sábado, 20 de junho de 2015

Tavarede - A terra de meus avós - 11

         “Passaram agora sob a nossa janela as raparigas do rancho do Maio.
         O rancho do Maio!
         Todos os anos se organiza este cortejo florido. E quando passa nas ruas, deixando no ar o eco das cantigas e o perfume das rosas – é Primavera!
         Quando Abril começa a despedir-se, as raparigas animam-se, combinam, organizam o rancho. E na véspera do dia ansiosamente esperado, pedem às vizinhas, correm aos jardins, vão ao mercado – e levam para casa arregaçadas de flores. Arranjam os trajos. Enfeitam os potes, que desaparecem sob os desenhos caprichosos das rosas e malmequeres. Mal pregam olho durante a noite. E quando a manhã só é adivinhada pelo seu espírito em alvoroço, erguem-se, chamam-se umas às outras, reúnem-se – e as suas vozes fazem a alvorada antes que o chiar das rabecas e o tom-tom dos violões arrepie o ar nos estremeções da afinação.
         E marcham. Estrada fora, marcam em piso leve, airosas e frescas, o compasso da marcha que as suas vozes erguem no espaço, subindo alto, levada muito alto no perfume das flores, até fundir-se na atmosfera da madrugada húmida e ainda pesada dos orvalhos da noite. Sobre as cabeças inquietas levam os potes floridos. Dentro dos peitos arquejantes uma ansiedade, uma aspiração indecisa que toma forma nas suas bocas e é Amor nos seus lábios vermelhos sem pintura...
         ... Cantigas de amor!
         ... E a Vida aparece-lhes clara e transparente como a água das fontes que cai das bicas e canta com elas, luminosa e brilhante como a luz que começa a entornar oiro fluído sobre o azul do céu e o verde tenrinho, muito tenro e muito verde, da planície viçosa.
         Este ano o Abril foi de inverno. Frio e vendaval, chuvas teimosas que não tinham fim. Os rapazes da música não queriam sair: - Tenham juízo, não sejam malucas! Apanhar uma chuvada e ficarmos como pintos...
         Mas elas, enfeitando os cântaros, vendo-se no espelho das flores e recebendo destas a alegria e a certeza da primavera, viam lá a chuva, sentiam lá a chuva, queriam lá saber da chuva!... O 1º. de Maio era sempre o 1º. de Maio. No 1º. de Maio há sempre sol. Elas não acreditam na chuva. E se a chuva vier – há-de desfazer-se ao calor das suas vozes, dos seus corações ansiosos, da sua mocidade ardente. Elas acreditam no 1º. de Maio – e porque acreditam nele, vencem a chuva e vencem a dúvida e o medo dos rapazes das violas que parecem velhos – como o Velho-do-Restelo...
         Passou agora o rancho sob a nossa janela. Lá de cima do céu, que parece mais baixo todo forrado de chumbo, cai uma chuva miúda, muito leve e muito fina, como poeira de prata. Mas não desce além dos telhados, fica-se no ar, suspensa sobre a camada de    som e de perfume que enche a rua numa alvorada de sol.
         ... Os cântaros enfeitados!
         ... E as raparigas dos cântaros!
         Há neste conjunto de flores e gente moça que não sente a chuva e que vence a chuva, qualquer coisa de profundamente simbólico.
         Quantos homens fogem à vida, e não a constroem e não a vivem.
         Quantos não vêem o sol porque se assustam com a chuva?
         Quantos homens poderiam aprender no riso fresco, na chama da vida, na certeza da Primavera destas raparigas que vão lá adiante no cortejo florido dos cântaros, a vencer a dúvida e a edificar por suas mãos o triunfo da sua crença?”.

         Prossigo, agora, com mais uma evocação ainda comemorada nos meus tempos de criança. A tarde da chamada “merenda grande” era de ida aos pinhais onde, sob a sombra acolhedora e fresca, eram comidos alguns petiscos. O pinhal mais frequentado era o da quinta da Borlateira, aos Quatro Caminhos. Com o farnel acondicionado no cesto, lá íamos à procura de poiso onde pudessemos estender a toalha e umas velhas mantas, onde nos sentávamos confortavelmente. Claro que também esta “merenda grande” já era uma pálida amostra das antigas, como se pode adivinhar por este recorte, publicado em 1902.

         “Diz-se, e com razão, que esta vida são dois dias... É um pensamento que não oferece dúvida, e eis porque muito boa gente não perde um momento em que os possa levar regaladamente. Assim, é ver como alguns andam á espreita dos dias de folgança, para gozar e divertirem-se; há uma festarola, lá vão - em massa, cheios de alegria, farnel aviado e ideia fixa no santinho que os arrasta áquela adoração - esquecer por umas horas as tristezas e amarguras da atribulada vida...
E aqui estava eu a começar um banal aranzel, quando afinal o meu intento é falar da merenda grande, que foi na segunda-feira, e que, como é da praxe, atraíu á minha risonha terra bastante gente que gosta da pandega. Isto contaram-mo, porque a pouca sorte não me deu a felicidade daquelas venturosas creaturas...
Mas as locandas animaram-se; por essas quintarolas fora dizem-nos que houve regabofe desmedido; as pequenas alunas da escola oficial cantavam as estopinhas pelas ruas da povoação, cestinho á cabeça, qual deles enfeitado com mais capricho; nas lautas merendas devoradas com apetite á fresca sombra de copadas árvores ou entre o inebriante perfume exalado dos canteiros e vergéis engrinaldados de lindas rosas, ou ainda nas eiras, onde corria brandamente a pura viração do norte, tudo concorreu para deliciar os ditosos visitantes da minha estremecida e bem amada aldeia.

E, a prova, é que ali os brindes sucederam-se com espontaneidade entusiástica, os hips e os hurrahs tomaram um calor delirante, e, para que nada faltasse a similhar os mais alegres e ruidosos festins, chegou-se a reduzir a estilhaços, depois de vazias, as pobres garrafas a que pouco antes se dedicara o mais santo e acrisolado afecto.
A tarde de segunda-feira, pois, devia ter sido memorável para os felizes que podem gastar o seu tempo naquelas folganças. Isto já lá vae há três dias, é certo, mas ah!... a maldita inveja não me deixa sair da mente os dulcíssimos momentos que por aqui se passaram na festejada merenda grande...”.

         Alguns dias santificados pela Igreja, também tinham tradições ou costumes festivos. O dia de quinta-feira santa, da parte da manhã, era grande para nós. Manhã cedo, munidos duma bolsa, daquelas que nossas mães faziam de retalhos de chita, juntávamo-nos em grupo e íamos pedir a “esmola”. Dinheiro, naqueles tempos, era coisa que não havia. Nas mercearias, eram rebuçados, muitas das vezes daqueles que traziam cromos. Numa ou noutra casa lá vinha um punhado de feijão ou de milho e, na maior parte, era um “não pode ser”! Uma casa havia, no entanto, onde tínhamos acolhimento todos os anos: a casa do sr. Leite, ali na Simôa. Havia sempre uma boa mão cheia de avelãs para cada um dos “pedintes”. Na sua quinta, junto ao ribeiro do Pereiro, existiam umas enormes aveleiras e uma boa parte da colheita era reservada para neste dia dar “esmola” à rapaziada que lhe ia bater à porta a desejar uma feliz Páscoa…

         No sábado de Aleluia, algumas vezes, poucas, me recordo de haver alguém que, na rua Direita, içava um Judas, para nós o desfazermos à cacetada, com as canas que íamos arrancar aos valados… No dia seguinte, domingo de Páscoa, era o dia de irmos buscar o folar. Novamente a bolsa de retalhos servia, pelo menos no meu caso, para                                                                                 ir a casa de meu padrinho, onde, além do costumado folar de quatro ovos, me dava sempre uma moeda das maiores.

         Outro dia muito desejado era o de quinta-feira da Ascensão, também conhecido como “o dia da espiga”. Já vinha de longe este costume. Em 1912, a “Gazeta da Figueira” trazia a seguinte notícia: Pela tradição do costume foram ranchos de pessoas pela fresca manhã de quinta-feira de Ascenção colher ás searas raminhos de espigas de trigo e ramadinhas de oliveira para que o ano corrente seja próspero e feliz. Grupos de raparigas entoavam canções alegres fazendo um maravilhoso conjunto com os seus maviosos trinados dos rouxinois e doutros passarinhos que saltitavam nas ramadas das floridas árvores do campo.
         Á tarde merendaram muitas pessoas á sombra saudável de pinheiros e um rancho de raparigas, acompanhado dum grupo musical, foram ás Caldas da Amieira, dançando ali e regressando a Tavarede á noitinha. Ao Bussaco também foi bastante gente daqui”.

         Mais poética, é a notícia que “O Figueirense” publicou em 1928:  “É amanhã, quinta-feira da Ascensão, em que bandos de raparigas moças, de lábios rubros, faces rosadas e olheiras fundas, correm estonteantes, borboleteando em redor das searas como uma nuvem de daninhos e alados pardais, na faina voluptuosa e risonha de colher a Espiga, que depois entrelaçam com as mais belas flores silvestres.
         Cada espiga que vão colhendo é uma esperança que se aglomera no cérebro,  cada flor cortada é um facho de luz mais puro que o sol benfazejo da primavera, que se lhes ilumina a alma e faz tanger a corda mais íntima do seu coração. É, pois, amanhã um grande dia, um dia santo, que até o mais   libertino deve respeitar como o dia da Ascensão do Mártir do Calvário. “Se os passarinhos soubessem…”.”

         A espiga era colhida da parte da manhã e, da parte da tarde, havia saída para os pinhais, para mais uma costumada merenda. Algumas famílias optavam por ir passar o dia às termas da Amieira, onde se realizavam grandes festas, enquanto outras escolhiam uma ida ao Bussaco. Foi ali, aliás, na quinta-feira da Ascensão de 1938, que se fez ouvir, pela última vez,  a tão afamada tuna de Tavarede. É dos poucos costumes e tradições que, embora com diminuta concorrência, ainda se mantém na nossa terra.

         No primeiro caderno contei, também, alguma coisa sobre o S. Martinho. É interessante, contudo, o facto de que, sendo S. Martinho o orago da nossa freguesia, só há relativamente poucos anos, comparativamente ao longo período da história da terra do limonete, aqui tenha começado a ser festejado religiosamente.

No entanto, e segundo muitos escritos encontrados, se o santo não era comemorado religiosamente, não era esquecido nas casas dos tavaredenses. Vejamos uma notícia de Novembro de 1899:
         “Deixai-nos, velho santo, que vos apresentemos aqui reverentemente os nossos respeitosos cumprimentos, pela chegada do dia 11, dia em que o Borda d’Agua regista a vossa passagem pela galeria dos santos.
         Grande data, para as gentes da freguesia de Tavarede, por ser a do dia do seu querido orago! Não lhes passa ela desapercebida, e por isso naquele dia à noite se costuma ouvir aqui o festivo estralejar de grande foguetório, lançado em honra do célebre protector dos amigos do divino Bacho...
         Vê-se muita alegria, fazem-se importantes magustos, dá-se cresta às roliças farinheiras feitas pelas mais recentes matanças de nutridos cevados, e quase todos espicham os vinhos da sua última colheita.
         Aqui tínhamos nós agora uma bela ocasião para atrair a esta localidade milhares e milhares de pessoas, se soubéssemos celebrar ruidosamente o dia de S. Martinho, estabelecendo-se para esse fim um programa deslumbrante que anunciasse grandes procissões, Te Deuns, missas acompanhadas por grandes coros e orquestras, espaventoso arraial, admiráveis fogos de artificio, musicatas, exposição do Deus Bacho em capelas apropriadas, magustos oferecidos ao público, etc., etc., etc. Fizesse-se depois constar por toda a parte esta festança e veríamos se acorriam ou não aqui forasteiros dos cantos mais recônditos do mundo!..Porém, nunca ninguém se lembrou para isso deste pobre santo, que no seu tempo foi tão milagroso, e que hoje tem a sua imagem desprezada e esquecida a um canto da sacristia da igreja de que ele é  patrono, como se tivesse sido um personagem sem importância que não legasse à posteridade, como ele fez, tamanha nomeada.
         Bem se vê que estamos nos tempos da ingratidão...”.

         Como se vê, as comemorações ao nosso santo padroeiro eram comemoradas em casa, à lareira e perto da adega. Encontram-se imensas referências a estas “comemorações”. Considero, das mais interessantes, este comentário, escrito pelo figueirense Raimundo Esteves, em 1940.

         “Se ainda não matou o porco, se o chambaril não entrou em acção, nem a salgadeira tem sal novo, branquinho como bagos de granizo, à certa deve haver um presunto preso pelo cotrunho, à dependura da trave mestra da adega, ou guardado na arca um queijo do outro ano, do de codea forte e polpa amarelada, rijo e a esboroçoar-se, daquele que deixa os beiços mordidos de secura…

                   Pelo S. Martinho
                   Prova o teu vinho…
                   Se ele te agradar,
                   Torna-o a provar…

         - Vá seu Compadre, que um dia não são dias! Este São Martinho faz um formigueiro nas goelas, que até parece que um homem acabou agora duma sacha rija, por Junho ardente…
         Ergue-se o copo à transparência. Lindo palhete! Tem tons de topázio! E uma auréola cor de cravo moço, daqueles que as cachopas poem sobre os seios, na noite santa de S. João… Primeiro, a fazer a cerimónia, leva-se com geito aos lábios o licor divino, com uma unção quase religiosa, quase espiritual. Bate-se o líquido nos beiços, a tomar-lhe bem o travo. Masca-se. Depois, escorre pela língua, com um estalido seco no céu na boca. Pisca-se o olho maroto. Franze-se o nariz e a testa. Baloiça-se com a cabeça. Nova golada. O mesmo rito solene. Ergue-se de novo o copo. Mira-se à luz. Agita-se o vinho de forma a sujar bem os rebordos. Engolipa-se outro sorvo. Está completa a prova. Agora é de virar, - que provar não é beber!
         O magusto é tradicional por esta época do ano. Em lares mais fartos, o magusto é pretexto para ceata de restolho, que mete bacalhau cozido com batatas, couves, cebolas, ovos e azeite novo, quase cru, com um acentuado sabor ao fruto que o deu… Se já se fez a matança, vai uma orelhada para pessoa de mais consideração e respeito, e para o resto da companhia febras de churrasco, ou linguiça arrancada do fumeiro da lareira, onde as carumas e as cepas da poda  lhe deram um sabor e um aroma preciosos.
         O pichel anda numa roda viva, de mão em mão. No brazido, de um bom toro de oliveira, ou raizeiro de carvalho velho, que o fogo consome lentamente, entre áscuas, como bichas de rabiar, - estoiram as castanhas de entre as cinzas. Tiram-se em arranques de coragem. Peneiram-se as unhas escaldadas para esfrearem mais depressa. Se surge uma “Filipina”, vão gritinhos de prazer: - Quem quer ser minha comadre?! … E ás vezes é com uma castanha assim que estoira a castanha na boca a qualquer mancebo desprevenido das artimanhas diabólicas das moças casadoiras!”.

         Em Novembro de 1957 o “velho” tavaredense, Aníbal Nunes Cruz que, durante muitos anos residiu  em Anadia, onde exerceu actividade profissional, resolveu recordar o S. Martinho. Escreveu, então, no jornal “O Figueirense”:

         “Preside aos destinos da nossa freguesia o orago São Martinho, que se venera na igreja paroquial sem que haja memória de ter-se realizado qualquer cerimónia litúrgica em seu louvor.
         No entanto, São Martinho possui bastantes devotos em toda a redondeza da freguesia, que, decerto, muito bem se lembram do seu dia, homenageando-o com as tradicionais ceias em que não faltam as castanhas e a abertura da saborosa água-pé e do bom vinho.
         As famílias – pobres e remediadas – festejam-no numa alegria sã e espirituosa, quantas vezes com preces de saudades dos amigos e dos ausentes, levando a humanidade a conjugar as práticas da confraternização e da amizade como se o divino Padroeiro fizesse esse milagre tão preciso à vida e à religião da família nestes tenebrosos tempos que decorrem.
         São Martinho da nossa terra, que, no seu divino altar, vem, através de tantos anos, presidindo aos solenes baptismos dos tavaredenses, dando a unção da sua doçura para recordar o dia 11 de Novembro sentia-se feliz nessas noites em que estralejavam nos ares os foguetes a anunciar a alegria das famílias e a abertura do vinho novo.
         Louvado seja, São Martinho!...”.

         Era, então, pároco em Tavarede, o reverendo Manuel Joaquim da Costa Ferreira, que desenvolveu notável acção na nossa terra durante os anos em que aqui esteve. Fundou, inclusivamente, em Outubro de 1957, um pequeno jornal a que deu o título de “Notícias de Tavarede”, no qual se propunha contribuir para o alargamento do Reino de Deus na paróquia que lhe havia sido confiada e para cooperar com todas as iniciativas de utilidade local.
        
Talvez que a notícia de Aníbal Cruz lhe tenha despertado a curiosidade, pois o padre Costa Ferreira tomou interesse pelo assunto e, com inteira razão, entendeu que se o patrono de Tavarede era o S. Martinho, o mesmo não deveria continuar esquecido religiosamente.
        
Terá feito diversas investigações e diligências e logo no ano seguinte, 1958, estas festas foram uma realidade. Aliás, o padre Costa Ferreira, muito inteligentemente, aproveitou a oportunidade para obter uma forma de financiar as diversas obras de que a igreja estava bem carenciada. Em Novembro desse ano tiveram lugar as primeiras festas religiosas ao S. Martinho, acompanhadas, claro está, com festas populares. “A Voz da Figueira” relatava, assim, o acontecimento: O povo de Tavarede, por iniciativa do seu pároco, Revº. Manuel Joaquim da Costa Ferreira, vai fazer reviver, este ano, a antiga festa ao orago da freguesia – S. Martinho – cuja imagem, depois de ter estado durante dezenas de anos, retirada do culto e até depositada no Museu da Figueira, acaba de ser restaurada e vai de novo ser colocada no lugar que lhe pertence”.

         Termino estas recordações com uma breve evocação do Natal. Era um dia querido por todos. Dias antes, íamos “roubar” um pequeno pinheirinho para fazermos a árvore de Natal e apanhar musgo para o presépio. A árvore era enfeitada com uns fiosinhos, algodão a fingir de neve e, pendurados por aqui e ali uns pacotitos de bombons e pequenas tabletes de chocolates. Para nós, era um encanto. No dia de Natal, manhã cedo, lá íamos ver se o Menino Jesus não se tinha esquecido de nós. E não. Lá estava alguma roupa e mais alguns chocolates.
         Na véspera, de tarde, era grande a azáfama nas nossas casas, pois chegava a hora de fazer as tortas doces. Farinha, açúcar, abóbora menina, as passas de uvas, nozes, que partíamos aos bocadinhos, pinhões, etc. Quase todas as casas tinham um pequeno forno, que era, então, aquecido a lenha, enquanto a massa levedava. Nessa noite havia sempre teatro e toda a família ia ver. Depois de terminado o espectáculo, regressávamos a casa e eram horas de fritar os filhós, que já estavam prontinhos a ir para a sertã. Polvilhados com açucar amarelo e acompanhados por uma enorme caneca de café de cevada, era a consoada da maior parte das famílias tavaredenses.



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