Jogos tradicionais
Coisas do antigamente!
Vamos começar esta ‘história’ com uma
pergunta: na nossa aldeia, ou melhor dizendo, nas nossas aldeias, ainda se brinca?
A nossa resposta, e disso temos muita pena, é um não! É verdade. Nos nossos
tempos de criança, a nossa pequenina Tavarede, terra de muito trabalho desde
sempre, era muito diferente dos tempos de hoje. No amanho das terras ou nas
oficinas da cidade, o povo tavaredense, homens e mulheres, demonstravam alegria
e felicidade.
Várias vezes nos temos referido às
alegres cantigas que frequentemente se ouviam por toda a aldeia. Cantigas do
teatro normalmente. A rapaziada, aproveitando todas as folgas da escola ou da
ajuda aos pais, jogavam à bola de trapos, ao pião ou ao berlinde.
Saudosos tempos que já não voltam.
Agora, em lugar de andarem por montes e vales das redondezas jogando às
escondidas enquanto as raparigas se entretinham jogando ao anelinho ou à
macaca, passam horas diante dos computadores ou acompanhando as novelas que as
televisões transmitem.
Não mais vimos os rapazes e as
raparigas da terra jogarem ao eixo ou à macaca. As associações organizavam
agradáveis piqueniques, habitualmente em locais agradabílissimos nas
vizinhanças da terra e aos quais as famílias acorriam com entusiasmo. Ali se
devoravam apetitosos pitéus e se bebiam umas pingas, ganhando forças para
passarem as tardes jogando alguns dos muitos jogos tradicionais que tão
populares eram.
Não se pode deixar de sentir imensa
saudade das tardes domingueiras em que, homens e mulheres, novos e menos novos,
ocupavam a rua principal para jogarem à pela. O pouco trânsito de então
permitia a ocupação da rua.
O milenar joga da péla é considerado um dos ancestrais do ténis. Desde o século XIII era praticado em salas fechadas. O jogo atingiu seu auge no século XVII, sendo praticado por clérigos, burgueses e príncipes.
Arqueólogos franceses, do INRAP – (Instituto Nacional de Pesquisas Arqueológicas Preventivas) descobriram vestígios do que pode ter sido a principal quadra oficial do genro, em sala anexa ao Versalhes, provavelmente datando do reinado de Luís XIII (1610-1643). Segundo o INRAP a sala foi desactivada em 1643, quando assumiu o trono Luís XIV - que tinha um problema na perna e não podia nem jogar nem dançar.
Confessamos
a nossa total ignorância sobre as origens dos jogos e, pelos vistos, este tem
origem aristocrática!
Outro
jogo muito popular era o chamado jogo da malha ou fito. As tabernas da terra,
para atraírem clientela, tinham recintos próprios. Encontrámos o seguinte sobre
este jogo. Num terreno liso e plano são colocados os paus cujo objectivo
é derrubá-los. Serão colocados pinos a uma distância de 15/18 metros dos paus,
para os jogadores lançarem as respectivas malhas atrás dos pinos colocados à
distância. Joga um elemento de cada vez. Objectivo é derrubar o pau com a malha
ou colocar a malha o mais perto possível do pino, lançando-a com a mão.
As malhas, pequenos discos em ferro,
tinham peso variável bem como a distância dos tabuleiros, no centro do qual se
colocava o respectivo pino. Eram muito praticados nas tardes de domingo,
chegando a organizarem-se torneios.
Os rapazes, no entanto, preferiam a
bola de trapos. Andávamos sempre à espreita de meias velhas, rotas, que enchíamos
de trapos. Muitas vezes punhamos no meio uma pequena pedra para dar peso.
Depois faziam-se as habituais jogativas, normalmente no campo da Sociedade,
embora, não raras vezes, se fizessem os jogos nos largos do Paço ou da Igreja.
O dono da bola tinha sempre lugar numa das equipas.
De vez em quando eram organizadas
tardes desportivas com a prática de vários jogos populares. A corrida de sacos,
de três pés, da colher na boca com um ovo e outros mais, tinham lugar no largo
do Paço e na velha rua Direita.
Os rapazes, especialmente os mais
novatos, preferiam o pião e o berlinde.
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