que espancou em uma rua pública Gaspar Fernandes, de Tavarede, e o desonrou e a sua mulher de “puta”, “ladra”, que ele a tirara de baixo de cinquenta frades…

Perante a gravidade de tais acusações, que se revelaram verdadeiras, foi Fernão Gomes de Quadros condenado, além de largar as terras que havia tomado indevidamente, a degredo por um ano em Ceuta, e por dois anos proibido de entrar no Couto de Tavarede, nem podendo estar ‘quatro léguas para dentro junto ao Couto.

… Visto o libelo do Cabido da Sé de Coimbra, autor, contra Fernão Gomes de Sá, réu, e mais artigos recebidos e provado, visto como se prova o dito réu arrancar o marco da contenda e o mandar daí levar e se empossar dos maninhos e matos no dito libelo declarados, e assim se prova viver no dito Couto de Tavarede inquietamente no prejuizo da jurisdição do dito Cabido e suas doações, e inquietando os moradores do Couto de Tavarede seus vassalos, assim ácerca das pagas dos foros que são obrigados a pagar, como em outras coisas, havendo respeito e qualidade das ditas culpas, e da pessoa do dito réu, e casos como aconteceram e como tudo não basta para maior condenação, condenei o dito réu, que com um pregão na audiência fosse degredado por um ano para Ceuta, e não entrasse por tempo de outros dois anos no dito Couto de Tavarede, nem quatro léguas ao redor. E que tomasse à sua custa pôr o dito marco no lugar onde foi tirado e abra mão dos matos que tem tomados e valados ao dito Cabido, ficando-lhe seu direito renovado sobre a propriedade, e o condenei nas custas, e feita nele a execução do pregão e pagas as custas, irá o dito réu cumprir o dito ano de degredo a Ceuta…

Ainda alegou Fernão Gomes de Quadros que os ditos maninhos os tivera antes sua mãe Genoveva da Fonseca, então ainda viva. Não foi atendido e teve de cumprir a setença que havia sido dada eem Lisboa a 4 de Junho de 1558, pelo rei D. Sebastião.

Apesar de tantas preocupações, tantas questões e demandas levantadas contra si pelo Cabido da Sé de Coimbra e de tantos filhos do casamento, consta que ainda teve tempo para arranjar mais dois bastardos, como atrás já referimos: um, de nome António, que foi morto no cerco de Chaul e outro, de que se não sabe o nome, que morreu na Pérsia.

Como se vê, afinal, apesar de terem sido bastante abusadores e prevaricadores, opressores do seu povo, ‘seus vassalos’, como disse D. Sebastião na sentença, foram muitos os descendentes directos que morreram heroicamente nos campos de combate, lutando corajosamente pela sua Pátria, em locais tão longínquos, como a Índia.

Também se não deve omitir a sua grande religiosidade, totalmente contrária ao procedimento normal de violência contra os seus conterrâneos. Não esqueçamos que foram grandes beneméritos e protectores dos frades do convento de Santo António. Fernão Gomes de Quadros, cumprindo as disposições testamentárias de seu pai, que mandava ‘acabar com a maior perfeição o retábulo de capela’. Além da sua protecção a este convento, foi grande devoto de S. Francisco, sendo, também, confrade de todas as confrarias existentes em Tavarede. Por disposição sua, foi sepultado no convento de Santo António envolto no ‘hábito do bem-aventurado padre S. Francisco’.

Outros descendentes optaram pela vida religiosa, ingressando em mosteiros e conventos, onde alguns e algumas atingiram posições de alto relevo…

Teatro da S.I.T. - Notas e Críticas - 32

1963.03.30 - GIL VICENTE, NO PENINSULAR (NOTÍCIAS DA FIGUEIRA)

Esforço colossal, ao mesmo tempo ingrato, o de Mestre José Ribeiro, ao encenar Teatro Vicentino ao correr a cortina do Peninsular para apresentar o seu grupo de amadores, dizendo e mimicando os versos do criador do Teatro Português, do Género Satírico e Causticante, por vezes Sentimental e Poético de Mestre Gil Vicente. Esforço colossal, porque dar vida a qualquer das obras Vicentinas, conseguir de amadores – embora de grande categoria – o ritmo, a dicção, a sobriedade mímica, a simplicidade ingénua – que é dificuldade ingénita – a cor, a graça e o espírito essenciais nesta classe de espectáculos, é tarefa árdua e ousada, cometimento não conseguido por muitos profissionais de teatro, não só na visão geral, como na interpretação dos textos, difíceis de destrinçar, pois que, de peça para peça, surgem novos enigmas, géneros diferentes, momentos de puro lirismo, de audaciosa fantasia, em expressões do mais puro realismo, que obrigam o realizador a um estado especial para cada peça e às vezes para cada cena.

Ingrato, dissemos, porque infelizmente, os grupos dramáticos são pobres, não têm qualquer auxílio e as receitas das bilheteiras raras vezes dão para satisfazer os pesados encargos da representação. Ora, para a apresentação destes espectáculos, as despesas são avultadas e... Gil Vicente não consegue afluência à bilheteira, porque, só os raros que sabem ver Gil Vicente, vão ver Gil Vicente.

José Ribeiro é talvez o último abencerragem para cometimentos heróicos no tablado. A sua direcção e o seu saber, deram-nos um admirável espectáculo, triunfaram com mérito absoluto no teatrinho do Peninsular. Parabéns e um grande abraço.

Não podemos nem nos atreveríamos a apreciar as obras do Grande Mestre agora representadas. Sobre Gil Vicente, os maiores investigadores e mais notáveis literatos, têm escrito milhares de páginas. Nós que andamos sempre de braço dado com a saudade, recordamos as interpretações dos nossos mais notáveis artistas. Quem viu Augusto Rosa, no “Diabo da barca do Inferno”, jamais pode esquecer, a satânica figura, estilizada a seu modo, a musicalidade cantarolante da sua voz, o jeito cénico, ondulante e felínico que dava a impressão de uma figura irreal, as pausas, ou os gestos! Notável! Grandioso, simplesmente!

No Pranto de Maria Parda, Adelina Abranches – a Grande Adelina – encarnou a simbólica figura, com tanta inspiração e tanta verdade, deu um tão variado claro escuro ao fatigante trabalho, que, caso raro em espectáculos desta natureza, todo o público da plateia aos camarotes se pôs de pé para lhe tributar uma das mais expontâneas e formidáveis ovações, a que assistimos no nossa longa vida teatreira.

Ainda há poucos anos, o distinto actor Assis Pacheco, no Auto do Velho da Horta, obteve um estrondoso e justificado sucesso. Dicção, mímica e composição de figura, tudo sabiamente detalhado e estudado, artisticamente realizado!

Muito se dedicou a Gil Vicente, um grande artista há tempos afastado da cena, Joaquim de Oliveira, que publicou, e algumas vezes nos deixou ler, as suas valiosíssimas encenações. E mais não diremos, pois que, se nos alongássemos, teriamos de encher tal número de linguados, que não caberiam no nosso jornal.

Os distintos amadores de Tavarede, que há dez anos tanto temos apreciado, elevaram a espinhosa incumbência de José Ribeiro, a um verdadeiro caso no Teatro Português, no à vontade do desempenho, no diapasão das vozes e no ritmo dos movimentos. Velhos e novatos, mestres e discípulos, todos bem, homogéneos, sem um desfalecimento ou uma nota discordante.

Contudo, permito-me destacar a – Amadora Grande Actriz – Violinda Medina, no seu admirável trabalho, da Maria Parda, difícil de aguentar em todo o extensíssimo monólogo, sem caír no grotesto, mas sem desfalecimentos, sem diminuir o interesse, medindo as pausas e os movimentos, com a Arte e o Saber de uma verdadeira profissional. Simplesmente notável!

No Velho da Horta, João Medina Junior atingiu um nível superior no protagonista, secundado magistralmente por Maria Tereza de Oliveira, que foi uma figura Vicentina, perfeita nas atitudes, na dicção e nos gestos. Os outros, todos, em uma bela afinação de conjunto.

Guarda-roupa rico de Anahory. Cenários adequados, sendo por sua sobriedade, digno de relevo, o da Maria Parda. A todos, os nossos parabéns!

1963.03.30 - TEATRO (O FIGUEIRENSE)

Como referimos, realizou-se na Sociedade de Instrução Tavaredense, no sábado à noite, tendo-se repetido no domingo à tarde, o grande espectáculo de Teatro Português, constituído pelas obras de Gil Vicente “O Velho da Horta”, “Pranto de Maria Parda” e “Dom Duardos”, cujas representações fizeram convergir à sala de espectáculos daquela colectividade numerosos espectadores, que dispensaram aos simpáticos intérpretes os seus calorosos e vibrantes aplausos.

Foram, na verdade, com a sua perfeita montagem cénica, maravilhoso guarda-roupa e encantadores cenários, que um afinado jogo de luzes realçava, dois belos espectáculos de arte e beleza com que mestre José Ribeiro brindou o público, que nos finais dos actos reclamou a sua presença, para lhe manifestar as suas entusiásticas e calorosas saudações.

O distinto grupo cénico desloca-se hoje à Figueira para, no Teatro do Grande Casino Peninsular, e com o mesmo programa, prestar o seu concurso nas cerimónias comemorativas do Dia Mundial do Teatro, da feliz iniciativa do ilustre Director da Biblioteca Pública Municipal, sr. Professor António Vitor Guerra.

1963.04.06 - DIA MUNDIAL DO TEATRO (O FIGUEIRENSE)

O programa de Teatro Português que o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense representou, no dia 27, no Teatro do Casino Peninsular, para comemoração do “2º Dia Mundial do Teatro” e por louvável iniciativa da Biblioteca Pública Municipal, fez atraír àquela elegante casa de espectáculos numerosa assistência, constituída por pessoas de todas as categorias sociais.

Mais uma vez tivemos o prazer de constatar o prestígio que aquele grupo, dirigido superiormente por José da Silva Ribeiro, goza entre os frequentadores da exigente plateia figueirense. Os aplausos clamorosos com que nos finais das representações das três peças de Gil Vicente, “O Velho da Horta”, “Pranto de Maria Parda” e “Dom Duardos” o público se manifestou, são disso testemunho inequívoco.

Na verdade, o espectáculo é, no seu conjunto, de rara beleza, pois que possui uma primorosa montagem cénica, com cenários encantadores, lindas canções populares da época vicentina, guarda-roupa riquíssimo executado propositadamente pelo grande artista Anahory e uma representação à altura dos créditos bem confirmados dos distintos amadores tavaredenses, em que há a salientar a notável actuação de Violinda Medina na peça “Pranto de Maria Parda”, que lhe valeu quentes e demoradas ovações em que a assistência envolveu os restantes amadores e o sr. José da Silva Ribeiro.

No começo do espectáculo, o sr. Prof. António Vitor Guerra, director da Biblioteca Municipal, proferiu algumas palavras justificativas da comemoração do “Dia Mundial do Teatro”, tendo o sr. António de Oliveira Lopes, presidente da Direcção da SIT, lido o discurso que o escritor dr. Luís de Oliveira Guimarães, que não pôde comparecer, devia pronunciar a abrir o belo espectáculo.

1963.04.11 - HONRANDO OS VALORES FIGUEIRENSES (A VOZ DA FIGUEIRA)

A abrir uma entrevista concedida pelo prof. António Vitor Guerra, ao jornalista Mário Rocha, encontramos na 1ª. página do último número do “Litoral”, de Aveiro, estas palavras que muito nos apaz arquivar, por nelas se prestar homenagem a dois notáveis valores figueirenses: Violinda Medina (intérprete do papel de Maria Parda) e José da Silva Ribeiro:

“Mal pensávamos nós que o Dia Mundial de Teatro, de 63, nos iria proporcionar a surpresa que nos proporcionou naquela noite invernosa do passado dia 27 de Março, na sala de espectáculos do Grande Casino Peninsular, na Figueira da Foz.

Valerá a pena deslocarmo-nos de noite e a tão longe, - monologávamos nós, enquanto a chuva inclemente batia raivosa nos vidros mansos do carro veloz -, valerá a pena tudo isto para irmos ver um Mestre Gil representado por um grupo de amadores duma aldeia que nem em todos os mapas aparece?

É certo que se sabe, nós sabemos, que dos bastidores sombrios do amadorismo, subiram para a ribalta nomes como Chaby Pinheiro, de ontem, e de Gina Santos, de hoje. É certo que se sabe, nós sabemos, que o grande Taborda foi tipógrafo, António Pedro, aprendiz de pedreiro, e Adelaide Douradinha, para não citarmos mais, mulher a dias.

Pois apesar de tudo isto ser sabido, de tudo isto sabermos, nós, desconfiados, ainda nos perguntávamos se de Tavarede nos podia vir um Gil Vicente, como se fosse possível que melindrosa peça de porcelana nos chegasse às mãos, arrancada do fundo de velha arca de pinho carunchento, após longa viagem de muitos baldões e sem uma arranhadura.

Não vamos esboçar sequer uma ligeira apreciação crítica do espectáculo que o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense nos deu, sobre três textos vicentinos. Não ousamos esboçar a crítica, mas não resistimos a registar o exemplo. Em Tavarede, humilde lugarejo escondido à sombra da resplandente Figueira, arde em olímpica chama um acendrado culto à divina arte de Talma. Famílias, de geração em geração, entregam-se devotadamente à cultura teatral. À frente de toda esta pleiade de artistas, (aquela Maria Parda há-de ficar-nos para sempre guardada na galeria das melhores interpretações por nós vistas, conquanto o Teatro não seja, para nós, apenas uma arte de bem interpretar), se encontra um nome emérito no panorama do teatro amador em Portugal. Um homem, José Ribeiro, que nem a idade, nem o trabalho, nem o destreino impediram de aprender o inglês só para saborear Shakespeare na própria língua”.

1963.04.18 - DIA MUNDIAL DO TEATRO (O DEVER)

Conforme noticiámos, o dia 27 do mês findo, foi o dia mundialmente dedicado ao teatro.

Frizámo-lo também já – a Biblioteca Municipal encarregou-se de elaborar o programa.

E portanto, no dia 27, à noite, na sala de espectáculos do Casino Peninsular, assistimos ao desenrolar desse programa que demonstra bem o reconhecimento do povo da Figueira por tão alto instrumento de cultura, - o Teatro – como disse na alocução inicial o sr. Prof. Vitor Guerra.

A anunciada palestra do sr. Dr. Luis de Oliveira Guimarães, não foi proferida por Sua Exª que apenas redigiu algumas linhas saudando o Prof. Vitor Guerra e a Figueira “por si e pela Figueira”; - dizia o dr. Oliveira Guimarães, historiando o aparecimento do dia mundial do teatro, e desenvolvendo algumas ideias àcerca da sua importância cultural.

A razão da ausência ouvimo-la da boca do Prof. Vitor Guerra, que a todos agradeceu e saudou para dar depois a palavra ao Presidente da Sociedade de Instrução Tavaredense, escolhido para ler as breves mas conceituosas linhas do Dr. Oliveira Guimarães, que fez preceder de umas notas bio-bibliográficas sobre o autor e grande homem de teatro imperiosamente longe de nós.

Depois, o sarau de teatro vicentino magnificamente levado a cabo pela Sociedade de Instrução Tavaredense. Já nos habituou ao sempre elevado nível das suas actuações mas não nos cansa esta constante.

Cenários e guarda-roupa do melhor para o género vicentino; actuação (e por conseguinte encenação) a grande nível de quase todos os elementos e permitimo-nos destacar a “velha” (perdão! Velha e afamada nestas lides teatrais!) Violinda Medina que deve ter realizado a sua melhor criação no “Auto da Maria Parda”. Não nos pode esquecer a magnificência de “D. Duardos” e os cenários e actuações do “Velho da Horta”.

E por detrás disto, “a alma e corpo da Sociedade” – como disse o Prof. Vitor Guerra -, a pessoa de encenador ilustre que é o sr. José Ribeiro. A sua mão de mestre está espelhada na sua obra no palco.

Com certeza que são mais proveitosas, cultural, moral e socialmente estas realizações do que as “eleições de Rainhas”!

E a terminar este nosso apontamento, temos de dizer que tudo o que se realizou neste dia e nesta cidade em prol do teatro, se deve, ao fim e ao cabo, ao esmero cultural e ao espírito de iniciativa do sr. Prof. Vitor Guerra. Está mais uma vez de parabéns Sua Exª.

1963.06.01 - TEATRO EM COIMBRA ( FIGUEIRENSE)

Como anunciámos, o grupo dramático da Sociedade de Instrução Tavaredense levou à cena no Teatro venida, de Coimbra, na pretérita segunda-feira, um programa de teatro português, constituído pelas peças de Gil Vicente, “Farsa do Velho da Horta”, “Pranto de Maria Parda” e “Dom Duardos”, cujo produto se destinava ao Asilo da Infância Desvalida, a admirável obra de caridade do eminente Professor Sr. Dr. Elísio de Moura.

Antes da representação, o director do grupo cénico, sr. José da Silva Ribeiro, usou da palavra para saudar a numerosa assistência, que enchia a ampla sala de espectáculos e manifestar-lhes o sentido reconhecimento da SIT pela valiosa colaboração que veio dar à sua iniciativa com o propósito de auxiliar aquela benemérita instituição.

Fez ainda, o distinto orador, algumas considerações sobre os motivos que levaram a SIT a apresentar o referido programa de teatro português, que, como era do conhecimento público, foi representado por ocasião das comemorações do Dia Mundial do Teatro, na Figueira da Foz.

O espectáculo decorreu em bom nível artístico, como o demonstraram as vibrantes e entusiásticas aclamações da assistência, premiando, assim, o trabalho dos nossos amadores.

O sr. dr. Mário Temido, acompanhado de todos os amadores do Ateneu de Coimbra, de que é ilustre Presidente, na impossibilidade de estar presente na grandiosa homenagem que a SIT prestou, oportunamente, a Violinda Medina e Silva, aproveitou o ensejo para testemunhar à talentosa amadora todo o seu apreço e admiração pelos seus extraordinários dotes artísticos, tendo-lhe oferecido um lindo ramo de cravos.

A caravana tavaredense foi depois obsequiada com um beberete, que serviu de pretexto para a troca de amistosas saudações.

1963.10.05 - O FIM DO CAMINHO (O FIGUEIRENSE)

Como temos referido, foi inaugurada no sábado na Sociedade Instrução Tavaredense a época teatral de 1963/64.

A peça escolhida, “O Fim do Caminho”, a notável obra do grande dramaturgo Allan Martin, que o distinto jornalista e crítico de teatro Redondo Júnior traduziu, constituíu, desde o esmero e rigor com que foi posta em cena ao apreciável nível artístico em que decorreu o seu desempenho por parte do harmonioso conjunto que forma o grupo de amadores daquela prestante colectividade, um clamoroso êxito, que perdurará por longo tempo no espírito da numerosa e selecta assistência que enchia completamente o moderno teatro de Tavarede.

O público abandonou a sala com visível satisfação, pelo formidável espectáculo que mestre José Ribeiro lhe ofereceu.

Demonstraram-no inequivocamente, a entusiástica e vibrante ovação de que foi alvo no final dos actos, rodeado dos intérpretes da famosa peça.

Entre a numerosa assistência em que se notavam muitas pessoas dessa cidade, destacava-se a presença, muito honrosa para os tavaredenses, do ilustre Deputado da Nação e Vice-Reitor do Liceu Alexandre Herculano, do Porto, sr. professor Olívio de Carvalho, e do grande amigo da SIT sr. Alberto Anahory que se deslocou de Lisboa, propositadamente, para assistir à memorável récita.

1963.11.07 - “A CONSPIRADORA”, EM AVEIRO (A VOZ DA FIGUEIRA)

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A cidade de Aveiro recebeu carinhosamente a iniciativa dum grupo de amigos de Eduardo de Matos, e o teatro encheu-se dum público generoso e bom. De salientar o desinteresse monetário de todos os colaboradores da récita, a começar pela empresa do Teatro, que nada cobrou de aluguer, e a terminar na Sociedade de Escritores de Companhias Teatrais Portuguesas, que apenas levou 1$00 dos respectivos direitos de autor! E como estes actos de isenção e benemerência são hoje raros, mercê da onda de egoísmo que avassala o Mundo, mais é de admirar e realçar a bondade das gentes de Aveiro, cidade linda e progressiva, se dissermos que o homenageado não é dali natural, e apenas cativou o coração dos aveirenses através da arte teatral, quando ali representou inúmeras peças em que interpretava “papéis” com grande mérito artístico.

A representação da histórica peça “A Conspiradora” foi agradável e homogénea, constituindo na verdade um grande triunfo para o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense. E se todas as “personagens” da peça foram interpretadas com naturalidade e convicção, justíssimo é destacar o excelente trabalho artístico de Violinda Medina e Silva, que arrancou uma espontânea e estrondosa salva de palmas, no decorrer duma cena do 3º. acto. Muito bem!

Os cenários do prof. Manuel de Oliveira, constituídos por duas salas ricas, que foram caprichosamente mobiladas e decoradas no estilo da época em que decorre a acção da peça (1833) e o guarda-roupa luxuoso de Alberto Anahory deram também grande relevo ao espectáculo.

Estão todos os tavaredenses de parabéns pela excelente récita que foram levar a Aveiro, pois fizeram bom teatro, foram praticar um acto de benemerência e fizeram propaganda da sua terra numa das mais belas cidades portuguesas, desinteressadamente, mas obtendo como prémio do seu esforço prolongadas salvas de palmas em todos os finais de acto.

O seu ensaiador e mestre de teatro, sr. José da Silva Ribeiro, no final da representação recebeu lindos ramos de flores, após ter dirigido palavras de carinho a Eduardo de Matos, e de louvor ao povo de Aveiro, pela maneira afável como recebeu o seu grupo de amadores. Em seguida, o prof. Sr. José Duarte Simão, em nome da comissão promotora da récita, agradeceu a caritativa colaboração da Sociedade de Instrução Tavaredense, enaltecendo o seu trabalho artístico, e patenteou ao público a melhor admiração pelo apoio que deu à homenagem ao actor Eduardo de Matos.

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1963.12.25 - A HOMENAGEM A ALBERTO DE LACERDA (A VOZ DA FIGUEIRA)

Decorreu com invulgar brilhantismo a festa de homenagem de apreço e gratidão que a Sociedade de Instrução Tavaredense promoveu, no penúltimo sábado, ao ilustre Professor Alberto de Lacerda.

Conforme programa que publicámos, foi apresentada a consagrada peça “O Fim do Caminho”, cujo desempenho mereceu os prolongados aplausos do público, impressionando-o vivamente, e evocados personagens das peças “Ana Maria”, “A Cigarra e a Formiga” e “Justiça de Sua Magestade”, interpretados admiravelmente por alguns amadores, que os crearam, devendo assinalar-se o facto, bastante curioso, de alguns, já avós, actuarem ao lado de seus filhos, a confirmar a tradição do amor ao teatro pelos tavaredenses.

Não fazemos referências especiais porque todos os discípulos de mestre José Ribeiro, se houveram de maneira a conquistar os nossos louvores e os da numerosa assistência, que enchia literalmente, a acolhedora sala de espectáculos, tributando-lhes aplausos calorosos.

No final da evocação das figuras, que representavam um passado glorioso do teatro tavaredense, deu entrada no palco, acompanhado do Presidente da Direcção, o homenageado, a quem os espectadores dispensaram carinhosa, prolongada e entusiástica recepção. Logo, sobre a figura veneranda do sr. Prof. Alberto de Lacerda caíu abundante chuva de pétalas de flores naturais, especialmente limonete, a característica flor da nossa terra, tão do seu agrado.

Manuel Gaspar Lontro, secretário da SIT, leu a mensagem “de admiração e agradecimento pelas manifestações do seu belo espírito, tão notáveis na Arte da Pintura, como na sua fidelidade entusiástica à quase abandonada Arte do teatro”, após o que, pelo tesoureiro sr. Waldemiro Félix Pinto foi feita entrega duma artística recordação ao ilustre homenageado.

A mais antiga amadora do grupo cénico, srª. D. Helena da Silva Medina entregou também um lindo ramo de cravos.

António Lopes, ao fazer uso da palavra, disse da admiração e alto apreço em que, não só os numerosos sócios da colectividade a que preside, como também do povo da sua freguesia, têm os elevados méritos pessoais e artísticos do homenageado, testemunhando-lhe a sua simpatia e reconhecimento pela devoção com que o sr. Prof. Alberto de Lacerda tem contribuído para o maior engrandecimento da prestigiosa colectividade.

José da Silva Ribeiro, amigo íntimo do homenageado, e por influência de quem o primoroso espírito de Alberto de Lacerda veio para Tavarede, recordou os primeiros contactos com o distinto Professor e, mais tarde, inteligente Director da Escola Industrial e Comercial da Figueira, a quem os figueirenses ficaram devendo a criação das primeiras oficinas daquele magnífico estabelecimento de ensino.

Referiu-se, o fulgurante orador, aos altos e inesquecíveis serviços prestados à SIT por Alberto de Lacerda e ainda à sua prodigiosa generosidade tão exuberantemente demonstrada em múltiplas manifestações da sua bondosa alma.

O público, que já nos vários actos acima referidos se havia manifestado entusiasticamente, numa estrondosa ovação abafou as últimas palavras do proficiente director do grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense.

Por último, agradeceu o homenageado a fidalga manifestação de simpatia que os seus queridos amigos tavaredenses lhe haviam dedicado, não com palavras que, na ocasião, não podia proferir, mas com as lágrimas da mais profunda gratidão pela carinhosa hospitalidade que sempre lhe dispensaram e de saudade pelos agradáveis e inesquecíveis momentos espirituais passados na Terra do Limonete.

Entre a numerosa assistência ao espectáculo notámos a presença de distintas individualidades da Figueira e de outros lugares, admiradores das excepcionais qualidades do grande Artista.

Na colectividade em festa foram recebidos cumprimentos de numerosos amigos do Prof. Alberto de Lacerda, que motivos imperiosos impediram de vir a Tavarede.

Estamos convencidos de que a noite gloriosa vivida no sábado no Teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense e que constituíu justa consagração dum dos seus mais queridos amigos e prestimosos colaboradores, ficará por longo tempo no espírito de todos os que a ela tiveram o inefável prazer de assistir.

Bam haja, pois, a SIT pela sua generosa iniciativa, reveladora do índice dos belos sentimentos de que é possuidor o bom povo daquela terra.

ROMEU E JULIETA (A VOZ DA FIGUEIRA)

Também a Sociedade de Instrução Tavaredense, aliás como tem feito em relação a outros factos de relevo na história do Teatro, participa na celebração do 4º. Centenário, de William Shakespeare. Pela primeira vez vai ser dado ao povo de Tavarede uma obra do genial dramaturgo.

Pode dizer-se que não são apenas os tavaredenses que aguardam com o maior interesse a representação de Romeu e Julieta, que foi a peça escolhida para esta comemoração, mas também os figueirenses: na Figueira é grande a curiosidade que se nota pela próxima representação dos amadores de Tavarede.

As enormes dificuldades a vencer para a apresentação desta obra notável – das mais populares do célebre dramaturgo inglês – explicam em boa parte o interesse invulgar criado à volta deste empreendimento da Sociedade de Instrução Tavaredense. Com um número elevado de intérpretes e figurantes – cerca de 40 pessoas – e uma montagem complexa exigida pela sucessão de mais de 20 cenas com mudança de lugar da acção como é característica do teatro shakespeareano, necessitando guarda-roupa numeroso em quantidade e rico em qualidade – Romeu e Julieta constitui um grande espectáculo teatral. Para o apresentar com dignidade e sabendo, aliás, que o empreendimento não é comercial e se traduzirá num pesado encargo financeiro, a Sociedade de Instrução Tavaredense contou com colaborações valiosas, a começar pela ilustre tradutora da peça, Drª. Maria José Martins. O ilustre artista Prof. Alberto de Lacerda fez as maquettes de algumas cenas; Alberto Anahory encarregou-se da indumentária e o distinto cenógrafo José Maria Marques, de Lisboa, pintou os cenários.

A primeira representação será no próximo sábado, 23 do corrente, às 21,45 horas. No domingo, dia 24, terá lugar uma matinée às 16 horas.

sábado, 9 de junho de 2012

QUADROS - Os Senhores de Tavarede - 7

Fernão Gomes de Quadros

2º. Senhor de Tavarede - Morgado

António Fernandes de Quadros já seria de idade avançada quando casou com D. Genebra de Azevedo, bastante mais nova do que ele. Assim, quando faleceu, em 1540, seu filho e herdeiro, Fernão Gomes de Quadros, que teria nascido por volta de 1530, teve sua mãe como tutora até atingir a idade de tomar posse do morgado.

Também ele, seguindo o procedimento paterno, procurou aumentar as suas propriedades e não só em Tavarede, como adiante veremos. Naturalmente que, seguindo o mesmo sistema de seu pai, as questões com o Cabido de Coimbra não só continuaram como aumentaram. Terá sido mesmo ele que iniciou na nossa terra as práticas de ‘feudalismo’, com opressões e agressões aos seus ‘vassalos’.

Casou em Lisboa com D. Helena de Távora, filha de António Fernandes Encerrabodes e de D. Maria Juliana de Távora. Foram casados durante 23 anos e, durante o seu casamento, tiveram 22 (?) filhos. Em ‘A Casa de Tavarede’, o seu autor escreve, relativamente a este caso: O casamento de Fernão Gomes de Quadros com D. Helena de Távora, durou vinte e três anos, falecendo esta por volta de 1580. Durante esses anos cometeram, segundo vários autores, a proeza de ter vinte e dois filhos, coisa desde sempre rara. Permito-me, porém, suspeitar de tamanho exagero. É que se Fernão Gomes de Quadros casou em 1557, sua mulher teria de ter ainda filhos em 1578 ou anos seguintes. Porém, dos livros de baptismo da paróquia de Tavarede, que começam em 1578, não consta o nascimento de qualquer filho por esses anos.

Esclareço que os registos paroquiais da nossa freguesia, existentes no Arquivo da Universidade de Coimbra, onde podem ser consultados, começam no ano de 1564, mistos, isto é, o mesmo livro serviu para registar nascimentos, casamentos e óbitos. Como aqueles livros já se encontram informatizados, é possível a sua consulta na internet, mas, na verdade, eu não os consigo ler de forma a tirar quaisquer elementos.

Igualmente não consegui apurar o nome de todos os filhos, pelo que só se indicam alguns, a saber:

– António Fernandes de Quadros, militar, que foi foi morto em Mazagão, pelos mouros, sendo ainda solteiro. Seria ele o herdeiro;

- Pedro Lopes de Quadros, que, devido à morte de seu irmão, foi seu sucessor no morgado;

- Manuel de Quadros, que em 1585 foi para a Índia, onde esteve vários anos, de onde regressou a Portugal. Foi nomeado Comendador da Ordem de Cristo e faleceu em 25 de Março de 1603, ainda solteiro. Havia ensurdecido;

- Aires de Quadros, que também foi para a Índia, onde morreu em combate;

- João de Quadros, que também seguiu a carreira militar, tendo ido para a Índia, no ano de 1595. Para recompensa dos serviços prestados, foi-lhe concedida, por carta régia de 1 de Outubro de 1609, uma tença anual de 120 000 reis.

- D. Joana (ou Juliana) de Távora, havia sido destinada à vida eclesiástica, tendo sua mãe, em testamento, deixado uma tença de 10 cruzados, que receberia após a entrada no convento, tentando seu pai fazê-la ingressar no Convento de Santa Clara em Coimbra. Teve outro destino, pois casou com João Vaz da Cunha, senhor da Casa de Antanhol e que mais tarde comprou casa e quinta em Maiorca, onde passaram a residir. São de sua descendência os viscondes de Maiorca, que receberam o título em 1846;

- D. Margarida de Távora, freira no Convento de Celas, em Coimbra;

- D. Genebra de Távora, que ingressou no Convento de Santa Clara de Coimbra, como leiga, tendo sido nomeada testamenteira de seu pai no ano de 1582; e

- D. Leonor de Távora, freira neste último convento.

Como se verifica só se conseguiram identificar 9 dos falados 22… E de notar que Fernão Gomes de Quadros ainda teve mais dois filhos bastardos…

Foi Fernão Gomes de Quadros que adquiriu o prazo de Vila Verde, a Fernão Brandão, morador em Coimbra e foreiro à Mitra de Coimbra.

Em 1551, devido a questões surgidas com as demarcações deste prazo, envia a El-Rei uma petição na qual diz que “tem, num lugar que se chama Vila Verde, termo de Montemor-o-Velho, a qual parte com terras de Santa Cruz e com terras do Cabido de Coimbra”, informando ainda que “houve este lugar por título de compra, e as partes não querem chegar a averiguar se para cada um haja o seu …”.

Respondeu El-Rei, nomeando o Bispo de Tanger, por carta de 25 de Junho daquele ano, para proceder à pretendida demarcação: D. João, por graça de Deus Rei de Portugal e dos Algarves, d’aquém e d’além mar em África, Senhor da Guiné, etc.

Faço saber, a vós Juiz de Fora da cidade de Coimbra, que havendo respeito ao que disse Fernão Gomes de Quadros, na petição atrás escrita, hei por bem e vos mando que façais demarcação do lugar de Vila Verde, e dessas terras de que na dita petição se faz menção, sendo para isso citadas e requeridas as partes a que a dita demarcação tocar, e cujos forem as heranças e propriedades que com elas confrontam, os ouvireis e vos informareis por onde as ditas partem e confrontam, assim por testemunhas antigas dignas de fé, como por tombos e escrituras públicas, se as aí houver, e fareis logo demarcar por marcos e divisões aqueles casos em que não houve dúvidas e as partes consentirem e fiquem contentes, e nas em que a houver se não metam os ditos marcos e vós determinareis acerca disso o que for de justiça, dando apelação e agravo nos casos em que o couber, para onde tudo pertencer e de tudo se farão autos públicos, os quais assinareis com as partes e testemunhas que forem presentes, e com o Tabelião em que fazendo a dita demarcação, e querendo alguma das partes os treslados dos autos da demarcação para fazerem, vós lhos fareis dar de maneira que faça fé.

El-Rei Nosso Senhor manda para D. Gonçalo Pinheiro, Bispo de Tanger, e pelo doutor José Monteiro, chanceler dos Mosteiro e Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, ambos do seu Conselho e seus desembargadores do Paço. Baltazar Fernandes o fez, em Almeirim, a 25 de Junho de 1551. João de Castilho o fez escrever. a) Bispo de Tanger, a) José Monteiro. Pagou quarenta reis. Pero Gomes Ludovicus.

Em Março de 1557, respondendo a uma nova petição de Fernão Gomes de Quadros, El-Rei D. João III escreveu ao Almoxarifado de Coimbra uma carta. … E porquanto Fernão Gomes de Quadros, fidalgo da minha casa, me enviou dizer que entre as coisas que Juliana de Távora, sua sogra, lhe prometera em dote de casamento com D. Helena de Távora, sua filha, e mulher dele, dito Fernão Gomes de Quadros, fôra uma quinta que estava no termo da Recada, que se chama A Folarinhas, pelo preço em que fosse avaliada como mais largamente é declarado no contrato do dito dote e que depois do dito contrato ser feito, ele e a dita sua mulher, não foram contentes de tomarem e receberem a dita quinta no preço em que fôra avaliada, por acharem que seria a mais seu proveito receberem o preço dela em dinheiro de contado, para se empregar em juro ou em outras propriedades de que pudessem receber mais proveito e que a dita Juliana de Távora, sua sogra, por virtude das procurações que ele e a dita sua mulher fizeram vender a dita quinta a Nicolau Geraldes pelo preço e quantia de um conto e quinhentos mil reis, os quais foram depositados… …para se empregarem no dito juro ou em outras propriedades, por onde o dito dote estivesse mais seguro…

…entregou a João Gomes, fidalgo da minha casa, tesoureiro da Casa da Índia, como se viu por um conhecimento em forma, feito por Pedro Rodrigues, escrivão da dita Casa e assinado por ambos, em que era declarado lhe ficarem por ele carregado em receita os ditos um conto e quinhentos mil reis, o qual conhecimento era feito no primeiro dia de março deste ano presente de 557, pelo que a dita venda por perfeita e acabada na maneira sobredita e ela D. Helena aceitou e foi dela contente com todas as cláusulas e condiões sobreditas… …e encomendo a todos os reis meus sucessores, que pelo tempo forem, que cumpram e mandem cumprir esta carta e cada uma das coisas nela contidas… … e os quais cento e vinte mil reis hei por bem lhe sejam assentados no Almoxarifado da cidade de Coimbra e pagos por esta nossa carta geral pelo rendimento da Alfândega da Figueira da foz do Mondego e pelo ramo das sisas de Tavarede que são do dito Almoxarifado, pelo que mando ao Almoxarife da dita Alfândega e ao recebedor do dito ramo, que agora são e ao diante forem, que no primeiro dia de janeiro do ano de quinhentos e cinquenta e oito em diante, por esta nossa carta geral, sem mais ser necessário outra provisão minha nem do vedor da minha fazenda, lhe façam pagamento dos ditos 120$000 reis por esta maneira, a saber: O Almoxarife da dita Alfândega 100$000 reis e o recebedor do dito ramo 20$000 reis… Era mais um rendimento a juntar aos muitos que já possuia, em especial os produzidos pela ilha da Morraceira, formando uma soma considerável.

Teatro da S.I.T. - Notas e Críticas - 31

1961.12.21 - INAUGURAÇÃO DO NOVO TEATRO DA SIT (A VOZ DA FIGUEIRA)

Com uma assistência que esgotou por completo a lotação, realizou-se no último sábado, no novo teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense, a récita inaugural com a representação da fantasia em 2 actos e 24 quadros “Terra do Limonete”, da autoria do ilustre tavaredense e categorizado mestre de teatro que é José da Silva Ribeiro, com música de António Simões e Anselmo Cardoso Júnior.

“Terra do Limonete” em que o autor se propôs fazer desfilar perante nós os pergaminhos do velho e florescente burgo que vive, pode dizer-se, paredes meias com a mais linda praia de Portugal, patenteia bem a segurança e a consciência com que José Ribeiro maneja os cordelinhos da cena, convertendo um assunto árido como é a história, em pitéu agradável, apto a ser bem acolhido pelo paladar do espectador.

Habilmente, inteligentemente, pediu à lenda e à fantasia o necessário auxílio, pondo em tudo o selo da sua requintada sensibilidade artística e profundo conhecimento das reacções psicológicas do público.

Inegavelmente “Terra do Limonete” resulta num espectáculo vivo, colorido, onde desfilam cenas de grande efeito que ultrapassam a capacidade do teatro de amadores, a par de justiceiras e certeiras estocadas críticas como é, por exemplo, o 5º. quadro -“glórias nacionais” – em que é necessário insistir – e insistir sempre – até sepultar em ridículo doentias tendências da nossa época.

No desempenho dos principais papéis há que salientar: Fernando Reis, Carlos Conde, João de Oliveira Júnior, João Medina, Alberto Vigário, António Paula Santos, José Luis do Nascimento, António Santos e João Cascão.

Do elenco feminino destacaram-se: Violinda Medina – a sempre festejada Violinda -, Maria Teresa de Oliveira, Maria Dias Pereira e Helena da Silva Medina. Há a registar ainda elementos novos com presença deveras agradável.

Da música em geral temos a dizer que agrada, embora nos pareça carecer de maior entendimento com a massa coral, isto é, de mais alguns ensaios.

Antes do espectáculo, em cena fechada, o prof. Rui Martins, Presidente da Assembleia Geral da colectividade, esclareceu o público das razões porque ainda se não procedia à inauguração festiva das obras levadas a efeito na sede da SIT; rendeu homenagem a alguns dos beneméritos a que a colectividade é devedora de especial gratidão e agradeceu às entidades oficiais a sua presença naquele espectáculo, as quais foram obsequiadas no final, na sala de recepção, com um cativante “Porto de honra”, para que foram também convidados os representantes de “A Voz da Figueira” e de “O Figueirense”.

Nesta cerimónia voltou a falar o prof. Rui Martins, seguido de José Ribeiro, e por fim os srs. Presidentes do Município e da Comissão M. de Turismo, respectivamente, Engº. José Coelho Jordão e Severo Biscaia.

“A Voz da Figueira” agradece o convite que lhe foi dirigido e cumprimenta a Direcção da Sociedade de Instrução Tavaredense formulando votos de que muito em breve venha a inaugurar, festivamente, as obras de transformação por que acaba de passar a sua sede.

1961.12.23 - INAUGURAÇÃO DO NOVO TEATRO ( FIGUEIRENSE)

Com a inauguração do novo teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense, verificada no último sábado, a data de 16 de Dezembro de 1961, ficará assinalada nos anais da história da nossa querida terra, como marco imorredoiro.

Em cerimónia simples, imposta pelas circunstâncias, retomou a sua actividade o grupo dramático da prestante associação.

Lotação esgotada, contando-se entre a numerosa assistência figuras de relevo da distinta sociedade figueirense e muitos amigos de Tavarede, vindos das mais diversas localidades do país.

De linhas sóbrias, mas elegantes, a ampla sala de espectáculos oferecia com a sua iluminação feérica deslumbrante efeito.

Em lugares de honra, sentaram-se os srs. Engenheiro José Coelho Jordão, ilustre Presidente da Câmara Municipal do nosso concelho; Severo da Silva Biscaia, activo e inteligente presidente da Comissão Municipal de Turismo; Professor António Vitor Guerra, prestigioso director do Museu Municipal Dr. Santos Rocha e da Biblioteca Pública Municipal Pedro Fernandes Tomás; António Duarte da Paz, Chefe da Polícia de Segurança Pública dessa cidade, em representação do Comandante; Arquitecto Isaias Cardoso, autor do projecto, e Vicente Brás, presidente da Junta desta Freguesia.

“O Figueirense” estava representado pelo seu director e “A Voz da Figueira” pelo seu chefe da redacção. O jornal “O Dever” estava representado pelo Revdº Padre Fernando Ribeiro, coadjutor da Igreja Matriz dessa cidade.

Antes de o espectáculo ter início e com o velho pano de boca descido, cuja pintura representava o antigo solar da Quinta dos Condados, o presidente da Assembleia Geral da SIT, sr. Professor Rui Fernandes Martins, veio ao proscénio para saudar o sr. presidente do Município e outras entidades, evocando sentidamente a memória de João José da Costa, proprietário daquela importante propriedade, e a quem a Figueira da Foz e seu termo, quando presidente da Câmara, Provedor da Santa Casa da Misericórdia e de outras instituições ficou devendo assinalados serviços e Tavarede o antigo Teatro; recordou a figura nobilíssima de Calouste Gulbenkian, de cuja Fundação a SIT recebeu subsídio generoso, que veio impulsionar decisivamente as ambicionadas obras, que constituiram, durante algumas dezenas de anos, anseio dos sócios e amigos da benemérita colectividade.

Não esqueceu José da Silva Ribeiro e os seus humildes colaboradores de muitos anos, aquele o tavaredense a cujo talento e amor à nobre arte de Talma ficaram os seus conterrâneos devendo a magnífica realização, pois que sem a sua extraordinária actividade de todos os dias não seria possível o grupo cénico que dirige, atingir o alto nível cultural que merecidamente alcançou, e, consequentemente, a SIT obter os fundos necessários para levar por diante o arrojo do empreendimento, se considerarmos a modéstia de recursos do meio local.

A fantasia “Terra do Limonete”, que escreveu para a inauguração do Teatro, que o distinto artista e grande amigo da colectividade sr. Alberto Anahory vestiu primorosamente, enriquecida com cenários executados por distintos artistas, agradou unanimemente, como o demonstraram os vibrantes e entusiásticos aplausos do público e as felicitações que recebeu das entidades e de categorizados espectadores.

Em chamadas especiais, José Ribeiro e Anselmo Cardoso, director da orquestra e autor da partitura, foram ovacionados calorosamente.

Seriamos injustos se não tivessemos uma palavra de louvor para José Nunes Medina, músico distinto, que, com o seu esforço e boa vontade, ensaiou a parte coral, contribuindo poderosamente para o êxito da representação.

Enfim, foi uma grande e inolvidável noite de arte, a de sábado, que ficará memorável na alma dos tavaredenses.

Todos os amadores, sem excepção, entre os quais estreantes, cumpriram plenamente, pelo que a assistência lhes tributou os seus quentes aplausos.

Oxalá que a conclusão das obras de transformação da sede da SIT não se faça demorar para os tavaredenses poderem dar largas ao seu justificado entusiasmo bairrista.

No final do espectáculo, a Direcção da SIT obsequiou com um beberete as entidades e outros convidados, tendo usado da palavra os srs. professor Rui Martins e José Ribeiro e por último os srs. presidentes da Câmara e da Comissão de Turismo.

No próximo sábado, 23, repetir-se-á o espectáculo,

1962.02.24 - TERRA DO LIMONETE (O FIGUEIRENSE)

A “matinée” realizada no domingo, na Sociedade de Instrução Tavaredense, em homenagem aos autores da peça “Terra do Limonete”, srs. José da Silva Ribeiro e Anselmo Cardoso, constituiu assinalado êxito local.

Em cena aberta, no intervalo do 1º para o 2º acto, teve lugar a cerimónia, simples, como as circunstâncias impõem, mas bastante expressiva.

Quando Heleva de Figueiredo Medina e Violinda Medina e Silva, amadoras mais antigas do grupo dramático, entregaram a José Ribeiro e Anselmo Cardoso bonitos ramos de cravos e a veneranda senhora D. Maria Augusta Águas Cruz levou ao nosso ilustre conterrâneo um perfumado ramo de violetas, ao mesmo tempo que lhes eram lançadas flores, muitas flores, foi um momento de indescritível entusiasmo, de verdadeira apoteose aos autores da fantasia, que, há mais de dois meses, vem deliciando a plateia tavaredense, pela qual já passaram mais de quatro mil espectadores.

O Presidente da Direcção saudou a numerosa assistência, que enchia por completo a bela casa de espectáculos – por isso que esta nos oferecia efeito maravilhoso – agradecendo a sua honrosa presença.

Referindo-se a José Ribeiro e a Anselmo Cardoso pôs em destaque as suas altas virtudes cívicas, o seu grande amor ao nosso Teatro, cuja colaboração lhe vêm prestando, há mais de quarenta anos, com o melhor da sua superior inteligência e saber artístico, sempre dispensados com o maior desinteresse e carinho, tornando-se credores da admiração e profundo reconhecimento dos tavaredenses.

José Ribeiro, emocionado, agradeceu a manifestação do público, que não se cansava de o aplaudir e ao seu distinto colaborador, dirigindo um apelo aos novos para que continuem a obra da SIT, em benefício da cultura do povo.

A notar a presença de amigos de Lisboa, Coimbra, Tomar, Figueira e outras localidades do país, que, propositadamente, aqui se deslocaram para testemunhar aos autores de “Terra do Limonete” o seu alto apreço e simpatia.

Durante o espectáculo de sábado e por motivo da passagem do seu aniversário natalício, a brilhante amadora Violinda Medina e Silva, foi cumprimentada pela Direcção e pessoal do palco, tendo-lhe sido entregue um lindo ramo de cravos pela amadora mais jovem do grupo, menina Maria Madalena Machado.

1962.04.14 - TERRA DO LIMONETE (A VOZ DA FIGUEIRA)

0 grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense reuniu, no passado domingo, em festa de confraternização todos os elementos, em número superior a uma centena, que prestaram a sua colaboração nas representações da peça “Terra do Limonete”, que, como dissemos, deixou a cena em pleno triunfo, depois de ininterruptas récitas, durante o considerável período de quatro meses.

Foi uma festa simples, mas a todos os títulos bastante significativa, pois que serviu de pretexto para ser exaltada, a par dos sacrifícios de alguns pelos inúmeros afazeres da sua vida particular, a inflexível vontade de outros em continuar sem o menor desalento, a bela e generosa iniciativa dos fundadores da SIT.

Confeccionado por distintas amadoras, auxiliadas por dedicadas e incansáveis senhoras, foi servido, no palco, um esplêndido almoço a todos os convidados, que decorreu num ambiente de intensa alegria.

No final do repasto proferiram discursos sobre a magnífica obra da SIT, a dedicação admirável dos seus amadores e o êxito incontestável da peça do insigne tavaredense sr. José da Silva Ribeiro, o Presidente da Direcção e o autor da música de “Terra do Limonete”, sr. Anselmo de Oliveira Cardoso, que há uns bons trinta anos vem dando a sua melhor cooperação àquela colectividade.

José Ribeiro proferiu um discurso magistral pela riqueza dos conceitos expressos, que constituiram verdadeira lição de humildade cristã.

Após o almoço improvisou-se um baile, tendo-se dançado animadamente.

De Lisboa vieram, assistir à festa, os distintos artistas srs. Alberto Anahory e Alberto Lacerda, que também prestaram a sua valiosíssima colaboração a “Terra do Limonete”.

Estão de parabéns os rapazes da SIT pela sua feliz iniciativa que, se outro mérito não tivesse para lhe rendermos os nossos louvores, bastaria a afirmação da extraordinária vitalidade do grupo dramático que, sob a égide de José Ribeiro, tão alto tem elevado o nome da prestigiosa associação e, consequentemente, o nome da nossa amada terra do limonete.

1962.06.23 - A CONSPIRADORA (O FIGUEIRENSE)

No teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense, representou-se, no pretérito sábado, a mais célebre das obras do laureado dramaturgo Vasco de Mendonça Alves, “A Conspiradora”.

São quatro actos de “suspense” em que o espectador assiste com o mais vivo interesse ao desenrolar da magnífica peça, ocorrida em Lisboa no ano de 1833.

A noção de Pátria e de Liberdade, a par dos mais nobres sentimentos da alma humana, surgem com fulgente beleza aos olhos do espectador atento, que, na verdade, não pode deixar de exteriorizar, espontaneamente, o seu vibrante aplauso não só no final dos actos como também no desenrolar de determinadas cenas que mais profundamente lhe ferem a sensibilidade.

Que esplêndida realização cénica nos proporcinou José da Silva Ribeiro!...

O desempenho decorreu em bom nível artístico, pois que todos os amadores se esforçaram por cumprir o melhor possível. No entanto, cremos não ser injustiça realçar o magnífico trabalho de Violinda Medina e Silva e de João de Oliveira Júnior que, nas interpretações de Marquesa do Souto dos Arcos e Conde de Riba d’Alva, respectivamente, se houveram de maneira a alguns dos seus diálogos serem interrompidos pelos clamorosos aplausos do público, tal a realidade que imprimiram aos seus personagens.

Muito bem. Sinceras felicitações aos rapazes da SIT.

1962.06.28 - A CONSPIRADORA, PELO GRUPO CÉNICO DA SIT (A VOZ DA FIGUEIRA)

A famosa peça em 4 actos “A Conspiradora”, do insígne dramaturgo Vasco de Mendonça Alves, acaba de ser reposta em cena pelo festejado grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense.

Alguns dos intérpretes, que há meia dúzia de anos intervieram na sua primeira apresentação em cena, foram substituídos por outros, nalguns casos gente nova, a quem não falta intuição para a arte de representar, intuição a que José Ribeiro faz dar o máximo de rendimento.

Entre as figuras de primeiro plano assinalam-se a magistral actuação de D. Violinda Medina – uma Marquesa de Souto dos Arcos – A Conspiradora – talhada a preceito. É uma personagem vigorosa, plena de verdade e realismo e de forte poder comunicativo.

Fernando Reis, João de Oliveira Júnior e José Luís do Nascimento, respectivamente em António de Serpa, capelão, Conde de Riba d’Alva e Bernardo, mordomo, estiveram à altura da rúbrica dos seus papéis. Brilham como os grandes astros.

Outros figurantes contribuem para a harmonia do conjunto: José Rodrigues Medina, João Rodrigues Medina, Carlos Conde, João Cascão, Helena Medina, Maria Teresa de Oliveira e Emilia Fernanda Grilo.

Dos novos assinale-se o trabalho convincente de Maria Madalena Machado, figurinha frágil, de agradável presença, que compôs uma “Clara” aliciante, muito senhora do seu papel.

Foi uma revelação, uma estreia verdadeiramente auspiciosa.

Outra estreia digna de registo – a de João Pedro de Lemos. Neste género de interpretações – que é difícil – revelou qualidades que o inculcam como um elemento a mais – e de destacado mérito – a valorizar o grupo cénico de Tavarede.

Maria de Lurdes de Moura – outra jovem que se estreou em “Terra do Limonete” – também não vai mal. No papel que lhe foi confiado em “A Conspiradora”, conseguiu subir mais uns degraus.

Desnecessário seria dizer que “A Conspiradora” é uma peça de apologia dos princípios liberais e teatraliza um tema com dificuldades que só um extraordinário dramaturgo consegue dominar. Um fio romântico que se estende através dos 4 actos, ajuda a criar a expectativa.

A montagem cénica, guarda-roupa e cenários, impõe-se ao espectador mais exigente.

1962.06.30 - TEATRO (O FIGUEIRENSE)

Os vibrantes e entusiásticos aplausos com que o público, que enchia a sala de espectáculos da Sociedade de Instrução Tavaredense, se manifestou durante a segunda representação de “A Conspiradora”, que teve lugar na tarde de quinta-feira da semana passada, justificam plenamente o que sobre a notável peça do insigne dramaturgo Vasco Mendonça Alves aqui dissemos da última correspondência.

Que admirável espectáculo em que as cenas culminantes dos finais dos quatro actos são verdadeiras apoteoses!...

Sem dúvida que, para o êxito alcançado, muito influi a primorosa montagem cénica, a que deram a sua colaboração artística, o Professor Manuel de Oliveira, que estudou e pintou os cenários; o distinto pintor Alberto de Lacerda, que pintou e desenhou adereços de cena; e Alberto Anahory, que vestiu a peça com luxo e propriedade.

O estimado leitor, que aprecia o teatro na sua forma mais elevada, não deve perder a oportunidade que lhe oferece o grupo cénico da SIT, que José da Silva Ribeiro orienta superiormente com seus invulgares conhecimentos da arte de representar.

O público assim o reconheceu, significando-lhe o seu alto apreço e admiração em chamadas especiais ao proscénio.

No domingo, 1 de Julho, pelas 16 h, e correspondendo à simpatia do público, “A Conspiradora” subirá novamente à cena, registando-se já, segundo nos informam, grande procura de bilhetes.

1962.07.07 - A CONSPIRADORA (O FIGUEIRENSE)

Como anunciámos, teve lugar no teatro da Sociedade de Instrução Tavaredense, no último domingo, mais uma representação da célebre peça do consagrado dramaturgo Vasco de Mendonça Alves, “A Conspiradora”.

Os justos e inequívocos aplausos com que o numeroso público premeia o excelente trabalho dos amadores tavaredenses, as saudações especiais feitas a alguns dos intérpretes de figuras de maior relevo, demonstram-nos de forma insofismável que, na realidade, estamos perante um grande espectáculo.

Pela nossa parte confessamos que raras vezes temos assistido a representações que galvanizem tão exuberantemente o sentimento patriótico do público como “A Conspiradora”.

É que o entusiasmo atinge, por vezes, o rubro.

Os sentimentos mais nobres que a alma do povo contém, ali são focados.

Depois, cenários magníficos; guarda-roupa luxuoso, todo o belo e harmonioso conjunto contribui para o êxito do espectáculo.

O nosso ilustre conterrâneo e distinto ensaiador do afamado grupo cénico da SIT, sr. José da Silva Ribeiro, teve de vir ao proscénio algumas vezes para receber as vibrantes mnifestações de apreço e admiração dos espectadores, por mais esta sua brilhante realização artística.

1962.08.04 - A SIT NA FIGUEIRA (NOTÍCIAS DA FIGUEIRA)

Há umas dezenas de anos, assistimos à primeira apresentação da peça de Vasco de Mendonça Alves, da qual fizemos a apreciação e crítica. Admirável na efabulação e no diálogo e com natural interpretação da grande Lucinda Simões, a Conspiradora teve um retumbante e assinalado êxito.

Passados tantos anos esse êxito repete-se agora no teatro do Casino, devido não só ao valor da peça, que resistiu ao tempo e aos modernismos, mas principalmente à batuta mágica de Mestre José Ribeiro, que com a sua dedicação ao teatro, o seu saber da muita experiência feita e o seu esforço fatigante, conseguiu movimentar, dar equilíbrio à representação e impor o ritmo e harmonia, cores dificílimas em palcos de pequenas dimensões para este género de teatro e com um numeroso grupo de intérpretes, na sua maioria novatos nas lides do tablado.

Nós, há sessenta anos, devotados ao teatro, sabemos muito bem avaliar o enorme merecimento do trabalho de José Ribeiro.

Desempenho perfeito e com o máximo equilíbrio, dentro das possibilidades e faculdades dos distintos amadores.

Não podemos deixar de destacar o trabalho de Violinda Medina, na Marquesa.

Patriótica, nobre, humana, ditosa ou desditosa, a admirável actriz, foi Grande nítida e precisa na expressão de voz, das atitudes e dos sentimentos.

Nas duas grandes cenas com o Conde atingiu o grande nível das actrizes porque é, sem dúvida, uma grande Actriz.

Guarda-roupa de Alberto Anahory, como sempre, rico de qualidade e bom gosto.

Cenário de Manuel de Oliveira, notável artista professor, que sempre apreciámos, desde o já longínquo dia em que ainda rapaz, o conhecemos como discípulo do grande Augusto Pires.

1962.08.09 - A HOMENAGEM A VIOLINDA MEDINA CONSTITUIU UMA BELA AFIRMAÇÃO DE JUSTO APREÇO E MERECIDO RECONHECIMENTO (A VOZ DA FIGUEIRA)

Deve ter calado profundamente no espírito de Violinda Medina a justa homenagem que no final da representação de “A Conspiradora” no pretérito sábado, lhe foi prestada no palco da Sociedade de Instrução Tavaredense, e por feliz iniciativa da sua actual direcção.

Os jardins de Tavarede não chegaram para neles colher as flores com os admiradores do formoso talento da insigne actriz a rodearam no momento da apoteose. Vieram de toda a parte como mensageiras de glorificação e aplauso. As palmas foram vibrantes, prolongadas, sentidas, e estalaram em tempestade logo que Violinda Medina fez a sua aparição em cena..

Em “Acto de homenagem”, que teve como apresentante o jovem amador Armando Cró Brás, desfilaram perante nós as principais personagens que Violinda Medina encarnou durante estes 31 anos de assombrosa actividade como intérprete, sem par, do grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense.

António Lopes, presidente da Direcção da S.I.T., após a evocação dessa rica galeria de figuras, proferiu palavras de apreço e gratidão pelos serviços prestados por Violinda Medina, à causa do teatro e da obra cultural da Sociedade de Instrução Tavaredense, acabando por saudar Mestre José Ribeiro, sem o qual não seriam possíveis os triunfos alcançados.

Por fim, usou da palavra o director do grupo cénico - José da Silva Ribeiro - que exaltou o talento de Violinda Medina, dizendo que ela já nasceu actriz, - e actriz genial, sublinhou - e que as suas admiráveis qualidades são filhas da intuição de que nasceu dotada e a colocaram à frente das amadoras teatrais do país.

Não deixou também sem uma palavra de reconhecimento e gratidão outras figuras que brilharam no palco da Sociedade de Instrução Tavaredense, como Helena Figueiredo, Emília Monteiro, João Cascão, e por fim aludiu à mais nova de todas - Maria Madalena Machado, que pela segurança com que se houve no papel de Clara de “A Conspiradora” - mostrara bem que com ela se podia igualmente contar.

Num preito de justiça digno de ser assinalado, enalteceu José Ribeiro a valiosa colaboração recebida de suas irmãs e de sua santa mãe - para que a S.I.T. levasse a bom termo a missão que se impôs.

Muitas palmas, muitas pétalas, muitas flores, muitos abraços, muitas lembranças, e algumas lágrimas se associaram a esta justíssima consagração de uma artista teatral de excepcional craveira.

Entre as lembranças, assinale-se a que foi entregue à homenageada por Alberto Anahory, de Lisboa - uma lindissima boneca vestida num trajo igual ao que Violinda Medina exibiu no papel de “Terra do Limonete”.

1962.08.11 - HOMENAGEM A VIOLINDA MEDINA E SILVA (O FIGUEIRENSE)

Sem exageros supérfluos podemos afirmar que a noite de sábado último ficará assinalada nos anais da história da filantrópica Sociedade de Instrução Tavaredense, como verdadeira noite de glória.

Violinda Medina e Silva sentiu à sua roda, no momento em que aquela colectividade, pela sua Direcção e grupo cénico, lhe prestavam a justa e merecida homenagem consagradora dos seus altos méritos artísticos, não só os aplausos vibrantes dos seus companheiros de palco, como também as palmas calorosas, entusiásticas e prolongadas do público, que enchia completamente a sala de espectáculos e que em manifestação expontânea quis vir associar-se a tão simpática e justa cerimónia, dando-lhe brilho e realce deslumbrantes.

Desde o brilhantismo da representação da célebre peça do ilustre dramaturgo Vasco Mendonça Alves, “A Conspiradora”, em que Violinda Medina tem actuação magnífica, ao Acto de Homenagem durante o qual desfilaram as personagens que a distinta amadora – que, na autorizada palavra de mestre José Ribeiro, já nasceu artista – interpretou no decorrer da sua notável carreira de mais de 40 anos, e que culminou com a oferta de diversas e valiosas prendas vindas de Lisboa, Tomar, Coimbra, Figueira e da sua terra natal, e de flores, muitas flores, que juncaram o palco, aos discursos proferidos pelo presidente da Direcção e do ilustre orientador do grupo dramático, sr. José da Silva Ribeiro, tudo esteve à altura da consagração da talentosa artista, que o público admira e acarinha.

Ao surgir no palco a nobre figura da “Marquesa de Souto dos Arcos”, a numerosa assistência, entre a qual viamos distintas senhoras da melhor sociedade figueirense, dispensou-lhe saudação vibrante, entusiástica, inesquecível.

Nos finais dos 4 actos e no decurso das principais cenas, algumas de autêntico “suspense” em que a distinta fidalga, contracenando com o “Conde de Riba d’Alva”, que João de Oliveira Júnior encarnou com absoluta propriedade, dá magistrais lições de patriotismo, amor da Pátria, tolerância e generosidade, o público tributou-lhe e aos restantes amadores justos e inequívocos aplausos.

Findo o Acto de Homenagem, Manuel Gaspar Lontro, secretário da Direcção, entregou a Violinda Medina uma artística e bem expressiva mensagem, em pergaminho, de saudação e reconhecimento pelos inapreciáveis serviços prestados pela distinta amadora à SIT, a qual era subscrita pelos elementos do palco e da Direcção, tendo o seu presidente, sr. António de Oliveira Lopes, feito entrega duma valiosa salva de prata.

José Ribeiro, depois de fazer o panegírico de Violinda Medina, recordou com merecido louvor o concurso de alguns distintos amadores da SIT, entre os quais salientou, pela sua já respeitável idade e precário estado de saúde, a srª D. Helena de Figueiredo Medina pelo nobilíssimo exemplo que ainda hoje oferece às jovens do seu grande amor pelo Teatro.

Das lembranças oferecidas, tomámos nota: uma salva de prata, oferta da Direcção da SIT, primorosamente gravada com artístico desenho de Moreira Júnior, alegórico à terra do limonete, figurando nela um antigo brazão de Tavarede e um raminho de limonete; um artístico serviço de chá, dos elementos do grupo cénico e directores; uma salva de prata de sua filha, srª D. Maria Luísa Medina e Silva Pinto, seu genro Carlos da Silva Pinto e sua querida netinha; uma boneca vestida com o trajo de Morgadinha de Val Flor, de seus primos, Gracinda, João e José Medina; uma lindíssima boneca, oferecida por Alberto Anahory, que é uma reprodução do riquíssimo trajo executado pelo distinto artista para a peça “Terra do Limonete”; um bolo monumental, oferecido pelos amigos tomarenses, sr. Jacinto de Carvalho e de sua esposa, figurando um livro encadernado com o título “Os Velhos” e as datas de 1959 e 1962.

Entre os muitos e bonitos ramos de flores, destacava-se uma monumental corbelha, de Alberto Anahory.

Na residência da homenageada e na sede da SIT foram recebidos inúmeros telegramas de saudações, procedentes de várias localidades, sendo um da Figueira da Foz, do sr. Presidente da Câmara Municipal, que tem pela talentosa amadora a maior simpatia e admiração.

1962.10.13 - TEATRO EM COIMBRA (O FIGUEIRENSE)

Conforme oportunamente anunciámos, o grupo cénico da Sociedade de Instrução Tavaredense foi, no dia 8, a Coimbra dar um espectáculo em benefício dos cofres da Escola Nocturna da Associação de Socorros Mútuos dos Artistas, cujo centenário se verificará no corrente ano.

Como era a primeira vez que o afamado agrupamento teatral se deslocava àquela cidade universitária depois das grandes obras de transformação e ampliação da sua sede, em curso, e que motivaram, durante algum tempo, a interrupção da sua actividade, havia grande espectativa por parte da plateia conimbricense em ver representar os amadores tavaredenses.

A representação de “A Conspiradora”, original do ilustre dramaturgo Vasco de Mendonça Alves e merecidamente considerada uma das obras-primas do teatro português, correspondeu em tudo às gloriosas tradições do laureado grupo tavaredense.

A entusiástica manifestação de simpatia com que a numerosa assistência, que enchia por completo o amplo salão do Teatro Avenida, recebeu os nossos amadores e os justos e clamorosos aplausos de apreço com que premiou algumas das cenas culminantes da célebre peça, como na do 3º acto, em que a talentosa amadora Violinda Medina e Silva, contracenando com João de Oliveira Júnior, foi alvo duma das maiores ovações da sua longa carreira artística, testemunham exuberantemente o que afirmamos.

Antes da representação e em cena aberta, proferiu um notável discurso o sr. Professor Dr. Paulo Quintela, da missão do teatro e da extraordinária actividade da SIT, através do seu grupo dramático, no capítulo da educação e cultura popular, rendendo-lhe as mais expressivas homenagens.

No final do 3º acto os Presidentes da Assembleia Geral, Direcção e Conselho Fiscal da filantrópica colectividade, foram ao palco para oferecerem a Violinda Medina um bonito ramo de flores, e a José da Silva Ribeiro, para o grupo que proficientemente dirige há muitos anos, uma placa de prata, primorosamente gravada, assinalando a inolvidável noite de arte.

Depois do espectáculo foi oferecido aos tavaredenses um beberete, durante o qual foram trocadas saudações entre os directores da Associação dos Artistas e o ensaiador do grupo cénico, que agradeceu as inexcedíveis gentilezas com que foram obsequiados.

As nossas sinceras felicitações a todos os amadores e o nosso reconhecimento pelo novo triunfo alcançado para a sua e nossa SIT.