quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Manuel Gaspar Lontro


Hoje resolvi voltar ao presente para vos falar de um TAVAREDENSE (isso mesmo, com letra maiscula), dois ou três anos mais velhote do que eu, mas que, desde que nos conhecemos em crianças, sempre fomos amigos, com aquela verdadeira amizade que está para lá de todas ou quaisquer vicissitudes que surgem na vida quotidiana.

Pois o meu amigo Manuel Lontro (desde sempre conhecido por 'Balé'), andou comigo na Escola Primária, com o velho professor Coelho (julgo que já não apanhou o professor Constantino Tomé), depois seguimos para a Escola Comercial, eu de dia e ele de noite. De noite, porque durante o dia começou a trabalhar como marçano, na conhecida Casa Salgueiro.

Ele seguiu, posteriormente a carreira bancária e, por volta de 1958, foi meu 'protector' em Lisboa, quando comecei a trabalhar nos escritórios da firma Abel Pereira da Fonseca (grande produtor e armazenista de vinhos). Digo protector pois foi ele quem me arranjou um lugar na celebérrima pensão onde ele ja se havia aboletado ha mais tempo, e que se situava na Rua Luz Soriano, em pleno Bairro Alto. O quarto onde estávamos instalados tinha somente seis camas. O comer era muito variado, entre peixe espada frito ou grelhado e bife de cavalo. Mas, também, o que queriamos mais! Cama, mesa e roupa lavada por 500$00!!!
Depois o Manuel Lontro seguiu a sua carreira, com diversas transferências por esse país fora, até que, merecidamente, atingiu a sua reforma quando já estava colocado da Figueira da Foz havia vários anos.

Mas, na verdade, eu queira escrever alguma coisa sobre o Manuel Lontro porque, fora da sua vida profissional, ele sempre foi uma pessoa com uma dedicação e um amor à sua terra e ao associativismo, com especial destaque na Sociedade de Instrução Tavaredense, mas colaborando, sempre que solicitado, com todas as colectividades locais e não só.


Na SIT, por ocasião das Bodas de Ouro, éramos os secretários da Direcção. Claro que ele, mais antigo e mais conhecedor, sempre de destacou na actividade associativa. Uma curiosidade: No Grupo Musical aprendemos música ao mesmo tempo. Eu ainda arranhei qualquer coisa num velho saxe soprano que meu Pai tinha. Ele é que, se bem me recordo, nunca conseguiu arranjar lábio para a trompete, apesar dos esforços dos seu mestre Manuel Loureiro (Pataias).

Não vou alongar a sua acção nas colectividades, tanto em cargos directivos como no grupo cénico, onde ainda representa, não me esquecendo a sua extraordinária aptidão para tocar viola na Tuna de Tavarede e reco-reco no rancho Cavadores do Saltadouro.

Se alguém há em Tavarede que se possa considerar um verdadeiro exemplo de amor às colectividades, sem dúvida que esse alguém é o Manuel Lontro. Tavarede e a Sociedade de Instrução Tavaredense hão-de ser-lhe sempre gratos. A sua obra pela Terra do Limonete e pelo Associativismo ficará registada na história de Tavarede. Bem merece a nossa gratidão. Ele é continuará a ser, por muitos anos, ainda, o verdadeiro símbolo de dedicação e amor à sua terra natal e às suas colectividades.

Obrigado, Manuel Lontro, pela tua amizade sincera.
-Recomendo a leitura do seu depoimento inserido no livro do Centenário da SIT.
(Fotos: preparando-se para entrar em cena e recebendo o prédio da Companhia de Seguros O Trabalho, na sua qualidade de presidente da Direcção da SIT)

2 comentários:

  1. Bom dia.
    Por acso, Sr.º Vitor, quando escreveu sobre a Lurdes Lontro, era para lhe perguntar quando iria começar a falar do presente, e eis, hoje, quando eu abro o seu blog, vejo a referência a este senhor.
    O Manuel Lontro é daqueles amigos muito especiais para mim, é aquela pessoa, com quem eu adoro conversar e por quem eu nutro um enorme respeito e Amizade sincera. É, sem dúvida alguma, um dos enormes amadores de teatro que Tavarede possui, mas o melhor de todos no que diz respeito ao improviso, este senhor, se lhe dá uma branca, recorre à sua capacidade de improvisação e mesmo que tenha que inventar umas palavrinhas ou até mesmo umas situações, vai sempre dar à deixa para a próxima fala. Grande Manel.
    Senhor Vitor, permita-me agradecer-lhe por mais uma vez enaltecer o nome de um Tavaredense magnífico, propondo-lhe que continue agora a apresentar testemunhos de pessoas do presente. Como o Manel existem muitas outras que podem ser recordadas no seu Blog, como é o caso do Zé ou do João Medina, da Menina Otília, do Primo Hélder... e muitos mais.
    Grande Abraço

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  2. Caro João Miguel
    Agradeço a tua sugestão. É verdade que já era tempo de também escrever algo sobre o presente e, felizmente, temos muito por onde escolher.
    Calhou o primeiro ser o Manuel Lontro. É uma amizade tão antiga, tal como o teu Avô e outros 'jovens' da nossa idade, que não tive qualquer dúvida ao escolhê-lo.
    Um abraço e até à próxima
    Vitor Medina

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