Outro enorme êxito foi levado à cena pelo aniversário de Janeiro de 1987. Tratou-se da reposição da famosa opereta-fantasia ‘O Sonho do Cavador’, talvez a peça que maior número de representações teve. E a sessão solene desse mesmo aniversário foi complementada com uma homenagem prestada à memória de José da Silva Ribeiro pelo Rotary Clube da Figueira da Foz. As comemorações também tiveram a apresentação de um ‘diaporama’, da autoria de António Tomás, preenchido com imagens de José Ribeiro na sua actividade teatral e uma actuação do Coral David de Sousa.
‘O Sonho do Cavador’ (Rosa, Manuel da Fonte e Ti João da Quinta)
Por ocasião da representação da peça ‘Horizonte’, em 1988, encontrámos em ‘O Dever’ uma notícia que não resistimos a transcrever. Ei-la: “ Para mim, ir a Tavarede é recordar idos tempos da década de 40 em que ali, dentro do perímetro da freguesia rural que já foi sede de concelho, situada bem nas abas desta buliçosa cidade da Figueira da Foz que, quatro décadas volvidas, perfurou por tudo quanto é sítio este remansoso ambiente. Iniciei todo um passado de doze frutuosos anos no ex-Colégio Liceu Figueirense, mais tarde transformado em Seminário Menor da Diocese de Coimbra...
Para mim, ir a Tavarede é lembrar essa figura ímpar de José Ribeiro, a quem tive a felicidade de conhecer, e evocar todo o apoio, a vários níveis, dele recebido quando, já homem feito, na década de 60, eu me viria a ocupar, também, na encenação de umas “pècitas” de que saliento “Casa de Pais” e “Luz de Fátima”... Para mim, ir a Tavarede é encontrar a amizade franca e permanente de alguns amigos de infância e de outros de mais recente data, colegas de profissão, alguns deles enfronhados, ao que vejo, de alma e coração, nas actividades e iniciativas culturais do bom povo da terra que os viu nascer e a que tanto se orgulham de pertencer...
Para mim, ir a Tavarede é... hoje, também e sobretudo, admirar o seu Teatro nas peças que com pendular regularidade ali vêm sendo postas em cena, com o carinho, o bairrismo e a competência em que a gente de Tavarede é exímia... De longe vem a tradição de fazer bom teatro em Tavarede e inúmeras foram as representações a que já assisti. Desta vez, se me descuidava, deixava, mesmo, de admirar todo o garbo e empenhamento que aquele núcleo de inimitáveis amadores, perdão... de artistas, colocou, mais uma vez, na encenação da bela peça rústica da autoria de Manuel Frederico Pressler, HORIZONTE, cuja primeira representação teve lugar no já recuado ano de 1945 e que, agora, foi a escolhida para as comemorações do 84º aniversário da Sociedade de Instrução Tavaredense, em Janeiro último.
A acção decorre no Ribatejo e versa um tema do quotidiano de muitas famílias – o casamento da Rita, que acaba por ir com quem o seu coração muito bem escolhe e não com aquele que o pai queria que fosse -, tendo como personagens elementos das mais diversas ocupações. Licenciados e barbeiros, empregados de escritório, carpinteiros e electricistas, de tudo ali há sem quaisquer complexos ou discriminações e apenas com uma finalidade: “darem o melhor de si levando até ao público o BOM TEATRO num convívio de amizade e simpatia”...
Perdeu, caro leitor. Perdeu, se acaso não viu esta representação em Tavarede. Acredite que só terá a lucrar se se deslocar ali sempre que haja TEATRO. Ele é de... primeira água, creia! ... E deixa de passar essas tardes (ou noites) de insípida rotina em que costuma mergulhar. É uma boa OPÇÃO!
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